Divulgado resultado da segunda chamada do Credenciamento dos Docentes PGPCT

O Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PPGPCT) torna pública a relação dos candidatos aprovados, em ordem alfabética, para a Segunda Chamada do Credenciamento de Novos Docentes, conforme Resolução 01, do PPGPCT. 

Esclarecimentos devem ser realizados através do e-mail pgpct@fiocruz.br.

twitterFacebookmail
[print-me]

Fiocruz Bahia lamenta falecimento do Pesquisador Emérito Zilton Andrade

A Fiocruz Bahia lamenta profundamente o falecimento do Pesquisador Emérito da Fiocruz, Zilton de Araújo Andrade, na manhã desta quarta-feira, 22 de julho. Zilton Andrade foi diretor e pesquisador da Fiocruz Bahia. Colaborou significativamente na construção da unidade, que possui um pavilhão com seu nome e abriga a maioria dos laboratórios da instituição. Aos 96 anos, deixou filhos e a esposa, Sonia Gumes Andrade, Pesquisadora Emérita da Fiocruz, com quem era casado desde 1953. 

Os Pesquisadores Eméritos da Fiocruz Zilton e Sonia Andrade, 2009.

Importante patologista, Zilton Andrade construiu sua trajetória profissional em áreas de pesquisa em doenças negligenciadas que ainda acometem a população. As contribuições relevantes para a medicina o levaram a obter reconhecimento nacional e internacional. “Dr. Zilton deixa um legado importantíssimo para a ciência brasileira e internacional, com contribuições na área de esquistossomose, doença de Chagas, em sociedades científicas como a de Medicina Tropical, entre outras. Deixará um vazio enorme na nossa ciência”, lamentou a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves. 

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral, ressaltou a contribuição do patologista para a comunicação social da ciência, como articulista no Jornal Tribuna da Bahia, “como mais uma evidência da enorme visão de futuro”, e a atuação exemplar de um médico-cientista em diversos aspectos. “Não bastasse tudo isto, o Prof. Zilton foi mais além, serviu de referência e estímulo para que mais de uma geração de jovens médicos trilhassem os caminhos da investigação científica. Criar e liderar uma escola médico-científica que se espraia para além da especialidade médica do seu líder é para poucos, é para os verdadeiramente iluminados”, afirmou.

O cientista foi igualmente importante na formação de recursos humanos de excelência, bem como da grande maioria dos pesquisadores da Fiocruz Bahia. Os pesquisadores Luiz Freitas e Mitermayer Galvão, da Fiocruz Bahia, salientaram a grande produção científica de Zilton Andrade: 277 artigos científicos publicados e orientação de 59 alunos, em teses de mestrado e doutorado. “Prof. Zilton foi o mestre no mais completo significado do termo: dedicado, íntegro, ético, produtivo e comprometido. Deixa, em todos nós, sua lembrança viva e memória a ser louvada e lembrada. Foi daqueles que cumpriu com galhardia sua passagem entre nós”, comentaram os colegas. 

Zilton Andrade nasceu em Santo Antônio de Jesus (BA). Formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), alcançou na universidade o posto de professor titular em 1974 e o título de Professor Emérito em 1985. Ingressou na Fundação Oswaldo Cruz em 1983, se aposentou em 1994 e, em 2012, recebeu o título de Pesquisador Emérito da Fiocruz. Era professor Permanente do curso de Pós-graduação em Patologia Humana (UFBA/Fiocruz). Entre suas condecorações mais importantes estão a de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidência da República do Brasil (1995) e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidente da República do Brasil (2005). É Membro da Academia Brasileira de Ciências.

twitterFacebookmail
[print-me]

Palestra aborda anatomia patológica da Covid-19

A palestra intitulada “Anatomia patológica da SARS-COV & Covid-19”, será realizada no dia 29 de julho, às 16h, através do canal do YouTube da Fiocruz Bahia. A apresentação faz parte do Ciclo de Seminários integrados sobre SARS-COV-2 (Covid-19) e será ministrada por Luiz Antonio Rodrigues de Freitas, pesquisador colaborador da Fiocruz Bahia e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O encontro será mediado pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia e patologistas, Sergio Arruda e Washington dos Santos.

O evento, promovido pela Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia, faz parte das atividades dos alunos dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI – Fiocruz Bahia). As apresentações abordam temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética.

Sobre o Palestrante

Luiz Freitas possui graduação em Medicina pela UFBA, mestrado e doutorado em Patologia Humana também pela UFBA. Fez pós-doutorado no Institut Pasteur de Lyon-França, em Patologia Ultraestrutural do Fígado, e na School of Public Health of Harvard University (EUA). É Professor Titular de Patologia da Faculdade de Medicina da Bahia (UFBA), atuando na graduação, e professor permanente do Programa de Pós-graduação em Patologia da UFBA/ Fiocruz Bahia. É Pesquisador Titular aposentado da Fiocruz Bahia.

Desenvolve atividades de pesquisa em Patologia Hepática com foco em patologia da esteato-hepatite, fibrose portal e carcinoma hepatocelular, trabalhando com doença humana e modelos experimentais murinos. Também desenvolve pesquisas em patologia das leishmanioses cutânea e visceral humana e leishmaniose visceral canina. Atua na área diagnóstica da patologia humana, na Fiocruz como pesquisador aposentado-colaborador do LAPEM, uma unidade de referência do Ministério da Saúde, para o diagnóstico histológico de doenças hepáticas e em transplantes hepáticos. É o atual Coordenador do Colegiado de curso de graduação em Medicina da Faculdade de Medicina da Bahia da UFBA.

 

twitterFacebookmail
[print-me]

Fiocruz Bahia premia melhores trabalhos de iniciação científica

A Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia, através do Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC), promoveu a premiação dos trabalhos de iniciação científica desenvolvidos na instituição. A Reunião Anual de Iniciação Científica (RAIC), que acontece tradicionalmente, não pode ser realizada devido às medidas de distanciamento social por conta da pandemia de Covid-19. A sessão de premiação foi realizada de forma remota, através do Zoom, no dia 10 de julho.

Participaram da premiação a vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, Patrícia Veras, e a coordenadora do PROIIC, Juliana Menezes Fullam, além dos integrantes da comissão de organização e apoio e dos estudantes. Os trabalhos foram avaliados por uma banca composta por pesquisadores internos e externos.

“O programa de Iniciação Científica é extremamente importante para a formação de novos pesquisadores. Apesar da pandemia, com o apoio da Fiocruz, da Diretoria do IGM e de pesquisadores do IGM e de instituições colaboradoras, conseguimos mais uma vez realizar a RAIC, desta vez em um novo formato. Em nome da comissão do PROIIC, gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para este evento e parabenizar todos os alunos que desenvolvem seus trabalhos com tanta dedicação”, comemorou Juliana.

Confira os premiados:

twitterFacebookmail
[print-me]

Produção e acesso à vacina Anti-Covid finaliza ciclo de webinários

Os desafios para produzir e distribuir a vacina Anti-Covid em um país com dimensões continentais como o Brasil serão discutidos no webinário “Desafios da produção e acesso da vacina Anti-Covid”, promovido pela Rede CoVida em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Associação Brasileira de Economia da Saúde (Abres). O evento ocorre nesta quinta-feira, dia 23 de julho, das 16h às 18h, e finaliza um ciclo de três webinários sobre a vacina anti-Covid.

