A Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia está promovendo o Ciclo de Seminários Integrados sobre Sars-Cov-2 (Covid-19), que abordará temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética.
A sessão de abertura ocorrerá no dia no dia 18 de junho, às 15 horas, com a palestra ministrada pela biomédica Jaqueline Goes de Jesus, uma das coordenadoras da equipe que sequenciou o genoma do novo coronavírus, apenas 48 horas depois da confirmação do primeiro caso no Brasil. Os próximos seminários serão realizados semanalmente, às terças-feiras, a partir das 16 horas, pelo Zoom.
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Sobre a palestrante
Jaqueline Góes é graduada em Biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, mestre pelo Programa de Pós-graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) da Fiocruz Bahia e doutora pelo Programa de Pós-graduação Patologia (PgPAT) da Universidade Federal da Bahia em ampla associação com a Fiocruz Bahia.
Em 2019, Jaqueline teve sua tese de doutorado premiada com o primeiro lugar no Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação (2019), na categoria Egresso e representou o PgPAT no XIII Encontro de Pós-Graduação das Áreas de Medicina I, II e III da CAPES, tendo também recebido o prêmio de Melhor Trabalho de Tese, concedido pela banca avaliadora, composta pelos coordenadores das três áreas da Medicina. A tese gerou publicações em revistas científicas de alto impacto, como Nature e Science.
Atualmente, Jaqueline realiza estágio pós-doutoral no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo – Universidade de São Paulo (IMT-USP), sob supervisão da pesquisadora Ester Sabino, onde coordenou a equipe que sequenciou, em tempo recorde (48h), o genoma do SARS-CoV-2, no primeiro caso brasileiro da doença. O trabalho teve uma grande repercussão no meio científico e sociedade, com ampla divulgação nas mídias e redes de comunicação.
Estão abertas as inscrições, até 30 de junho, da segunda chamada para o credenciamento de novos professores permanentes e colaboradores do curso de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional, com critérios baseados na portaria 81 de 3/6/2016 da CAPES.
Os professores que possuem interesse devem manifestar-se através do preenchimento do formulário disponível aqui. O formulário preenchido deve ser enviado em PDF, por e-mail para pgpct@fiocruz.br. Os currículos na plataforma Lattes devem estar atualizados, pois eles serão utilizados pela comissão avaliadora.
Clique aquipara acessar a resolução para o credenciamento.
A Fiocruz Bahia é uma das instituições que estão fazendo parte da Rede Mulher Solidária, ação que tem o objetivo de minimizar o impacto causado na vida das mulheres pelas medidas sanitárias e de isolamento social necessárias ao combate do novo coronavírus. A iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia (SPMBA) foi lançada nesta terça-feira (09).
Além da Fiocruz Bahia, o grupo reúne representantes da Defensoria Pública (DPE-BA), do Tribunal de Justiça (TJ-BA), Ministério Público da Bahia (MP-BA) e da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Fecomércio-BA por meio da CME – Câmara da Mulher Empresária. A Rede tem o apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Corpo de Bombeiros e da Procuradoria Geral do Estado (PGE), além do Teatro Castro Alves e Shopping Barra.
A Rede Mulher Solidária atuará na captação de recursos, itens alimentícios e de higiene pessoal e também na mobilização de pessoas e instituições a fim de garantir a aquisição dos materiais e produtos que vão compor o Kit Mulher Solidária para distribuição entre grupos, coletivos e associações de mulheres, em situação de vulnerabilidade social, nos bairros de Salvador e municípios mais atingidos pela Covid-19. Nesta terça-feira começa a funcionar (24h) um dos postos para arrecadar donativos, instalado no Corpo de Bombeiros, na avenida ACM.
Outros dois postos começam a funcionar a partir de sexta-feira (12): no Teatro Castro Alves (com funcionamento das 8h às 14h) e Shopping Barra (das 12h às 18h). A Rede receberá, também, doações em dinheiro por meio de depósito no Banco do Brasil, agência 3832-6, conta 993.527-4, CNPJ 13.763.132/0001-17. A conta estará disponível ainda esta semana. Outras informações podem ser solicitadas por meio do e-mail: redemulher@spmba.ba.gov.br .
Um comitê gestor interinstitucional, suprapartidário, ficará responsável pela captação e distribuição dos kits, além da avaliação das ações solidárias, mas a Rede está aberta à participação de organizações de mulheres dispostas a colaborar. A expectativa é de que as doações alcancem 15 mil mulheres chefas de família monoparentais com a distribuição do Kit Mulher Solidária, o qual deve atender necessidades básicas de alimentação, higiene e promoção do cuidado pessoal e da limpeza doméstica. O kit também terá orientações sobre o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra as mulheres e ao Covid-19.
Chefas de famílias monoparentais
A Rede atenderá especialmente às mulheres chefas de famílias monoparentais, ou seja, aquelas que criam seus filhos e filhas sozinhas. Na Bahia são quase três milhões de pessoas que compõem essas famílias, correspondendo a aproximadamente 19% da população e 44% das composições familiares, segundo estudo realizado, em 2018, pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) em parceria com a SPM-BA, a partir de dados do IBGE. As chefas de família monoparentais representam grande parte do contingente de trabalhadoras informais, que estão entre as mais vulneráveis nesse período de pandemia.
Pesquisa realizada em abril pelo Instituto Locomotiva indica que em 31% das casas, no Rio de Janeiro, já faltou dinheiro para comprar produtos de limpeza e em 35% já faltou comida para as famílias no período da pandemia. Em Salvador e Região Metropolitana a situação não deve ser diferente. São 38 mil famílias monoparentais em situação de em situação de extrema pobreza, segundo estudo do SEI/SPM-BA. Cerca de 30% recebem menos de R$ 178 per capita por mês.
A Rede Mulher Solidária entende que só a união de esforços e o empenho dos governos e da sociedade possibilitarão vencermos a pandemia no tempo mais breve possível e minimizando os impactos na parcela mais vulnerável da população, que ocupa a base da pirâmide social. Nesse sentido, tem a certeza de contar com a colaboração e participação de todos e todas.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Tiago Gräf, foi um dos jovens pesquisadores contemplados na 3ª Chamada Pública de Apoio à Ciência do Instituto Serapilheira, com o projeto “Identificação de vírus neuroinvasivos em casos de encefalite aguda no Nordeste do Brasil”, que tem como coautora a pesquisadora Isadora Cristina de Siqueira, também da Fiocruz Bahia.
Com o crescimento dos casos de encefalite no Nordeste do Brasil, o projeto pretende investigar quais os patógenos causadores dessa emergência em saúde, focando na endemia ou circulação de novas arboviroses na região.
A encefalite é uma síndrome neurológica grave, com alta mortalidade e potencialmente incapacitante, podendo ser ocasionada por infecção bacteriana ou viral no cérebro. A identificação do agente etiológico dos casos de encefalite ainda é desafiadora e poucos estudos buscaram investigar a epidemiologia desta patologia no país.
“Nossa hipótese é que as arboviroses estão causando esse elevado número de casos de encefalite no nordeste brasileiro, que pode ter relação com vírus endêmicos na região ou novos vírus recentemente introduzidos”, explicou Tiago Gräf.
Segundo o pesquisador, o projeto tem uma abordagem abrangente de métodos, incluindo metagenômica e cultura de vírus, para identificar os patógenos causadores de encefalite no Brasil. Isso pode revelar novas informações sobre os agentes causadores da doença que podem ser usadas para desenvolver uma abordagem de diagnóstico mais focada.
