Autoria: Marbele Guimarães de Oliveira Orientação: Daniel Abensur Athanazio Título da dissertação: “Estudo de padrões histológicos e perfil imuno-histoquímico em linfonodos mediastinais que interferem na sensibilidade e especificidade do exame de PET-TC em estadiamento de pacientes com carcinoma de pulmão de não pequenas células”. Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental Data de defesa: 13/01/2021 Horário: 14h Local: Sala Virtual do Zoom
RESUMO
O câncer de pulmão é a causa mais comum de mortalidade relacionada ao câncer em todo o mundo, representando 18% de todas as mortes por câncer. As novas estratégias de tratamento tornam necessária uma abordagem multidisciplinar integrada entre patologistas, clínicos, biólogos moleculares, radiologistas e cirurgiões. A investigação através de técnicas de imagem e metabólicas, como PET-TC, na avaliação de metástases para linfonodos mediastinais vem sendo recomendada; contudo, a análise dos resultados é dificultada prioritariamente por resultados falsos positivos. O presente estudo investigou as alterações histopatológicas neoplásicas e, especialmente, não neoplásicas, assim como a imunoexpressão de GLUT1 e Ki67 para avaliação de metabolismo celular e proliferação celular, respectivamente, correlacionando-as aos resultados do exame PET-TC com 18F-FDG numa amostra de pacientes com CPNPC. Não houve associação entre padrão histológico em linfonodos e captação no PET; observou-se associação estatisticamente significante dos padrões histológicos de histiocitose com extensão paracortical com antracose (p=0,0001) e de hiperplasia folicular com número de cigarros/dia (p= 0,001), respectivamente. A reação granulomatosa foi incomum acometendo 4/54 pacientes com resultado falso positivo correspondente em apenas 1/54 (1,8%). Houve correlação estatisticamente significante entre o índice de proliferação celular (Ki67) e o metabolismo celular (GLUT1); assim como entre o índice de proliferação celular (Ki67) e SUV 1h (p=0,013) e SUV 2h (p=0,020); no entanto, o mesmo não ocorre para avaliação de metabolismo celular (GLUT1 – EIR), possivelmente em decorrência de captação de glicose por outro transportador em linfonodos reativos. A associação de técnicas de imagem e metabolismo unindo tomografia computadorizada e PET, aumentam a especificidade do exame de 54% e 57%, respectivamente, para 71%; e, o valor preditivo negativo atinge 71%. Além disso, o achado de lesão à distância através do PET-TC, indica a biópsia de lesão potencialmente mais avançada, evitando cirurgias desnecessárias em pacientes com metástases à distância.
Autoria: Talita Andrade da Anunciação Orientação: Daniel Pereira Bezerra Título da dissertação: “Potencial antineoplásico de óleos essenciais de Virola surinamensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae)” Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 19/01/2021 Horário: 14h Local: Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 981 1919 4293
RESUMO
INTRODUÇÃO: Virola surinamensis (Rol. Ex Rottb.) Warb. (Myristicaceae), popularmente conhecida no Brasil como “mucuíba”, “ucuúba”, “ucuúba-branca” ou “ucuúba do igapó”, é uma planta medicinal usada para tratar uma variedade de doenças, incluindo infecções, processos inflamatórios e câncer.
OBJETIVO: No presente trabalho, investigamos os constituintes químicos e a inibição in vitro e in vivode células de carcinoma do cólon humano, HCT116, por óleos essenciais obtidos de casca (OEC) e das folhas (OEF) de V. surinamensis.
MATERIAIS E MÉTODOS: Os OEC e OEF foram obtidos por hidrodestilação e analisados por cromatografia gasosa com detecção de ionização de chama e cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massa. A atividade citotóxica in vitro foi determinada em células cancerígenas HCT116, HepG2, HL-60, B16 – F10 e MCF-7 e em linhagem celular não cancerígena MRC-5 pelo ensaio do Alamar Blue após 72 h de tratamento. Os efeitos do OE na externalização da fosfatidilserina (Ensaio de Anexina V/Iodeto de propídio), no potencial transmembranar mitocondrial e na distribuição do ciclo celular foram avaliados por citometria de fluxo em células HCT116, após 24 e 48 h de tratamento. As células também foram coradas com May-Grunwald-Giemsa para análise da morfologia celular após tratamento com os OE. A atividade antitumoral in vivo foi avaliada em camundongos C.B-17 SCID com células HCT116 em modelo de xenotransplante.
RESULTADOS: Os principais constituintes do OEC foram aristoleno (28,0 ± 3,1%), α-gurjuneno (15,1 ± 2,4%), valenceno (14,1 ± 1,9%), germacreno D (7,5 ± 0,9%), δ-guaieno (6,8 ± 1,0%) e elemento β (5,4 ± 0,6%). Por outro lado, o OEF exibiu α-farneseno (14,5 ± 1,5%), β-elemeno (9,6 ± 2,3%), biciclogermacreno (8,1 ± 2,0%), germacreno D (7,4 ± 0,7%) e α-cubebeno (5,6 ± 1,1%) como constituintes principais. OEC mostrou valores de CI50 para células cancerígenas variando de 9,41 a 29,52 μg/mL para HCT116 e B16- 10, enquanto a OEF mostrou valores de CI50 para células cancerígenas que variam de 7,07 a 26,70 μg/mL para HepG2 e HCT116, respectivamente. O valor de CI50 para células não cancerígenas MRC-5 foi de 34,7 e 38,93 μg/mL para OEC e OEF, respectivamente. Ambos os óleos induziram morte celular do tipo apoptótico em células HCT116, como observado pelas características morfológicas de apoptose, externalização da fosfatidilserina, despolarização mitocondrial e fragmentação do DNA internucleossômico. Na dose de 40 mg/kg, as taxas de inibição da massa tumoral foram de 57,9 e 44,8% nos animais tratados com OEC e OEF, respectivamente.
