O estudo é uma investigação da função de uma região concreta do genoma que não codifica para proteínas, mas origina um transcrito não codificante conhecido como RPSAP52, que apresenta funções reguladoras muito relevantes na proliferação celular. Os pesquisadores identificaram que o RPSAP52 regula a via de sinalização de HMGA2/IGF2BP2/RAS. Esta é uma via de caráter altamente pró-proliferativo e anti-diferenciador das células, de modo que a ativação de RPSAP52 promove o crescimento e mantem as células em um estado desdiferenciado típico das células tumorais mais agressivas.
Em condições normais, RPSAP52 somente se expressa a nível embrionário e está silenciado na maioria dos tecidos adultos. Porém, em um grande número de cânceres, o RPSAP52 se expressa de forma aberrante e promove o caráter pluripotente e de alta replicação das células. Isto se consegue mediante a capacidade que RPSAP52 tem em manter os níveis e função do co-regulador da tradução IGF2BP2 e em consequência, de diminuir os níveis do importante microRNA supressor tumoral let-7.
O estudo foi realizado in vitro e in vivo em modelos animais, e tem confirmado o papel tumorgênico de RPSAP52 em tumores de mama e sarcoma. Nesses tipos tumorais, o RPSAP52 pode também ter um valor preditivo como biomarcador. Além disso, o fato de que este RNA não codificante se expresse na maior parte dos tumores humanos e mostre um papel relevante reforça a função do genoma não codificante (frequentemente menosprezada) na regulação dos programas celulares e especialmente no contexto patológico.
Na ótica da pesquisa translacional, os achados são significativos pois este tipo de moléculas são presentes em níveis baixos e são mais facilmente atacáveis que os genes codificantes. Neste sentido, os pesquisadores estão trabalhando na geração de modelos tumorais in vivo nos quais seja possível testar a administração de pequenas moléculas que possam destruir RPSAP52 e seu efeito no crescimento tumoral. Este foi um estudo altamente colaborativo, em que também participaram pesquisadores do Instituto Catalão de Oncologia e do Instituto de Pesquisa Biomédica de Bellvitge, de Barcelona, Espanha.
Iniciou-se, ontem (18/9), o XIII Encontro de Pós-Graduação nas Áreas de Medicina I, II e III da CAPES, sediado na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), em Salvador. Da Fiocruz Bahia, estiveram presentes a diretora, Marilda de Souza Gonçalves; a vice-diretora de Pesquisa, Camila Oliveira; a vice-diretora de Ensino, Patrícia Veras; as coordenadoras dos programas de pós-graduação, Valéria Borges e Theolis Bessa, a coordenadora de Ensino, Claudia Brodskyn; além de pesquisadores e estudantes da instituição.
O encontro nacional, anual e itinerante, é destinado a coordenadores, pesquisadores, secretários, estudantes e outros profissionais envolvidos com a Pós-Graduação na área de Medicina no país. O tema norteador do evento de 2019 é “Perspectivas da Nova Avaliação Quadrienal: Mudança de Paradigma”.
Após a apresentação da camerata da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), foi formada a mesa de abertura do evento, da qual fez parte o pesquisador emérito da Fiocruz Bahia e professor titular da EBMSP, Bernardo Galvão.
O destaque do primeiro dia foi a palestra “O Sistema Nacional de Pós-Graduação: Atualidades e Perspectivas”, ministrada pela diretora de Avaliação da CAPES, Sônia Báo. Na apresentação, a professora fez um panorama do cenário nacional da pós-graduação, abordando diversas questões, dentre elas o impacto das produções científicas, a colaboração com a indústria, o aprimoramento do sistema de avaliação e propôs reflexões.
Sônia Báo também disse que, comparativamente com outros países, o Brasil precisa investir mais em ciência e tecnologia e em formação de recursos humanos qualificados. “Precisamos pensar os critérios que refletem a excelência acadêmica dos programas e como alinhá-los às políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação e ao fomento”, afirmou.
As coordenações dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PGPAT – UFBA/Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI – Fiocruz Bahia), ambos vinculados a área de concentração da Medicina II, participaram ativamente do processo de organização do evento juntamente com a Presidente da comissão organizadora, Ana Marice Teixeira Ladeia, da EBMSP.
O diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Paulo Elian, ministrou a palestra intitulada “História e Política de Memória Institucional da Fiocruz”, na Fiocruz Bahia, no dia 12 de setembro. O pesquisador abordou os desafios da preservação da memória da Fiocruz, os projetos já realizados e a política de memória da institucional.
Durante a visita, o diretor também se reuniu com a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, profissionais da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e três filhos dos pesquisadores eméritos da Fiocruz, Zilton e Sonia Andrade, para discutir os trabalhos para preservação do acervo do casal de cientistas.
A Casa de Oswaldo Cruz é a unidade da Fiocruz dedicada à preservação da memória da Fundação e às atividades de pesquisa, ensino, documentação e divulgação da história da saúde pública e das ciências biomédicas no Brasil. De acordo com o diretor, é preciso pensar em como registrar a experiência e reter conhecimentos de gerações que estão paralisando suas atividades, chegando ao final de sua trajetória profissional na Fiocruz. “É também um reforço ao valor da ciência e contra o negacionismo histórico”, frisou.
Em 2018, o Conselho Deliberativo da Fiocruz formou uma comissão, coordenada pelo diretor, para construir um documento de política de memória da Fiocruz, que está em desenvolvimento. Paulo Elian destacou a importância da preservação da memória no contexto da diversidade coletiva da Fundação.
“A Fiocruz, que completa 120 anos no próximo ano, é formada por unidades com histórias e trajetórias muito diferentes. Um dos desafios é dar conta de uma instituição que, hoje, está presente em 10 estados e Distrito Federal, além de pensar a relação da Fiocruz com a sociedade e os territórios onde ela está inserida, pois são muito diversos”, observou.
A diretora da Fiocruz Bahia considerou a visita de Paulo Elian de suma importância, pois a instituição deve estar atenta ao tratamento que planeja dar aos acervos institucionais advindos do trabalho realizado cotidianamente pelos pesquisadores. “É a certeza de que as gerações de pesquisadores que estão iniciando na instituição saibam do valor do trabalho até agora realizado e de que suas trajetórias profissionais deverão ser sempre lembradas, pois sempre haverá um passado e um futuro”, disse Marilda Gonçalves.
Na apresentação, a memória institucional foi definida como um recurso capaz de promover a construção de identidade, reforçar laços de pertencimento, ativar projetos coletivos e responder a questões do presente. Para o diretor da COC, as ações de memória são uma oportunidade para que instituições possam refletir e pensar criticamente sobre a sua própria trajetória.
“É também uma iniciativa voltada a democratização do conhecimento. Os acervos, aquilo que nós produzirmos em torno da nossa trajetória, devem estar sempre a serviço do acesso para a sociedade. É acionar o passado para enfrentar os desafios do presente”, comentou.
Diversas iniciativas vem sendo realizadas no âmbito nacional da Fiocruz, como a comemoração dos 100 Anos do Castelo da Fiocruz, o Projeto Oswaldo Inspira, a nova edição do livro “Massacre de Manguinhos” (Editora Fiocruz) e a indicação ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Castelo Mourisco da Fiocruz a Patrimônio Cultural da Humanidade. De acordo com Paulo Elian, medidas de incentivo também serão lançadas, como prêmio e edital de apoio a projetos de memória institucional.
Memória dos pesquisadores Zilton e Sônia Andrade
A Fiocruz Bahia, em parceria com a COC e a UFBA, está trabalhando na constituição e preservação de um acervo com documentos e materiais dos pesquisadores eméritos da instituição, Zilton e Sônia Andrade. Os cientistas têm 95 e 91 anos, respectivamente.