O Serrapilheira procurou selecionar pesquisadores com perguntas ambiciosas que buscassem, sobretudo, compreender questões fundamentais da ciência, ainda que os projetos envolvessem estratégias de risco.
Os contemplados receberão até R$ 100 mil, cada, para investir em seus projetos e serão reavaliados após um ano. A partir daí, até três projetos terão o apoio renovado e receberão até R$ 700 mil – com bônus de R$ 300 mil destinados à integração e formação de pessoas de grupos sub-representados na ciência – para investir em suas pesquisas por três anos.
A chefe do serviço de Qualidade e Biossegurança da Fiocruz Bahia, Hilda Carolina de Jesus Rios Fraga, está participando do projeto “Controle de leitos de campanha de paciente da Pandemia Covid-19”, da equipe do Doutorado de Difusão do Conhecimento (DMMDC) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA).
A proposta foi uma das 48 selecionados no edital nº 01/2020 do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), para o enfrentamento à doença. O projeto inicialmente será feito na Bahia, com possibilidade de extensão de abrangência a nível nacional.
A iniciativa pretende ajudar na previsibilidade de oferta, demanda e permanência do paciente no leito de campanha destinado à Covid-19. Serão moduladas três redes neurais, utilizando a tecnologia Deep Learning (técnica de aprendizado de máquina, a partir de Redes Neurais Artificiais), para prever o tempo de permanência do paciente no leito; a demanda formada por pacientes graves e com possibilidade de complicação vindos das unidades de saúde e a disponibilidade de leitos de campanha com base nos recursos disponíveis.
Antonio Carlos Souza, professor do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) e atual coordenador geral do DMMDC, explica que o projeto foi idealizado diante da atual pandemia da Covid-19, com intuito de contribuir para o desenvolvimento de uma nova solução tecnológica que possa auxiliar nas tarefas de tomada de decisão para enfrentamento da doença.
“Com base no cronograma, teremos a etapa da validação dos módulos do sistema em unidades de atendimento à Covid-19, em novembro/2020. O prazo final para conclusão do projeto será em dezembro/2020”, pontua Antonio Carlos Souza.
A servidora da Fiocruz Bahia e aluna do DMMDC participará do projeto contribuindo com ações e informações relacionadas às medidas de biossegurança de pacientes com Covid-19 internados em hospitais de campanha na Bahia e de profissionais que estão trabalhando nestes ambientes na linha de frente no atendimento ao paciente.
Hilda comenta que o tema da biossegurança na pandemia tem se destacado, atualmente, frente o grande número de profissionais que têm se contaminado. “Esta contaminação pode ter como causa inicial a ausência utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) ou ainda uso indevido dos mesmos em virtude de deficiência no treinamento de utilização. A ideia é contribuir com informações sobre esta temática e divulgar quais são as melhores condutas de proteção individual que diminuem o risco de contaminação de pacientes e profissionais”, afirma a servidora.
Para a doutoranda, estudar e divulgar conhecimento científico neste momento e em relação ao coronavírus é fundamental, “uma vez que estamos diante de uma pandemia de proporções desconhecidas e ainda muito carente de informação científica. Nosso objetivo é unir esforços e contribuir para a tomada de decisões na temática apresentada”, aponta.
De acordo com o professor, após a pandemia e diminuição dos casos graves, esse sistema poderá ser utilizado em outras situações epidemiológicas, em outras epidemias e pandemias, por trabalhar com previsibilidade e replicabilidade.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Viviane Boaventura, está concorrendo ao Prêmio Euro Inovação na Saúde, com o projeto “Mitigando o Impacto da Artralgia Crônica Pós-Chikungunya”. Após vencer as duas primeiras etapas, o projeto chega à 3ª e última fase da disputa, na qual todos os médicos, no país, poderão votar para eleger o grande vencedor. A votação pode ser realizada aqui, até o dia 4 de agosto de 2020.
“Trata-se de um projeto multidisciplinar que envolve estudantes de pós-graduação e outros pesquisadores da Bahia, Ceará e Rio de Janeiro. Utilizando dados clínicos e sociodemográficos, foi desenvolvido e validado um escore para prever quais pacientes persistirão com dor articular por mais de um ano após o início da doença”, explica a autora do projeto.
Essa informação é útil para pacientes infectados, no encaminhamento precoce para tratamento da dor (evitando desenvolvimento de sequelas e automedicação) e na adequação da rotina para minimizar o impacto da doença. Além disso, auxilia gestores de sistema de saúde a dimensionar os custos com os danos diretos ou indiretos e antecipar ações como a oferta de serviços de saúde.
De acordo com Viviane Boaventura, esses dados poderão também ser aplicados em pesquisas de desenvolvimento de fármacos sugerindo qual grupo apresenta maior risco de cronicidade e, portanto, maior chance de se beneficiar com o tratamento. “O prêmio seria importante para a continuidade do trabalho, onde estão sendo investigados alvos terapêuticos para a doença”, comenta a pesquisadora.
Na 1ª fase, mais de 1650 iniciativas foram submetidas à avaliação do Conselho Médico, que escolheu as 100 iniciativas finalistas. Na segunda, foram selecionados 11 finalistas que já garantiram o prêmio de € 50 mil. Nesta 3ª fase, o Grande Vencedor receberá o valor de € 500 mil. O resultado será divulgado somente na cerimônia de premiação, que será realizada em São Paulo (SP).
O prêmio
O Prêmio Euro Inovação na Saúde é exclusivamente voltado a médicos(as), devidamente registrados(as) em seus conselhos regionais de medicina. A Eurofarma é a patrocinadora exclusiva do prêmio que tem o objetivo de reconhecer e incentivar a comunidade médica do Brasil na busca por soluções inovadoras em produtos, serviços e ações que resultem em ganhos potenciais e/ou efetivos para a qualidade de vida e bem-estar dos brasileiros.
O diagnóstico de contaminação pelo novo coronavírus em felinos de um zoológico em Nova Iorque (EUA), noticiado em abril, chamou a atenção de pessoas que possuem animais de estimação, durante a pandemia de Covid-19. Apesar de o vírus ser um agente infeccioso que já circulava em animais silvestres, uma das principais preocupações após a notícia, foi se os pets poderiam se contaminar e desenvolver a doença, além dos riscos de contaminar os humanos.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia e médica veterinária, Deborah Bittencourt, explica não há evidências que os animais tenham um papel na transmissão do SARS-COV-2 para os humanos, “apesar de que informações de pesquisas publicadas até este momento mostram que animais domésticos, como cães, gatos e ferrets, conhecidos como furão, podem se infectar com a Covid-19”, observa a pesquisadora.
Recentemente, casos de gatos que testaram positivo para coronavírus foram relatados, porém foram casos isolados e com sintomas respiratórios leves. Para a pesquisadora colaboradora da Fiocruz Bahia e professora da veterinária da UFBA, Manuela Solcá, os artigos científicos atuais apontam para um maior risco de infecção em gatos quando comparados a cães e ferrets, mas ainda são necessárias mais investigações sobre esses casos.
Cuidados com os pets
As pesquisadoras apontam para cuidados que é preciso tomar com os pets durante o isolamento social e quarentena. O ideal é evitar ao máximo sair com os animais, mas para os cães que só fazem as necessidades na rua, os passeios devem ser rápidos e é necessário realizar a higienização das patas com água e sabão no retorno para casa, lembrando que é importante secar bem para evitar micoses e infecções bacterianas.
