Rede CoVida monitora os casos de Covid-19 no país e realiza predições

A “Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade” é um projeto de colaboração científica e multidisciplinar focado na pandemia de Covid-19. A rede visa ao monitoramento da pandemia no Brasil, com previsões de sua possível evolução. Visa também a produção de sínteses de evidências científicas tanto para apoiar a tomada de decisões pelas autoridades sanitárias quanto para informar o público em geral. É uma iniciativa conjunta do Cidacs/Fiocruz Bahia e da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com apoio de colaboradores de outras instituições de pesquisa nacionais e internacionais.

Um painel para monitoramento da doença no país, com atualização em tempo real, foi a primeira ação lançada pela rede. A plataforma permite que o usuário visualize os dados atuais, a evolução dos casos, os óbitos, a concentração da doença e a previsão da situação nos próximos dias em todos os estados e municípios no Brasil, com casos confirmados.

Toda a plataforma de monitoramento foi desenvolvida por quatro profissionais, em colaboração com dezenas de pesquisadores, que atuaram remotamente ao longo de 10 dias, seguindo recomendações do Ministério da Saúde. O CoVida produz boletins quinzenais que podem ser acessados no site do projeto.

De acordo com Gabriela Borges, estatística do Cidacs e uma das responsáveis pelo painel de monitoramento, uma das preocupações era oferecer uma visualização de dados compreensível para todos os públicos. “Utilizamos bibliotecas de web para desenvolver um painel que apresentasse os dados e predições de forma fácil de ser interpretada”, relata. 

Previsões rigorosamente calculadas podem ajudar na tomada de decisões

O modelo matemático implementado pelo grupo traz dados que ajudam os gestores públicos a tomarem decisões baseadas em evidências científicas. “O gestor que observa um modelo pode se antecipar na quantidade de leitos, nos tipos de leitos, nos materiais necessários e recursos humanos a serem recrutados no preparo dos sistemas e assistência à saúde”, explica Oliveira.

Além dos recursos físicos e humanos, estes cálculos também contribuem para avaliar os efeitos de medidas sociais, como restrições de circulação de pessoas e fechamento de estabelecimentos comerciais não-essenciais. “Comparamos experiências anteriores e observamos padrões de comportamento humano. Assim, fazemos a previsão de uma situação com uma margem de incerteza associada”, conta Oliveira.

Diversos modelos matemáticos estão sendo aplicados para compreender a atual pandemia de Covid-19. O Grupo de Trabalho de Modelagem da Rede CoVida adotou o modelo SIR; uma estratégia analítica produzida a partir de grupos de indivíduos classificados como Suscetíveis, Infectados e Recuperados. Uma das vantagens do modelo é a simplicidade e efetividade na modelagem de epidemias. “Estamos contribuindo para o fornecimento de uma visualização para população em tempo rápido daquilo que está acontecendo neste início da pandemia de coronavírus no Brasil”, defende Borges.

O integrantes do projeto já realizaram reuniões com gestores do Estado e dos municípios de Salvador e Camaçari para apresentar os cálculos realizados pela Rede CoVida. Além disso, a equipe participou de instâncias, como o Comitê Científico do Consórcio Nordeste, visando apoio na tomada de decisão a partir de evidências científicas.

Grupo de Epidemiologia & Informação da Rede CoVida

É responsável por organizar e garantir o fluxo regular de dados úteis e disponíveis sobre os diferentes aspectos da pandemia. Esse trabalho, em breve, resultará na construção de uma grande plataforma integrada de dados sobre a Covid-19, que permitirá cruzar diferentes informações e assim responder às mais diversas questões de pesquisa sobre a pandemia. Desse modo, esse grupo temático apoia as análises que se fizerem necessárias, contribui com os demais grupos temáticos em análises para responder questões de investigação específicas, além de apoiar a construção de relatórios e boletins.

Consulte o funcionagrama disponível em: https://covid19br.org/sobre/

Confira o vídeo do pesquisador Pablo Ramos sobre curva de contágio:

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Plataforma de diagnóstico para Covid-19 aumenta capacidade de testagens na Bahia

Na pandemia da Covid-19, a realização do teste molecular para detecção de indivíduos infectados pelo novo coronavírus tem sido fundamental para a vigilância epidemiológica e implementação de políticas públicas. Por isso, a Fiocruz Bahia implantou a Plataforma de Diagnóstico da Covid-19 que, em maio, começou o projeto piloto para realização de diagnóstico pela técnica RT PCR, o teste molecular para detecção do material genético do vírus SARS-COV-2.

A iniciativa, que contribui para a ampliação da capacidade de testagem do estado, foi consolidada por meio de cooperação da Fiocruz Bahia com a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SESAB) e Prefeitura de Salvador, em consonância com a Coordenação de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz.

As amostras serão enviadas à Fiocruz Bahia pelas unidades de Saúde cadastradas no sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial – GAL, através do LACEN-BA. Os kits para diagnóstico são desenvolvidos pelos institutos de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro, e de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, destacou a importância das parcerias com instituições do Estado visando apoio às ações no enfrentamento ao novo Coronavírus. De acordo com a vice-diretora de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Camila Indiani de Oliveira, a técnica empregada na testagem já era utilizada em diversos projetos de pesquisa da instituição, assim como os equipamentos necessários. 

A nova estrutura conta com 4 equipes, totalizando 20 profissionais, formadas por estudantes de pós-graduação, pós-doutores e pesquisadores da Fiocruz Bahia, além de colaboradores da Prefeitura de Salvador. “Os integrantes das equipes se voluntariaram para participar desta iniciativa, o que muito nos deixa orgulhosos”, comentou Camila. Também trabalham junto aos grupos, profissionais responsáveis pela Biossegurança e Qualidade, para construir e revisar protocolos de diagnóstico, de biossegurança, de recebimento e processamento de amostras.

Teste molecular

A partir da chegada da amostra, a estrutura montada cuidará de garantir a descontaminação externa e certificará se a amostra enviada está em conformidade com os critérios de qualidade de coleta e transporte. Em seguida, a amostra seguirá para as etapas de aliquotagem e extração do material genético viral. 

Após a extração, segue-se para a realização do RT-PCR que permite a transcrição reversa do RNA viral em DNA complementar, e em seguida amplifica o DNA complementar através da reação em cadeia da polimerase em tempo real, permitindo a detecção do vírus. Os resultados obtidos serão analisados por uma equipe treinada para então serem registrados no GAL, para serem visualizados pelas unidades cadastradas requisitantes do teste. 

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Ricardo Khouri, explica que, a técnica molecular identifica o material genético do vírus mesmo antes dos sintomas surgirem e até, aproximadamente, dez dias após o início dos sintomas, isso permite o manejo do paciente de maneira mais eficaz. 

Além da técnica molecular que será utilizada na Fiocruz Bahia, existem também as técnicas sorológicas, que identificam a infecção de maneira indireta, através da detecção dos anticorpos no soro do paciente. De acordo com o pesquisador, a detecção dos anticorpos só pode ser utilizadas após alguns dias do aparecimento dos sintomas, pois o sistema imune dos pacientes necessita entre 7-14 dias após a infecção para produzir os anticorpos em quantidade suficiente para serem detectados. 

Confira aqui o comunicado que a diretoria da Fiocruz Bahia publicou para seus colaboradores, agradecendo a participação dos pesquisadores na plataforma. 