Para falar sobre a produção, o  evento reúne a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade, e o diretor do Butantan, Dimas Covas, os centros de pesquisa responsáveis pela produção e realização de testes da fase 3 das vacinas contra Covid-19 com desenvolvimento mais avançado no mundo, respectivamente, a da Oxford/AstraZeneca e a chinesa Sinovac. A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Carla Domingues, familiar com os desafios de distribuição da vacina diante das especificidades brasileiras, finaliza a mesa de apresentadores do webinário.

O debate ficará por conta do vice-presidente da Abrasco, Reinaldo Guimarães, e da presidente da Abres, Érika Aragão. Os mediadores serão a presidente da Abrasco, Gulnar Azevedor, e o coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e um dos da Rede CoVida, Mauricio Barreto.

O webinário ocorre mediante a inscrição pelo Zoom, com vagas limitadas, e será retransmitido pelo youtube do Cidacs:

Participantes:
Nísia Trindade – Presidente Fiocruz
Dimas Covas – diretor Instituto Butantan
Carla Domingues – ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização (MS)

Debatedores:
Reinaldo Guimarães – Vice-presidente da Abrasco
Érika Aragão – Presidente da Abres, Ufba e Rede CoVida

Mediadores:
Gulnar Azevedo – Presidente da Abrasco
Mauricio Barreto – Coordenador do Cidacs e Rede CoVida

twitterFacebookmail
[print-me]

Pesquisa correlaciona parâmetros histopatológicos a lesões na leishmaniose cutânea

Um estudo da Fiocruz Bahiia buscou correlacionar os parâmetros histopatológicos de biópsias realizadas em lesões causadas pela leishmaniose cutânea, com o objetivo de encontrar informações que possam contribuir para a elucidação da patogênese da doença. Para isso, populações de células foram caracterizadas e quantificadas por pesquisadores, que correlacionaram esses dados com a necrose, inflamação e o número de leishmanias encontrados nas amostras.

A leishmaniose cutânea causada pelo parasito Leishmania braziliensis é transmitida através da picada do flebótomo, também conhecido como mosquito palha. A resposta imune desencadeada pela doença provoca uma inflamação cutânea exacerbada importante para controlar a carga parasitária, mas que também provoca danos aos tecidos, podendo causar feridas extensas.

A pesquisa, realizada com biópsias de 22 pacientes, foi coordenada pelo pesquisador, Sérgio Arruda, e a doutoranda, Maíra Saldanha, em colaboração com o pesquisador Edgar Carvalho e equipe. Os resultados foram publicados em artigo do periódico científico Frontiers in Cellular and Infection Microbiology.

No trabalho, os cientistas descrevem que as células T CD4+ foram correlacionadas positivamente com a extensão da inflamação, as células B e IL-1β+ foram associadas com a extensão da necrose, os macrófagos CD68+ e a perforina foram correlacionados com o número de parasitos e as células CD57+ foram correlacionadas com os macrófagos CD68+ e leishmanias.

Como conclusão, os autores do estudo sugerem que, na tentativa de controlar as leishmanias, os macrófagos infectados permanecem em estado ativado, devido à produção de citocinas pró-inflamatórias, contribuindo para dano do tecido. Os pesquisadores também propõem que a produção exacerbada de grânulos citotóxicos contendo perforina pode agravar a necrose da pele, contribuindo para o aumento das lesões.

twitterFacebookmail
[print-me]

Tese avalia potencial pró-angiogênico de células-tronco para superexpressar o fator inibidor de leucemia

Autoria: Girlaine Café Santos
Orientação: Milena Botelho Pereira Soares
Título da tese: “Potencial pró-angiogênico de células-tronco mesenquimais geneticamente modificadas para superexpressar o fator inibidor de leucemia (LIP)”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
Defesa: 03/08/2020
Horário: 14:00 
Local: Sala Virtual do Zoom

RESUMO

INTRODUÇÃO: A angiogênese é o processo de formação de vasos sanguíneos em tecidos adultos e a sua compreensão pode ajudar no desenvolvimento de terapias para doenças isquêmicas. As células-tronco mesenquimais (CTMs) são células com capacidade de autorrenovação, diferenciação e secreção de moléculas que exercem múltiplos efeitos biológicos, como regeneração tecidual, redução da inflamação e neovascularização, caracterizando uma importante ferramenta da medicina regenerativa. O potencial terapêutico das CTMs pode ser aumentado por modificação genética para superexpressão de citocinas e fatores de crescimento. A hipótese desse estudo considerou que a superexpressão do Fator Inibidor da Leucemia (LIF) em CTMs de camundongo aumenta o seu potencial pró-angiogênico.

OBJETIVOS: O objetivo desse estudo foi gerar uma linhagem de células-tronco mesenquimais geneticamente modificadas para superexpressar LIF (CTM_LIF) e avaliar o seu potencial angiogênico em modelos in vitro e in vivo.

METODOS: As CTMs derivadas da medula óssea de camundongo foram transduzidas usando um sistema lentiviral de segunda geração para expressar LIF humano. A expressão de LIF foi confirmada por RT-qPCR e por ELISA. A caracterização das células geradas foi realizada pelo ensaio de diferenciação em três linhagens e o imunofenótipo foi avaliado por citometria de fluxo. A atividade imunossupressora de CTM_LIF foi confirmada usando ensaio de linfoproliferação. A análise da expressão gênica dos principais marcadores de angiogênese e celulares perivasculares foi realizada por RT-qPCR e imunofluorescência. Para avaliar os efeitos de CTM_LIF em células endoteliais obtidas a partir da veia umbilical (HUVECs), foi realizado o ensaio de cicatrização de feridas. A capacidade de CTM_LIF de formar brotamento de microvasos in vitro foi investigada em culturas de anel aórtico. Finalmente, foi realizado um experimento para demonstrar a formação de novos vasos sanguíneos in vivo com angiorreator de Matrigel.

RESULTADOS: Após a transdução, CTM_LIF apresentou aumento de expressão e secreção de LIF, indicando o sucesso da modificação genética. A análise por citometria de fluxo e o ensaio de diferenciação de três linhagens mostraram que CTM_LIF manteve o imunofenótipo e a multipotência característicos de CTM. A análise de expressão gênica demonstrou regulação positiva dos genes que codificam fatores estratégicos no processo de neovascularização, como angiogenina, IL-8, Mcp-1 e Vegf, e para os marcadores celulares perivasculares ɑSma, Col4a1, Sm22 e Ng2. No ensaio de cicatrização de feridas, o meio condicionado de CTM_LIF promoveu um aumento significativo na migração celular em comparação com o meio condicionado de CTM controle. O ensaio de brotamento em culturas de anel aórtico demonstrou que CTM_LIF favoreceu surgimento e alongamento de microvasos no tecido. O ensaio com angiorreator mostrou que o CTM_LIF foi mais potente na promoção da vascularização tecidual in vivo do que as CTM de controle.