Não é recomendado o uso de álcool em gel na higienização nem de loções antissépticas encontradas no mercado, pois pode irritar as patas dos animais. Caso algum membro da família se infecte com a Covid-19, é recomendado que a pessoa limite seu contato com animais e, em último caso, utilize máscaras e lave bem as mãos na manipulação dos pets e de seus alimentos. Deve-se evitar beijar, ser lambido ou dividir comida com os animais também.
Se houver outro membro da casa não infectado, este deve ficar responsável pelo animal, e o indivíduo infectado não deve entrar em contato com o pet. E, nestes casos, deve-se evitar passear com os animais para que ele não leve o vírus para fora da casa, nas patas ou nos pelos.
O serviço de atendimento para triagem e orientação de pessoas com sintomas suspeitos de Covid-19, Tele Coronavírus, completa 60 dias de funcionamento, no domingo, 24 de maio. A plataforma, que funciona de forma gratuita, através do número 155, realizou, nesses dois meses, mais de 43 mil atendimentos, colocando a população em contato direto com voluntários da área médica.
O serviço vem apresentando demanda crescente no número de ligações. Na última semana, dobrou o número de atendimentos diários comparado a primeira semana, realizando, em média, 1200 atendimentos por dia. As principais queixas dos usuários tem sido tosse, febre e falta de ar. A pesquisadora da Fiocruz Bahia e médica, Viviane Boaventura, que faz parte da coordenação do serviço, chama atenção para uma outra queixa frequente dos pacientes e que está relacionada a infecção pelo SARS-CoV2: a alteração súbita do olfato e paladar.
A pesquisadora afirma que o serviço está alcançando o objetivo esperado considerando o volume de atendimentos e que cerca de 60% das pessoas não precisam deslocar-se para unidade de saúde, evitando disseminação da doença. “O serviço também está contribuindo para a formação da cultura do voluntariado entre os estudantes, com oportunidade de prestar uma assistência solidária e humana num momento tão difícil vivido por toda a sociedade”, observa Viviane.
Idealizado por pesquisadores e professores da Fiocruz Bahia e Universidade Federal da Bahia (UFBA), com apoio do Governo do Estado, o Tele Coronavírus abrange toda a Bahia. Desde o lançamento, outras iniciativas similares ao 155 foram criadas inspiradas no serviço e com o apoio da equipe idealizadora, a exemplo da rede de apoio a profissionais de saúde mental – Rede Escuta Saúde, que atende profissionais da área de saúde envolvidos no enfrentamento da epidemia (Número de WhatsApp – 99907-3898), e uma rede de teleatendimento na Unicamp (São Paulo).
Os autores da formulação do projeto disponibilizaram o Plano de Implementação do Tele Coronavírus, caso instituições de outros estados queiram implementar em suas regiões. O documento está disponível no Repositório Institucional da Fiocruz – Arca.
Além de Viviane Boaventura, fazem parte da implementação/coordenação do projeto os pesquisadores da Fiocruz Bahia Manoel Barral Netto, Roberto Carreiro, Ricardo Khouri e Pablo Ivan Ramos; os alunos de pós-graduação Thiago Cerqueira Silva e Felipe Torres; os professores de outras instituições Victor Nunes e Camila Vasconcelos (FMB-UFBA), Bernardo Canedo e Sofia Andrade (UNEB); Daniele Canedo (UFRB); e o médico residente Louran Passos.
Há ainda um grupo responsável pela construção e atualização da ferramenta técnica utilizada pelos alunos para orientações dos pacientes, formado, além de Viviane Boaventura, por Carolina Barbosa (Pro-Ar_UFBA), Álvaro Cruz (UFBA), Aurea Paste (UFBA), Jedson Nascimento (CEREM, Hospital Santa Izabel e CREMEB), Marília Santini (INI-Fiocruz) e Ivan Paiva (SAMU).
O projeto conta com a colaboração de professores e alunos de escolas médicas das seguintes instituições: Universidade Federal da Bahia – UFBA, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, Universidade Federal do Sul da Bahia- UFSB, UNIFACS, Uni-FTC e Unime.
O Tele Coronavírus conta ainda com o apoio da Associação Bahiana de Medicina, Comissão Estadual de Médicos Residentes e da Fesf Tech. As secretarias estaduais envolvidas são a Secretaria de Saúde (Sesab), de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), do Planejamento (Seplan), de Segurança Pública (SSP), da Administração (Saeb), da Infraestrutura (Seinfra) e Secretaria de Comunicação (Secom).
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, está participando das atividades do Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes), da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), para o enfrentamento da Covid-19. O Coes é responsável pela coordenação das ações de resposta às emergências em saúde pública na Bahia, incluindo a articulação da informação entre as três esferas de gestão do SUS.
O cientista foi convidado para a fazer parte do grupo em virtude de sua formação médica em infectologia e epidemiologia e pela experiência prévia durante investigação de surtos em Salvador. Desde o mês de abril, Ribeiro realiza, no Coes, assessoria técnico-científica para questões que envolvem vigilância, epidemiologia, diagnóstico e assistência terapêutica a pacientes com Covid-19.
De acordo com Ribeiro, por se tratar de uma pandemia por um novo vírus, ainda há muitas incertezas e muito a aprender. “Por isso, é fundamental acompanharmos a literatura científica e a experiência de outros estados e países para podermos adotar as melhores recomendações técnico-científicas para o enfrentamento da Covid-19, de acordo com a nossa realidade local no estado da Bahia. O objetivo final é reduzir o número de óbitos associados à doença por meio de planejamento em saúde e de ações coordenadas nas áreas de vigilância e assistência”, explica.
Além disso, o pesquisador também está coordenando a Sala de Situação, que apoia a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep/ Sesab) no monitoramento do padrão de ocorrência dos casos no estado da Bahia, dá assistência científica às áreas técnicas da Sesab na produção de notas técnicas com recomendações específicas durante a pandemia e colabora no preparo e revisão de outros documentos norteadores de ações, a exemplo do Plano Estadual de Contingências para Enfrentamento do Novo Coronavírus – Covid-19 e o Plano Estadual de Manejo de Óbitos durante pandemia da doença.
Sobre o pesquisador
Guilherme Ribeiro possui graduação em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), residência em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Mestrado em Epidemiologia pela Harvard School of Public Health (EUA), e Doutorado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa pela Fiocruz. Na Fiocruz Bahia, é Pesquisador Assistente em Saúde Pública e Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (nota 6 CAPES).
É professor da Faculdade de Medicina da UFBA e já lecionou no Instituto de Saúde Coletiva (ISC-UFBA) e na Yale School of Public Health (EUA). Desenvolve pesquisas sobre problemas de saúde associados à iniquidade social e à pobreza urbana. Suas principais linhas de investigação incluem a eco-epidemiologia, a clínica e o diagnóstico de doenças transmissíveis, em especial as arboviroses emergentes, a exemplo da zika, dengue e chikungunya.
A corrida pelo desenvolvimento da vacina ou de um tratamento adequado para o combate ao novo coronavírus são a esperança para enfrentamento da Covid-19, doença que em poucos meses ceifou milhares de vidas e modificou a rotina de populações de diversos países, levando também a impactos econômicos. Enquanto não é possível encontrar soluções a curto prazo, a discussão sobre testes para detectar indivíduos infectados tem ganhado destaque no cenário de pandemia do novo coronavírus.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto, explica que para entender a importância dos testes é necessário pensar sobre alguns aspectos: o que são esses testes, quais as suas potencialidades e limitações e quando utilizá-los como instrumento para tomada de decisão.