CONCLUSÃO: Os resultados do presente estudo indicam os óleos essenciais da V. surinamensis como possível medicamento fitoterápico no tratamento do câncer de cólon.
Palavras-Chave: Virola surinamensis, Myristicaceae, morte celular, HCT116.
O tratamento da leishmaniose cutânea, embora seja eficaz na maioria dos casos de infecção, pode falhar em alguns indivíduos que não apresentam cura ao final do uso dos medicamentos. Para identificar biomarcadores de falha terapêutica nos pacientes, pesquisadores da Fiocruz Bahia realizaram a análise de níveis plasmáticos de citocinas e mediadores lipídicos, em diferentes momentos da terapia antileishmania.
O trabalho, liderado pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Valéria Borges e Bruno Bezerril, encontra-se descrito em artigo publicado no periódicoiScience. A publicação faz parte da tese de doutorado da estudante Hayna Malta Santos pelo Programa de Patologia Humana, da Universidade Federal da Bahia em ampla associação com a Fiocruz Bahia, supervisionado por Valéria Borges, sob co-orientação de Jaqueline França (UFBA).
No artigo, os autores explicam que a falha no tratamento da leishmaniose cutânea pode chegar a 45% dos pacientes e essa incidência vem aumentando nas últimas décadas, por isso é importante identificar o quanto antes quais pacientes terão risco mais elevado de falha da terapia, o que pode levar à tomada de decisões no regime do tratamento e à redução da resistência ao medicamento. A bioassinatura identificada pelos cientistas também pode ser explorada como potencial alvo terapêutico para intervenção farmacológica que auxilie na otimização do tratamento antileishamania.
Para o estudo foram realizados dois conjuntos de análises em amostras de plasma criopreservadas de 63 pacientes de uma área endêmica de leishmaniose cutânea, acompanhados pelos pesquisadores Edgar Carvalho e Lucas Carvalho, da Fiocruz Bahia, e Paulo Machado, da UFBA. Em seguida, foram realizadas análises de rede para avaliar a relação entre mediadores lipídicos e proteínas inflamatórias no plasma dos subgrupos de pacientes em diferentes momentos da terapia, em colaboração com a equipe MONSTER Initiative, da qual fazem parte os pesquisadores da Fiocruz Bahia, Artur Trancoso e Kiyoshi Fukutani.
Além da combinação de biomarcadores capazes de prever e caracterizar a falha do tratamento, o estudo identificou uma expressão de genes relacionados ao metabolismo lipídico em lesões da pele dos pacientes, que podem distinguir os resultados da terapia.
Os resultados indicaram que antes do tratamento os pacientes propensos a falhar na terapia já tinham um perfil distinto dos que foram curados. No grupo de pacientes tratados com sucesso, os níveis de TNF-α e IP-10 reduziram consideravelmente no 60º dia de terapia em comparação com o detectado no pré-tratamento. Os pacientes que falharam também tiveram redução significativa de TNF-α, IP-10, mas também de IL-2, IL-1α e IL-6 no 60º dia. Nesse mesmo dia, baixos níveis de GM-CSF, IFN -α2, IL-6 e IL-3 foram observados em pacientes que falharam na terapia, comparados aos pacientes que se curaram.
Uma das abordagens empregadas pelos pesquisadores também identificou três divisões significativas, que incluem concentrações circulantes de eotaxina, 11-HETE e TGF-β, que podem ser usadas como parâmetros para ajudar a identificar pacientes com alto risco de falhar no tratamento.
O perfil da bioassinatura predominantemente influenciada pelos mediadores lipídicos é eficaz em predizer a falha terapêutica entre os pacientes com leishmaniose tegumentar, de acordo com os pesquisadores, podendo servir como potencial alvo terapêutico. O estudo foi financiado pelo projeto do PPSUS/FAPESB.
As equipes participantes do programa de formação da Fiocruz Bahia com o Sebrae, Acelera + Biotech, foram avaliadas, no dia 07 de dezembro, no Demoday, momento em que apresentaram os pitchs de suas startups. Compostas por servidores e alunos da pós-graduação e de iniciação científica, foram 12 equipes inscritas, das quais 8 chegaram ao final.
A equipe vencedora foi a “LVC Check up”, composta pelos estudantes Maria Helena Meirelles, Bruna Martins e Matheus de Jesus, e a pesquisadora Deborah Bittencourt Mothé Fraga, que desenvolveu um aplicativo para auxiliar veterinários com o diagnóstico da leishmaniose visceral canina e o acompanhamento de cães em tratamento contra essa doença.
Em segundo lugar ficou a “Topcool, Mentup”, que teve como integrantes os alunos Raiana dos Anjos, Rafael Leonne, Liliane Barreto, Fênix Araujo e a pesquisadora externa Darizy Vasconcelos. A Celltox ficou na terceira colocação, composta pelos estudantes Diogo Portella, Gabriela Sampaio, Breno Cardim e a servidora Flávia Maciel.