CONCLUSÃO: Em conclusão, a superexpressão de LIF é uma estratégia promissora para aumentar o potencial pró-angiogênico das CTM e cria precedentes para futuras investigações de suas aplicações no tratamento de doenças isquêmicas e reparo tecidual.]
PALAVRAS-CHAVE: Células-tronco mesenquimais, Modificação genética, LIF, Fatores pró-angiogênicos, Angiogênese.

twitterFacebookmail
[print-me]

Rede CoVida monitora os casos de Covid-19 no país e realiza predições

A “Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade” é um projeto de colaboração científica e multidisciplinar focado na pandemia de Covid-19. A rede visa ao monitoramento da pandemia no Brasil, com previsões de sua possível evolução. Visa também a produção de sínteses de evidências científicas tanto para apoiar a tomada de decisões pelas autoridades sanitárias quanto para informar o público em geral. É uma iniciativa conjunta do Cidacs/Fiocruz Bahia e da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com apoio de colaboradores de outras instituições de pesquisa nacionais e internacionais.

Um painel para monitoramento da doença no país, com atualização em tempo real, foi a primeira ação lançada pela rede. A plataforma permite que o usuário visualize os dados atuais, a evolução dos casos, os óbitos, a concentração da doença e a previsão da situação nos próximos dias em todos os estados e municípios no Brasil, com casos confirmados.

Toda a plataforma de monitoramento foi desenvolvida por quatro profissionais, em colaboração com dezenas de pesquisadores, que atuaram remotamente ao longo de 10 dias, seguindo recomendações do Ministério da Saúde. O CoVida produz boletins quinzenais que podem ser acessados no site do projeto.

De acordo com Gabriela Borges, estatística do Cidacs e uma das responsáveis pelo painel de monitoramento, uma das preocupações era oferecer uma visualização de dados compreensível para todos os públicos. “Utilizamos bibliotecas de web para desenvolver um painel que apresentasse os dados e predições de forma fácil de ser interpretada”, relata. 

Previsões rigorosamente calculadas podem ajudar na tomada de decisões

O modelo matemático implementado pelo grupo traz dados que ajudam os gestores públicos a tomarem decisões baseadas em evidências científicas. “O gestor que observa um modelo pode se antecipar na quantidade de leitos, nos tipos de leitos, nos materiais necessários e recursos humanos a serem recrutados no preparo dos sistemas e assistência à saúde”, explica Oliveira.

Além dos recursos físicos e humanos, estes cálculos também contribuem para avaliar os efeitos de medidas sociais, como restrições de circulação de pessoas e fechamento de estabelecimentos comerciais não-essenciais. “Comparamos experiências anteriores e observamos padrões de comportamento humano. Assim, fazemos a previsão de uma situação com uma margem de incerteza associada”, conta Oliveira.

Diversos modelos matemáticos estão sendo aplicados para compreender a atual pandemia de Covid-19. O Grupo de Trabalho de Modelagem da Rede CoVida adotou o modelo SIR; uma estratégia analítica produzida a partir de grupos de indivíduos classificados como Suscetíveis, Infectados e Recuperados. Uma das vantagens do modelo é a simplicidade e efetividade na modelagem de epidemias. “Estamos contribuindo para o fornecimento de uma visualização para população em tempo rápido daquilo que está acontecendo neste início da pandemia de coronavírus no Brasil”, defende Borges.

O integrantes do projeto já realizaram reuniões com gestores do Estado e dos municípios de Salvador e Camaçari para apresentar os cálculos realizados pela Rede CoVida. Além disso, a equipe participou de instâncias, como o Comitê Científico do Consórcio Nordeste, visando apoio na tomada de decisão a partir de evidências científicas.

Grupo de Epidemiologia & Informação da Rede CoVida

É responsável por organizar e garantir o fluxo regular de dados úteis e disponíveis sobre os diferentes aspectos da pandemia. Esse trabalho, em breve, resultará na construção de uma grande plataforma integrada de dados sobre a Covid-19, que permitirá cruzar diferentes informações e assim responder às mais diversas questões de pesquisa sobre a pandemia. Desse modo, esse grupo temático apoia as análises que se fizerem necessárias, contribui com os demais grupos temáticos em análises para responder questões de investigação específicas, além de apoiar a construção de relatórios e boletins.

Consulte o funcionagrama disponível em: https://covid19br.org/sobre/

Confira o vídeo do pesquisador Pablo Ramos sobre curva de contágio:

twitterFacebookmail
[print-me]

Plataforma de diagnóstico para Covid-19 aumenta capacidade de testagens na Bahia

Na pandemia da Covid-19, a realização do teste molecular para detecção de indivíduos infectados pelo novo coronavírus tem sido fundamental para a vigilância epidemiológica e implementação de políticas públicas. Por isso, a Fiocruz Bahia implantou a Plataforma de Diagnóstico da Covid-19 que, em maio, começou o projeto piloto para realização de diagnóstico pela técnica RT PCR, o teste molecular para detecção do material genético do vírus SARS-COV-2.

A iniciativa, que contribui para a ampliação da capacidade de testagem do estado, foi consolidada por meio de cooperação da Fiocruz Bahia com a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SESAB) e Prefeitura de Salvador, em consonância com a Coordenação de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz.

As amostras serão enviadas à Fiocruz Bahia pelas unidades de Saúde cadastradas no sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial – GAL, através do LACEN-BA. Os kits para diagnóstico são desenvolvidos pelos institutos de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro, e de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, destacou a importância das parcerias com instituições do Estado visando apoio às ações no enfrentamento ao novo Coronavírus. De acordo com a vice-diretora de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Camila Indiani de Oliveira, a técnica empregada na testagem já era utilizada em diversos projetos de pesquisa da instituição, assim como os equipamentos necessários. 

A nova estrutura conta com 4 equipes, totalizando 20 profissionais, formadas por estudantes de pós-graduação, pós-doutores e pesquisadores da Fiocruz Bahia, além de colaboradores da Prefeitura de Salvador. “Os integrantes das equipes se voluntariaram para participar desta iniciativa, o que muito nos deixa orgulhosos”, comentou Camila. Também trabalham junto aos grupos, profissionais responsáveis pela Biossegurança e Qualidade, para construir e revisar protocolos de diagnóstico, de biossegurança, de recebimento e processamento de amostras.

Teste molecular

A partir da chegada da amostra, a estrutura montada cuidará de garantir a descontaminação externa e certificará se a amostra enviada está em conformidade com os critérios de qualidade de coleta e transporte. Em seguida, a amostra seguirá para as etapas de aliquotagem e extração do material genético viral. 

Após a extração, segue-se para a realização do RT-PCR que permite a transcrição reversa do RNA viral em DNA complementar, e em seguida amplifica o DNA complementar através da reação em cadeia da polimerase em tempo real, permitindo a detecção do vírus. Os resultados obtidos serão analisados por uma equipe treinada para então serem registrados no GAL, para serem visualizados pelas unidades cadastradas requisitantes do teste. 