Confira algumas fotos da Plataforma:

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Palestra aborda papel da imunossenescência no desfecho da Covid-19

A palestra “Papel da imunossenescência no desfecho da Covid-19”, que será realizada no dia 21 de julho, às 16h, no canal do YouTube da Fiocruz Bahia, será ministrada por Ana Maria Caetano de Faria, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), convidada da próxima edição do Ciclo de Seminários integrados sobre SARS-COV-2 (Covid-19).

O evento, promovido pela Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia, faz parte das atividades dos alunos dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI – Fiocruz Bahia). As apresentações abordam temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética

Sobre a palestrante
Ana Maria Caetano de Faria possui graduação em Medicina e mestrado em Microbiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutorado em Imunologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado pela Harvard Medical School, EUA. Foi Pesquisadora Visitante na Universitá di Bologna, na Itália, e na Rockefeller University, EUA. Foi membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), da Câmara de Assessoramento de Ciências Biológicas e Biotecnologia da FAPEMIG e do Comitê de Assessoramento de Imunologia do CNPq.

Atualmente, é Professora Titular de Imunologia da UFMG. Tem experiência na área de Imunologia, com ênfase em Imunobiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Imunologia de Mucosas, Imunobiologia da Nutrição, Tolerância oral, Imunobiologia do Envelhecimento. 

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Iniciativa da Fiocruz Bahia utiliza as redes sociais para orientar pessoas com doença falciforme durante a pandemia

A Fiocruz Bahia está desenvolvendo uma ação voltada para pessoas com doença falciforme, com ênfase no período de pandemia da Covid-19. A iniciativa, intitulada Divulga Doença Falciforme, é promovida pelo Instituto Gonçalo Moniz (IGM), em parceria com profissionais da saúde, pesquisadores e pessoas nesta condição.

Utilizando perfis nas redes sociais TwitterFacebook  e  Instagram, as publicações têm como principal objetivo o compartilhamento de informação segura, de forma clara e acessível. Além de orientações, dicas e cuidados para uma melhor qualidade de vida, especialmente, durante o período de pandemia da COVID-19.

A ação integra o projeto Divulgação Científica para Pessoas com Doença Falciforme e seus Familiares, apoiado pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz.

A instituição ocupa posição de destaque na produção de pesquisas sobre a doença falciforme e seus impactos perante a sociedade, promovendo projetos multidisciplinares que possibilitam a sensibilização da comunidade com relação aos vários eventos clínicos que acometem os indivíduos com a doença, sua origem, os cuidados e atenção necessários ao acompanhamento dos pacientes.  As pesquisas abordam ainda as principais estratégias necessárias à educação dos familiares que lidam no seu dia a dia com a doença, como é o caso do Laboratório de Investigação em Genética e Hematologia Translacional (LIGHT), do IGM.

Para acompanhar as publicações basta seguir o perfil @DDFalciforme, no Facebook, Twitter e Instagram. 

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Prorrogadas as inscrições do processo seletivo do PgPAT

A Coordenação do PgPAT, devido à instabilidade nos sites institucionais por um problema técnico, prorrogou as inscrições da seleção do Edital 2-2020, impreterivelmente, até amanhã, 14/07/2020, às 11h59.

Os que não receberam a ficha de inscrição por e-mail, ou que tiveram algum tipo de problema, poderão enviar mensagem para o e-mail pgpat@bahia.fiocruz.br .

Para utilizar o site do PgPAT e a plataforma SGT, bem como o site do IGM, a coordenação sugere acessar através do navegador Mozilla Firefox ou Internet Explorer, além de desativar Cookies e Pop up.

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Inscrições para mestrado e doutorado do PgPAT encerra dia 13 de julho

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Patologia (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) torna público o edital do processo seletivo para nível de Mestrado e Doutorado, Stricto sensu, no primeiro semestre do ano de 2020. As inscrições encerram dia 13 de julho.

Clique aqui para acessar o edital.

O programa oferece duas áreas de concentração: Patologia Humana e Patologia Experimental, com forte ênfase e tradição em linhas de pesquisa que envolvem patologia e imunopatologia de doenças infecciosas e parasitárias.

Mais recentemente e, em consonância com a transição epidemiológica no cenário da saúde, foram fortalecidas outras linhas de pesquisa que compreendem o estudo de biomarcadores, busca de agentes anti-câncer e patogênese de neoplasias malignas, doenças crônico-degenerativas e outras doenças genéticas, como as hemoglobinopatias.

O PGPAT é avaliado como curso de excelência com nível 6-CAPES, único programa em Patologia nas regiões Norte e Nordeste. O PGPAT contribui para formação de recursos humanos qualificado, constatada pela atuação de egressos do programa em Institutos de Ensino Superior (IES) como professores e pesquisadores.

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Divulgado edital de seleção para mestrado e doutorado do PgBSMI 2020.2

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) divulga chamada para inscrição de candidatos que desejem participar do processo seletivo 2020.2, para ingresso nos níveis de Mestrado e Doutorado. As inscrições vão até 20 de julho.

Os cursos do PgBSMI possuem conceito 6 pela Capes e destinam-se à formação de profissionais com elevada qualificação para o exercício de atividades acadêmicas, científicas e tecnológicas nas suas áreas de concentração. Clique aqui e acesse o edital.

O Mestrado tem por objetivo o aprofundamento do conhecimento técnico, científico e ético do aluno, visando à qualificação supracitada. O Doutorado tem por objetivo o desenvolvimento de competência para conduzir pesquisas originais e independentes em áreas específicas.

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Tese analisa aspectos clínico-imunológicos de indivíduos com esquistossomose

Autoria: Michael Nascimento Macedo
Orientação: Ricardo Riccio Oliveira
Título da tese: “Aspectos clínico-imunológicos e perfil de células linfoides inatas do tipo 2 (ILC2) de indivíduos com esquistossomose mansônica humana”.
Programa:Pós-Graduação em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
Defesa: 13/07/2020
Horário: 14:00 
Local: Sala Virtual do Zoom. ID da reunião 938 3523 1236.

RESUMO

INTRODUÇÃO: A esquistossomose é uma doença causada por parasitas do gênero Schistosoma. Atualmente, sabe-se que cinco diferentes espécies podem causar doença no homem, dentre elas o Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose no Brasil. Essa doença se distribui em 78 países e acomete aproximadamente 250 milhões de pessoas. Enquanto a fase aguda da infecção é marcada pela produção de citocinas Th1, na fase crônica da infecção, observa-se um predomínio de citocinas Th2 que, a longo prazo, contribuem mais para os danos observados, do que para a proteção. Um grupo recentemente descoberto de células, as células linfóides inatas do tipo 2 (ILC2), vem sendo descrito como importantes no contexto de doenças que cursam com uma resposta Th2, como nas helmintíases. Acredita-se que nestas condições as ILC2 sejam fundamentais produtoras de citocinas Th2, como a IL-13, contribuindo para os principais eventos danosos. Apesar disso, o seu papel na esquistossomose mansônica humana ainda não foi elucidado.

OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi caracterizar o fenótipo e perfil de citocinas de células linfoides inatas do tipo 2 (ILC2) circulantes em indivíduos infectados pelo Schistosoma mansoni.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram recrutados indivíduos infectados pelo S. mansoni residentes em uma área endêmica e controles saudáveis não residentes. Para as dosagens de citocinas séricas, foram coletadas amostras de sangue periférico para a separação do soro e dosagem das citocinas Th1, Th2 e Th17 por meio ELISA e CBA. Também foram utilizadas amostras de soro para a avaliação da concentração sérica das enzimas hepáticas TGO, TGP, γGT e ALP, para avaliação dos danos hepáticos. A frequência das ILC2 foi avaliada por citometria de fluxo e a sua cultura foi realizada após separação destas por sorting. A produção das citocinas por ILC2 isoladas por sorting também foi avaliada pelos métodos de ELISA e CBA.

RESULTADOS: Os dados deste trabalho mostram que indivíduos infectados pelo S. mansoni apresentam elevadas concentrações séricas das citocinas TSLP e IL-13, e que o tratamento da doença induz à redução desses níveis. Além disso, também foi possível observar que estes indivíduos apresentam significativas alterações nas concentrações das enzimas hepáticas TGO, TGP, γGT e ALP. Além disso, o coeficiente de Ritis, que avalia a presença de lesões crônicas, mostrou que 98,5% dos participantes podem apresentar lesões crônicas, provavelmente com fibrose ou cirrose hepática. Apesar de não haver diferença na frequência das ILC2 entre infectados e controles, os indivíduos com esquistossomose apresentam maior expressão do receptor CRTH2. Além disso, as ILC2 isoladas por sorting de indivíduos infectados, também produzem mais IL-13 em comparação com os controles.

CONCLUSÕES: Com esse estudo, foi possível demonstrar, que o tratamento da esquistossomose mansônica humana diminui as concentrações séricas das citocinas TSLP e IL-13, envolvidas nos processos de manutenção e homeostase. A partir dos resultados, também foi possível sugerir que as ILC2 podem ser uma importante fonte de IL-13, uma vez que indivíduos infectados apresentam elevadas concentrações no soro e essa alta concentração também pôde ser demonstrada por ILC2 in vitro.

Palavras-chave: Esquistossomose mansoni, Células linfoides inatas do tipo 2, CRTH2, citocinas, TSLP, IL-13, fibrose.

 

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Pesquisador da Fiocruz Bahia estuda como o coronavírus afeta órgãos

Um grupo de pesquisadores do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e do Programa Inova Fiocruz, analisa como o organismo lida com a infecção ocasionada pelo coronavírus. O objetivo do estudo é entender como é possível reconhecer precocemente o paciente que possui risco de evoluir para um quadro grave e possíveis estratégias para reverter este prognóstico.

À frente da pesquisa, Washington dos Santos explica que para realizar o estudo a equipe vai pedir a autorização para fazer exames em órgãos de pessoas que foram a óbito devido à Covid-19. “Vamos fazer análises microscópicas, incluindo de microscopia eletrônica e dos genes, para identificar o que está sendo ativado e as substâncias químicas que o organismo produz no local”, disse o pesquisador.

Washington ressalta que o interesse para desenvolver o estudo veio do anseio como médico de contribuir na busca por soluções empreendida pela Fiocruz para lidar com a pandemia. “Eu já liderava um grupo de pesquisa em patologia estrutural e molecular na Fiocruz, então já tínhamos o interesse em entender como ocorrem as modificações na morfologia dos órgãos atingidos por doenças”, disse ao destacar que outra vantagem deste trabalho é a formação de um grupo técnico capaz de atuar em diversas situações envolvendo o surgimento de novas doenças, como é o caso da Covid-19.

Ele também alega que são poucos os grupos de pesquisas que trabalham nesta linha específica, pois há dificuldades na coleta de amostras de órgãos internos de pacientes que morrem pela doença. “Temos três grupos no país inteiro fazendo trabalhos similares ao nosso, mas a especificidade do nosso projeto é a profundidade de análise de moléculas e genes em larga escala. Futuramente, esperamos formar uma rede de parceria e troca de conhecimentos com esses outros grupos de pesquisa”.

Segundo o pesquisador, com a realização desse projeto, espera-se criar subsídios para redirecionar tratamentos e monitorar a toxicidade por drogas ou sobre lesões ainda desconhecidas. “Durante a pandemia, criaremos na página do IGM-Fiocruz um observatório para informar, em tempo real, aos profissionais que atuam no tratamento e pesquisa sobre a Covid-19, a respeito de alterações encontradas na análise dos órgãos dos pacientes. O trabalho está em fase inicial e recentemente foi aprovado em editais da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e do Programa Inova Fiocruz, ambos voltados para contemplar equipes com projetos relacionados ao coronavírus.

*Com informações da SECTI.

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Imunidade para Covid-19 é tema de seminário

A palestra “Pandemia, Imunidade: Tempo, Tempo, Tempo, Tempo”, que será realizada no dia 14 de julho, às 16h, no canal do YouTube da Fiocruz Bahia, será ministrada por Marcelo Bozza, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), convidado da próxima edição do Ciclo de Seminários integrados sobre SARS-COV-2 (Covid-19). 

O evento, promovido pela Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia, faz parte das atividades dos alunos dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI – Fiocruz Bahia). As apresentações abordam temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética 

Sobre o palestrante

Marcelo Bozza possui graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1990), mestrado em Biologia Parasitária pela Fiocruz (1993) e doutorado em Biologia Celular e Molecular também pela Fiocruz (1998). Foi research fellow da Harvard School of Public Health (1994-1996). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro participando ativamente da formação de alunos de graduação e pós-graduação. 

Ajudou na criação e coordenou o programa de pós-graduação em Imunologia e Inflamação (UFRJ) de 2012 a 2016, é coordenador da Rede Multidisciplinar de Biologia Computacional para o estudo da interação parasito-hospedeiro do Programa de Biologia Computacional da CAPES, foi membro do CA de Imunologia do CNPq e secretário-geral da Sociedade Brasileira de Imunologia (2013-2015). 

Recebeu a Cátedra Capes-Sorbonne para lecionar e pesquisar no Museum National d”Histoire Naturelle em Paris (2016). Em 2019, tornou-se membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Atualmente é Scholar da Fulbright na New York University School of Medicine (2018-2019). Tem experiência na área de imunologia, com ênfase em inflamação, atuando principalmente nos seguintes temas: inflamação e imunidade inata.

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Pesquisadora da Fiocruz Bahia explica relação entre pandemia e meio ambiente

Em 1580, um vírus do tipo influenza, que causa gripe, surgiu na Ásia e se espalhou para a África, Europa e América do Norte. Uma das pandemias mais graves, conhecida como gripe espanhola, ocorreu entre 1917 e 1920, quando também um vírus influenza levou à morte milhões de pessoas em todo o mundo. 

O surgimento dessas pandemias, bem como de Covid-19, está relacionado a uma complexidade de fatores, como densidade populacional humana, mudanças antropogênicas, desmatamento e expansão de terras agrícolas, intensificação da produção animal, aumento da caça e comércio da vida selvagem, além da mobilidade humana numa sociedade cada vez mais globalizada. 

“Os cientistas estimam que cerca de 70% das doenças infecciosas emergentes surgem da interação entre o homem e o meio ambiente, principalmente pela manipulação inadequada de animais silvestres e pelo impacto nos habitats naturais. É por isso que doenças como HIV, ebola, dengue, zika e chikungunya, assim como a Covid-19, são conhecidas como zoonoses, pois eram originalmente patógenos que circulavam apenas em animais, vertebrados ou invertebrados”, explica a pesquisadora da Fiocruz Bahia, Nelzair Vianna. 