De acordo com Barral, o teste em si não resolve a situação da pandemia, mas fornece informações que irão modificar as ações de saúde coletiva. A relevância dos testes está não só em detectar quem está doente, mas em ter controle dos contatos desses pacientes, evitando que pessoas potencialmente contaminadas continuem circulando pela cidade, impedindo que o vírus se espalhe com mais facilidade.
Como o vírus permanece nas vias respiratórias, podendo ser transmitido para outras pessoas por algum tempo, algumas vezes antecedendo até o surgimento dos sintomas, também é importante detectá-lo o quanto antes. “Há um problema maior, que é quando o indivíduo permanece assintomático e transmitindo. Por isso, a estratégia de se fazer muito mais testes do que se costuma fazer em situações como essa”, pontua Manoel Barral.
Na Bahia, o cenário em relação à testagem é parecido com o que ocorre no Brasil inteiro; abaixo do necessário. Pela complexidade da coleta e do processamento da amostra, exigindo maquinário especialidade e reagentes que estão sendo requisitados pelo mundo inteiro dos fabricantes, ainda não é possível realizar a testagem em larga escala na população, como seria o ideal.
Dos dois tipos de testes utilizados atualmente, um detecta o vírus no indivíduo infectado e o outro detecta anticorpos contra o vírus em quem já teve a infecção. “Esses testes são se suma importância em todas a fases da pandemia, para criar uma estratégia de liberação dos indivíduos para o retorno de suas atividades gradativamente”, observa o imunologista.
Tipos de testes
O teste mais utilizado no Brasil é o molecular, chamado de Transcrição Reversa seguida de Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR), que identifica o RNA do vírus através do swab nasofaríngeo, com a coleta de amostra na mucosa no cavidade nasal do paciente.
Essa técnica detecta o vírus quando o indivíduo está doente, mesmo sendo assintomático. Não é um teste fácil de ser feito, pois a manobra do swab exige profissionais treinados e um cuidado maior com o material coletado por ser altamente contaminável, colocando em risco quem realiza o exame. Esse teste, além de sensível, é muito específico, portanto confiável.
A outra técnica disponível é a sorológica, que detecta a presença de anticorpos para coronavírus na amostra de sangue, indicando que a pessoa foi infectada com o vírus em algum momento passado. Manoel Barral observa que a principal função desse tipo de teste é mostrar como está a exposição da população ao vírus.
O teste rápido para detecção de anticorpos foi recentemente liberado para ser realizado em farmácias. O pesquisador alerta que esses testes podem criar uma falsa sensação de proteção no indivíduo, visto que ainda não está comprovado que pessoas que foram expostas ao novo coronavírus estão realmente protegidas contra uma nova infecção. “E caso haja a imunização de fato, ainda não sabemos por quanto tempo esses indivíduos estão protegidos, porque os primeiros casos de Covid-19 são recentes”, acrescenta.
Além disso, segundo o pesquisador, o ideal é que esses testes sorológicos tenham sensibilidade acima de 90% e especificidade próxima a 98%, mas, por enquanto, eles têm apresentado respostas abaixo do esperado e por isso não são muito confiáveis, pois pode ocorrer um número alto de resultados falso positivos ou falso negativos.
Futuro com covid-19
Após a primeira onda da pandemia da Covid-19, o esperado é que boa parte da população não tenha sido exposta ao vírus e, portanto, não esteja imune. Como o coronavírus ainda estará circulando, o risco de uma segunda onda do surto é uma realidade. “Nós temos que tomar muito cuidado após a primeira onda de contaminação, ter uma vigilância muito ativa para detectar novos casos e fazer os trabalho de isolamento de pessoas doentes e seus contatos”, explica Barral.
Por isso, a realização de testes e comportamento cauteloso das pessoas continuarão a ser importantes mesmo após a primeira onda. “É necessário ficar claro, para todos nós, que a nossa vida vai mudar por um tempo. A gente não vai voltar à vida normal de uma hora para outra, vai ter que continuar circulando com máscara, usando muito álcool gel e lavando as mãos de forma muito intensiva”, afirma o pesquisador.
Autoria: Felipe Guimarães Torres Orientação: Antônio Ricardo Khouri Cunha Título da tese: “Ferramenta e análise de big data aplicadas à leishmaniose tegumentar: aspectos clínicos e genômicos”. Programa:Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Defesa: 27/05/2020 Horário: 14:00 Webconferência: https://zoom.us/j/3742422123 ID da reunião: 374 242 2123
RESUMO
Nos últimos tempos, o avanço tecnológico tem facilitado por meios metodológicos e de custos reduzidos a geração de dados biológicos sobre os parasitos responsáveis pelas Leishmanioses em especial a Leishmania braziliensis. O genoma desse parasito foi sequenciado e re-anotado e os estudos clínicos tem avançado com técnicas mais assertivas de tratamento e diagnostico. Estudos genéticos, correlacionaram mutações em sítios genômicos específicos desse parasito com uma manifestação clinica atípica permitindo o maior entendimento do impacto de alterações do genoma do parasito na patologia do hospedeiro. Todavia, existe uma carência de novas ferramentas computacionais que permitam o armazenamento e integração desses múltiplos tipos de dados estruturados e não-estruturados, gerados pelas pesquisas e novas tecnologias utilizadas. As novas técnicas e recursos computacionais permitem que essa integração de dados componha analises mais complexas utilizando um maior volume dos mesmos. Assim propõe-se desenvolver bancos de dados com as caraterísticas clínico-epidemiológicas dos pacientes e as varia coes do parasito.
Objetivo: Realizar uma análise exploratória do genoma da Leishmania braziliensis e desenvolver ferramentas para sua interação com dados clínicos.
Material e Método: Inicialmente, foi realizado um estudo na área endêmica de Jiquiriça/BA para levantamento de requisitos e especificações para um sistema que se adequasse ao gerenciamento de dados clínicos em estudos de Coorte desse patógeno. O sistema foi desenvolvido em Java com seu banco de dados utilizando o Postgres. Depois dessa fase, analisou-se todos os genomas disponíveis no estudo ERP003732 do SRA (Sequence Read Archive), totalizando 98 amostras sequenciadas de L. braziliensis. Um pipeline computacional foi utilizado para analise de mutações sendo composto por: Trimmomatic, GATK, SAMTools e BEDTools. Em seguida, avaliou-se a variação genica utilizando a medida de entropia sendo construída uma arvore filogenética utilizando o Mega X.
Resultados e Conclusões: Utilizando a experiencia de pesquisadores especialistas em estudos clínicos de Leishmaniose Tegumentar (LT), foi desenvolvido um gerenciador de dados clínicos e imagens de estudos sobre essa patologia, o RegaDB Leishmaniasis. Este se integra com as principais ferramentas de analises de dados clínicos por meio da exportação de dados em arquivos CSV (Comma separated values). O acesso aos dados se da através do controle de acesso realizado por contas de usuários e níveis. Todo o código-fonte dessa ferramenta e open-source e esta disponível no Github (https://github.com/fgtorres/regadb-leishmaniasis). Nesse trabalho, foi realizado o estudo da variedade de nucleotídeos ao longo do genoma da L. braziliensis. Identificou-se cerca de 25.368 sítios com mutações no dataset de genomas. Estes foram anotados, sendo que 32% (8.311 de 25.368) das mutações ocorreram em regiões intra-genicas.
Alguns desses genes possuíam mais de 10 sítios com ocorrência de mutações ao longo da sua sequencia como por exemplo Kinetoplast-associated protein-like, que demonstrou um grande potencial para identificação de subgênero. Com a possibilidade de armazenamento de dados e imagens, o RegaDB Leishmaniasis permite a criação de banco de dados de multiplos tipos que pode ser utilizado em analises complexas por técnicas de Big Data dando suporte a novos estudos.