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Ricardo Khouri, explica que, a técnica molecular identifica o material genético do vírus mesmo antes dos sintomas surgirem e até, aproximadamente, dez dias após o início dos sintomas, isso permite o manejo do paciente de maneira mais eficaz. 

Além da técnica molecular que será utilizada na Fiocruz Bahia, existem também as técnicas sorológicas, que identificam a infecção de maneira indireta, através da detecção dos anticorpos no soro do paciente. De acordo com o pesquisador, a detecção dos anticorpos só pode ser utilizadas após alguns dias do aparecimento dos sintomas, pois o sistema imune dos pacientes necessita entre 7-14 dias após a infecção para produzir os anticorpos em quantidade suficiente para serem detectados. 

Confira aqui o comunicado que a diretoria da Fiocruz Bahia publicou para seus colaboradores, agradecendo a participação dos pesquisadores na plataforma. 

Confira algumas fotos da Plataforma:

twitterFacebookmail
[print-me]

Palestra aborda papel da imunossenescência no desfecho da Covid-19

A palestra “Papel da imunossenescência no desfecho da Covid-19”, que será realizada no dia 21 de julho, às 16h, no canal do YouTube da Fiocruz Bahia, será ministrada por Ana Maria Caetano de Faria, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), convidada da próxima edição do Ciclo de Seminários integrados sobre SARS-COV-2 (Covid-19).

O evento, promovido pela Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia, faz parte das atividades dos alunos dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI – Fiocruz Bahia). As apresentações abordam temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética

Sobre a palestrante
Ana Maria Caetano de Faria possui graduação em Medicina e mestrado em Microbiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutorado em Imunologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado pela Harvard Medical School, EUA. Foi Pesquisadora Visitante na Universitá di Bologna, na Itália, e na Rockefeller University, EUA. Foi membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), da Câmara de Assessoramento de Ciências Biológicas e Biotecnologia da FAPEMIG e do Comitê de Assessoramento de Imunologia do CNPq.

Atualmente, é Professora Titular de Imunologia da UFMG. Tem experiência na área de Imunologia, com ênfase em Imunobiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Imunologia de Mucosas, Imunobiologia da Nutrição, Tolerância oral, Imunobiologia do Envelhecimento. 

twitterFacebookmail
[print-me]

Iniciativa da Fiocruz Bahia utiliza as redes sociais para orientar pessoas com doença falciforme durante a pandemia

A Fiocruz Bahia está desenvolvendo uma ação voltada para pessoas com doença falciforme, com ênfase no período de pandemia da Covid-19. A iniciativa, intitulada Divulga Doença Falciforme, é promovida pelo Instituto Gonçalo Moniz (IGM), em parceria com profissionais da saúde, pesquisadores e pessoas nesta condição.

Utilizando perfis nas redes sociais TwitterFacebook  e  Instagram, as publicações têm como principal objetivo o compartilhamento de informação segura, de forma clara e acessível. Além de orientações, dicas e cuidados para uma melhor qualidade de vida, especialmente, durante o período de pandemia da COVID-19.

A ação integra o projeto Divulgação Científica para Pessoas com Doença Falciforme e seus Familiares, apoiado pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz.

A instituição ocupa posição de destaque na produção de pesquisas sobre a doença falciforme e seus impactos perante a sociedade, promovendo projetos multidisciplinares que possibilitam a sensibilização da comunidade com relação aos vários eventos clínicos que acometem os indivíduos com a doença, sua origem, os cuidados e atenção necessários ao acompanhamento dos pacientes.  As pesquisas abordam ainda as principais estratégias necessárias à educação dos familiares que lidam no seu dia a dia com a doença, como é o caso do Laboratório de Investigação em Genética e Hematologia Translacional (LIGHT), do IGM.

Para acompanhar as publicações basta seguir o perfil @DDFalciforme, no Facebook, Twitter e Instagram. 

twitterFacebookmail
[print-me]

Prorrogadas as inscrições do processo seletivo do PgPAT

A Coordenação do PgPAT, devido à instabilidade nos sites institucionais por um problema técnico, prorrogou as inscrições da seleção do Edital 2-2020, impreterivelmente, até amanhã, 14/07/2020, às 11h59.

Os que não receberam a ficha de inscrição por e-mail, ou que tiveram algum tipo de problema, poderão enviar mensagem para o e-mail pgpat@bahia.fiocruz.br .

Para utilizar o site do PgPAT e a plataforma SGT, bem como o site do IGM, a coordenação sugere acessar através do navegador Mozilla Firefox ou Internet Explorer, além de desativar Cookies e Pop up.

twitterFacebookmail
[print-me]

Inscrições para mestrado e doutorado do PgPAT encerra dia 13 de julho

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Patologia (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) torna público o edital do processo seletivo para nível de Mestrado e Doutorado, Stricto sensu, no primeiro semestre do ano de 2020. As inscrições encerram dia 13 de julho.

Clique aqui para acessar o edital.

O programa oferece duas áreas de concentração: Patologia Humana e Patologia Experimental, com forte ênfase e tradição em linhas de pesquisa que envolvem patologia e imunopatologia de doenças infecciosas e parasitárias.

Mais recentemente e, em consonância com a transição epidemiológica no cenário da saúde, foram fortalecidas outras linhas de pesquisa que compreendem o estudo de biomarcadores, busca de agentes anti-câncer e patogênese de neoplasias malignas, doenças crônico-degenerativas e outras doenças genéticas, como as hemoglobinopatias.

O PGPAT é avaliado como curso de excelência com nível 6-CAPES, único programa em Patologia nas regiões Norte e Nordeste. O PGPAT contribui para formação de recursos humanos qualificado, constatada pela atuação de egressos do programa em Institutos de Ensino Superior (IES) como professores e pesquisadores.

twitterFacebookmail
[print-me]

Divulgado edital de seleção para mestrado e doutorado do PgBSMI 2020.2

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) divulga chamada para inscrição de candidatos que desejem participar do processo seletivo 2020.2, para ingresso nos níveis de Mestrado e Doutorado. As inscrições vão até 20 de julho.

Os cursos do PgBSMI possuem conceito 6 pela Capes e destinam-se à formação de profissionais com elevada qualificação para o exercício de atividades acadêmicas, científicas e tecnológicas nas suas áreas de concentração. Clique aqui e acesse o edital.

O Mestrado tem por objetivo o aprofundamento do conhecimento técnico, científico e ético do aluno, visando à qualificação supracitada. O Doutorado tem por objetivo o desenvolvimento de competência para conduzir pesquisas originais e independentes em áreas específicas.

twitterFacebookmail
[print-me]

Tese analisa aspectos clínico-imunológicos de indivíduos com esquistossomose

Autoria: Michael Nascimento Macedo
Orientação: Ricardo Riccio Oliveira
Título da tese: “Aspectos clínico-imunológicos e perfil de células linfoides inatas do tipo 2 (ILC2) de indivíduos com esquistossomose mansônica humana”.
Programa:Pós-Graduação em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
Defesa: 13/07/2020
Horário: 14:00 
Local: Sala Virtual do Zoom. ID da reunião 938 3523 1236.