A especialista afirma que as seqüências de RNA do novo coronavírus se assemelham às dos vírus que circulam silenciosamente nos morcegos, que infectaram espécies animais vendidos em mercados na China. O que se sabe até o momento, é que, provavelmente, foi através da manipulação no comércio desses animais e a falta de condições sanitárias, que os seres humanos entraram em contato com o vírus e foram contaminados.

“Vivemos a Era do Antropoceno, caracterizado sobretudo pelo impacto que o ser humano tem causado nos ecossistemas. Estamos observando um desenvolvimento econômico que tem modificado de forma alarmante as condições climáticas no planeta, num movimento de globalização e exploração do ambiente que não tem considerado os limites das fronteiras planetárias”, comenta Nelzair.  

Outras pandemias têm ameaçado a saúde pública e não estão relacionadas com agentes infecciosos. Elas foram descritas pela Comissão EAT– Lancet, uma iniciativa sobre nutrição liderada pela revista científica The Lancet, como ‘Sindemia Global’, pois se refere aos impactos gerados pela mudança climática, desnutrição e obesidade. 

A crise climática se configura também como uma ampla crise de saúde, pois os impactos do aquecimento global são profundos e de longo alcance: “põe em risco a segurança alimentar, possibilita a propagação de vetores transmissores de diversas doenças, provoca escassez de água e eventos extremos, dentre outros problemas importantes. Embora estes efeitos na saúde sejam reconhecidos na comunidade científica, a saúde ainda não entrou no centro das políticas climáticas”, aponta a pesquisadora. 

Mudanças necessárias 

Não há como prever quando será a próxima pandemia, mas de acordo com Nelzair, as políticas para promover pesquisas sobre as interações entre ser humano e animais silvestres podem fornecer maneiras de evitar e estimar melhor o surgimento de uma nova pandemia. Nesse sentido, alguns campos de estudo têm surgido na busca de soluções. Um deles é ‘a saúde planetária’, que estuda a relação da saúde da civilização humana e o estado dos sistemas naturais aos quais ela depende. 

Na busca de aprimorar a proteção contra pandemias, principalmente por meio do aumento da biossegurança agrícola e vigilância de doenças em animais e pessoas, também foi criada uma estrutura política denominada One Health, formada pela Organização Mundial da Saúde, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação e a Organização Mundial da Saúde Animal.

Para a pesquisadora, o avanço da integração do risco de Doenças Infecciosas Emergentes requer uma abordagem de pesquisa interdisciplinar, pois o surgimento de doenças envolve mudanças socioeconômicas e ambientais e aspectos biológicos e comportamentais de seres humanos e animais.

“A pandemia tem nos alertado para o abismo das desigualdades sociais e a necessidade urgente de políticas para preencher as lacunas das bases sociais, que ainda é desprovida do mínimo de acesso aos recursos naturais básicos como água e ar de qualidade e saneamento básico para uma vida saudável”, declara.

A especialista diz que uma das grandes lições aprendidas com a pandemia é que a colaboração entre cidadãos, instituições e governos podem reduzir o impacto ambiental das ações humanas. E espera-se que sejam adotadas políticas de crescimento, que considerem especialmente as fronteiras planetárias das mudanças climáticas, a biodiversidade, o uso e degradação do solo e que os cidadãos passem a fazer escolhas mais conscientes. 

Impacto da pandemia sobre meio ambiente

A pandemia da Covid-19 provocou uma desaceleração de atividades humanas. Com isso, diversos eventos, como a circulação de animais em áreas das quais foram afastados pela presença humana e as reduções da poluição do ar e dos gases de efeito estufa resultantes de paralisações econômicas em larga escala, chamam atenção nesse período de isolamento. 

Pesquisas recentes mostraram a redução da concentrações de material particulado no ar em diversas cidades. Em Nova York, foi observada redução de até 32%; em Saragoça, Espanha, um declínio de 58% foi observado em março de 2020 em comparação a fevereiro do mesmo ano. Mas haverá impactos positivos da pandemia sobre meio ambiente? 

De acordo com Nelzair, não temos muito o que comemorar, pois a combinação entre pandemia e colapso econômico não é uma estratégia viável para reduzir os riscos climáticos. O ideal é uma redução consciente promovida por políticas públicas de redução das fontes poluidoras e escolhas individuais mais sustentáveis.

A pesquisadora fez referência à analogia com o mito da caixa de Pandora, imaginando que o novo coronavírus tenha escapado devido a desobediência humana. “Os deuses teriam dado a Pandora uma jarra trancada que ela nunca deveria abrir. Impulsionada pelas fraquezas humanas, ela abriu, liberando os infortúnios e pragas do mundo. Podemos observar que a agressão compulsiva ao meio ambiente, causada pelo modelo econômico e estilo de vida impostos por uma sociedade globalizada, têm disseminado tantos males no planeta”, reflete. 

Entretanto, afirma a pesquisadora, “devemos nos animar com a versão Hesíodo do mito de Pandora, na qual ela conseguiu impedir uma única fuga: a da esperança, ‘ela permaneceu sob os lábios do frasco e não voou para longe’, a esperança de um mundo saudável e ambientalmente seguro”.

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Fiocruz é homenageada pela Academia de Ciências da Bahia por seus 120 anos

Em cortejo virtual do “Dois de julho em Defesa da Ciência”, a Fundação Oswaldo Cruz foi homenageada por sua contribuição à ciência nos seus 120 anos. A sessão contou com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e com a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves. A ação, realizada hoje, foi coordenada pela Academia de Ciência da Bahia (ACB). No evento, foi destacada a importância histórica da Fundação, tanto no combate a emergências sanitárias, como também na inovação em pesquisa em saúde e biotecnologia, que tem ajudado no combate da pandemia da Covid-19.

Também estavam presentes Jailson Andrade, presidente da ACB; Antônio Carlos Vieira, presidente da Academia de Medicina da Bahia; Adélia Pinheiro, Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti); Simone Kropf, pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC); e Carlos Machado Freitas, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz).

O encontro fez parte da manifestação que tradicionalmente percorre em cortejo bairros do Centro Histórico de Salvador, que esse ano aconteceu de forma virtual, reunindo instituições como Universidade Federal da Bahia e outras universidades e entidades federais e estaduais, além de nomes de destaque, como o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, e o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e reitor da UFBA, João Carlos Salles.

A Fiocruz completou 120 anos no dia 25 de maio de 2020, momento em que o Brasil e o mundo enfrentam o maior desafio sanitário, econômico, social, humanitário e político do século 21, a pandemia da Covid-19. Com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a instituição foi criada com o objetivo de combater epidemias como a da peste bubônica, da febre amarela e da varíola, que ameaçavam a então capital da República, o Rio de Janeiro. Mais de um século depois, agora na pandemia do novo coronavírus, a atual Fundação Oswaldo Cruz, maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina, continua na linha de frente do enfrentamento das doenças.

Durante a homenagem, Nísia Trindade, abordou o tema “Fiocruz: patrimônio da sociedade”,   pontuando a história da instituição. “Desde a sua criação, em 1900, a Fiocruz participa do Estado do Brasil. Há o marco da forte mobilização aos sertões e expedições científicas, que percorreram vastas regiões do país. Ao longo da sua história, a Fundação também teve presença na criação da constituição cidadã e no Sistema Único de Saúde (SUS) em 88. Dois pilares de identidade institucional”, mencionou.