Palavras-chave: Bancos de dados, Anotação Genômica, Big Data, Variabilidade genômica, Leishmania braziliensis, Leishmaniose e Integração de dados.
Autoria: Fenix Alexandra de Araújo Orientação: Darizy Flavia Silva Amorim de Vasconcelos Título da dissertação: “BRAILINA INDUZ RELAXAMENTO DE CORPOS CAVERNOSOS DE RATOS, ENVOLVENDO A PARTICIPAÇÃO DA VIA NO/sGC”. Programa:Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Defesa: 22/05/2020 Horário: 14:00 Webconferência: https://zoom.us/j/3742422123
RESUMO
Introdução: A disfunção erétil (DE) é definida como a incapacidade recorrente e persistente de atingir ou manter uma ereção peniana satisfatória. No mundo, estima-se que aproximadamente 52% dos homens entre 40 e 70 anos sejam afetados. Além disso, estudos clínicos forneceram dados sólidos de que a DE é um sintoma sentinela em pacientes com doenças vasculares ocultas, em particular doença cardiovascular (DCV), e a DE é frequentemente encontrada em pacientes com hipertensão arterial. Devido a uma baixa resposta farmacológica aos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5) em pacientes com dano endotelial vascular, assim como vários efeitos colaterais cardíacos a essas drogas, a busca por novas terapias e alvos terapêuticos é de suma importância para o tratamento da DE. Assim, os produtos naturais têm servido como uma importante fonte de drogas por séculos. Em estudos anteriores realizados pelo nosso grupo de pesquisa, demonstramos que a cumarina brailina induziu vasodilatação na artéria ilíaca, importante vaso de irrigação para parte inferior do corpo. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial terapêutico da cumarina brailina para tratamento da disfunção erétil associado à hipertensão. Método: Todos os protocolos experimentais foram aprovados pelo CEUA-ICS/UFBA (130/2017). Ratos machos espontaneamente hipertensos (SHR, n=6) e seus controles normotensos wistar (para cada protocolo, n=5), 11-15 semanas, foram eutanasiados em câmara de CO2 e o pênis foi removido. Em seguida, os corpos cavernosos (CC) foram mantidos em banho de órgãos com solução de Krebs-bicarbonato a 37°C e aerados com uma mistura carbogênica (95% O2 e 5% CO2), conectados a um transdutor de força para realizar os ensaios de tensão isométrica. Resultados: Brailina (10-5M-3×10-4M) foi capaz de promover relaxamento dependente da concentração em CC pré-contraído com fenilefrina (FEN) 10-5M (E3x10-4M:115,1±8,7; n=5). Além disso, após a exposição do tecido a brailina nenhuma mudança foi observada no tônus basal ou redução na capacidade de contração induzida por FEN. Em CC pré-contraído com solução de Tyrode KCl 80mM, brailina também induz relaxamento, (E3x10-4M: 117,2±5,0; n=5). Na presença de L-NAME (10-4M), inibidor da sintase de óxido nítrico (NOS), o efeito relaxante induzido pela brailina foi reduzido (E3x10-5M: 59,3±7,5; n=5; 38,2±4,0; n=5, ausência e presença de L-NAME, respectivamente). Redução do relaxamento foi mais pronunciada em todas as concentrações testadas na presença de ODQ (10-5M), um inibidor da ciclase de guanilil solúvel (sGC). Foi observado que a via AC/PKA não é importante para o relaxamento induzido por brailina, bem como brailina parece não alterar a contração induzida por NE e o relaxamento induzido por ACh. Além disso, o relaxamento promovido por doador de óxido nítrico, NPS, foi melhorado na presença de brailina (NPS: E10- 4M: 61,7±7,6; n=5; na presença de braylin: 89,8±9,0; n=5). Por fim, brailina induziu efeito de relaxamento similar no CC de SHR, que é um modelo bem estabelecido de DE associado à hipertensão. Conclusão: Em resumo, os dados indicam que o relaxamento induzido por brailina envolve a via NO/sGC e que esta cumarina também é
capaz de promover relaxamento em CC de animais com DE associado à hipertensão. Então, brailina poderia ser uma molécula potencial para o tratamento de DE.
Palavras-chave: Disfunção erétil; Brailina; Corpo cavernoso; Óxido nítrico; Ciclase de guanilil solúvel 6.
O Comitê Institucional de Iniciação Científica da Fiocruz Bahia, após avaliação por três consultores Ad-Hoc externos e em acordo com o disposto no Edital de Iniciação Científica Fapesb/ Fiocruz – 2020/202, divulga o resultado da Etapa 1 do Processo de Seleção para bolsistas de Iniciação Científica 2020-2021. Clique aqui para acessar.
Os orientadores com projetos contemplados terão do dia 18 a 22/05/2020 para indicar os estudantes, entregando a documentação prevista para a Etapa 3, conforme item 4.3.1 do Edital Fapesb 2020/2021. Os documentos devem ser encaminhados em formato PDF, sendo cada documento um arquivo, nomeados conforme Edital, para os e-mails: proiic@bahia.fiocruz.br ou ana.menezes@fiocruz.br.
Ressalta-se que, conforme item 4.3 do Edital, o estudante indicado para a bolsa Fapesb não poderá estar concorrendo em outro edital institucional. A todos os estudantes com bolsa vigente e que solicitaram continuação no Edital 2020-2021, salienta-se que a participação na 28ª Reunião Anual de Iniciação Científica é obrigatória e indispensável para a implementação da Bolsa de Iniciação Científica 2019-2020.
Os projetos/ planos de trabalho não contemplados passarão a compor um banco de reserva.
Autoria: Cibele Tereza Deolinda Machado Orge Orientação: Antônio Ricardo Khouri Cunha Título da dissertação: “Papel da inflamação e degradação da matriz extracelular na leishmaniose cutânea localizada”. Programa: Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ Defesa: 26/05/2020 Horário: 09:00
RESUMO
INTRODUÇÃO: As leishmanioses são antropozoonoses consideradas um grande problema de saúde pública possuindo caráter endêmico em cerca de 98 países e territórios, afetando 12 milhões de pessoas em todo o mundo e crescendo a uma taxa de 1,5 milhão de novos casos por ano. No Brasil, a LCL é uma das patologias dermatológicas que necessita de atenção, além de ser uma doença com alta morbidade também possui um caráter social estigmatizante devido a ocorrência de lesões desfigurantes, principalmente em locais expostos como a face. Durante a formação da lesão cutânea o processo inflamatório estimula a produção de metaloproteases e outras enzimas que estão relacionadas a degradação da matriz extracelular. Essa degradação possui papel fundamental numa reeptelização/cicatrização mais rápida do tecido. O perfil de metaloproteases pode estar associado a danos no tecido durante a infecção como também à uma resposta satisfatória ao tratamento.
OBJETIVO: Avaliar o papel do processo inflamatório e proteases na degradação e formação da matriz extracelular, a fim de entender o impacto destes na formação da lesão na LCL.
MÉTODO: Analisamos amostras de lesão de orelha e linfonodo através de microscopia ótica (histopatologia), microscopia eletrônica de transmissão, imunoensaio por técnica de luminex (quantificação de citocinas e metaloproteases) e ensaio de degradação das matrizes tridimensionais fluorescentes, semanalmente, até a cicatrização da lesão (70 dias).