“Dr. Zilton e Dra Sonia dedicaram a sua trajetória profissional à difusão do conhecimento em áreas ainda consideradas negligenciadas e que acometem a nossa população, como a esquistossomose e a doença de Chagas. Construíram um patrimônio cientifico sólido, repleto de descobertas, com colaborações científicas que trouxeram ícones da pesquisa ao nosso instituto, e estão de parabéns por essa trajetória grandiosa”, declarou Marilda Gonçalves.
A diretora reconhece, no pioneirismo de Zilton e Sonia Andrade na produção de ciência e formação de recursos humanos de excelência, inclusive da grande maioria dos servidores da Fiocruz Bahia, a importância da preservação do acervo dos cientistas.
Uma reunião realizada com Marilda Gonçalves, Paulo Elian, Leide Mota (arquivista da UFBA), Ana Lúcia Albano (bibliotecária da Biblioteca Gonçalo Moniz – Faculdade de Medicina da UFBA), Ritta Maria Morais (Memorial da Faculdade de Medicina da UFBA) e os filhos do casal de pesquisadores, Marusia, Carlos Eduardo e Ivan Huol, foi realizada para conversar sobre os materiais e os locais onde os acervos ficarão abrigados.
O tratamento inicial do material está sendo realizado por Leide Mota, que está identificando os documentos e acondicionando-os em caixas adequadas. De acordo com a presidente da Associação dos Arquivistas da Bahia, o casal de pesquisadores tem, na Fiocruz, diversos materiais biológicos, documentos textuais, correspondências, microfotografias de laminas, até disquetes e objetos de laboratório. O próximo passo será tratar os documentos e descrevê-los.
“Os pesquisadores Zilton e Sônia Andrade foram formadores de gerações de pesquisadores, de uma prática científica que se materializou num programa de pós-graduação. Além disso, eles tiveram um papel importante da construção do instituto; mantiveram-se atuantes durante muito tempo e guardaram um acervo enorme, o que não é comum”, afirmou Paulo Elian.
Conheça um pouco dos pesquisadores:
Zilton de Araújo Andrade – Formado em Medicina em 1950, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde alcançou o posto de professor titular em 1974 e o título de Professor Emérito em 1985. Detentor de outros títulos, o pesquisador é membro da Academia de Medicina da Bahia, desde 1985, sócio Emérito da Sociedade Brasileira de Patologia (1995). Entre as condecorações mais importantes estão a de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidência da República do Brasil (1995) e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidente da República do Brasil (2005).
É Membro da Academia Brasileira de Ciências. Na Fiocruz Bahia, foi diretor e pesquisador titular, onde trabalhou intensamente na construção da Fiocruz Bahia. A unidade possui um pavilhão que leva seu nome, o qual abriga a maioria dos laboratórios da instituição. Se aposentou em 1994 e, em 2012, recebeu o título de Pesquisador Emérito da Fiocruz.
Sonia Gumes de Andrade – Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (1953), doutorado em Patologia Humana pela Universidade Federal da Bahia (1986) e Pós-Doutorado pelo Institute Pasteur de Lyon (1987). Recebeu o Título de Professora Emérita da UFBA (2011) e recebeu o título de Pesquisadora Emérita da Fiocruz, em 2012. É especializada em Patologia, desenvolvendo estudos em Patologia Experimental das doenças parasitárias, com ênfase na Patologia e Imunopatologia da Doença de Chagas.
As suas linhas de pesquisa têm focalizado o papel das cepas do Trypanosoma cruzi na Patologia da Doença de Chagas Experimental, na caracterização clonal das cepas de diferentes biodemas e na resposta aos quimioterápicos. Desenvolve projetos sobre a patogenia da miocardiopatia crônica chagásica em diferentes modelos experimentais. É membro da Academia de Medicina da Bahia e sócia de várias sociedades como a de Medicina Tropical, de Patologia e de Parasitologia. Teve participação atuante como membro do Comitê Científico da Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 1984 e 1986.
Com foco em nanotecnologia, o 22º Simpósio Internacional em Microencapsulação acontece entre os dias 24 a 27 de setembro de 2019 e será realizado junto com a Sociedade Internacional de Microencapsulação e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Trata-se de um simpósio de longa tradição e que ocorrerá pela primeira vez no Hemisfério Sul.
Na abertura do evento, voltado para pesquisadores e estudantes das áreas de Farmácia, Química, Biologia, Biotecnologia e Engenharias, ocorrerá o I International Course – Emerging Trends in Nanobiotechnology & Nanomedicineno, no auditório da Fiocruz Bahia. A programação continua de 25 a 27 de setembro no Hotel Vila Galé Salvador.
O simpósio contará com palestrantes nacionais e estrangeiros na programação, com sessões plenárias, quatro sessões científicas e duas mesas temáticas, onde serão discutidas nanotecnologias para doenças tropicais e negligenciadas, saúde animal, agricultura sustentável e meio ambiente. Todas as apresentações serão realizadas em inglês.
Haverá também apresentação de trabalhos científicos nas formas de comunicação oral e pôster. Os trabalhos premiados poderão ser submetidos no formato integral (Full Article) ao periódico International Drug Delivery and Translacional Research, que dedicará um suplemento especial ao simpósio.
Alunos do Programa de Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI) e Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana (PGPAT) participaram ativamente da realização do evento e terão aproveitamento acadêmico para a disciplina Tópicos Avançados em Biotecnologia, para o PGBSMI, e Métodos e Técnicas em Patologia Ultraestrutural, para o PGPAT.
Para o organizador, Fábio Formiga, o simpósio contribui para estimular a pesquisa de vanguarda na Fiocruz, com a inserção da nanotecnologia, uma fronteira do conhecimento. “Representa uma oportunidade de intercâmbio de conhecimentos e de formação em novas técnicas, processos e aplicações do nano e microencapsulamento de moléculas bioativas”, afirmou o pesquisador.
O Simpósio acontece desde 1972, sendo inicialmente um fórum para discussões científicas em Microencapsulação, e ocorre entre o intervalo de dois anos. A 22ª edição será uma continuação dos dois anteriores, que ocorreram em Boston (EUA), em 2015, e em Faro (Portugal), em 2017.
Desenvolver uma ideia. Explorar caminhos. Aprender formas de comunicar uma pesquisa. Testar possibilidades e soluções em saúde. Estas são algumas das propostas do programa Inova Labs Fiocruz que iniciou nesta terça (10/9) com uma sessão inaugural no Polo de Biotecnologia do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a recepção das equipes selecionadaspara a primeira rodada de dez semanas do programa.
A iniciativa das vice-presidências de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) e de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS), em parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (DECIT/ SCTIE/ MS), proporciona capacitação para pesquisadores desenvolverem ideias que possam ser implementadas no Sistema Único de Saúde (SUS), atendendo necessidades da população brasileira nas áreas de oncologia e emergências sanitárias.
Como parte do Programa Inova Fiocruz, os treinamentos do Inova Labs acontecerão em quatro rodadas. Ao todo, serão selecionadas até 84 equipes. Em breve será lançada a segunda chamada. Para participar, servidores da Fiocruz envolvidos nas áreas temáticas definidas pelo programa apresentam ideias, projetos, pesquisas, tecnologias ou startups para participar de um treinamento com foco na adoção de conceitos de empreendedorismo interno.