A presidente da Fiocruz também homenageou os pesquisadores eméritos da Fiocruz Bahia, afirmando que são “a representação da tradição da boa pesquisa do Instituto Gonçalo Moniz, que também se expressam na atual geração de pesquisadores”.

Além disso, Nísia abordou a presença da Fiocruz nas áreas de pesquisa, ensino, atenção à saúde, produção e inovação, e destacou a presença no enfrentamento da pandemia da Covid-19, por ser a instituição líder da rede de pesquisa Solidariedade, da Organização Mundial da Saúde, dentro do Brasil, e conveniada com instituições para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus.

Na sessão, a diretora da Fiocruz Bahia pontuou a importância da Fiocruz e sua relação com a produção da ciência, durante a pandemia da Covid-19, e mencionou a atuação do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), que completou 63 anos de atuação esse ano. “Nestes 63 anos do IGM, agradeço a todos os pesquisadores da instituição, principalmente nesse momento de pandemia, por seus serviços. É importante reforçar a resposta e apoio que temos dado, junto com os pesquisadores, ao estado e município”, ressaltou Marilda.

A diretora também declarou que, no 2 de Julho, também é necessário lutar pelos investimentos e recursos na área da ciência: “uma data de resistência, em que temos esperança de que os nossos financiamentos em ciência e tecnologia sejam retomados. O 2 de Julho é uma luta da sociedade e da ciência. Juntos, iremos desenvolver nossa sociedade e nosso país”, comentou.

A relevância da atuação da Fiocruz na saúde

A secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, Adélia Pinheiro, apontou as atuações da Fiocruz, em especial no contexto da pandemia e sua relação com a tecnologia. “Nesta data, em que comemoramos a nossa independência, e que aproveitamos para destacar a união da sociedade e a estrutura de estado com a ciência e tecnologia, é que estamos juntos para congratular o importante papel que a Fiocruz tem feito. No contexto da pandemia, a Fundação se destaca na assistência e na projeção de futuro, quando pensamos na vacina, medicação, ou em diagnóstico, e também em outras atividades, como a nossa parceira com o Tele Coronavírus – 155”, destacou.

O presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Andrade, também reitera a importância histórica da Fiocruz no combate à emergências sanitárias, como na última epidemia de Zika.” Com 120 anos, já enfrentou a gripe espanhola e febre amarela e tem um histórico de resistência na saúde no Brasil. Tem uma presença nacional, o que dá uma agilidade imensa. Na questão da Zika, há três anos, a Fiocruz foi uma das líderes na questão da pesquisa”, relembrou.

Simone Kropf evidenciou a importância histórica da Fiocruz para a ciência, “Quero ressaltar uma ideia que sempre marcou um projeto institucional, de Oswaldo Cruz, que a instituição não deve se resumir a respostas de emergências sanitárias, mas deve ser uma instituição de pesquisa e ensino, autônoma e de relevância internacional. Sem isso, a instituição não poderia dar uma boa resposta às emergências, com autonomia e inovações tecnológicas”, explicou.

Antônio Carlos Vieira apontou que a Academia de Medicina da Bahia se “sente honrada por participar desse evento, por estar presente na homenagem dos 120 anos de função da Fiocruz”. Também afirmou a importância histórica do Dois de Julho e o trabalho da ciência no Brasil. “A associação deste evento com a data que comemora a consolidação da independência e a expulsão dos portugueses é muito expressiva. Há 197 anos, os baianos lutavam pela nossa independência política, pela construção do Brasil como um país livre e hoje lutamos pela ciência, carente de suporte e importância política”.

Já Carlos Machado, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz), refletiu sobre a responsabilidade dos cientistas, no Brasil, em desenvolver um futuro promissor para a sociedade, citando o livro “Cidades Invisíveis”, de Ítalo Calvino: “cabe a nós, na Fiocruz, como cabe a nós todos envolvidos na ciência brasileira, descortinar o que e quem pode construir um futuro diferente. Porque os futuros realizados são apenas ramos secos e nós temos uma responsabilidade imensa em realizar esses futuros”, explanou.

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Sessão da Academia de Ciências da Bahia vai homenagear os 120 anos da Fiocruz

A Academia de Ciências da Bahia (ACB) realizará uma sessão em homenagem aos 120 anos da Fiocruz, no dia 2 de julho, a partir das 10 horas. O evento será transmitido através do endereço https://rebrand.ly/2dejulho.

O encontro faz parte da programação da manifestação, que tradicionalmente percorre em cortejo bairros do Centro Histórico de Salvador, que esse ano acontecerá de forma virtual, reunindo instituições como Universidade Federal da Bahia e outras universidades e entidades federais e estaduais, além de nomes de destaque, como o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e reitor da UFBA, João Carlos Salles.

A mesa de abertura da sessão contará com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, que também ministrará a palestra “Fiocruz: patrimônio da sociedade”; da Diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; da secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), Adélia Pinheiro; do presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Bittencourt; e do presidente da Academia de Medicina da Bahia, Antônio Carlos Vieira. As apresentações serão realizadas pelos pesquisadores Simone Kropf, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/ Fiocruz), e Carlos Machado Freitas, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz).

120 anos da Fiocruz

A Fiocruz completou 120 anos no dia 25 de maio de 2020, momento em que o Brasil e o mundo enfrentam o maior desafio sanitário, econômico, social, humanitário e político do século 21, a pandemia da Covid-19. Com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a instituição foi criada com o objetivo de combater epidemias como a da peste bubônica, da febre amarela e da varíola, que ameaçavam a então capital da República, o Rio de Janeiro. Mais de um século depois, agora na pandemia do novo coronavírus, a atual Fundação Oswaldo Cruz, maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina, continua na linha de frente do enfrentamento das doenças.

Confira a programação completa da sessão:

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Estudo identifica circulação de nova linhagem da Zika no Brasil

Mesmo em meio a uma pandemia que tem afetado o cotidiano de todos, a população brasileira ainda convive com as consequências da última emergência nacional de saúde pública: a da Zika, que desde 2015 levou ao nascimento de 3.534 bebês com Síndrome Congênita da Zika (SCZ).

Uma nova linhagem do vírus da Zika foi descoberta circulando recentemente no Brasil por pesquisadores do Centro de Integração de dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a possibilidade de reemergência da epidemia de arbovirose ganhou mais força. O achado foi publicado no início de junho no periódico International Journal of Infectious Diseases e serve como alerta para a vigilância da doença.

De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, das principais arboviroses que circulam no Brasil, a Zika tem sido a com menor número de casos em 2020: foram notificados 3.692 casos prováveis (taxa de incidência 1,8 casos por 100 mil habitantes), em detrimento de 47.105 casos prováveis de  chikungunya (taxa de incidência de 22,4 casos por 100 mil habitantes) e 823.738 casos prováveis (taxa de incidência de 392,0 casos por 100 mil habitantes) de dengue. Mas essa situação pode mudar caso uma nova linhagem genética comece circular na população.

Ferramenta

A introdução de uma nova linhagem no país foi identificada por uma ferramenta de monitoramento genético desenvolvida por pesquisadores vinculados ao Cidacs e ao Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia); Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC); Universidade Salvador (UNIFACS) e a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP).