RESUMO

INTRODUÇÃO: A esquistossomose é uma doença causada por parasitas do gênero Schistosoma. Atualmente, sabe-se que cinco diferentes espécies podem causar doença no homem, dentre elas o Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose no Brasil. Essa doença se distribui em 78 países e acomete aproximadamente 250 milhões de pessoas. Enquanto a fase aguda da infecção é marcada pela produção de citocinas Th1, na fase crônica da infecção, observa-se um predomínio de citocinas Th2 que, a longo prazo, contribuem mais para os danos observados, do que para a proteção. Um grupo recentemente descoberto de células, as células linfóides inatas do tipo 2 (ILC2), vem sendo descrito como importantes no contexto de doenças que cursam com uma resposta Th2, como nas helmintíases. Acredita-se que nestas condições as ILC2 sejam fundamentais produtoras de citocinas Th2, como a IL-13, contribuindo para os principais eventos danosos. Apesar disso, o seu papel na esquistossomose mansônica humana ainda não foi elucidado.

OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi caracterizar o fenótipo e perfil de citocinas de células linfoides inatas do tipo 2 (ILC2) circulantes em indivíduos infectados pelo Schistosoma mansoni.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram recrutados indivíduos infectados pelo S. mansoni residentes em uma área endêmica e controles saudáveis não residentes. Para as dosagens de citocinas séricas, foram coletadas amostras de sangue periférico para a separação do soro e dosagem das citocinas Th1, Th2 e Th17 por meio ELISA e CBA. Também foram utilizadas amostras de soro para a avaliação da concentração sérica das enzimas hepáticas TGO, TGP, γGT e ALP, para avaliação dos danos hepáticos. A frequência das ILC2 foi avaliada por citometria de fluxo e a sua cultura foi realizada após separação destas por sorting. A produção das citocinas por ILC2 isoladas por sorting também foi avaliada pelos métodos de ELISA e CBA.

RESULTADOS: Os dados deste trabalho mostram que indivíduos infectados pelo S. mansoni apresentam elevadas concentrações séricas das citocinas TSLP e IL-13, e que o tratamento da doença induz à redução desses níveis. Além disso, também foi possível observar que estes indivíduos apresentam significativas alterações nas concentrações das enzimas hepáticas TGO, TGP, γGT e ALP. Além disso, o coeficiente de Ritis, que avalia a presença de lesões crônicas, mostrou que 98,5% dos participantes podem apresentar lesões crônicas, provavelmente com fibrose ou cirrose hepática. Apesar de não haver diferença na frequência das ILC2 entre infectados e controles, os indivíduos com esquistossomose apresentam maior expressão do receptor CRTH2. Além disso, as ILC2 isoladas por sorting de indivíduos infectados, também produzem mais IL-13 em comparação com os controles.

CONCLUSÕES: Com esse estudo, foi possível demonstrar, que o tratamento da esquistossomose mansônica humana diminui as concentrações séricas das citocinas TSLP e IL-13, envolvidas nos processos de manutenção e homeostase. A partir dos resultados, também foi possível sugerir que as ILC2 podem ser uma importante fonte de IL-13, uma vez que indivíduos infectados apresentam elevadas concentrações no soro e essa alta concentração também pôde ser demonstrada por ILC2 in vitro.

Palavras-chave: Esquistossomose mansoni, Células linfoides inatas do tipo 2, CRTH2, citocinas, TSLP, IL-13, fibrose.

 

twitterFacebookmail
[print-me]

Pesquisador da Fiocruz Bahia estuda como o coronavírus afeta órgãos

Um grupo de pesquisadores do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e do Programa Inova Fiocruz, analisa como o organismo lida com a infecção ocasionada pelo coronavírus. O objetivo do estudo é entender como é possível reconhecer precocemente o paciente que possui risco de evoluir para um quadro grave e possíveis estratégias para reverter este prognóstico.

À frente da pesquisa, Washington dos Santos explica que para realizar o estudo a equipe vai pedir a autorização para fazer exames em órgãos de pessoas que foram a óbito devido à Covid-19. “Vamos fazer análises microscópicas, incluindo de microscopia eletrônica e dos genes, para identificar o que está sendo ativado e as substâncias químicas que o organismo produz no local”, disse o pesquisador.

Washington ressalta que o interesse para desenvolver o estudo veio do anseio como médico de contribuir na busca por soluções empreendida pela Fiocruz para lidar com a pandemia. “Eu já liderava um grupo de pesquisa em patologia estrutural e molecular na Fiocruz, então já tínhamos o interesse em entender como ocorrem as modificações na morfologia dos órgãos atingidos por doenças”, disse ao destacar que outra vantagem deste trabalho é a formação de um grupo técnico capaz de atuar em diversas situações envolvendo o surgimento de novas doenças, como é o caso da Covid-19.

Ele também alega que são poucos os grupos de pesquisas que trabalham nesta linha específica, pois há dificuldades na coleta de amostras de órgãos internos de pacientes que morrem pela doença. “Temos três grupos no país inteiro fazendo trabalhos similares ao nosso, mas a especificidade do nosso projeto é a profundidade de análise de moléculas e genes em larga escala. Futuramente, esperamos formar uma rede de parceria e troca de conhecimentos com esses outros grupos de pesquisa”.

Segundo o pesquisador, com a realização desse projeto, espera-se criar subsídios para redirecionar tratamentos e monitorar a toxicidade por drogas ou sobre lesões ainda desconhecidas. “Durante a pandemia, criaremos na página do IGM-Fiocruz um observatório para informar, em tempo real, aos profissionais que atuam no tratamento e pesquisa sobre a Covid-19, a respeito de alterações encontradas na análise dos órgãos dos pacientes. O trabalho está em fase inicial e recentemente foi aprovado em editais da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e do Programa Inova Fiocruz, ambos voltados para contemplar equipes com projetos relacionados ao coronavírus.

*Com informações da SECTI.

twitterFacebookmail
[print-me]

Imunidade para Covid-19 é tema de seminário

A palestra “Pandemia, Imunidade: Tempo, Tempo, Tempo, Tempo”, que será realizada no dia 14 de julho, às 16h, no canal do YouTube da Fiocruz Bahia, será ministrada por Marcelo Bozza, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), convidado da próxima edição do Ciclo de Seminários integrados sobre SARS-COV-2 (Covid-19). 

O evento, promovido pela Vice-diretoria de Ensino da Fiocruz Bahia, faz parte das atividades dos alunos dos programas de pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI – Fiocruz Bahia). As apresentações abordam temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética 

Sobre o palestrante

Marcelo Bozza possui graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1990), mestrado em Biologia Parasitária pela Fiocruz (1993) e doutorado em Biologia Celular e Molecular também pela Fiocruz (1998). Foi research fellow da Harvard School of Public Health (1994-1996). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro participando ativamente da formação de alunos de graduação e pós-graduação. 

Ajudou na criação e coordenou o programa de pós-graduação em Imunologia e Inflamação (UFRJ) de 2012 a 2016, é coordenador da Rede Multidisciplinar de Biologia Computacional para o estudo da interação parasito-hospedeiro do Programa de Biologia Computacional da CAPES, foi membro do CA de Imunologia do CNPq e secretário-geral da Sociedade Brasileira de Imunologia (2013-2015). 