O Acelera+ é um programa de aceleração que busca desenvolver negócios sólidos e sustentáveis alinhados com a demanda corporativa. Cada programa atende até 15 projetos em estágio inicial que sairão preparados para atuação no mercado. Composto por 12 semanas de duração, são 48h de formação e 12h de mentorias individuais, além do encerramento com a apresentação dos pitches para uma banca.
A mestranda que coordenou a equipe “LVC Check up”, Maria Helena Meirelles, disse que o empreendedorismo sempre foi algo que a fascinou, porém nunca havia tido a oportunidade de estudar mais profundamente sobre a área e que, através do programa, percebeu como o empreendedorismo e a ciência podem caminhar juntos.
“Foi uma experiência desafiadora e emocionante, e, graças a este curso, o que começou somente com uma ideia, cresceu a tal ponto que hoje conseguimos enxergar o grande potencial que o nosso negócio possui. Ao receber a notícia comunicando que ficamos em primeiro lugar dentre vários projetos únicos e inovadores, ficamos muito gratos e felizes pelo reconhecimento e resultados atingidos. Gostaria de agradecer e parabenizar os membros da minha equipe e também ao Sebrae e o IGM por nos proporcionar a oportunidade de participar desse programa”, declarou.
A formação foi uma iniciativa do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia em Saúde em Medicina Investigativa (PgBSMI) da Fiocruz Bahia, com o apoio da Diretoria e da Vice-diretoria de Ensino da instituição, em parceria com o Sebrae. As aulas online foram ministradas entre os dias 14 de setembro e 7 de dezembro, por vários mentores de diversas empresas.
Os grupos foram avaliados por uma banca composta pelos júris Ana Pires, mentora Rede+; Tauan Reis, do Sebrae; e Marilda Gonçalves, diretora da Fiocruz Bahia. Confira o resultado final completo:
Na Fiocruz Bahia, foram realizadas diversas ações, no ano de 2020, principalmente em resposta à pandemia da Covid-19. Neste período, foram publicados cerca de 192 artigos em revistas científicas e matriculados 157 alunos nos programas de pós-graduação. Esses foram os principais destaques da tradicional reunião de balanço anual da Fiocruz Bahia, realizada pela diretora da unidade, Marilda de Souza Gonçalves, no dia 14 de dezembro. O evento, que aconteceu pela plataforma Zoom, reuniu mais de 100 servidores, colaboradores e estudantes da instituição.
O volume de publicações em revistas científicas subiu pelo quinto ano consecutivo e obteve média de fator de impacto de 4,234. Destaca-se também a implantação da plataforma de diagnóstico do SARS-CoV-2 na instituição, em apoio à Secretaria de Saúde Municipal de Salvador e a alguns municípios do estado da Bahia, além do apoio à população indígena. Foi enfatizada a participação de pesquisadores em iniciativas para mitigar os impactos da pandemia, como o Tele Coronavírus, serviço gratuito de triagem e orientações à distância de pessoas com sintomas da Covid-19; e a Rede CoVida, que dá apoio na tomada de decisões dos gestores oferecendo informações científicas confiáveis. As sessões científicas passaram a ser realizadas na modalidade virtual, através do Zoom.
Além disso, foram realizadas iniciativas de apoio a populações em situação de vulnerabilidade e desenvolvidos projetos de pesquisa aprovados em agências de fomento, sendo 8 projetos no programa Inova Fiocruz, com ênfase para a geração de conhecimento e para a obtenção de produtos que deem respostas rápidas à pandemia. Também foram implementados, com o apoio do Conselho Deliberativo da unidade, os planos de contingência e convivência, como resposta institucional ao trabalho seguro.
O Ensino promoveu o Ciclo de Seminários Integrados sobre Sars-Cov-2, com palestras online que abordaram temas como filogenética do vírus, epidemiologia, imunologia, interação vírus-células, vacinas, diagnóstico, tratamento, biologia de sistemas e ética. Também foi realizada a 2ª edição do Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação, evento que homenageou a pesquisadora emérita da Fiocruz Bahia, Sônia Andrade.
Em 2020, foram matriculados 75 estudantes do Programa de Pós-graduação em Patologia (PGPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) e 84 no Programa de Pós-graduação em Biotecnologia em Medicina Investigativa (PGBSMI), da Fiocruz Bahia. Já o Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC) contou com 82 alunos. Também foram iniciadas as aulas do mestrado profissional em Pesquisa Clínica. A estudante egressa da Fiocruz Bahia, Jaqueline Góes, recebeu o Prêmio Capes de Tese 2020, com o trabalho “Vigilância genômica em tempo real de arbovírus emergentes e reemergentes”, sob orientação do pesquisador Luiz Alcantara.
Na Gestão, ressalta-se o programa de capacitação, com várias ações importantes, como a organização do instituto para o trabalho seguro dos trabalhadores, sempre mantendo as medidas necessárias à preservação da saúde. Também foi lançada a campanha de apoio aos trabalhadores da cantina e do entorno da instituição que tiveram suas rendas comprometidas em consequência da pandemia.
A assessoria de comunicação da Fiocruz Bahia lançou a página especial sobre a pandemia da Covid-19, com o objetivo de reunir diversas informações em saúde sobre o tema. O site agrega conteúdo jornalístico, ações institucionais, produção científica, divulgação de boletins epidemiológicos, combate às “Fake News”, além de orientações sobre a Covid-19. Uma das ações foi a produção de material informativo sobre o novo coronavírus, com cards, vídeos, textos e podcasts, para as mídias sociais.