“Trazer este treinamento para a Fiocruz, como parte do Inova, é uma forma de oferecer ferramentas para o pesquisador ampliar o alcance de sua ideia ou pesquisa. A proposta segue o modelo de pré-aceleração no desenvolvimento de tecnologias que podem chegar ao SUS. Tudo está em consonância com as diretrizes institucionais, definidas tanto pelo Congresso Interno, como pela Política de Inovação da Fiocruz.” Destaca Rodrigo Correa, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas.
Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, afirma que “a iniciativa pode auxiliar a criação de uma cultura de inovação adaptada às peculiaridades da Fiocruz, na busca de soluções para a Saúde Pública”. De acordo com Krieger, o programa Inova Labs está integrado as demais ações da presidência de apoio ao sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação na Fiocruz, que cobrem desde a articulação das ferramentas de fomento, passando pela estruturação da política e a criação de um ambiente favorável aos esforços de transferência para a sociedade dos conhecimentos gerados nos laboratórios da Fundação.
Em um programa de pré-aceleração as atividades realizadas buscam validar oportunidades, criar estratégias e desenvolver novas habilidades de forma ágil, direcionada e experimental. A metodologia adotada no Inova Labs foi criada pela Biominas e implementada em mais de 160 ideias e projetos no setor de saúde e de ciências da vida.
Patrícia Veras, do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), participou de uma realização anterior da Biominas com o projeto Leish Derm, uma tecnologia alternativa para o tratamento da leishmaniose tegumentar. Para Patrícia, ter participado do treinamento ampliou sua visão como pesquisadora. “O ganho foi imenso, nossa equipe vem traduzindo o conhecimento adquirido na prática, resultando em avanços efetivos no desenvolvimento tecnológico de nosso produto, a Leish Derm, por meio de estabelecimento de parcerias internas e externas à Fiocruz, como a Comissão de Propriedade Intelectual da Fiocruz (COPAT) para pedido de patente; Farmanguinhos, no desenvolvimento da tecnologia; ANVISA e indústrias farmacêuticas para possíveis parceiras.”
Outra representante da Fiocruz em evento da mesma metodologia, a Interfarma 2018, foi Tatiana Tilli, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS), que concluiu sua participação como vencedora da rodada. A competição entre as equipes é estimulada como dinâmica de treinamento e aperfeiçoamento dos projetos.
Tatiana diz já ter participado de outros programas de empreendedorismo, mas que este formato foi o que mais aproveitou, pois é exclusivo para a área de saúde. “Esse treinamento e experiência é capaz de mudar: a nossa forma de pensar; o formato de fazer ciência; melhora, sem dúvidas, nossa habilidade em escrever fomento e ainda amplia nossa fonte de captação de recursos para ciência”.
Atuação do Sistema Gestec-NIT
Ao longo da estruturação do Inova Labs, reuniões entre as vice-presidências, a Biominas e a Coordenação Gestão Tecnológica (Gestec) foram realizadas para habilitar o Sistema Gestec-NIT (Núcleos de Inovação Tecnológica) para apoiar os pesquisadores que desejassem submeter projetos. Além disto, representantes da área participarão tanto dos treinamentos como capacitados, como palestrantes, durante as etapas do programa e também farão parte das bancas de avaliação.
“A gente está assumindo capacitações que estão previstas no programa, como palestras sobre propriedade intelectual e transferência de tecnologia. A Gestec vai ministrar estas aulas já como uma forma de absorver e de treinar dentro do Inova Labs”, conta Carla Maia, coordenadora da Gestão Tecnológica (Gestec/VPPIS).
Carla diz que não havia sido previsto um módulo ou aula sobre prospecção tecnológica. Durante as reuniões, foi sugerido ao grupo incluir a atividade e todos concordaram. “Então vamos ter também uma equipe para falar das bases que a Fiocruz tem contratado, que são bases com valor alto de contratação e que a gente precisa estimular todo mundo a usar.”
Para Teresa Cristina Lowen, da Gerência de Articulação dos NITs, “a expectativa é de que os NITs participem desse processo de capacitação para que estejam aptos a assessorar os pesquisadores que forem contemplados nesse edital, assim como em oportunidades futuras.”
Isto porque é fundamental para o desenvolvimento de um projeto a parceria com o Sistema Gestec-NIT. Foi a partir deste apoio que Patricia Veras teve o pedido de patente de seu projeto elaborado. “O treinamento ampliou os horizontes do grupo em relação às ações que visam tornar nossa tecnologia mais rapidamente acessível ao mercado”, destacou Veras.
Empreendedorismo científico e tecnológico
Já no VIII Congresso Interno o tema de desenvolvimento tecnológico e inovação foi debatido considerando a necessidade de se realizar ações que pudessem ampliar a capacidade da Fiocruz de transformar os conhecimentos e tecnologias gerados na instituição (Tese 5).
Dentre outras diretrizes, a de número 13 (T5) menciona a “criação de ambientes de inovação em saúde comprometidos com o SUS por meio de ideação, pré-aceleração (…)”, mesmo texto adotado na Política de Inovação da Fiocruz quando se refere à seção 2, empreendedorismo científico e tecnológico.
Pela Vice-presidência de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS), Celeste Emerick coordena as ações voltadas para construção de um programa de estímulo ao empreendedorismo e está à frente de um grupo de trabalho para elaboração das normativas referentes ao tema.
A partir de um termo de referência validado pela Presidência, tais ações na Fiocruz foram direcionadas em dois eixos: Mecanismos de apoio a criação de empresas de base científica e tecnológica e Disseminação de cultura de inovação e empreendedorismo.
Celeste explica que o primeiro eixo envolve, a princípio, a criação de spin-off com base em conhecimento científico institucional. “Já o segundo eixo está voltado para a área do aprendizado e da capacitação. É neste segmento que se enquadra o Inova Labs, pois trata-se da difusão de uma cultura de modelo ‘de negócio no qual podemos absorver os conceitos de forma crítica e analítica para incorporar o aprendizado no modelo Institutional que está em processo de construção”, explica Celeste.
Com o programa Inova Labs, a Fiocruz pretende potencializar a criação de futuros negócios e startups de acordo com suas diretrizes institucionais, contribuindo de forma efetiva para o desenvolvimento da inovação em saúde no país. Além disso, tem como objetivo preparar pesquisadores para desenvolver produtos, serviços e processos inovadores que possam solucionar problemas reais da população brasileira e avançar ainda mais na transferência de conhecimento gerado na Fiocruz.
Tatiana Tilli incentiva o envolvimento dos pesquisadores no Inova Labs. “O momento atual da Fiocruz nos permite explorar o empreendedorismo como uma via de atuação para nós pesquisadores, uma vez que temos a Política de Inovação da Fiocruz, NITs capacitados e oportunidades como o Inova Labs. A pergunta que fica é: Como não aproveitar essa oportunidade?”, diz Tatiana.
Estão abertas, até o dia 10 de outubro de 2019, as inscrições para pós-doutorado em epidemiologia das arboviroses. O candidato selecionado integrará o grupo de pesquisa do Laboratório de Patologia e Biologia Molecular (LPBM) da Fiocruz Bahia sobre a epidemiologia e a dinâmica de transmissão da arboviroses no meio urbano.
As atividades incluem o desenvolvimento e implementação de estudos eco-epidemiológicos sobre ocorrência de arboviroses (dengue, zika, chikungunya, febre amarela e outras) na cidade de Salvador.
O candidato será responsável pela elaboração e condução de estudos epidemiológicos a fim de estimar a incidência de infecções clínicas e subclínicas por arbovírus, identificar características associadas à ocorrência destas doenças, bem como associadas à sua evolução clínica, e investigar o papel de fatores ambientais e índices de infestação vetorial com a ocorrências dessas doenças.