Recebeu a Cátedra Capes-Sorbonne para lecionar e pesquisar no Museum National d”Histoire Naturelle em Paris (2016). Em 2019, tornou-se membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Atualmente é Scholar da Fulbright na New York University School of Medicine (2018-2019). Tem experiência na área de imunologia, com ênfase em inflamação, atuando principalmente nos seguintes temas: inflamação e imunidade inata.

twitterFacebookmail
[print-me]

Pesquisadora da Fiocruz Bahia explica relação entre pandemia e meio ambiente

Em 1580, um vírus do tipo influenza, que causa gripe, surgiu na Ásia e se espalhou para a África, Europa e América do Norte. Uma das pandemias mais graves, conhecida como gripe espanhola, ocorreu entre 1917 e 1920, quando também um vírus influenza levou à morte milhões de pessoas em todo o mundo. 

O surgimento dessas pandemias, bem como de Covid-19, está relacionado a uma complexidade de fatores, como densidade populacional humana, mudanças antropogênicas, desmatamento e expansão de terras agrícolas, intensificação da produção animal, aumento da caça e comércio da vida selvagem, além da mobilidade humana numa sociedade cada vez mais globalizada. 

“Os cientistas estimam que cerca de 70% das doenças infecciosas emergentes surgem da interação entre o homem e o meio ambiente, principalmente pela manipulação inadequada de animais silvestres e pelo impacto nos habitats naturais. É por isso que doenças como HIV, ebola, dengue, zika e chikungunya, assim como a Covid-19, são conhecidas como zoonoses, pois eram originalmente patógenos que circulavam apenas em animais, vertebrados ou invertebrados”, explica a pesquisadora da Fiocruz Bahia, Nelzair Vianna. 

A especialista afirma que as seqüências de RNA do novo coronavírus se assemelham às dos vírus que circulam silenciosamente nos morcegos, que infectaram espécies animais vendidos em mercados na China. O que se sabe até o momento, é que, provavelmente, foi através da manipulação no comércio desses animais e a falta de condições sanitárias, que os seres humanos entraram em contato com o vírus e foram contaminados.

“Vivemos a Era do Antropoceno, caracterizado sobretudo pelo impacto que o ser humano tem causado nos ecossistemas. Estamos observando um desenvolvimento econômico que tem modificado de forma alarmante as condições climáticas no planeta, num movimento de globalização e exploração do ambiente que não tem considerado os limites das fronteiras planetárias”, comenta Nelzair.  

Outras pandemias têm ameaçado a saúde pública e não estão relacionadas com agentes infecciosos. Elas foram descritas pela Comissão EAT– Lancet, uma iniciativa sobre nutrição liderada pela revista científica The Lancet, como ‘Sindemia Global’, pois se refere aos impactos gerados pela mudança climática, desnutrição e obesidade. 

A crise climática se configura também como uma ampla crise de saúde, pois os impactos do aquecimento global são profundos e de longo alcance: “põe em risco a segurança alimentar, possibilita a propagação de vetores transmissores de diversas doenças, provoca escassez de água e eventos extremos, dentre outros problemas importantes. Embora estes efeitos na saúde sejam reconhecidos na comunidade científica, a saúde ainda não entrou no centro das políticas climáticas”, aponta a pesquisadora. 

Mudanças necessárias 

Não há como prever quando será a próxima pandemia, mas de acordo com Nelzair, as políticas para promover pesquisas sobre as interações entre ser humano e animais silvestres podem fornecer maneiras de evitar e estimar melhor o surgimento de uma nova pandemia. Nesse sentido, alguns campos de estudo têm surgido na busca de soluções. Um deles é ‘a saúde planetária’, que estuda a relação da saúde da civilização humana e o estado dos sistemas naturais aos quais ela depende. 

Na busca de aprimorar a proteção contra pandemias, principalmente por meio do aumento da biossegurança agrícola e vigilância de doenças em animais e pessoas, também foi criada uma estrutura política denominada One Health, formada pela Organização Mundial da Saúde, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação e a Organização Mundial da Saúde Animal.

Para a pesquisadora, o avanço da integração do risco de Doenças Infecciosas Emergentes requer uma abordagem de pesquisa interdisciplinar, pois o surgimento de doenças envolve mudanças socioeconômicas e ambientais e aspectos biológicos e comportamentais de seres humanos e animais.

“A pandemia tem nos alertado para o abismo das desigualdades sociais e a necessidade urgente de políticas para preencher as lacunas das bases sociais, que ainda é desprovida do mínimo de acesso aos recursos naturais básicos como água e ar de qualidade e saneamento básico para uma vida saudável”, declara.

A especialista diz que uma das grandes lições aprendidas com a pandemia é que a colaboração entre cidadãos, instituições e governos podem reduzir o impacto ambiental das ações humanas. E espera-se que sejam adotadas políticas de crescimento, que considerem especialmente as fronteiras planetárias das mudanças climáticas, a biodiversidade, o uso e degradação do solo e que os cidadãos passem a fazer escolhas mais conscientes. 

Impacto da pandemia sobre meio ambiente

A pandemia da Covid-19 provocou uma desaceleração de atividades humanas. Com isso, diversos eventos, como a circulação de animais em áreas das quais foram afastados pela presença humana e as reduções da poluição do ar e dos gases de efeito estufa resultantes de paralisações econômicas em larga escala, chamam atenção nesse período de isolamento. 

Pesquisas recentes mostraram a redução da concentrações de material particulado no ar em diversas cidades. Em Nova York, foi observada redução de até 32%; em Saragoça, Espanha, um declínio de 58% foi observado em março de 2020 em comparação a fevereiro do mesmo ano. Mas haverá impactos positivos da pandemia sobre meio ambiente? 

De acordo com Nelzair, não temos muito o que comemorar, pois a combinação entre pandemia e colapso econômico não é uma estratégia viável para reduzir os riscos climáticos. O ideal é uma redução consciente promovida por políticas públicas de redução das fontes poluidoras e escolhas individuais mais sustentáveis.

A pesquisadora fez referência à analogia com o mito da caixa de Pandora, imaginando que o novo coronavírus tenha escapado devido a desobediência humana. “Os deuses teriam dado a Pandora uma jarra trancada que ela nunca deveria abrir. Impulsionada pelas fraquezas humanas, ela abriu, liberando os infortúnios e pragas do mundo. Podemos observar que a agressão compulsiva ao meio ambiente, causada pelo modelo econômico e estilo de vida impostos por uma sociedade globalizada, têm disseminado tantos males no planeta”, reflete. 

Entretanto, afirma a pesquisadora, “devemos nos animar com a versão Hesíodo do mito de Pandora, na qual ela conseguiu impedir uma única fuga: a da esperança, ‘ela permaneceu sob os lábios do frasco e não voou para longe’, a esperança de um mundo saudável e ambientalmente seguro”.

twitterFacebookmail
[print-me]

Fiocruz é homenageada pela Academia de Ciências da Bahia por seus 120 anos

Em cortejo virtual do “Dois de julho em Defesa da Ciência”, a Fundação Oswaldo Cruz foi homenageada por sua contribuição à ciência nos seus 120 anos. A sessão contou com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e com a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves. A ação, realizada hoje, foi coordenada pela Academia de Ciência da Bahia (ACB). No evento, foi destacada a importância histórica da Fundação, tanto no combate a emergências sanitárias, como também na inovação em pesquisa em saúde e biotecnologia, que tem ajudado no combate da pandemia da Covid-19.