A Secretaria Acadêmica do Programa de Pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/Fiocruz Bahia) informa que foram prorrogadas, até às 11h59 do dia 21 de dezembro de 2020, as inscrições para processo seletivo do Edital 2021.1, nível de Mestrado e Doutorado.
O programa, avaliado com conceito 6 pela Capes, visa a formação de pesquisadores e professores com capacidade de atuação independente em áreas das ciências biomédicas de relevância para o país, em instituições de ensino superior, institutos de pesquisa e setor produtivo. Os candidatos ao PgPAT devem ser alunos graduados em curso da área de ciências biológicas e da saúde (Medicina, Biomedicina, Farmácia, Bioquímica, Enfermagem, Biologia, Odontologia, Medicina Veterinária e áreas afins).
Um livro aberto, “sem fim” e que se auto-atualiza. Foi desta forma que organizadores e convidados presentes no lançamento do primeiro volume do e-book da Rede CoVida caracterizaram a publicação em evento online realizado nesta quinta-feira (17). Intitulado “Construção de Conhecimento no curso da pandemia de Covid-19: aspectos biomédicos, clínico-assistenciais, epidemiológicos e sociais”, o livro reúne diversos artigos elaborados por pesquisadores com aspectos diferentes da pandemia da Covid-19. É possível acessar os capítulos já lançados do e-book e os próximos através da aba Publicações do site da Rede CoVida ou neste link: https://redecovida.org/e-books/
Estiveram presentes no evento, o coordenador do Cidacs/Fiocruz Bahia e idealizador da Rede CoVida, Maurício Barreto; a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade; e o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles. Além deles, o pós-doutorando Elzo Pereira Pinto Júnior, do Cidacs, e os pesquisadores Manoel Barral Netto da Fiocruz Bahia e Érika Aragão da Ufba – organizadores do livro – também participaram do lançamento, que ainda contou com as presenças da diretora da Edufba, Flávia Rosa, e do professor José Castilhos (Unesp).
O espírito colaborativo da Rede CoVida para lidar de forma eficaz com todo o conhecimento construído durante a pandemia se reflete no e-book, de acordo com Maurício Barreto. Ele explica que o livro é aberto, gratuito, terá dezenas de capítulos integrados ou revistados. Segundo Érika Aragão, “o livro sistematizou na forma de textos acadêmicos um conjunto de conhecimentos sobre aspetos biomédicos, clínicos e psicossociais” sobre a pandemia.
Para o reitor da UFBA, João Carlos Salles, é preciso destacar que o livro é um processo que dá conta de momentos particulares. “Estamos construindo nossa narrativa particular da verdade. Novos olhares vão sendo agregados”, destaca.
A velocidade e volume de informações que circulam nos diversos canais de comunicação são dois dos grandes desafios para os pesquisadores durante a pandemia de Covid-19. Nísia Trindade lembra que, muitas vezes, resultados de pesquisa estão nos jornais antes mesmo de serem avaliados por pares.
A presidente da Fiocruz destacou também a interdisciplinaridade da Rede expressa também no e-book. “É fundamental neste momento, diante de um desafio dessa magnitude, pensar a pandemia como um fenômeno múltiplo, não só biológico, mas social, contando com conhecimentos do campo biomédico, da saúde coletiva e das ciências sociais”.
Érika Aragão lembrou das vantagens do trabalho em rede e colaborativo para alcançar vários objetivos. “Um deles é fazer a coisa de forma mais rápida. Escrevemos capítulos de livros com pessoas que não conhecemos presencialmente”, reconhece.
E-book em “tempo real” acompanha dinâmica da pandemia
Durante a apresentação dos processos de conhecimento sobre a Covid-19 na Rede CoVida, Elzo Júnior explicou o quão complexo tem sido o trabalho de lidar com a quantidade e qualidade das evidências científicas produzidas durante a pandemia. “Vemos artigos revisados por pares, publicados em boas revistas, mas, pelo processo de publicação muito rápida, com os pré-prints, passaram questões metodológicas graves”, ressalta o pesquisador que lembrou de artigos que precisaram fazer retratações. Os artigos pré-prints são aqueles que passaram por breve avaliação por outros pesquisadores para agilizar sua disseminação, mas ainda são revisados pelo sistema de avaliação por pares antes da publicação final.
“A produção de artigos veio em onda. Começou com as modelagens, depois diagnóstico e agora sobre saúde mental. É impossível que qualquer pessoa na área de saúde possa acompanhar esta produção” analisa Manoel Barral Netto. Para o pesquisador, o e-book tem função didática e é uma memória importante sobre o conhecimento gerado na pandemia. Contudo, ele pondera: “É preciso ter cautela na interpretação dos resultados”.
Neste sentido, o e-book tem caráter inovador porque não segue o modelo de livros tradicionais. “Ele teria uma vida muito curta”, analisa o pesquisador da Fiocruz. A diretora da Edufba, Flávia Rosa, também refletiu sobre o desafio de fazer a edição de um livro tão diferente. “Foi um livro escrito, discutido e publicado em tempo real. A edição foi de forma participativa, capítulos independentes e sempre pensando no leitor”.