Atividades adicionais envolvem a supervisão das atividades de alunos de iniciação científica e de pós-graduação, análise de dados e preparação de manuscritos. Espera-se que o candidato tenha um perfil propositivo e que ele possa desenvolver projetos de pesquisa correlatos que sejam de seu interesse, com o suporte do grupo.
As Conferências Clinicopatológicas 2019 foram realizadas entre os dias 29 e 31 de agosto. Com o tema “Integração de dados e definição de marcadores histológicos”, o evento anual reuniu profissionais interessados em Patologia Renal, Hepática, da Pele e da Ciências da Computação.
O objetivo foi aprimorar o olhar sobre o cenário da informação médica e o levantamento de potenciais soluções para o problema por especialistas das áreas de patologia da pele, do fígado e do rim, além de pesquisadores das ciências da computação.
O estudante de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental (UFBA/ Fiocruz Bahia), Jonathan Fontes, que participou do curso, disse que o mais enriquecedor foi a possibilidade de discutir a aplicação das técnicas ao seu projeto de dissertação, a solução de problemas técnicos, e poder interagir com profissionais e pesquisadores com grande expertise na área.
“É de grande importância que profissionais das mais diversas áreas estejam juntos para discutir as novidades no diagnóstico, as mudanças de perfil de algumas doenças, e contribuir com a bagagem profissional de cada um, trazendo informação sobre novos casos e estratégias de identificação de algumas enfermidades. Assim, o paciente e a sociedade ganham e muito”, declarou o mestrando.
A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Imunologia (UFBA), Amanda Catariny, já fazia analises histopatológicas, porém aprendeu no curso metodologias adequadas para coleta e processamento de amostras. “Acredito que a partir do curso será possível trabalhar com maior qualidade. A troca de experiências para mim é o ponto mais importante”, afirmou.
Nesta edição, foi oferecido um pré-curso, realizado de 19 a 21 de agosto, que apresentou a estudantes de pós-graduação as estratégias de preparação de amostras biomédicas para estudos morfológicos. Também foi realizado o seminário anual do projeto PathoSpotter com a apresentação de miniconferências e trabalhos na área de seleção e análise em larga escala de dados clínicos imagens em patologia diagnóstica. Além disso, ocorreram as reuniões dos clubes de Patologia Hepática, Renal e Dermatológica aberta a médicos e estudantes de medicina.
A Fiocruz Bahia marcou presença no XIII Festival de Cultura Japonesa Bon Odori, que ocorreu nos dias 30 e 31 de agosto e 1 de setembro, no Parque de Exposições. O festival é organizado pela Associação Cultural Nippo Brasileira de Salvador (Anisa) e tem como intuito celebrar as tradições japonesas, com música, oficinas culturais, exposições, cultura pop e artes marciais.
A participação da Fiocruz no evento aconteceu em um estande no Espaço Ciência, onde atividades de divulgação científica foram realizadas com apoio dos alunos do Programa de Pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PGPAT – UFBA/ Fiocruz) e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI), além de alunos de Iniciação Científica e pesquisadores.
Alunos de escolas públicas da cidade participaram da feira no primeiro dia e puderam aprender sobre as doenças pesquisadas na Fiocruz Bahia, além de obter informações sobre a Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma). Nos três dias de evento, cerca de três mil pessoas passam pelo espaço da Fiocruz na feira e conferiram as atividades ligadas às pesquisas feitas na instituição. No ano passado, foi estimado o número de 2.000 pessoas.
No estande, os frequentadores do Bon Odori conferiram a coleção de insetos, visualizaram nas lupas e microscópios células de mucosa e conferiram o DNA extraído de banana e morango. Além dessas atividades, puderam também responder a um quiz sobre vacinação, valendo brindes da instituição. Outra atividade do estande foi a foto com o boneco Oswaldinho, que as crianças puderam tirar vestindo jaleco e com material simulando um laboratório.
Ana Luisa dos Santos, 17, estudante do Colégio Estadual Raphael Serravalle, achou interessante os experimentos e os materiais expostos. “O que eu mais gostei foi da coleção de insetos. São incríveis”, declarou.
Para a estudante de jornalismo, Elisa Brotto, que visitou o espaço no sábado, o estande da Fiocruz foi importante para explicar, tirar dúvidas e tornar a ciência e o trabalho feito pela Fiocruz mais acessível para as pessoas. “Principalmente o quiz sobre as vacinas foi interessante nesse cenário de anti-vacinas”, comentou.
O Bon Odori ofereceu diversos espaços e atividades, incluindo as áreas especiais dedicadas aos jovens, à terceira idade e às crianças, com oficinas culturais, concursos e jogos durante todo o dia. Este ano, a novidade é a nova arquitetura do evento, com um espaço mais cômodo para todos os visitantes. O evento é uma realização da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania e conta com apoio do Governo do Estado da Bahia, da Prefeitura Municipal de Salvador e demais instituições de saúde, ciência e tecnologia do estado.
A roda de conversa “O sofrimento dentro de casa: família, adolescência e silenciamento da dor”, acontece no dia 10 de setembro, na Fiocruz Bahia, e será mediada pela psicóloga Ana Lucena de Sá (CRP 03/04488). O evento é gratuito e aberto ao público. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitasneste link, até dia 09 de setembro.
Em 2019, o Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, terá como foco a prevenção do suicídio entre os jovens, para enfatizar a necessidade de atenção especial com o bem-estar e a saúde mental de crianças e adolescentes.
Atualmente, notícias sobre a saúde mental de adolescentes têm estado bastante presentes no dia a dia. Tentativas de suicídio, comportamentos auto agressivos, dificuldade em estabelecer ou manter vínculos são algumas das pautas recorrentes. A roda de conversa foi pensada em como podemos ampliar a nossa compreensão sobre esse fenômeno.
Ana Lucena de Sá é Psicóloga, especialista em Teoria e Práticas Clínicas em Atenção Psicossocial (FAMED- UFBA/ Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcante), Gestalt Terapeuta em formação (IGTBa/ Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública), co-fundadora do grupo terapêutico “Me Descubro em Você – Uma experiência de cuidado para adolescentes”, integrante da Coletiva Muitas Psi de psicólogas feministas. Atua em consultório particular (adolescentes e adultos).
Roda de Conversa Quando: 10/09/2019 Horário: 09 às 11h Onde: Sala de Aula II da Biblioteca – Fiocruz Bahia. Rua Waldemar Falcão, 121, Candeal.
A Fiocruz Bahia participará do XIII Festival da Cultura Japonesa Bon Odori, que acontece no Parque de Exposições de Salvador, no período de 30 de agosto a 1 de setembro. Organizado pela Associação Cultural Nippo Brasileira de Salvador (Anisa), o festival é voltado para celebrar as tradições japonesas, com música, oficinas culturais, exposições, cultura pop e artes marciais.
Com estande no Espaço Ciência, a Fiocruz levará atividades de divulgação científica, como jogos interativos, ambientes que simulam laboratórios de pesquisa e que podem ser utilizados para “transformar” o visitante em cientista, debate sobre vacinas com participação de pesquisadores e oficinas de experimentação para todo o público.
Além destas ações, haverá também distribuição de panfletos sobre a importância da vacinação e exposição de banners sobre trabalhos desenvolvidos pela instituição. Nesta edição, o estande da Fiocruz Bahia contará com a participação dos estudantes dos programas de pós-graduação da instituição.