RESULTADOS: Através do acompanhamento macroscópico, histopatológico e proteico da orelha e do linfonodo de drenagem, pudemos caracterizar e descrever o processo inflamatório celular e de organização da matriz extracelular. Constatamos a presença de amastigotas de Leishmania braziliensis desde o sétimo dia de infecção até a cicatrização da lesão (70 dias).
CONCLUSÃO: Nosso estudo possibilitou a caracterização e quantificação da degradação da matriz extracelular, das metaloproteases e avaliação da produção de citocinas pró e anti-inflamatórias no modelo murino de LCL. Entretanto, mais estudos são necessários para destrinchar estes perfis.
Palavras chave: Leishmaniose Cutânea, L. braziliensis, Inflamação, Matriz Extracelular, Metaloproteases.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Tiago Gräf, participou de um estudo recente que estima a circulação do novo coronavírus por semanas antes dos primeiros casos serem confirmados em países da Europa e das Américas. A pesquisa utilizou metodologia estatística de inferência a partir dos registros de óbitos.
O grupo de cientistas, liderado pelo pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Gonzalo Bello, juntou seus conhecimentos em metodologias de análise de evolução de vírus e epidemiologia molecular para colaborar na pandemia de covid-19. O estudo está em revisão na revista “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz” e está disponível no formato de preprint.
Toda a equipe tem larga experiência em pesquisas aplicadas ao entendimento da história evolutiva e padrões de dispersão de surtos e epidemias, tendo realizado estudos com técnicas baseadas em análise genética para HIV, hepatites, dengue, Zika e febre amarela, entre outros agravos.
Dados do trabalho indicam que o novo coronavírus começou a se espalhar no Brasil por volta da primeira semana de fevereiro. Ou seja, mais de 20 dias antes do primeiro caso ser diagnosticado em um viajante que retornou da Itália para São Paulo, em 26 de fevereiro, e quase 40 dias antes das primeiras confirmações oficiais de transmissão comunitária, em 13 de março.
Na Europa, o estudo aponta que a circulação do vírus pode ter começado aproximadamente em meados de janeiro na Itália e entre final de janeiro e início de fevereiro, na Bélgica, França, Alemanha, Holanda, Espanha e Reino Unido. O começo de fevereiro também foi o período de início da disseminação na cidade de Nova York, nos Estados Unidos.
A pesquisa é a primeira a apontar o período de início da transmissão comunitária no Brasil e reforça evidências preliminares de pesquisas conduzidas na Europa. Corrobora ainda achados de estudos realizados nos Estados Unidos, que a partir de análises genéticas indicaram começo da propagação viral na cidade de Nova Iorque entre 29 de janeiro e 26 de fevereiro.
Metodologia e Resultados
Uma vez que a carência de testes de diagnóstico e o grande percentual de infecções assintomáticas dificultam a contagem de casos da doença, os registros de óbito são considerados as informações mais confiáveis sobre o progresso da epidemia, podendo ser utilizados como um rastreador “atrasado”, que permite observar o curso da doença de forma retrospectiva. Por o vírus causar muitas infecções assintomáticas, é difícil rastrear o início da transmissão comunitária, ou seja, o vírus poderia estar se disseminando “silenciosamente” muito antes do primeiro caso ser diagnosticado.
No trabalho, Tiago Gräf realizou a análise do “relógio molecular” do vírus, um método de análise dos genomas que relaciona o número de mutações observadas nas sequências de seu DNA com o tempo de circulação do vírus na população. Os resultados dessa análise foram comparados com as análises estatísticas de óbitos para validação do método utilizado no estudo.
Segundo o pesquisador, um problema enfrentado para se entender a história da dispersão da covid-19 no mundo é a escassez de genomas do vírus em alguns países, incluindo o Brasil. Além disso, devido a sua recente circulação entre humanos, o vírus é muito similar em todas as regiões do mundo, dificultando a utilização das análises de “relógio molecular”. Foi por isso que os pesquisadores aplicaram uma nova abordagem para estimar o início da transmissão comunitária da covid-19, utilizando os registros de óbitos.
Apesar do estudo estimar datas próximas para o início da transmissão comunitária do vírus em diferentes países, a expansão da epidemia em cada localidade parece ter seguido uma dinâmica própria. “Muito provavelmente, a dinâmica de expansão da epidemia foi definida por fatores locais, como características ambientais de temperatura, precipitação e poluição do ar, densidade e demografia da população”, comenta Tiago Gräf.
Os resultados do estudo sugerem a importância de maior vigilância por parte dos sistemas de saúde e a intensificação do diagnóstico na reemergência do vírus, enquanto não for desenvolvida uma vacina para a doença. “Para os próximos anos, é muito importante ficarmos vigilantes para serem aplicadas medidas de distanciamento social e quarentena de uma forma muito rápida”, acrescenta o pesquisador.
O estudo foi realizado pelo Laboratório de AIDS e Imunologia Molecular do IOC/Fiocruz em parceria com Fiocruz Bahia, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Universidade da República (Udelar), no Uruguai. Os resultados foram publicados na seção ‘Fast Track’ da revista científica ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’, que permite a divulgação acelerada de pesquisas relacionadas à pandemia.
*Com informações do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)
A Marcha Virtual pela Ciência no Brasil foi realizada no dia 07 de maio, com atividades transmitidas pelas redes sociais ao longo do dia. A Fiocruz Bahia participou ativamente da manifestação que teve o objetivo de chamar a atenção para a importância da ciência no enfrentamento da pandemia de Covid-19 e de suas implicações sociais, econômicas e para a saúde. O evento foi uma iniciativa da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), junto a suas Secretarias Regionais e Sociedades Científicas Afiliadas.
A Fiocruz Bahia realizou duas mesas redondas com a participação de pesquisadores da instituição, transmitidas na plataforma Zoom, que estão disponíveis e podem ser assistidas no YouTube. A primeira teve como tema “Diagnóstico e terapia na Covid-19” e foi mediada pela vice-diretora de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Camila Indiani. Contou com os pesquisadores Ricardo Khouri, que abordou “Diagnóstico de Sars-CoV-2 (Covid-19)”; e Bruno Solano, que falou sobre “Terapia Celular na Covid-19”.
No segundo encontro virtual, a temática foi “Abordagens tecnológicas no enfrentamento à pandemia de Covid-19”, moderado pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves. Os participantes foram os pesquisadores Viviane Boaventura, que abordou o serviço de atendimento à população, o Tele Coronavírus – 155; Pablo Ramos, que falou acerca das abordagens tecnológicas no enfrentamento à pandemia; e Tiago Graf, que comentou sobre a vigilância genômica do Sars-CoV-2.
Além disso, a Fiocruz Bahia divulgou vídeos com depoimentos de cientistas da instituição. Confira:
A Fiocruz Bahia participará ativamente da Marcha Virtual pela Ciência no Brasil, que será realizada no dia 07 de maio. O evento é uma iniciativa da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), junto a suas Secretarias Regionais e Sociedades Científicas Afiliadas. Com atividades transmitidas pelas redes sociais ao longo do dia, o objetivo da manifestação é chamar a atenção para a importância da ciência no enfrentamento da pandemia de Covid-19 e de suas implicações sociais, econômicas e para a saúde.
Na programação da Fiocruz Bahia, serão realizadas duas mesas redondas com a participação de seus cientistas, que serão transmitidas na plataforma Zoom. Clique nos links para participar. A primeira acontecerá às 09h30 e tem como tema “Diagnóstico e terapia na Covid-19”. Será mediada pela vice-diretora de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Camila Indiani, e conta com os pesquisadores Ricardo Khouri, que abordará Diagnóstico de Sars-CoV-2 (Covid-19); e Bruno Solano, que irá falar sobre Terapia Celular na Covid-19.