Conferência destaca a importância do livro para a vida em sociedade
O lançamento do e-book da Rede CoVida ainda contou com a conferência do professor da Unesp, José Castilho de Marques Neto. Segundo ele, um dos desafios atuais do livro acadêmico situa-se em profundas transformações tecnológicas e a necessária convivência com a edição tradicional.
Doutor em Filosofia e com longa carreira no setor editorial acadêmico – ele foi diretor da Editora Unesp por 27 anos e presidente da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU) e da Associação Brasileira de Editoras Universitárias da América Latina e Caribe por três mandatos – o professor refletiu sobre a importância do livro acadêmico na construção de sujeitos e apontou os riscos de uma sociedade que não lê.
“Democracias complexas, inclusivas, que buscam equidade para construção de comunidades de sujeitos, estão em atrito e em disputa com os que querem preservar o velho mundo da submissão e da desigualdade”, aponta o professor que continua: “O desafio das editoras é civilizatório e da liberdade. São os mesmos desafios do mundo atual: da razão contra a irracionalidade, da imaginação contra o conservadorismo e da civilização contra a barbárie”.
A doutoranda do Programa de Pós-graduação em Patologia Humana (PGPAT – UFBA/Fiocruz Bahia) María Belen Arriaga Gutiérrez apresentou um dos trabalhos associados à sua tese, no Global Health Grand Rounds, da Vanderbilt University (EUA), no dia 7 de desembro. O fórum é uma iniciativa da Vanderbilt para discussão de estudos de grande impacto na área de Saúde Pública. O estudo desenvolvido pela estudante demonstrou uma nova abordagem estatística para testar representatividade de grandes coortes prospectivas, em populações em situações em que bancos clínicos e epidemiológicos são interconectados.
O trabalho, que utilizou dados do consórcio Regional Prospective Observational Research in Tuberculosis (RePORT) Brasil e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), contou com colaboração com investigadores de diversas instituições nacionais e internacionais, além do Ministério da Saúde. A estudante já apresentou o mesmo estudo em reunião científica do National Institutes of Health (NIH/ EUA).
O objetivo do projeto de María Arriaga é identificar determinantes clínicos e epidemiológicos da susceptibilidade à infecção por Mycobacterium tuberculosis e resposta terapêutica em pacientes com tuberculose no Brasil. “O evento foi uma grande oportunidade para eu apresentar os resultados do estudo usando dados do SINAN e do consórcio RePORT-Brazil, um novo olhar com uma ferramenta estatística para resultados mais confiáveis. Em resumo, foi enriquecedor para mim em todos os sentidos”, comentou María sobre sua participação no evento.
Desde o início do doutorado até o momento, a doutoranda fez parte de 33 publicações indexadas ao Pubmed. Destas, três estão diretamente relacionadas à sua tese. Outras seis publicações que também estarão contidas na tese estão em processo de revisão por pares. As outras publicações englobam vários temas diferentes, desde outras doenças infecciosas, como Zika e HIV, a patologias não infecciosas, como anemia falciforme e esteatose hepática.
O número expressivo de publicações em revistas de alto fator de impacto tornou María Arriaga peça fundamental do grupo analítico liderado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia e orientador da doutoranda, Bruno Bezerril, a MONSTER Initiative. Em 2019, María se tornou Research Assistant do consórcio multinacional RePORT International, no qual ela lidera um grupo de análises estatísticas avançadas focado na identificação de determinantes clínicos, epidemiológicos, genéticos e imunológicos da tuberculose. O RePORT International possui centros no Brasil, África do Sul, Índia, China, Filipinas e Indonésia e é reconhecido como a maior rede para estudos de biomarcadores em tuberculose no mundo. A participação da estudante é fundamental para o funcionamento analítico do consórcio.
De acordo com María, o PGPAT é muito significativo para a sua trajetória acadêmica. “Em conjunto com meu orientador e a coordenadora do PGPAT, Valéria Borges, o programa me proporcionou a participação em eventos e a possibilidade de desenvolver pesquisa com dados do meu país de origem, Peru. Além disso, ambos também proporcionaram uma vasta experiência com colaboradores nacionais de diferentes estados como Bahia, Rio de Janeiro e Amazonas, bem como internacionais”, declarou.
Para Valéria Borges, o desempenho da discente María é motivo de orgulho pela sua dedicação e reconhecimento. “Além disso, seu projeto de tese, em cooperação com diversos países, contribui para consolidar o investimento nas ações de internacionalização do Programa”, comentou.
Além das suas atividades como doutoranda e Research Assitant do RePORT International, a estudante co-orienta diversos estudantes de iniciação científica do grupo, incluindo vários do Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC) da Fiocruz Bahia, além de estudantes de mestrado. O grupo de estudantes, sob sua co-supervisão, acumula diversas publicações de reconhecimento internacional.
“María foi a profissional com quem tive oportunidade de trabalhar que apresentou o amadurecimento científico mais eficiente e rápido que já vi. Ela é impressionante e posicionou a epidemiologia clínica no epicentro dos nossos estudos, que eram anteriormente dominados pela imunologia. Com a María, nosso grupo é melhor, e as nossas contribuições têm maior probabilidade de impacto relevante na vida das pessoas. Sou extremamente grato pela oportunidade de trabalhar e aprender com ela todos os dias”, afirmou Bruno Bezerril.