O Bon Odori oferece diversos espaços e atividades, incluindo as áreas especiais dedicadas aos jovens, à terceira idade e às crianças, com oficinas culturais, concursos e jogos durante todo o dia. Este ano, a novidade é a nova arquitetura do evento, com um espaço mais cômodo para todos os visitantes. O evento é uma realização da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania e conta com apoio do Governo do Estado da Bahia, da Prefeitura Municipal de Salvador e demais instituições de saúde, ciência e tecnologia do estado.
Estão abertas as inscrições para o XIII Encontro de Pós-Graduação nas Áreas de Medicina I, II e III da CAPES. O evento será sediado na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) -Campus Cabula, com o apoio das Pró-Reitorias de Pesquisa e Inovação e Extensão, nos dias 18 a 20 de setembro de 2019.
Trata-se de um encontro nacional, anual e itinerante, destinado a coordenadores, pesquisadores, secretários, estudantes e outros profissionais envolvidos com a Pós-Graduação na área de Medicina no país. O tema norteador do evento de 2019 será “Perspectivas da Nova Avaliação Quadrienal: Mudança de Paradigma”. Clique aqui para inscrições que encerram no dia 08 de setembro.
As coordenações dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PGPAT – UFBA/Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI – Fiocruz Bahia), ambos vinculados a área de concentração da Medicina II, participaram ativamente do processo de organização do evento juntamente com a Presidente da comissão organizadora, Ana Marice Teixeira Ladeia, da EBMSP.
Este ano, em especial, os coordenadores de área das Medicinas I, II e III da CAPES irão selecionar os resumos que irão concorrer à premiação durante o Encontro Nacional. Segue abaixo os discentes pré-selecionados pelo Prêmio Gonçalo Moniz, na categoria de Melhores Trabalhos dos Discentes Egressos, que irão representar os programas da Fiocruz Bahia:
O coordenador da Estratégia Fiocruz para Agenda 2030, Paulo Gadelha, visitou a Fiocruz Bahia, nos dias 22 e 23 de agosto, para participar de reunião no Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (COSEMS-BA) e para ministrar a sessão científica com o tema “Papel da saúde e CT&I na Agenda 2030”, no instituto.
O objetivo do encontro no COSEMS-BA foi de discutir possíveis cooperações intergovernamentais. Gadelha apresentou a importância da Agenda 2030, as ações da Fiocruz no âmbito da Agenda e falou sobre as experiências de parcerias com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e com COSEMS de outros estados.
“A ideia de regionalidade é central para todo esse arcabouço da Agenda, ela não tem sentindo se não se materializa em realidades locais. Há uma série de referências que trabalham com a ideia de como pensar a gestão e auxiliar os gestores municipais a integrar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aos planos locais”, ressaltou o ex-presidente da Fiocruz.
Os ODS constituem a série de 17 metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), que compõem a Agenda 2030. De acordo com a ONU, esta agenda é um plano de ação para as Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias, tendo como principal foco a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, o maior desafio e requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável.
“A saúde é quase simbiótica com a questão da Agenda 2030. Todos os objetivos estão integrados à saúde, como a questão da cidade, da habitação, que traduz o que chamamos, pelo nosso recorte, de determinantes sociais da saúde. A ONU reconhece que o indicador central, que estrutura o conjunto de indicadores, é a cobertura universal para a saúde”, afirmou Gadelha.
Na reunião, também estiveram presentes a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, a presidente do Conselho, Stela dos Santos Souza, além de 6 diretores representantes das 417 secretarias municipais de saúde do estado: Geraldo Magela (Ilhéus), Denise Lima Mascarenhas (Feira de Santana), Gerald Saraiva (Anagé), Odilon Cunha Rocha (São Félix), Raquel Ferraz da Costa (Abaré) e Max Almeida (Teixeira de Freitas).
Marilda Gonçalves frisou o interesse da instituição em discutir uma agenda e fazer integrações com os municípios em apoio às questões de saúde. “A missão da Fiocruz reafirma o nosso compromisso com o Sistema Único de Saúde (SUS) e, consequentemente, com a saúde da população brasileira, quer seja no desenvolvimento de pesquisas, na formação de recursos humanos, bem como no assessoramento e interpretação da realidade, visando a implementação de políticas públicas de saúde realmente efetivas. Por isso, a parceria com o COSEMS-BA é de extrema importância, reforçando a nossa contribuição para o desenvolvimento regional e estadual, a exemplo da implementação da Agenda 2030”, disse a diretora.
A presidente do Conselho comentou sobre a importância da Agenda 2030 e de uma futura parceria com a Fiocruz. “Antes, não estávamos muito envolvidos com a questão da Agenda, mas, com um pouco mais de conhecimento, vi que ela é extremamente importante. Um dos principais benefícios da cooperação com a Fiocruz será a qualificação e fortalecimento dos gestores, com um consequente fortalecimento do SUS”, declarou Stela Souza.
Na sessão científica, Paulo Gadelha discorreu sobre o papel do Brasil, a institucionalização da Agenda 2030 na Fiocruz, as estratégias e ações implementadas pela Fundação e seus desafios. Destacou que a Agenda integra as dimensões econômicas, sociais e ambientais, com uma visão mais universal e que ela permite coordenar áreas de maneira muito clara.
“No caso especifico da Fiocruz, fundada sobre os polos Saúde e Desenvolvimento, consideramos que a Agenda 2030 é um instrumento fundamental para pensar o planejamento estratégico na instituição. Nesse processo, começamos a encontrar várias lacunas e formas de atuar, como a realização de convênios, projetos, a Feira de Soluções para a Saúde e programas de cooperação técnica”, explicou Gadelha.
Também esteve presente na ocasião, o diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss, que participou da discussão final juntamente com Gadelha. Para o diretor, “a estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 mostra uma instituição madura que não constrói seus programas com estímulo exclusivo para uma ciência pura, mas também para uma ciência com desenvolvimento tecnológico, que visa responder as necessidades do país”.
Paulo Buss, que também veio a Salvador para participar da Semana do Clima, evento organizado pela ONU, disse que é necessário observar as necessidades locais. “Nós devemos, dentro da estratégia Fiocruz, estar atentos para identificar os problemas de desenvolvimento da Bahia, da cidade de Salvador e regiões metropolitanas, que este Instituto seja capaz de resolver, dentro de um contexto cultural e social”, ponderou.
AUTORIA: Felicidade Mota Pereira ORIENTAÇÃO: Maria Fernanda Rios Grassi TÍTULO DA TESE:“Coifecção entre o vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) e o vírus da hepatite C (HCV) no estado da Bahia”. PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa DATA DE DEFESA: 18/09/2019 HORÁRIO: 09h
RESUMO
INTRODUÇAO: Os vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) e vírus da hepatite C (HCV) são endêmicos no Brasil. Ambos causam uma infecção persistente, assintomática em alguns casos, sendo o diagnóstico tardio. Estes vírus compartilham algumas vias de transmissão, o que pode favorece a coinfecção.
OBJETIVOS: Determinar as taxas de infecção do HTLV, HCV e da coinfecção HTLV/HCV no estado da Bahia. Descrever o perfil de citocinas inflamatórias nos indivíduos coinfectados com HTLV/HCV.
MÉTODOS: Um estudo retrospectivo ecológico foi conduzido usando o banco de dados do LACEN – Bahia. Todos os testes sorológicos para HTLV e HCV foram selecionados entre as 32 microrregiões da Bahia, no período de 2004 a 2013, constituindo um banco com 602.908 registros únicos. Para a avaliação imune, foram selecionados prospectivamente amostras de 31 indivíduos coinfectados HTLV/HCV e de 27 indivíduos monoinfectados com HCV, recebidas no LACEN para quantificar a carga viral do HCV. Foram analisadas as citocinas IFN-γ, TNF-α, IL-10, IL-8 e IL-1. O grupo controle foi formado por 30 indivíduos sadios.