Também estavam presentes Jailson Andrade, presidente da ACB; Antônio Carlos Vieira, presidente da Academia de Medicina da Bahia; Adélia Pinheiro, Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti); Simone Kropf, pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC); e Carlos Machado Freitas, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz).

O encontro fez parte da manifestação que tradicionalmente percorre em cortejo bairros do Centro Histórico de Salvador, que esse ano aconteceu de forma virtual, reunindo instituições como Universidade Federal da Bahia e outras universidades e entidades federais e estaduais, além de nomes de destaque, como o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, e o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e reitor da UFBA, João Carlos Salles.

A Fiocruz completou 120 anos no dia 25 de maio de 2020, momento em que o Brasil e o mundo enfrentam o maior desafio sanitário, econômico, social, humanitário e político do século 21, a pandemia da Covid-19. Com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a instituição foi criada com o objetivo de combater epidemias como a da peste bubônica, da febre amarela e da varíola, que ameaçavam a então capital da República, o Rio de Janeiro. Mais de um século depois, agora na pandemia do novo coronavírus, a atual Fundação Oswaldo Cruz, maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina, continua na linha de frente do enfrentamento das doenças.

Durante a homenagem, Nísia Trindade, abordou o tema “Fiocruz: patrimônio da sociedade”,   pontuando a história da instituição. “Desde a sua criação, em 1900, a Fiocruz participa do Estado do Brasil. Há o marco da forte mobilização aos sertões e expedições científicas, que percorreram vastas regiões do país. Ao longo da sua história, a Fundação também teve presença na criação da constituição cidadã e no Sistema Único de Saúde (SUS) em 88. Dois pilares de identidade institucional”, mencionou.

A presidente da Fiocruz também homenageou os pesquisadores eméritos da Fiocruz Bahia, afirmando que são “a representação da tradição da boa pesquisa do Instituto Gonçalo Moniz, que também se expressam na atual geração de pesquisadores”.

Além disso, Nísia abordou a presença da Fiocruz nas áreas de pesquisa, ensino, atenção à saúde, produção e inovação, e destacou a presença no enfrentamento da pandemia da Covid-19, por ser a instituição líder da rede de pesquisa Solidariedade, da Organização Mundial da Saúde, dentro do Brasil, e conveniada com instituições para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus.

Na sessão, a diretora da Fiocruz Bahia pontuou a importância da Fiocruz e sua relação com a produção da ciência, durante a pandemia da Covid-19, e mencionou a atuação do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), que completou 63 anos de atuação esse ano. “Nestes 63 anos do IGM, agradeço a todos os pesquisadores da instituição, principalmente nesse momento de pandemia, por seus serviços. É importante reforçar a resposta e apoio que temos dado, junto com os pesquisadores, ao estado e município”, ressaltou Marilda.

A diretora também declarou que, no 2 de Julho, também é necessário lutar pelos investimentos e recursos na área da ciência: “uma data de resistência, em que temos esperança de que os nossos financiamentos em ciência e tecnologia sejam retomados. O 2 de Julho é uma luta da sociedade e da ciência. Juntos, iremos desenvolver nossa sociedade e nosso país”, comentou.

A relevância da atuação da Fiocruz na saúde

A secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, Adélia Pinheiro, apontou as atuações da Fiocruz, em especial no contexto da pandemia e sua relação com a tecnologia. “Nesta data, em que comemoramos a nossa independência, e que aproveitamos para destacar a união da sociedade e a estrutura de estado com a ciência e tecnologia, é que estamos juntos para congratular o importante papel que a Fiocruz tem feito. No contexto da pandemia, a Fundação se destaca na assistência e na projeção de futuro, quando pensamos na vacina, medicação, ou em diagnóstico, e também em outras atividades, como a nossa parceira com o Tele Coronavírus – 155”, destacou.

O presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Andrade, também reitera a importância histórica da Fiocruz no combate à emergências sanitárias, como na última epidemia de Zika.” Com 120 anos, já enfrentou a gripe espanhola e febre amarela e tem um histórico de resistência na saúde no Brasil. Tem uma presença nacional, o que dá uma agilidade imensa. Na questão da Zika, há três anos, a Fiocruz foi uma das líderes na questão da pesquisa”, relembrou.

Simone Kropf evidenciou a importância histórica da Fiocruz para a ciência, “Quero ressaltar uma ideia que sempre marcou um projeto institucional, de Oswaldo Cruz, que a instituição não deve se resumir a respostas de emergências sanitárias, mas deve ser uma instituição de pesquisa e ensino, autônoma e de relevância internacional. Sem isso, a instituição não poderia dar uma boa resposta às emergências, com autonomia e inovações tecnológicas”, explicou.

Antônio Carlos Vieira apontou que a Academia de Medicina da Bahia se “sente honrada por participar desse evento, por estar presente na homenagem dos 120 anos de função da Fiocruz”. Também afirmou a importância histórica do Dois de Julho e o trabalho da ciência no Brasil. “A associação deste evento com a data que comemora a consolidação da independência e a expulsão dos portugueses é muito expressiva. Há 197 anos, os baianos lutavam pela nossa independência política, pela construção do Brasil como um país livre e hoje lutamos pela ciência, carente de suporte e importância política”.

Já Carlos Machado, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz), refletiu sobre a responsabilidade dos cientistas, no Brasil, em desenvolver um futuro promissor para a sociedade, citando o livro “Cidades Invisíveis”, de Ítalo Calvino: “cabe a nós, na Fiocruz, como cabe a nós todos envolvidos na ciência brasileira, descortinar o que e quem pode construir um futuro diferente. Porque os futuros realizados são apenas ramos secos e nós temos uma responsabilidade imensa em realizar esses futuros”, explanou.

twitterFacebookmail
[print-me]

Sessão da Academia de Ciências da Bahia vai homenagear os 120 anos da Fiocruz

A Academia de Ciências da Bahia (ACB) realizará uma sessão em homenagem aos 120 anos da Fiocruz, no dia 2 de julho, a partir das 10 horas. O evento será transmitido através do endereço https://rebrand.ly/2dejulho.

O encontro faz parte da programação da manifestação, que tradicionalmente percorre em cortejo bairros do Centro Histórico de Salvador, que esse ano acontecerá de forma virtual, reunindo instituições como Universidade Federal da Bahia e outras universidades e entidades federais e estaduais, além de nomes de destaque, como o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e reitor da UFBA, João Carlos Salles.

A mesa de abertura da sessão contará com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, que também ministrará a palestra “Fiocruz: patrimônio da sociedade”; da Diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; da secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), Adélia Pinheiro; do presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Bittencourt; e do presidente da Academia de Medicina da Bahia, Antônio Carlos Vieira. As apresentações serão realizadas pelos pesquisadores Simone Kropf, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/ Fiocruz), e Carlos Machado Freitas, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz).