Sobre a estudante
María Gutiérrez nasceu em Huancayo, Peru, e é enfermeira pela Universidade Federico Villarreal (Lima, Peru). Iniciou sua trajetória profissional em ensaios clínicos logo após o final da graduação, atuando em instituições como Otsuka e Partners in Health, no Peru. Foi bolsista da Organização de Estados Americanos (OEA) durante o seu mestrado em Medicina e Saúde na Universidade Federal da Bahia (UFBA), que foi iniciado em 2015. Em 2017, iniciou o doutorado no PGPAT, da UFBA em Ampla Associação com a Fiocruz Bahia, sob orientação do pesquisador e docente permanente do PGPAT, Bruno Bezerril Andrade.
Com o objetivo de sistematizar um produto acadêmico com conhecimentos sobre a pandemia da covid-19, pesquisadores da Rede CoVida lançam um e-book gratuito nesta quinta-feira (17), às 16h. Intitulada “Construção de Conhecimento no curso da pandemia de Covid-19: aspectos biomédicos, clínico-assistenciais, epidemiológicos e sociais”, a obra poderá ser usada como material de didático por pesquisadores, professores e estudantes. Um evento online reunirá autoridades e pesquisadores da Rede CoVida, além de palestrantes convidados e os organizadores do livro.
Estarão presentes na abertura do evento, o coordenador do Cidacs/Fiocruz Bahia e idealizador da Rede CoVida, Maurício Barreto; a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade; e o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Sales. Na sequência, o pesquisador Elzo Pereira Pinto Júnior, um dos organizadores do livro, explica o processo de construção de conhecimento da Rede CoVida. Logo após, teremos uma apresentação do conteúdo do e-book pela pesquisadora Erika Aragão.
O evento continuará com o pesquisador Manoel Barral Netto, que também organiza a obra. A sua apresentação girará em torno da seguinte questão: “Por que um livro num período tão veloz de mudanças?”. A diretora da Edufba, Flávia Rosa, fará uma exposição com o título “O desafio do e-book na Edufba”. Por fim, o professor José Castilho Marques Neto, doutor em filosofia, com uma larga trajetória no setor de editorial acadêmico, fará a palestra intitulada “Desafios atuais do livro acadêmico”.
Entre os organizadores do e-book da Rede CoVida, estão dois dos trinta brasileiros que estão na lista dos cientistas mais influentes do mundo – Maurício Barreto e Manoel Barral Netto – além dos pesquisadores Érika Aragão e Elzo Pereira Pinto Júnior. Segundo eles, este primeiro volume trará os aspectos biológicos do SARS-Cov-2 e da Covid 19.
Um segundo volume, que já está em fase de produção, abordará os temas relacionados à assistência à saúde, epidemiologia e questões sociais ligadas à pandemia. “A ideia foi produzir um e-book em um formato mais flexível, permitindo que sejam incluídos novos capítulos no curso da pandemia, que continua em curso, e como ela, buscas de explicações científicas e resultados de pesquisas, cuja produção se encontra em franca expansão”, explica o pesquisador Manoel Barral Netto.
O leitor encontrará diversos temas ao longo dos dez capítulos deste primeiro volume. “Abordaremos a diversidade, origem e evolução do vírus SARS-CoV-2, sua estrutura e mecanismos de transmissão, aspectos genéticos, resposta humoral e imunipatogênese. Além disso, abordaremos também alterações da coagulação na Covid-19, peculiaridades da Covid-19 na mulher, testes diagnósticos, vacinas e uma discussão sobre fisioterapia e Covid”, elenca a pesquisadora Erika Aragão.
De acordo com o pesquisador Elzo Pereira Pinto Junior, outros assuntos ainda deverão ser abordados nos próximos volumes. Incluindo aspectos relacionados as desigualdades que podem ser aprofundadas pela pandemia. Além disso, “muitos temas importantes, como os resultados da eficácia das vacinas, as estratégias de imunização da população e o que esperar de novas ondas de contágio, ainda não estão claramente estabelecidos na literatura e exigirão futuras reflexões dos nossos autores”, prevê.
Colaboração científica e multidisciplinar é uma das marcas da Rede CoVida
A Rede CoVida é uma iniciativa que surgiu em março de 2020, a partir da união entre o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba), diante da maior crise de sanitária global dos últimos 100 anos. Pesquisadores e profissionais da comunicação se uniram para oferecer informações científicas confiáveis que ajudassem gestores e a sociedade na tomada de decisões seguras sobre a Covid-19.
Ao longo de nove meses, foram realizadas uma série de ações relacionadas ao monitoramento de casos, construção de modelos matemáticos em tempo real, síntese de evidências científicas de pesquisas de diversos saberes e a divulgação das evidências científicas. Foram mais de 300 menções na imprensa e mais de 5 mil seguidores nas redes sociais. A equipe produziu centenas de materiais informativos, como boletins, notas, cards, vídeos, notícias, guias, jogos, webinários e materiais especiais sobre a Covid-19 para diversos públicos como pesquisadores, gestores públicos e a população em geral. Todos eles podem ser acessados pelo site www.redecovida.org e perfis nas redes sociais.