RESULTADOS: Foram avaliadas 233.876 amostras para o diagnóstico laboratorial do HTLV. Destas, 1.813 (91,7%) foram positivas para HTLV-1 (prevalência de 0,78%), 58(2,9%) para HTLV-2 (prevalência de 0,025%) e 107 (5,4%) foram positivas para ambos HTLV-1 e HTLV-2 (prevalência de 0,05%). A taxa de infecção na Bahia foi 0,84% (14,4 casos /100.000 habitantes). A infecção pelo HTLV foi predominante em mulheres (75%) com média de idade de 46 anos. Foram identificados três novos clusters do HTLV, localizados nas regiões Sul, Central e Oeste do estado. Amostras de 247.837 indivíduos foram avaliadas para o diagnóstico laboratorial do HCV. A taxa de infecção do HCV foi de 1,3% que corresponde a 21,2 casos/ 100.000 habitantes. Os homens com idade acima de 55 anos foram os mais acometidos. A cidade de Ipiaú apresentou a maior taxa de infecção para o HCV (112,04 casos/100.000 habitantes). Os genótipos 1 e 3 foram mais prevalentes, seguidos dos genótipos 2, 4 e 5. Para determinar a taxa de coinfecção entre HTLV e HCV amostras de 120.192 indivíduos foram avaliados. A taxa de infecção do HTLV/HCV foi de 14,3% que equivale a 2,8 casos/100.000 habitantes. Os casos de coinfecção HTLV/HCV predominou em homens com média de idade de 59 anos. As maiores taxas foram encontradas em três microrregiões: Salvador, Ilhéus- Itabuna e Porto Seguro. Quanto ao perfil de citocinas, o grupo coinfectados HTLV/HCV teve uma maior tendência a produzir IFN-γ, comparado ao grupo monoinfectado HCV. Houve uma correlação positiva entre os pares IL-1 e IL-8 no grupo coinfectado pelo HTLV/HCV e entre os pares IL-8 – IL10 e INF-γ – IL-10 no grupo monoinfectado pelo HCV.
CONCLUSÕES: As infecções pelo HTLV e HCV estão disseminadas nas microrregiões do estado Bahia, no entanto a coinfecção HTLV/HCV está concentrada em apenas três microrregiões. A coinfecção HTLV/HCV está associada à produção de IFN-γ, enquanto indivíduos infectados pelo HCV apresentaram correlação positiva entre as citocinas inflamatórias (IL-8 e IFN-γ) e a citocina reguladora IL-10.
A amebíase é uma infecção causada por um parasita de nome científico Entamoeba histolytica, mais popularmente conhecido como ameba, que pode provocar a invasão de tecidos, originando as formas intestinal e extra-intestinal da doença. A principal forma de transmissão é a ingestão de alimentos ou água contaminados.
A prevalência da E. histolytica é superestimada devido à sua semelhança com outras espécies de formas idênticas, como a Entamoeba dispar e a Entamoeba moshkovskii, formando o complexo E. histolytica/E. dispar/E. moshkovskii.
Um estudo, que contou com a participação do pesquisador Fred Luciano Neves Santos, da Fiocruz Bahia, teve como objetivo avaliar a frequência das espécies deste complexo, através de técnicas moleculares e imunológicas, em indivíduos atendidos em um centro de saúde pública, em Salvador. O artigo foi publicado na revista BioMed Research International e pode ser acessado aqui.
Para a pesquisa, foram analisadas amostras fecais de mais de 55.000 indivíduos, com diagnóstico entre fevereiro de 2010 e junho de 2014. Destas, cerca de 260 pacientes diagnosticados com cistos de ameba em suas fezes foram contatados e convidados a participar da segunda fase do estudo. Foram coletadas 90 amostras de fezes e sangue de indivíduos que concordaram em participar.
Como resultado, a prevalência do complexo E. histolytica/E. dispar/E. moshkovskii, determinada por microscopia, foi de cerca de 0,49%. Para a E. histolytica, a detecção de antígeno específico e a caracterização molecular foram de 100% de negatividade, embora na avaliação sorológica a positividade para esta espécie tenha sido de 8,9%, indicando que estes pacientes já tiveram contato com o parasita anteriormente.
Nas amostras de fezes analisadas por PCR, não foi possível identificar a E. histolytica e a E. moshkovskii, embora tenha sido detectado anticorpos contra a E. histolytica. Possivelmente, a produção de IgG anti-E. histolytica está associada com memória imunológica, indicando a circulação do parasita na capital da Bahia, de acordo com o dados anteriores realizado pelo mesmo grupo de pesquisa.
A primeira edição do Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação da Fiocruz Bahia aconteceu nos dias 15 e 16 de agosto, em cerimônia realizada na instituição. A honraria foi concedida em três categorias: para estudantes de Pós-Graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PgPAT), estudantes do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI) e egressos dos dois programas.
Na abertura da premiação, a pesquisadora Natália Machado Tavares, uma das organizadoras do evento, relembrou a idealização do prêmio ao longos dos anos e agradeceu a colaboração da diretoria do instituto, assim como a Vice-coordenação de Ensino e coordenadoras dos dois programas de pós-graduação. “Foi um evento construído a várias mãos”, declarou Natália.
Marilda Gonçalves, diretora da Fiocruz Bahia, ressaltou a importância de uma premiação voltada para os trabalhos desenvolvidos pelos alunos e ex-alunos do instituto, como um reforço da comunidade científica. “Não é só premiar estudantes, mas sim a tecnologia, a ciência e inovação”, completou a diretora. Patrícia Veras, vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, comentou sobre como o prêmio veio em um momento relevante para a comunidade científica e estreitou a relação entre os alunos e professores da instituição.
As coordenadoras dos programas, Theolis Bessa (PgBSMI) e Valéria Borges (PgPAT), também agradeceram as comissões interna e externa da premiação e as sugestões feitas por alguns alunos na elaboração do edital, alcançando o objetivo de construir uma pós-graduação na qual o estudante tem um papel de protagonismo não só dentro do laboratório.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Washington Luis Conrado dos Santos, foi responsável pela leitura do memorial do professor homenageado, Gonçalo Moniz, que dá nome ao prêmio e ao Instituto, também conhecido como Fiocruz Bahia. Nascido em Salvador, em 1870, Gonçalo Moniz Sodré de Aragão, se formou pela Faculdade de Medicina da Bahia (FAMED). Junto com outros intelectuais baianos, fundou a Academia de Letras da Bahia, em 1915. Neste mesmo ano, foi inaugurado o Instituto Bacteriológico, Antirrábico e Vacinogênico, sob sua direção, que originou a Fundação Gonçalo Moniz, incorporada à Fundação Oswaldo Cruz, em 1970.
O primeiro dia de evento foi marcado pelas apresentações orais dos trabalhos selecionados nas três categorias de cada programa de pós-graduação, avaliados pela banca avaliadora composta por pesquisadores externos. Já no segundo dia, houve uma sessão científica especial ministrada pela pesquisadora do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Luisa Massarani.
O intuito da sessão foi fomentar a divulgação científica dentro da Fiocruz Bahia, mostrando a importância do relacionamento entre pesquisadores e sociedade, aproximando o grande público da ciência. Luisa Massarani frisou que é preciso conhecer os diferentes públicos e se aproximar mais da sociedade de maneira didática e simples, pois só transmitir conhecimento científico não suficiente para a divulgação científica.
Após a sessão, os prêmios foram entregues aos alunos condecorados, assim como as menções honrosas. Clique aqui para conferir a lista de vencedores.