120 anos da Fiocruz

A Fiocruz completou 120 anos no dia 25 de maio de 2020, momento em que o Brasil e o mundo enfrentam o maior desafio sanitário, econômico, social, humanitário e político do século 21, a pandemia da Covid-19. Com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a instituição foi criada com o objetivo de combater epidemias como a da peste bubônica, da febre amarela e da varíola, que ameaçavam a então capital da República, o Rio de Janeiro. Mais de um século depois, agora na pandemia do novo coronavírus, a atual Fundação Oswaldo Cruz, maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina, continua na linha de frente do enfrentamento das doenças.

Confira a programação completa da sessão:

twitterFacebookmail
[print-me]

Estudo identifica circulação de nova linhagem da Zika no Brasil

Mesmo em meio a uma pandemia que tem afetado o cotidiano de todos, a população brasileira ainda convive com as consequências da última emergência nacional de saúde pública: a da Zika, que desde 2015 levou ao nascimento de 3.534 bebês com Síndrome Congênita da Zika (SCZ).

Uma nova linhagem do vírus da Zika foi descoberta circulando recentemente no Brasil por pesquisadores do Centro de Integração de dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a possibilidade de reemergência da epidemia de arbovirose ganhou mais força. O achado foi publicado no início de junho no periódico International Journal of Infectious Diseases e serve como alerta para a vigilância da doença.

De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, das principais arboviroses que circulam no Brasil, a Zika tem sido a com menor número de casos em 2020: foram notificados 3.692 casos prováveis (taxa de incidência 1,8 casos por 100 mil habitantes), em detrimento de 47.105 casos prováveis de  chikungunya (taxa de incidência de 22,4 casos por 100 mil habitantes) e 823.738 casos prováveis (taxa de incidência de 392,0 casos por 100 mil habitantes) de dengue. Mas essa situação pode mudar caso uma nova linhagem genética comece circular na população.

Ferramenta

A introdução de uma nova linhagem no país foi identificada por uma ferramenta de monitoramento genético desenvolvida por pesquisadores vinculados ao Cidacs e ao Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia); Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC); Universidade Salvador (UNIFACS) e a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP).

O pesquisador da Plataforma de Bioinformática do Cidacs, Artur Queiroz, um dos líderes do estudo, explica que a ferramenta desenvolvida pelo grupo analisa sequências disponíveis em banco de dados públicos e permite identificar as linhagens de Zika presentes em bases de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI – Centro Nacional de Informação Biotecnológica, em tradução livre).

“Pegamos esses dados e analisamos, selecionamos as sequências do brasil e mostramos a frequência desses tipos virais ano a ano. O principal achado é que vemos uma variação de subtipos e linhagens durante os anos, sendo que em 2019 há o aparecimento, mesmo que pequeno, de uma linhagem que até então não era descrita circulando no país”, explica.

Identificação

São conhecidas duas linhagens do vírus Zika: a asiática e a africana (sendo que essa é subdividida em oriental e ocidental). A ferramenta analisou 248 sequências brasileiras submetidas a base de dados desde 2015. Até 2018, os dados genéticos encontrados eram majoritariamente cambojanos (mais de 90%), proporção que mudou radicalmente em 2019, quando o subtipo oriundo da micronésia passou a ser responsável por 89,2% das sequências submetidas ao banco genético.

Mas o que surpreendeu os pesquisadores foi a identificação da emergência do tipo africano, até então inexistente no Brasil. “A linhagem africana foi isolada em duas regiões diferentes do Brasil: no Sul, vindo do Rio Grande do Sul, e no Sudeste, do Rio de Janeiro”, informa o estudo.

A distância geográfica e a diferença de hospedeiros (uma foi encontrada em um mosquito “primo” do Aedes aegypt, o Aedes albopictus, e outro em uma espécie de macaco) sugerem que essa linhagem já está circulando no país há algum tempo e pode ter potencial epidêmico, uma vez que a maior parte da população não tem anticorpos para essa nova linhagem do vírus.

Para Queiroz, o achado demonstra a utilidade da ferramenta como “um bom mecanismo de vigilância e alerta para a possibilidade de uma nova epidemia do vírus Zika”.

“Atualmente, com as atenções voltadas para a Covid-19, este estudo serve de alerta para não esquecermos outras doenças, em especial Zika. A circulação do vírus no país, bem como a realização de estudos genéticos devem continuar sendo realizados a fim de evitar um novo surto da doença com o novo genótipo circulante”, reforça Larissa Catharina Costa, uma das autoras do estudo.

A ferramenta desenvolvida pelos pesquisadores pode ser encontrada em https://saga.bahia.fiocruz.br/saga/

Estudo: A recursive sub-typing screening surveillance system detects the appearance of the ZIKV African lineage in Brazil: Is there a risk of a new epidemic? https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(20)30397-0/fulltext

 

Pesquisador(es): Artur QueirozLarissa Catharina CostaIrahe KasprzykowskiEduardo Fukutani.

twitterFacebookmail
[print-me]

Estudo indica que diabetes induz aumento de susceptibilidade à leishmaniose cutânea

Uma pesquisa realizada em pacientes portadores de diabetes com infecção por Leishmania braziliensis identificou que a produção desequilibrada de LTB4 e PGE2 (moléculas envolvidas em processos inflamatórios), provocada pela glicose alta, contribui para agravamento do quadro da leishmaniose cutânea. O trabalho foi descrito em artigo publicado no periódico Emerging Microbes and Infections, e tem como primeiro autor o doutorando do PGPAT da Fiocruz Bahia, Icaro Bonyek, orientado pela pesquisadora da instituição,  Natália Tavares.

O estudo de coorte transversal foi realizado entre os anos de 2015 a 2018, com visitas quinzenais de uma equipe de médicos à área endêmica da doença, no distrito de Corte de Pedra, no município de Tancredo Neves, Bahia. Para as análises, foram realizados exames de sangue e biópsia de pele de indivíduos diabéticos com leishmaniose cutânea comparados com indivíduos apenas com leishmaniose cutânea.

Os achados apontam que o estado glicêmico e o nível elevado de LTB4 afetam diretamente o tempo de cicatrização das lesões da leishmaniose. Além disso, constatou-se que os macrófagos (células de defesa) dos diabéticos com leishmaniose cutânea são mais suscetíveis à infecção por L. braziliensis.

Com isso, os cientistas chegaram à conclusão que o diabetes induz um perfil inflamatório sistêmico nos pacientes com leishmaniose cutânea, causado pelo LTB4, que se correlaciona com a capacidade reduzida de cicatrização e de eliminar os parasitas.

Os pesquisadores sugerem que o LTB4 desempenha um papel central na resposta imune inata e tem influência significativa no resultado da leishmaniose cutânea, definindo um indivíduo como resistente ou suscetível à infecção pela Leishmania, o que pode indicar o LTB4 como um alvo potencial para futuras intervenções em pacientes com essa comorbidade.

twitterFacebookmail
[print-me]