Serviço
Lançamento do e-book da Rede CoVida
Título: “Construção de Conhecimento no curso da pandemia de Covid-19: aspectos biomédicos, clínico-assistenciais, epidemiológicos e sociais”,
Data: 17 de dezembro de 2020, às 16h
Inscrições: https://bit.ly/3o2O7J8 | Transmissão: https://youtu.be/inrkWOZCQ_8
Autoria: Diana Angélica dos Santos Dantas Orientação: Patrícia Sampaio Tavares Veras Título da dissertação: “Avaliação do efeito anti-leishmania do 17 DMAG no tratamento macrófagos murinos infectados por Leishmania infantum”. Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 17/12/2020 Horário: 13h Local:Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 916 1612 3814
RESUMO
INTRODUÇÃO: Parasitos do gênero Leishmania são causadores da zooantroponose conhecida como leishmaniose. Muitos fármacos têm sido usados no tratamento da leishmaniose, no entanto, em razão dos efeitos colaterais graves e aparecimento de falha no tratamento, faz-se necessário o desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento da doença. Na nossa equipe, foi demonstradaa eficácia do composto 17-AAG como um agente leishmanicida, porém apresenta limitações na sua utilização. Para contornar essa dificuldade, decidimos avaliar o seu análogo 17-DMAGque apresenta melhores propriedades farmacocinéticas e já mostrou ser eficaz em reduzir significativamente o tamanho da lesão de camundongos, porém, pouco se sabe da sua atividade em modelo de leishmaniose visceral causado pela L. infantum. Além disso, sistemas nanoestruturados de liberação de fármacos podem melhorar a eficácia do tratamento, poisliberam o ativo de forma controlada diminuindo seus efeitos colaterais.
OBJETIVO: Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial leishmanicida do 17-DMAG em modelo in vitro no tratamento de macrófagos murinos infectados com L. infantum.
MATERIAL E MÉTODO: Foi realizada a padronização do protocolo de encapsulamento do 17-DMAGem nanopartículas, posteriormente, a caracterização das nanopartículas produzidas e avaliamos a sua eficácia em relação a viabilidade celular de macrófagos murinos e viabilidade intracelular em parasitos de L. infantum, comparando com o composto não encapsulado. RESULTADOS: Inicialmente, as nanoparticulas produzidas utilizando o polímero PCL pelo método de nanopreciptação, apresentaram boas caracterizações em relação ao tamanho, PDI e potencial zeta, porém, devido a sua baixa eficiência de encapsulamento (%EE), foi necessária a produção de novos protocolos pelo método de emulsão múltipla e simples, que, após algumas repetições, conseguimos obter uma %EE de 100%. Adicionalmente, mostramos que o 17-DMAGlivre é 6 vezes mais tóxico para as células hospedeiras do que quando se encontra incorporado a nanopartículas, com um CC50de 3,2057 μM para o composto livre e 20,13 μM para o composto encapsulado. De forma similar, o IC50,nos tempos de 48 e 72 horas de tratamento foram, respectivamente, de 0,2766 nM e0,3062 nM. Para o composto encapsulado, o valor encontrado foi de 17,54 nM no tempo de 48 horas de tratamento.
CONCLUSÃO:Em conjunto, nossos resultados mostram que há uma grande vantagem do encapsulamento do 17-DMAG em nanopartículas poliméricas, visto que, a sua utilização reduziu a toxicidade do composto para as células hospedeiras in vitro. Apesar do encapsulamento com a formulação a base de PLGA ter resultado deIC50muito superior ao do composto livre, o índice de seletividade (IS) mostrou valores suficientemente elevados(SI = 1000) para testes futuros in vivo. Esses dados indicam que as formulações produzidas são promissoras, apesar de ser necessário realizarmos estudos adicionais para aperfeiçoar os métodos de encapsulamento utilizados na produção das nanopartículas poliméricas, além de ensaios para avaliar a eficácia do 17-DMAG encapsulado comparado ao composto livre in vivo.
Autoria: Samantha Hellen Santos Figueredo Orientação: Maria de Lourdes Farre Vallve Título da dissertação: “Caracterização Morfologica da Matriz extracelular e sua relação com expressão e/ou degradação de versican nos carcinomas mamários”. Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 21/12/2020 Horário: 14h Local:Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 980 3446 1018
RESUMO
INTRODUÇÃO: A superexpressão do proteoglicano versican tem se destacado devido a sua relação com perda de adesão, invasividade, desenvolvimento de metástases, bem como na inflamação no contexto do câncer de mama. Versican pode sofrer degradação pela ação de enzimas proteolíticas, dando origem a versikina que, de acordo com estudos recentes, possui papel imunomodulatório no câncer. Contudo, pouco é sabido sobre o seu papel nos diferentes estágios da progressão, subtipos histológicos e moleculares dos carcinomas mamários.
OBJETIVO: Investigar se as modificações apresentadas pela MEC peritumoral, bem como proteólise de versican, estão relacionados aos diferentes estágios da progressão de carcinomas mamários. Além disso, verificar a associação entre alterações da matriz extracelular e os subtipos histológicos e moleculares.
MATERAIS E MÉTODOS: Uma análise retrospectiva de casos de mulheres diagnosticadas no período de 2001 a 2017 com carcinoma invasivo sem outra especificação (CI-SOE)ou carcinoma ductal in situ(CDIS), no Hospital das Clínicas (HUPES/UFBA).Apenas 37 foram elegíveis ao estudo, sendo 32 casosinvasorese5 CDIS. Os tumores foram reclassificados seguindo classificação de tumores de mama da Organização Mundial da Saúde(2019) e foram definidos 4 grupos: G1-CDIS; G2-carcinomas invasores sem tipo especial (CI-SOE); G3-CI-SOEcom áreas in situ;G4-outros carcinomas invasores. Também foram analisados dados clínico-patológicos e foi realizada imuno-histoquímica para a determinação dos subtipos moleculares, presença de versican e versikina, bem como de P63 para confirmação das áreas carcinomatosas in situ. Colorações Picrosirius Red e Tricrômico de Masson foram realizadas para a avaliação morfológica da MEC.