AUTORIA: Caroline Vilas Boas de Melo ORIENTAÇÃO: Washington Luís Conrado dos Santos TÍTULO DA TESE: “Cinética da desestruturação do tecido linfoide esplênico na leishmaniose visceral: um estudo experimental em hamsters e camundongos”. PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana DATA DE DEFESA: 22/08/2019 HORÁRIO: 08h
RESUMO
INTRODUÇÃO: Um dos principais problemas relacionados à leishmaniose visceral (LV) no Brasil é o surgimento de formas clínicas graves responsáveis por 5-20% dos óbitos associados à doença, mesmo na vigência do tratamento específico. Formas graves da LV humana e canina cursam com desorganização da polpa branca (PB) do baço. Ocorre redução de linfócitos B e T, células dendríticas foliculares e aumento de plasmócitos, associados a mudanças no padrão de expressão de citocinas e quimiocinas. É possível que a infecção por Leishmania provoque desorganização da PB por interferência nas comunicações celulares e contribua para a susceptibilidade à doença. O uso de modelo experimental pode contribuir para a compreensão desses mecanismos.
OBJETIVO: Avaliar sequencialmente as alterações do baço no curso da infecção por L. infantum.
METODOLOGIA: 56 hamsters Golden Syrian e 50 camundongos da linhagem BALB/c foram infectados com promastigotas de L. infantum por via intraperitoneal. Os animais foram acompanhados por 30, 60, 90 (apenas camundongos), 120 e 150 dias para avaliação de parâmetros clínicos e histológicos. Foi realizado sequenciamento do transcriptoma de 24 amostras de hamsters e imunofenotipagem das células do baço de camundongos por citometria de fluxo e histocitometria. Adicionalmente, avaliamos as alterações clínicas e histológicas da infecção por L. infantum em hamsters e camundongos esplenectomizados.
RESULTADOS: Hamsters desenvolveram LV progressiva com desorganização da PB do baço, associado a maior frequência de sinais clínicos. Houve regulação gênica relacionada à quimitotaxia de linfócitos T e regulação de ciclo celular e ciclinas. Camundongos desenvolveram doença subclínica associada à arquitetura normal da PB, mas com remodelamento tecidual por alterações de células dendríticas plasmocitoides, linfócitos B e plasmócitos. Células estromais e células linfoides inatas se distribuíram dispersamente no baço de camundongos infectados por 60 dias. Houve maior produção de IFN e IL-6 a 90 dias de infecção. Hamsters infectados esplenectomizados apresentaram maior frequência de granuloma em linfonodo, enquanto ocorreu elevada letalidade em camundongos.
CONCLUSÕES: A infecção por L. infantum induziu alterações sequenciais no baço que culminam na desorganização da PB. A desorganização ocorreu por alterações de gênicas de citocinas, quimiocinas e fatores de transcrição em hamsters e de populações celulares no remodelamento tecidual em camundongos. A ausência do baço levou a perfil histopatológico mais grave em hamsters e alta letalidade em camundongos. Esses dados demonstram um papel centralizado do baço na patogênese da leishmaniose visceral.
AUTORIA: Martha Sena Suarez ORIENTAÇÃO: Cláudia Ida Brosdkyn TÍTULO DA TESE: “Avaliação da interação entre neutrófilos humanos infectados por Leishmania amazonenses ou Leishmania braziliensis com células dendríticas: impacto dos receptores de adenosina”. PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana DATA DE DEFESA: 22/08/2019 HORÁRIO: 09h
RESUMO
Os neutrófilos (NØs) modulam a resposta imune pela produção de citocinas e quimiocinas ou interação direta com outras células. Células dendríticas (DCs) apresentam antígenos e ao interagirem com diferentes componentes do sistema imune, modulam a resposta adaptativa, responsável pela eliminação de microrganismos e manutenção da memória imunológica. O ATP extracelular produzido após dano celular exibe propriedades pró-inflamatórias, enquanto a adenosina, produto do catabolismo do ATP, exibe propriedades antiinflamatórias. Neste trabalho, avaliamos o efeito da interação entre DCs humanas e NØs infectados por L. braziliensis (Lb) ou L. amazonensis (La) e a participação dos receptores de adenosina.
Metodologia: NØs purificados do sangue de doadores saudáveis foram infectados ou não por Lb ou La e co-cultivados com DCs geradas in vitro de monócitos tratados com IL-4 / GMCSF. As DCs nestas co-culturas foram avaliadas quanto sua taxa de infecção, expressão de moléculas de superfície e produção de citocinas. Para investigar a participação da adenosina, a carga parasitária nestas células foi avaliada após inibição de CD39, CD73 ou receptores A2A e A2B.
Resultados: O co-cultivo de DCs com NØs infectados com La aumentou a carga parasitária, reduziu a expressão de moléculas de superfície e a produção de citocinas próinflamatórias, aumentando a produção de anti-inflamatórias. Resultados opostos foram obtidos nas co-culturas de DCs e Nϕs infectados por Lb. O bloqueio do CD39, mas não do CD73, em NØs ou em DCs reduziu a carga parasitária nas DCs co-cultivadas com NØs
infectados por La. Já a inibição dos receptores A2B ou A2A diminui a carga parasitária após a co-cultura das DCs com NØs infectados por La ou quando cultivadas com adenosina. Este mesmo tratamento só alterou a carga parasitária em DCs co-cultivadas com NØs infectados por Lb na presença da adenosina. Nossos resultados indicam que NØs infectados por La e Lb modulam diferentemente a ativação das DCs. Apenas os NØs infectados por La parecem inibir as DCs, com consequente aumento da sua carga parasitária, ativação de ectonucleotidases, redução de moléculas co-estimulatórias e de IL-12 e aumento de IL-10. Observamos também influência dos receptores de adensosina, evidenciada pela reversão da carga parasitaria nas DCs na presença dos inibidores desses receptores.
Inscrições podem ser realizadas até 23 Janeiro de 2020
The International Consortium for Personalised Medicine (ICPerMed), consórcio que reúne mais de 40 instituições de pesquisa da Europa e América Latina, lançou a edição 2020 do Prêmio “Best Practice in Personalised Medicine”. O objetivo reconhecer e premiar as melhores práticas no tema Medicina Personalizada. As inscrições vão até 23 Janeiro 2020.
Podem participar os pesquisadores com trabalhos publicados e desenvolvidos na área Medicina Personalizada, entre 1 de janeiro de 2018 e 31 de outubro de 2019.
É necessário que os projetos estejam relacionados à perspectiva “Healthcare systems that enable personally-tailored and optimized health promotion, prevention, diagnosis, and treatment for the benefit of citizens and patients”, descrita no Documento de Visão ICPerMed disponível neste link.
As melhores práticas podem consistir em:
Artigo científico focado em novas abordagens para a implementação de medicina personalizada;
Programas de treinamento para o pessoal de saúde, aumentando o nível de conscientização sobre o potencial da medicina personalizada;
Exemplos de grupos de colaboração interdisciplinares ou intersetoriais (organizações governamentais e não governamentais, gestão acadêmica, pesquisa médica, assistência médica e organizações privadas, ou parceiros da indústria) para a implementação de medicina personalizada.
Serão selecionadas 03 melhores práticas e os vencedores do Prêmio serão convidados para a Conferência ICPerMed 2020, na qual terão a oportunidade de apresentar seus resultados durante uma sessão plenária. Além disso, os vencedores receberão um apoio não-monetário para a divulgação de melhores práticas no valor de 500 €.