O pesquisador da Plataforma de Bioinformática do Cidacs, Artur Queiroz, um dos líderes do estudo, explica que a ferramenta desenvolvida pelo grupo analisa sequências disponíveis em banco de dados públicos e permite identificar as linhagens de Zika presentes em bases de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI – Centro Nacional de Informação Biotecnológica, em tradução livre).

“Pegamos esses dados e analisamos, selecionamos as sequências do brasil e mostramos a frequência desses tipos virais ano a ano. O principal achado é que vemos uma variação de subtipos e linhagens durante os anos, sendo que em 2019 há o aparecimento, mesmo que pequeno, de uma linhagem que até então não era descrita circulando no país”, explica.

Identificação

São conhecidas duas linhagens do vírus Zika: a asiática e a africana (sendo que essa é subdividida em oriental e ocidental). A ferramenta analisou 248 sequências brasileiras submetidas a base de dados desde 2015. Até 2018, os dados genéticos encontrados eram majoritariamente cambojanos (mais de 90%), proporção que mudou radicalmente em 2019, quando o subtipo oriundo da micronésia passou a ser responsável por 89,2% das sequências submetidas ao banco genético.

Mas o que surpreendeu os pesquisadores foi a identificação da emergência do tipo africano, até então inexistente no Brasil. “A linhagem africana foi isolada em duas regiões diferentes do Brasil: no Sul, vindo do Rio Grande do Sul, e no Sudeste, do Rio de Janeiro”, informa o estudo.

A distância geográfica e a diferença de hospedeiros (uma foi encontrada em um mosquito “primo” do Aedes aegypt, o Aedes albopictus, e outro em uma espécie de macaco) sugerem que essa linhagem já está circulando no país há algum tempo e pode ter potencial epidêmico, uma vez que a maior parte da população não tem anticorpos para essa nova linhagem do vírus.

Para Queiroz, o achado demonstra a utilidade da ferramenta como “um bom mecanismo de vigilância e alerta para a possibilidade de uma nova epidemia do vírus Zika”.

“Atualmente, com as atenções voltadas para a Covid-19, este estudo serve de alerta para não esquecermos outras doenças, em especial Zika. A circulação do vírus no país, bem como a realização de estudos genéticos devem continuar sendo realizados a fim de evitar um novo surto da doença com o novo genótipo circulante”, reforça Larissa Catharina Costa, uma das autoras do estudo.

A ferramenta desenvolvida pelos pesquisadores pode ser encontrada em https://saga.bahia.fiocruz.br/saga/

Estudo: A recursive sub-typing screening surveillance system detects the appearance of the ZIKV African lineage in Brazil: Is there a risk of a new epidemic? https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(20)30397-0/fulltext

 

Pesquisador(es): Artur QueirozLarissa Catharina CostaIrahe KasprzykowskiEduardo Fukutani.

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Estudo indica que diabetes induz aumento de susceptibilidade à leishmaniose cutânea

Uma pesquisa realizada em pacientes portadores de diabetes com infecção por Leishmania braziliensis identificou que a produção desequilibrada de LTB4 e PGE2 (moléculas envolvidas em processos inflamatórios), provocada pela glicose alta, contribui para agravamento do quadro da leishmaniose cutânea. O trabalho foi descrito em artigo publicado no periódico Emerging Microbes and Infections, e tem como primeiro autor o doutorando do PGPAT da Fiocruz Bahia, Icaro Bonyek, orientado pela pesquisadora da instituição,  Natália Tavares.

O estudo de coorte transversal foi realizado entre os anos de 2015 a 2018, com visitas quinzenais de uma equipe de médicos à área endêmica da doença, no distrito de Corte de Pedra, no município de Tancredo Neves, Bahia. Para as análises, foram realizados exames de sangue e biópsia de pele de indivíduos diabéticos com leishmaniose cutânea comparados com indivíduos apenas com leishmaniose cutânea.

Os achados apontam que o estado glicêmico e o nível elevado de LTB4 afetam diretamente o tempo de cicatrização das lesões da leishmaniose. Além disso, constatou-se que os macrófagos (células de defesa) dos diabéticos com leishmaniose cutânea são mais suscetíveis à infecção por L. braziliensis.

Com isso, os cientistas chegaram à conclusão que o diabetes induz um perfil inflamatório sistêmico nos pacientes com leishmaniose cutânea, causado pelo LTB4, que se correlaciona com a capacidade reduzida de cicatrização e de eliminar os parasitas.

Os pesquisadores sugerem que o LTB4 desempenha um papel central na resposta imune inata e tem influência significativa no resultado da leishmaniose cutânea, definindo um indivíduo como resistente ou suscetível à infecção pela Leishmania, o que pode indicar o LTB4 como um alvo potencial para futuras intervenções em pacientes com essa comorbidade.

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Desempenho de proteínas recombinantes no diagnóstico da sífilis são avaliadas em estudo

A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode ser transmitida sexualmente, por transfusão de sangue, ou de mãe para filho, durante a gravidez. Para detecção da doença, existem vários exames sorológicos, porém as diferentes formas clínicas da infecção podem influenciar o resultado dos testes e não há consenso sobre quais antígenos têm o melhor desempenho no diagnóstico.

Um grupo de pesquisadores da Fiocruz Bahia realizou um estudo com o objetivo de avaliar o desempenho das proteínas recombinantes TmpA, TpN17, TpN47 e TpN15 para diagnóstico da sífilis, usando ferramentas distintas. O trabalho coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves Santos, foi publicado no periódico científico Plos One.

No estudo, as proteínas foram avaliadas utilizando soros de 338 indivíduos que testaram negativo para a Treponema pallidum, 173 que testaram positivo para a bactéria e 209 soros de indivíduos infectados com outras doenças, como doença de Chagas, dengue, hepatite B e C, HIV, esquistossomose, HTLV, filariose, leishmaniose e leptospirose, para avaliação de reatividade cruzada.

De acordo com os autores da pesquisa, o uso de proteínas recombinantes em imunoensaios demonstrou proporcionar maior confiabilidade aos resultados para diagnóstico de sífilis. Apesar da baixa sensibilidade, que pode ser melhorada com a avaliação das misturas antigênicas, as proteínas apresentaram alta capacidade diagnóstica.

Nas análises realizadas em microarranjo líquido, o escore de sensibilidade variou até 90% para TpN17, 100% para TpN47 e 80,0% para TmpA. Os valores mais baixos e mais altos de especificidade foram apresentados pelos antígenos TpN47 (91,9%) e TmpA (100%), respectivamente. A TpN47 apresentou o maior escore de precisão (95,5%) entre todas as proteínas recombinantes testadas.

Para o ELISA, TpN17 e TmpA tiveram sensibilidade de 69,9%, enquanto TpN47 obteve 53,8%. A especificidade foi quase 100% para as três proteínas. Não foi observada reação cruzada para TpN17 nas amostras de soro de infecções não bacterianas. Em relação às amostras positivas para leptospirose, o escore de reatividade cruzada variou de 8,6 a 34,6%.

O estudo será continuado em nova fase, com utilização de amostras de pacientes clinicamente definidas, através do projeto de doutorado de Ângelo Antônio Silva, aluno do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde de Medicina Investigativa (PgBSMI), da Fiocruz Bahia.