O segundo encontro virtual será às 14 horas e tem como tema “Abordagens tecnológicas no enfrentamento à pandemia de Covid-19”. Moderado pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, os participantes serão os pesquisadores Viviane Boaventura, que abordará o serviço de atendimento à população, o Tele Coronavírus – 155; Pablo Ramos, que falará acerca das abordagens tecnológicas no enfrentamento à pandemia; e Tiago Graf, que comentará sobre a vigilância genômica do Sars-CoV-2.
Além disso, a Fiocruz Bahia participará com a divulgação de depoimentos de pesquisadores da instituição e haverá também, em dois momentos do dia, de 12h às 12h30 e das 18h às 18h30, um tuitaço nacional com as hashtags #paCTopelavida e #fiquememcasacomaciencia. Das 10h30 às 12h, a SBPC realizará um painel digital sobre a pandemia, e das 15h às 16h30, haverá outro sobre o financiamento de C&T.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, em conjunto com as professoras da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Soraia Cordeiro e Junia Dutra, articularam uma campanha para fabricação de máscaras para população indígena baiana, como medida de enfrentamento ao novo coronavírus.
A produção será inicialmente destinada a comunidades indígenas do sul da Bahia, região que vem demonstrando número crescente infecções por coronavírus, sendo populações de maior risco, como os Pataxós e Tupinambás. “Pretendemos ampliar para outras regiões do estado em um segundo momento, a depender de apoio que obtivermos”, explica Isadora Siqueira.
Interessados em ajudar o projeto podem fazer doação através do site de crowdfundingclicando aqui. A distribuição das doações será feita pelo Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI-BA).
A ideia de realizar a campanha surgiu em um grupo de pesquisas em saúde indígena coordenado pela pesquisadora, do qual as professoras da UFBA fazem parte. “Conversando com outros membros desse grupo pensamos em iniciar essa ação e ajudar na proteção dos indígenas do nosso estado. Estamos formando uma rede de costureiras que irão confeccionar as máscaras das suas casas”, contou a pesquisadora.
A Bahia conta com cerca de 31 mil indígenas de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). De acordo com Isadora, é importante dar atenção à saúde dos povos indígenas nessa pandemia, pois estão entre os grupos mais vulneráveis ao contágio pelo novo coronavírus, tendo em vista dados prévios de outras doenças infecciosas nessas comunidades.
“Prevemos que são populações mais suscetíveis, sujeitas a maior gravidade da doença, também por residirem em locais afastados ou próximos a pequenos municípios, portanto possuem pouco acesso aos serviços de saúde”, observa.
O Tele Coronavírus completou, no dia 24 de abril, um mês de atuação no enfrentamento à Covid-19, na Bahia. O serviço, que funciona de forma gratuita, através do número 155, coloca a população em contato direto com voluntários da área da saúde, evitando o deslocamento de pessoas com casos suspeitos da doença até uma unidade de saúde.
Idealizado pela Fiocruz Bahia e Universidade Federal da Bahia (UFBA) com apoio do Governo do Estado, o Tele Coronavírus realizou mais de 18 mil atendimentos em todo o estado até o dia 30 de abril.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia e coordenadora da iniciativa, Viviane Boaventura, destaca o êxito do projeto em proporcionar que pacientes com casos suspeitos tenham acesso a orientações eficazes, permitindo que as primeiras medidas de enfrentamento ao vírus possam ser tomadas ainda em suas casas.
“Aproximadamente 10 mil pessoas receberam orientações por telefone de como manter os cuidados em domicílio, sem necessidade de deslocamento para centro de saúde, contribuindo para reduzir a disseminação do vírus, que é o objetivo desse projeto”, afirmou.
A coordenadora também destacou a oportunidade de aprendizado para os estudantes de medicina que atuam na ferramenta de tele assistência. “Há um trabalho de educação médica continuada, feito pelos professores das escolas e pesquisadores, com pequenos vídeos de atualização médico-científica sobre o tema Covid-19, que são disponibilizados para toda a equipe de saúde de voluntários. Acreditamos que esse trabalho trará aprendizados para os futuros médicos não apenas tecnicamente, mas sobre o exercício da empatia e da solidariedade”, pontuou.
A maioria dos casos reportam sintomas típicos de infecção respiratória, como tosse, febre, falta de ar e alteração de olfato. Dentre os usuários, apenas 14% possuem idade acima de 60 anos, enquanto a maioria dos pacientes estão na faixa etária de 20 a 45 anos. Os registros informam ainda que as ligações recebidas são, principalmente, de Salvador e região metropolitana.
Os autores da formulação do projeto disponibilizaram o Plano de Implementação do Tele Coronavírus caso instituições de outros estados queiram implementar em suas regiões. O documento, que está disponível no Repositório Institucional da Fiocruz – Arca, pode ser acessado aqui.
Além de Viviane Boaventura, fazem parte da implementação/coordenação do projeto os pesquisadores da Fiocruz Bahia Manoel Barral Netto, Roberto Carreiro, Ricardo Khouri e Pablo Ivan Ramos; os alunos de pós-graduação Thiago Cerqueira Silva e Felipe Torres; os professores de outras instituições Victor Nunes e Camila Vasconcelos (FMB-UFBA), Bernardo Canedo e Sofia Andrade (UNEB); Daniele Canedo (UFRB); e o médico residente Louran Passos.
Coordenação e parceria entre instituições
O projeto conta com a colaboração de professores e alunos de escolas médicas das seguintes instituições: Universidade Federal da Bahia – UFBA, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, Universidade Federal do Sul da Bahia- UFSB, UNIFACS, Uni-FTC e Unime.
O Tele Coronavírus conta ainda com o apoio da Associação Bahiana de Medicina, Comissão Estadual de Médicos Residentes e da Fesf Tech. As secretarias estaduais envolvidas são a Secretaria de Saúde (Sesab), de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), do Planejamento (Seplan), de Segurança Pública (SSP), da Administração (Saeb), da Infraestrutura (Seinfra) e Secretaria de Comunicação (SECOM).
A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT) informa que estão abertas as inscrições para participar do processo seletivo, em nível de Mestrado e Doutorado, atendendo ao “Programa de Ação Emergencial Covid-19” da Capes.
As inscrições encerram no dia 14 de maio de 2020. Clique aquipara acessar o edital.
A Fiocruz Bahia lançou, nessa terça-feira (28/04), um site especial que reúne diversas informações sobre o novo coronavírus, agregando conteúdo jornalístico, ações institucionais, produção científica, divulgação de boletins epidemiológicos, enfrentamento às fake news, além de orientações sobre a Covid-19.
A iniciativa faz parte das ações da Fiocruz Bahia de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. A instituição tem realizado diversas iniciativas, dentre elas, a produção e distribuição de conteúdo que possa colaborar com informações e esclarecimentos acerca da doença.
A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) divulga o Edital de Seleção Emergencial para mestrado e doutorado. As inscrições podem ser realizadas até dia 06 de maio. Clique aqui para acessar o documento.
Esta chamada selecionará estudantes envolvidos em projetos voltados à criação de conhecimento prático e específico para prevenção e combate à atual pandemia da Covid-19 e ao enfrentamento de novas crises de igual ou maior proporção, hoje e no futuro.
Diante da pandemia da Covid-19, declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Capes entendeu que se fazia necessária a adoção de medidas emergenciais para imediato combate à doença e informaram da concessão de novas bolsas àquelas instituições com Programas de Pós-Graduação (PPGs) de alto potencial e que estivessem voltados à criação de conhecimento prático e específico orientado à prevenção e combate à atual pandemia.