AUTORIA: Maiara Reis Arruda ORIENTAÇÃO: Deborah Bittencourt Mothé Fraga TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Anticorpos anti-LJM11/LJM17 como biomarcadores de susceptibilidade para leishmaniose visceral em cães acompanhados em uma área endêmica”. PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa DATA DE DEFESA: 14/08/2019 HORÁRIO: 14h
RESUMO
INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral é transmitida pela picada do Lutzomyia longipalpis. A saliva do vetor é inoculada no momento da picada, tendo papel importante na transmissão da Leishmania devido a presença de proteínas com propriedades farmacológicas que favorecem a infecção. Ainda não existem dados correlacionando o desenvolvimento de anticorpos contra as proteínas recombinantes LJM11 e LJM17 (rLJM11+17) da saliva do vetor com perfil de resistência ou susceptibilidade na Leishmaniose Visceral canina (LVC).
OBJETIVO: Avaliar as concentrações de anticorpos anti-LJM11+17 como biomarcadores de susceptibilidade ou resistência para LVC em cães de uma área endêmica acompanhados por 2 anos.
METODOLOGIA: Os animais foram reavaliados a cada 3 ou 6 meses, quanto ao diagnóstico e evolução clínica da LVC e exposição e reexposição ao vetor, com ELISA utilizando rLJM11+17. Animais cujos níveis de anticorpos anti-saliva no período subsequente foram iguais ou maiores que o dobro dos níveis do período anterior foram classificados como reexpostos. Os animais foram classificados como negativos, resistentes e susceptíveis a LVC analisando o escore clínico e o diagnóstico para LVC durante todo acompanhamento. Além disso, foi feita caracterização do perfil imunológico dos animais nos momentos antes, durante e após a infecção utilizando as técnicas de ELISA e Luminex.
RESULTADOS: Um total de 285 animais foram incluídos no estudo, sendo que 111 destes finalizaram todos os inquéritos de acompanhamento. Dentre os 111, 46 animais apresentavam resultado negativo para exposição a saliva e 19 também apresentavam-se negativos para LVC no início do estudo. Foram necessários apenas 6 meses para que a maioria (70%), dos 46 animais que começaram o estudo como não expostos se tornassem expostos ao vetor. O aumento da incidência de exposição ao longo do acompanhamento foi seguido pelo aumento da incidência de casos de LVC. Dentre os 285 cães avaliados, a maioria dos animais (55%) foi reexposta ao vetor em algum momento. Animais susceptíveis apresentaram maiores níveis de anticorpos anti-saliva quanto comparados aos animais resistentes e os animais reexpostos tiveram 2 vezes mais risco de serem susceptíveis à LVC. Houve diferença na expressão de alguns mediadores entre animais resistentes e susceptíveis. CXCL1 estava menos expresso no momento da infecção nos resistentes e mais expresso 6 meses após a infecção nos susceptíveis. No momento da infecção, os níveis de IL-10 foram maiores nos susceptíveis. Nos resistentes, LTB4 e PGE2 mostraram-se com níveis elevados no momento da infecção, quando comparados com o período antes da infecção.
CONCLUSÃO: A presença de anticorpos anti-rLJM11+17 além de ser um biomarcador de exposição ao vetor, também demonstrou estar associado à susceptibilidade à LVC. Adicionalmente, a quantificação de mediadores LBT4, PGE2 e IL-10 também podem ser úteis para predição de perfil de susceptibilidade e resistência.
Os determinantes das diversas apresentações clínicas da malária não são completamente entendidos. Estudos prévios desenvolvidos pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto e Bruno Bezerril Andrade, relataram que a coinfecção por malária e hepatite B está associada ao aumento da probabilidade de apresentar malária assintomática (ver estudo aqui), mas pouco se conhece sobre os mecanismos imunitários que conduzem essa associação.
Um novo estudo coordenado pelo pesquisador Bruno Bezerril Andrade analisou múltiplas citocinas, quimiocinas e proteínas de fase aguda, em grupos de pacientes com diferentes apresentações de infecção por malária, por hepatite e com ambas as enfermidades, com sintomas e sem sintomas. O artigo foi publicado na PLOS Neglected Tropical Diseases.
Foram analisadas amostras de sangue de um banco de dados contendo 601 indivíduos da Amazônia. Os dados sobre os níveis plasmáticos de múltiplas quimiocinas, citocinas, proteínas de fase aguda, enzimas hepáticas, bilirrubina e creatinina foram analisados para descrever e comparar os perfis bioquímicos associados a cada tipo de infecção.
Os resultados indicaram que a coinfecção é marcada por um conjunto de respostas imunes relacionadas a cada uma das monoinfecções, que resulta em uma inflamação balanceada associada à imunidade clínica e ausência de sintomas.
De acordo com o artigo, em termos biológicos, as leituras são de que as respostas combinadas a cada patógeno induzem um perfil distinto de ativação imune sistêmica, com a atividade marcada de IL-10, uma citocina imunorreguladora, em confluência principalmente com atividade de CCL2 e IL-4. Essas múltiplas vias impediriam a atividade pró-inflamatória desequilibrada associada à malária sintomática e/ou grave.
Além disso, esses achados destacam a importância do sistema imunológico na condução da apresentação da doença, levantam a discussão sobre a imunoterapia na malária e como essas abordagens têm o potencial de realmente influenciar os resultados clínicos.
Os resultados do trabalho mostram que mecanismos distintos associados à atividade antiviral e antimalárica são devidos a alterações no equilíbrio de citocinas e levam ao aumento da probabilidade de ocorrência assintomática de malária na coinfecção por malária e hepatite.
Este conhecimento de respostas em ambos os patógenos que combatem as respostas pró-inflamatórias ajuda a descrever a fisiopatologia associada com a coinfecção e pode ser relevante para futuros estudos e abordagens com imunoterapia em casos de malária grave ou infecção por hepatite B.
Em 2015, após o grande surto de zika, principalmente no Nordeste do Brasil, notou-se que, além de um grande número de crianças nascidas com microcefalia, diversas outras condições de saúde dos bebês podiam estar relacionadas à infecção pelo vírus Zika durante a gestação.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, liderou uma investigação, em Salvador (BA), sobre o neurodesenvolvimento de crianças expostas ao vírus Zika na gravidez, que nasceram sem microcefalia. O trabalho pode ser acessado no site do BMJ Paediatrics Open.
Para o estudo, foram avaliados 29 bebês nascidos em 2016, cujas mães tiveram zika na gestação no período de epidemia da doença. Esses recém-nascidos tiveram a circunferência da cabeça considerada normal no nascimento, dentro do estabelecido para idade gestacional e sexo, de acordo com os padrões INTERGROWTH-21.
O resultado da avaliação do desenvolvimento neurológico dos bebês mostrou que 10 (34%) deles exibiram um atraso pelo menos em um dos domínios da Escala Bayley-III e um atraso na fala foi identificado em nove (31%) bebês.
A Escala Bayley-III é um instrumento considerado padrão de referência mundial que avalia o desenvolvimento de bebês de 0 a 3 anos de idade e identifica atrasos no desenvolvimento cognitivo, linguístico, motor, socioemocional e adaptativo.
As avaliações identificaram anormalidades especialmente no funcionamento da linguagem. Estes achados corroboram com os resultados de um estudo prospectivo realizado no Rio de Janeiro, que avaliou crianças por neuroimagem e pela Escala Bayley-III, no qual foram observados atrasos no neurodesenvolvimento na linguagem cognitiva e campos de função motora.
A avaliação sistemática destas crianças, através de ferramentas padronizadas, é crucial para a detecção precoce de anormalidades no desenvolvimento, bem como para fornecer intervenção para alcançar melhores resultados e prevenir deficiências.