 

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Projeto de desenvolvimento de diagnóstico para Covid-19 é selecionado em edital do Inova Fiocruz

O projeto “Enfrentamento da Covid-19: desenvolvimento de métodos de diagnóstico in vitro de alto desempenho”, do pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Santos, foi selecionado no Edital Ideias e Produtos Inovadores – Covid-19 – Encomendas Estratégicas, do Programa Inova Fiocruz. O objetivo da proposta é avaliar, validar e desenvolver plataformas de imunoensaio para a detecção qualitativa de anticorpos contra o novo coronavírus em amostras séricas, utilizando antígenos recombinantes comerciais

O estudo pretende selecionar os antígenos que apresentem os melhores desempenhos diagnósticos utilizando o teste rápido como plataforma. De acordo com o autor da proposta, a aplicação desta tecnologia poderá ser ampla, rastreando grande quantidade de indivíduos sintomáticos e assintomáticos, o que poderá ser determinante na orientação das medidas de controle epidemiológico adotadas no Brasil. “Os antígenos serão avaliados em novas plataformas de nanocelulose, uma inovação na área diagnóstica, por esses materiais serem biocompatíveis e biodegradáveis, diminuindo a geração de resíduos”, conta o pesquisador.

Avaliação de possíveis reações cruzadas serão levadas em consideração, sendo empregadas amostras positivas para dengue, Chikungunya, Zika, doença de Chagas, HIV, HTLV, HCV, HBV, sarampo, rubéola, esquistossomose e sífilis. As amostras utilizadas no estudo serão oriundas de hospitais localizados em Salvador e da Secretaria de Saúde de Vitória da Conquista.

Também fazem parte do grupo que irá desenvolver o projeto os pesquisadores da Fiocruz Bahia, Maria Fernanda Rios Grassi, Carlos Gustavo Régis da Silva e Isadora Siqueira. O estudo será realizado em colaboração com a Universidade de Araraquara (UNIARA) e com a start-up TechMip, ambas localizadas em Araraquara, São Paulo.

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Palestra abordará dinâmica de transmissão de SARS-CoV-2 e perspectivas de controle

A Fiocruz Bahia dá continuidade ao Ciclo de Seminários Integrados sobre Sars-Cov-2 (Covid-19) com a apresentação do pesquisador do IESC – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (UFRJ), Guilherme Werneck, que abordará o tema “Dinâmica de transmissão de SARS-CoV-2 e perspectivas de controle”. 

A sessão, que será transmitida ao vivo pelo canal da Fiocruz Bahia no YouTube, no dia 30 de junho, às 16 horas, será mediada pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Deborah Fraga, Conceição Almeida e Edson Moreira. 

Os seminários são promovidos pela Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia e fazem parte das atividade dos alunos dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI – Fiocruz Bahia). As apresentações abordam temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética e ocorrem semanalmente, às terças-feiras.

Sobre o palestrante

Guilherme Werneck possui graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1985), mestrado em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1992) e doutorado em Saúde Pública e Epidemiologia pela Harvard School of Public Health (2000). Completou estágio de pós-doutorado no Department of Global Health and Population / Harvard School of Public Health em 2013, onde atuou como pesquisador visitante de 2012 a 2014. 

Atualmente, é pesquisador visitante no David Rockefeller Center for Latin American Studies (Harvard University). É professor associado do Departamento de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e professor adjunto do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo em ambos exercido a função de coordenador dos respectivos Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Entre 2007 e 2010 exerceu suas atividades de ensino e pesquisa como pesquisador visitante no Departamento de Endemias Samuel Pessoa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – Fiocruz. 

É membro do “WHO Expert Advisory Panel on Parasitic Diseases (Leishmaniasis)” e compôs a comissão da Avaliação dos Programas de Pós-Graduação stricto sensu pertencentes à Área de Saúde Coletiva (CAPES) nos triênios 2007-2009 e 2010-2012 e Quadriênio 2013-2016. Exerceu o cargo de Coordenador da área de Saúde Coletiva na CAPES (2014-2018) e é o atual vice-presidente da ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Desenvolve suas atividades no campo da Saúde Coletiva, com ênfase em Epidemiologia.

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Fiocruz Bahia lança ação sobre orientações e cuidados para pessoas com doença falciforme em tempos de pandemia

Em comemoração ao Dia Mundial de Conscientização sobre a doença falciforme, a Fiocruz Bahia inicia nesta sexta-feira, 19, o lançamento de uma série de vídeos informativos voltados para as pessoas nesta condição. A iniciativa integra o projeto intitulado ‘Divulga doença falciforme’, promovido pelo Instituto Gonçalo Moniz (IGM), em parceria com profissionais da saúde, pesquisadores e pessoas com doença falciforme.

Desenvolvida no âmbito do projeto Divulgação Científica para Pessoas com Doença Falciforme e seus Familiares, apoiado pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, a ação propõe a divulgação de informação segura, de forma simples e acessível, através das páginas nas redes sociais Facebook, Twitter e Instagram, onde serão compartilhadas orientações, dicas e cuidados com a saúde da pessoa com doença falciforme, especialmente durante o período de pandemia da Covid-19. Entre os temas abordados estão o diagnóstico da doença, hábitos que reforçam a imunidade e tratamentos, e a relação entre a doença falciforme e o coronavírus no contexto da pandemia.

A doença falciforme é uma enfermidade genética com prevalência mundial elevada, principalmente na população africana ou de origem africana. Ela afeta a molécula de hemoglobina, presente nas hemácias e responsável pelo transporte do oxigênio. A condição do traço falciforme, que não provoca nenhum sintoma clínico, acontece quando a pessoa herda o gene da hemoglobina variante S (HbS) de um dos pais e o gene da hemoglobina normal A (HbA) do outro. No caso da anemia falciforme, forma mais grave da doença, o indivíduo herda o gene HBS de ambos os pais.

A Fiocruz ocupa posição de destaque na produção de pesquisas sobre a doença falciforme e seus impactos perante a sociedade, promovendo projetos multidisciplinares que possibilitam a sensibilização da comunidade com relação aos vários eventos clínicos que acometem os indivíduos com a doença, sua origem, os cuidados e atenção necessários ao acompanhamento dos pacientes.  As pesquisas abordam ainda as principais estratégias necessárias à educação dos familiares que lidam no seu dia a dia com a doença, como é o caso do Laboratório de Investigação em Genética e Hematologia Translacional (LIGHT), do IGM.

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Palestra “Vigilância genômica do Sars-Cov-2” está disponível

A biomédica Jaqueline Goes de Jesus, uma das coordenadoras da equipe que sequenciou o genoma do novo coronavírus apenas 48 horas depois da confirmação do primeiro caso no Brasil, ministrou a sessão de abertura do Ciclo de Seminários Integrados sobre Sars-Cov-2 (Covid-19), promovido pela Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia. A palestra ocorreu no dia 18 de junho.

Jaqueline Góes é estudante egressa de mestrado e doutorado da Fiocruz Bahia e, atualmente, é pesquisadora pós-doutoranda do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo – Universidade de São Paulo (IMT-USP).

A apresentações do Ciclo de Seminários Integrados sobre Sars-Cov-2 (Covid-19) são realizados semanalmente, às terças-feiras, a partir das 16 horas, e abordam temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética. 