Qual é a situação atual e o que esperar da pandemia de Covid-19 no Brasil? Foi lançado um painel para monitoramento da doença no País, com atualização em tempo real. A plataforma permite que o usuário visualize os dados atuais, a evolução dos casos, os óbitos, a concentração da doença e a previsão da situação nos próximos dias em todos os estados no Brasil.
O painel é a primeira ação lançada pela Rede CoVida, uma iniciativa conjunta do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba), que reúne colaboradores de diversas instituições científicas de forma solidária. Toda a plataforma de monitoramento foi desenvolvida por quatro profissionais, em colaboração com dezenas de pesquisadores, que atuaram remotamente ao longo de 10 dias, seguindo recomendações do Ministério da Saúde. O CoVida produz boletins semanais que podem ser acessados no site do projeto.
De acordo com Gabriela Borges, estatística do Cidacs e uma das responsáveis pelo painel de monitoramento, uma das preocupações era oferecer uma visualização de dados compreensível para todos os públicos. “Utilizamos bibliotecas de web para desenvolver um painel que apresentasse os dados e predições de forma fácil de ser interpretada”, relata. Segundo Juliane Oliveira, doutora em matemática pela Universidade do Porto e uma das responsáveis pela modelagem, os números indicam que estamos ainda no início da pandemia. “O modelo usado por nós já mostra um aumento crescente do número de casos no Brasil”, afirma.
Previsões rigorosamente calculadas podem ajudar na tomada de decisões
O modelo matemático implementado pelo grupo traz dados que ajudam os gestores públicos a tomarem decisões baseadas em evidências científicas. “O gestor que observa um modelo pode se antecipar na quantidade de leitos, nos tipos de leitos, nos materiais necessários e recursos humanos a serem recrutados no preparo dos sistemas e assistência à saúde”, explica Oliveira.
Além dos recursos físicos e humanos, estes cálculos também contribuem para avaliar os efeitos de medidas sociais, como restrições de circulação de pessoas e fechamento de estabelecimentos comerciais não-essenciais. “Comparamos experiências anteriores e observamos padrões de comportamento humano. Assim, fazemos a previsão de uma situação com uma margem de incerteza associada”, conta Oliveira.
Diversos modelos matemáticos estão sendo aplicados para compreender a atual pandemia de Covid-19. O Grupo de Trabalho de Modelagem da Rede CoVida adotou o modelo SIR; uma estratégia analítica produzida a partir de grupos de indivíduos classificados como Suscetíveis, Infectados e Recuperados. Uma das vantagens do modelo é a simplicidade e efetividade na modelagem de epidemias. “Estamos contribuindo para o fornecimento de uma visualização para população em tempo rápido daquilo que está acontecendo neste início da pandemia de coronavírus no Brasil”, defende Borges.
A equipe de modelagem da Rede CoVida é formada por cerca de 50 pesquisadores, entre eles matemáticos, epidemiologistas, estatísticos, físicos, cientistas da computação e bioinformatas. Todo o grupo está empenhado na execução de cálculos que projetam cenários futuros sobre a pandemia no Brasil e em pesquisas de evidências científicas em várias áreas envolvendo o novo coronavírus.
O painel pode ser acessado no endereço: covid19br.org
Sobre a Rede CoVida
A “Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade” é um projeto de colaboração científica e multidisciplinar focado na pandemia de Covid-19. A rede visa ao monitoramento da pandemia no Brasil, com previsões de sua possível evolução. Visa também à produção de sínteses de evidências científicas tanto para apoiar a tomada de decisões pelas autoridades sanitárias quanto para informar o público em geral. É uma iniciativa conjunta do Cidacs/Fiocruz e da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com apoio de colaboradores de outras instituições de pesquisa nacionais e internacionais.
Autoria: Luciana Magalhães Fiuza
Orientação: Marilda de Souza Gonçalves
Título da dissertação: “Investigação de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias em indivíduos com anemia falciforme com história de acidente vascular cerebral”.
Programa: Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
Defesa: 28/04/2020
Resumo
Pacientes com anemia falciforme (AF) apresentam variabilidade fenotípica elevada, podendo apresentar diversas manifestações clínicas, incluindo o acidente vascular cerebral (AVC). No contexto da AF, o comprometimento das artérias cerebrais está primordialmente associado à inflamação crônica, hemólise e a anemia. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi identificar a presença de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias buscando associar a frequência de tais alterações ao desenvolvimento do AVC em crianças com AF. Para isto, foram investigados 66 indivíduos, 24 que experimentaram o AVC, formando o grupo caso, e 42 que nunca experimentaram o AVC, compondo o grupo controle. Foram analisados os parâmetros hematológicos, bioquímicos e o perfil inflamatório, bem como a presença de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias, tais como TNF -308 G>A (rs1800629), IL1B +3954 C>T (rs1143634), IL4 -590 C>T (rs2243250) e IFNG +874 T>A (rs2430561). Os marcadores hematológicos, bioquímicos e imunológicos foram investigados através de métodos automatizados e os marcadores genéticos foram identificados pelas técnicas de reação em cadeia da polimerase e Restriction Fragment Length Polymorphism (PCR-RFLP). A análise dos parâmetros laboratoriais, revelou um aumento na contagem de reticulócitos nos indivíduos do grupo caso (p=0,0101). Também foi encontrada a associação entre o AVC e dosagem de albumina (p=0,0006), proteínas totais (p=0,0087) e ácido úrico (p=0,0395). Com relação a análise genética, foi encontrada a associação do polimorfismo TNF -308 G>A, onde o alelo A
esteve associado à ocorrência do AVC (p=0,430). A análise multivariada mostrou a associação entre a presença do polimorfismo TNF -308 G>A e a ocorrência do AVC (p= 0,016). Foi encontrada a frequência elevada de indivíduos com o genótipo mutante para o polimorfismo do gene do IFNG e a associação significativa entre a presença do polimorfismo IL4 -590 C>T e alguns parâmetros laboratoriais, como contagem de linfócito (p=0,0152), plaquetas (p=0,0203), proteínas totais (0,0227) e bilirrubina direta (p=0,0054). Analisando os parâmetros laboratoriais no grupo de indivíduos com AF foi identificada a associação significativa entre a presença do alelo T no polimorfismo IL4 -509 C>T e alguns marcadores, como VCM (p=0,0105), HCM (p= 0,0421), RDW (p=0,0105), LDL-C (p=0,0351), AST (p=0,0292) e bilirrubina total (p=0,0468). Além disso, foi encontrada associação entre a dosagem das citocinas pró inflamatórias, IL-12 (p= 0,0095), IL1-β (p= 0, 0300) e IL-8 (p= 0,0167) em indivíduos com o alelo mutante para o polimorfismo IL4 -509 C>T. Nenhuma associação estatística foi encontrada entre os parâmetros avaliados e a presença dos polimorfismos nos genes da IL1B e IFNG. Assim, pode-se concluir que os pacientes com AF e histórico prévio de AVC apresentaram alterações nos parâmetros laboratoriais e apresentaram frequência elevada do alelo A do polimorfismo TNF -308 G>A. Além disso, pode-se observar que o polimorfismo IL4 -590 C>T esteve associado a alterações em marcadores laboratoriais, alterando o nível de expressão de citocinas inflamatórias. Esses resultados evidenciam a necessidade de se investigar possíveis interferências genéticas, visando estabelecer os efeitos funcionais de tais variáveis no desfecho do AVC em pacientes com AF.