Confira:

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Origem e diversificação do SARS-CoV-2 é tema de seminário

No dia 23 de junho (terça-feira), o palestrante do Ciclo de Seminários Integrados sobre Sars-Cov-2 (Covid-19), promovido pela Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia, será o pesquisador da instituição, Tiago Gräf. A apresentação abordará o tema “Origem e diversificação do SARS-CoV-2”. A sessão será transmitida pelo YouTube, às 16 horas e terá como mediadoras as pesquisadoras da Fiocruz Bahia, Patrícia Veras e Cláudia Brodskyn.

Clique aqui para acessar.

Sobre o palestrante

Tiago Gräf possui graduação em Biomedicina pela UFRGS, mestrado em Biotecnologia e doutorado em Biotecnologia e Biociências pela UFSC, com bolsa de doutorado sanduíche em KU Leuven, Bélgica. No período de 2016-2017, foi pesquisador em nível de pós-doutorado na Nelson Mandela School of Medicine, University of KwaZulu-Natal, África do Sul e de 2017-2019 foi professor adjunto do Departamento de Genética da UFRJ. Atualmente, é pesquisador em saúde pública Fiocruz Bahia, sendo suas principais linhas de pesquisa na área de evolução e epidemiologia molecular de vírus de RNA. 

Recentemente, Tiago Gräf foi contemplado na 3ª Chamada Pública de Apoio à Ciência do Instituto Serapilheira, com seu projeto “Identificação de vírus neuroinvasivos em casos de encefalite aguda no Nordeste do Brasil”. Também, o pesquisador participou do estudo coordenado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no qual foi estimado que o novo coronavírus circulou por semanas antes dos primeiros casos serem confirmados em países da Europa e das Américas, inclusive no Brasil.

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Pesquisa sugere que surto de chikungunya em 2015 não propiciou imunidade de rebanho, em Salvador

Um surto de chikungunya ocorreu em Salvador entre junho e novembro de 2015. Logo após, entre novembro de 2016 e fevereiro de 2017, pesquisadores realizaram um estudo com o objetivo de determinar a soroprevalência de anticorpos contra o vírus chikungunya, identificar fatores associados à infecção e estimar a taxa de infecção sintomática, em 1.776 habitantes do bairro de Pau da Lima, em Salvador. 

A chikungunya é causada por um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. Os indivíduos acometidos podem apresentar diversos sintomas, dentre eles febre e dor, principalmente nas articulações, chamada de artralgia. 

A pesquisa fez parte da dissertação de mestrado da enfermeira Rosângela Anjos, sob orientação do pesquisador da instituição, Guilherme Ribeiro, pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) da Fiocruz Bahia. Atualmente doutoranda pelo mesmo programa de pós-graduação, Rosângela é a primeira autora do artigo resultante do estudo, publicado na revista científica de prestígio Emerging Infectious Diseases.

No trabalho, os autores destacam que a prevalência de anticorpos contra o vírus da chikungunya entre os participantes do estudo foi de 11,8%, indicando que o surto da doença ocorrido em Salvador pode não ter propiciado à população imunidade de rebanho suficiente para impedir epidemias subsequentes. Imunidade de rebanho é quando uma grande parte da população se torna imune, após adquirir a doença ou após estratégias de vacinação em massa, protegendo o restante das pessoas que não possuem anticorpos, porque a transmissão se torna mais difícil com a redução de pessoas suscetíveis. 

A prevalência de infecção pela chikungunya foi maior entre os participantes que residiam em ruas não pavimentadas e em casas com paredes não rebocadas ou feitas de madeira ou outros materiais que não blocos. Esses resultados sugerem que os comportamentos e condições de vida associados à vulnerabilidade socioeconômica podem contribuir para uma maior exposição à picadas por mosquitos Aedes, aumentando o risco de infecção.

Outros dois achados chamaram atenção dos autores do estudo. Apenas 15,3% das pessoas com anticorpos contra chikungunya relataram um episódio de febre e artralgia entre 2015 (ano do surto da doença em Salvador) e a realização do estudo. Além disso, nenhum dos indivíduos que relataram tais sintomas mantiveram a artralgia por mais de 60 dias.

De acordo com os cientistas, esta observação precisa ser melhor investigada em estudos longitudinais, pois ela contraria o consenso da comunidade científica de que mais de 70% das pessoas infectadas por chikungunya apresentam sintomas. De qualquer forma, os achados levantam a hipótese de que, em determinadas circunstâncias, infecções assintomáticas e manifestações clínicas mais leves, com menores taxas de cronificação da artralgia, podem ocorrer. 

O estudo também concluiu que apesar dos vírus da chikungunya e da zika terem se espalhado pela cidade de Salvador no mesmo ano de 2015, a transmissão da chikungunya foi aparentemente muito menor, tendo infectado aproximadamente 12% da população, enquanto estima-se que o vírus da zika infectou entre 63% e 73% da população. Os autores apontam a competição viral entre hospedeiros e vetores como um possível elemento explicativo para esse fenômeno.

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Brasil quer investigar medicamentos biológicos e contrata pós-doutorando

No mundo, os medicamentos tradicionais, os sintéticos, já estão bastante estudados, mas existem diversos tipos de medicamentos obtidos por meio de células vivas, os medicamentos biológicos, e que demandam ainda muita investigação. Para atender uma demanda de saúde pública do Brasil e observar o comportamento desses medicamentos nos pacientes com doenças reumatológicas, o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) está estruturando um estudo de observação ao longo do tempo e, para isso, precisa de pesquisador (a). O centro seleciona um (a) pós-doutorando (a) até dia 19 de junho.

Para participar da construção da Coorte de Medicamentos Biológicos e Biossimilares, o perfil exige formação em Ciências da Vida e ou da Saúde e doutorado em área correlata, com conhecimento em farmacoepidemiologia, habilidade com métodos estatísticos e uso de softwares para análise de dados – conforme está descrito no edital disponível aqui. O pesquisador vai trabalhar com grandes bases de dados e deve ser capaz de manejar esses bancos de informação. A bolsa é de R$ 6 mil

A pesquisa é realizada de forma conjunta com pesquisadores e gestores do Cidacs/Fiocruz Bahia, do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde (DAF/MS) e da Fiocruz Brasília. Por isso, para esta pesquisa é requisitada a disponibilidade para viagem e capacidade de trabalhar de forma articulada.

No mundo, os biológicos atuam no tratamento de câncer, doenças neurológicas e inflamatórias, o que requer um grande investimento por parte dos governo, pela quantidade de pessoas atingidas por essas doenças. Uma das grandes questões é que os medicamentos biológicos não possuem a mesma estabilidade dos sintéticos e a reprodução de seu mecanismo, como acontece nos biossimilares, exige ainda estudos para se perceber os efeitos na população.

E é por isso que a Coorte tem sido projetada como um estudo longitudinal, observando os mesmos indivíduos e os adoecimentos que vão surgindo nesse grupo. Este estudo beneficiará pessoas que sofrem com doenças como artrite reumatóide e pode trazer novos métodos para usuários de medicação para diversas doenças crônicas do Brasil. 

O Cidacs/Fiocruz Bahia é vinculado ao Instituto Gonçalo Moniz, situado em Salvador, Bahia e atua com Núcleo de Pesquisa e Plataforma de Dados que atuam de forma conjunta. O espaço produz dados para pesquisadores internos responderem questões de saúde pública, associadas a fatores socioeconômicos, geográficos e genéticos.

 

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