RESULTADOS: Na análise geral dos casos, versicane versikina estiveram mais presentes em estroma adjacente a invasão celular em relação às áreas in situ. Nos subtipos histológicos, houve maior intensidade de versican e versikina no estroma tumoral em ralação a mama normal e maior presença intensidade no G1 em relação às áreas in situdoG3. Curiosamente, um extenso infiltrado inflamatório nessas áreas dos CDIS que continham maior presença de versikina foi observado.Além disso, a presença de versicane versikinafoi maiorno estroma das áreas de invasão do G3em relação ao G2. Ademais, a intensidade de colágeno tipo I foi discretamente maior nas áreas de invasão, enquanto o colágeno tipo III foi maior nas áreas in situ. Correlação negativa fortefoi observadaentre a presença de colágeno tipo I e versicannas áreas in situe entre colágeno tipo I e versikina nas áreas in situ e nas áreas invasoras. Nos subtipos histológicos, foi observada maior intensidade de colágeno tipo I e tipo III no grupo G3. Não foram observadas diferenças significativas entre os subtipos moleculares e versican e versikina.
CONCLUSÃO: A maior expressão de versican nas áreas invasoras reforça o seu papel na invasão celular. A análise de versican e seu proteólito nos CDIS sugerem que eles podem estar relacionados a processos iniciais de progressão dos tumores. Além disso, os dados de correlação negativa entre versicane versikina e colágeno tipo I sugerem processo de proteólise e remodelamento da MEC em estroma peritumoral.
Palavras chave: Câncer de mama; Matriz extracelular; Proteólise de versican.
O último Papo Acadêmico do ano aconteceu no dia 08 de dezembro, através do Zoom. O encontro teve como tema central o lançamento do número especial da Revista Atas de Ciências da Saúde da Escola de Ciências Biológicas, que contemplou 10 artigos de autoria de professores e alunos dos programas de pós-graduação em Patologia Humana (PGPAT – UFBA/Fiocruz Bahia) e em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI), da instituição.
As publicações são fruto das atividades do curso de Divulgação Científica, da disciplina Didática Especial e do curso de Metodologias Ativas no Ensino, estes dois últimos ministrados pelo Professor Assistente das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU/ SP), Daniel Manzoni. Os trabalhos foram apresentados a todos participantes do evento, que também puderam comentar sobre a experiência do curso e o que aprenderam. Clique aquipara conferir as publicações. Essa é a segunda edição especial da revista com artigos de docentes e discentes da Fiocruz Bahia.
Daniel Manzoni apresentou acerca da “Formação de professores, professoras e a autoria em ensino e educação: a experiência da disciplina de didática especial”, na qual ele comentou sobre os autores utilizados por ele para contribuir com a disciplina e como tem pensado a formação dos professores e pesquisadores. “Essa disciplina foi se transformando ao longo desses 8 anos, muita coisa foi acontecendo e acabamos indo para a área de desenvolvimento de autoria na formação docente, que é uma maneira de contribuir para educação do programa e para educação brasileira, com trabalhos publicados em língua portuguesa, em uma revista de livre acesso”, afirmou.
Durante as aulas, foram abordados diversos temas, como questões raciais e de gênero. A coordenadora do PGPAT, Valéria Borges, comentou a evolução dos estudantes e o conteúdo abordado. “Os artigos trouxeram questões sócio-culturais atuais e nos convida a refletir sobre o protagonismo do estudante na construção de sua trajetória acadêmica e pessoal como pesquisadores. Como coordenadores de pós-graduação, apoiamos este espaço de formação de nossos alunos como cidadãos e educadores. Todos os grupos estão de parabéns”, disse.
O estudante egresso do PGPAT e ex-Presidente da Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz Bahia, Filipe Rocha, comentou a experiência de ler e produzir artigos em uma área em que não estava familiarizado. “Acostumados com artigos mais objetivos para a área das biológicas, tivemos que embarcar em uma realidade distinta para entender como todos esses padrões epistêmicos são aplicados, para a gente ter técnicas de didática especial na prática. E, como professor, a gente acaba, na prática, entendendo a necessidade de modificar nossa forma de atuação”, declarou. Filipe e outros quatro estudantes que já haviam cursado Didática Especial, atuaram como tutores nesta edição 2020.
Davi Vale, estudante de mestrado do PGPAT, cursou a disciplina de Didática Especial e contribuiu na edição da revista junto a Daniel Mazoni. O aluno disse ter aprendido com a experiência. “Faço questão de falar que durante as nossas aulas e as conversas você percebe toda a construção, capacitação, aprendizados novos. Foi incrível mostrar aquilo que eu sei para outras pessoas, fazer com que esse conteúdo, essas publicações, passem as barreiras e alcancem outras pessoas”, avaliou.
Dois trabalhos, apresentados pelos estudantes Matheus Silva e Qeren Hapuk, do PGBSMI, tiveram financiamento pelo edital de Divulgação Científica da Fiocruz apoiado pelos programas de pós-graduação PGPAT e PGBSMI. “Tive uma experiência incrível com a disciplina de divulgação científica, com a Professora Luciana Massarani. Descobri todo um potencial inexplorado quanto a divulgação e popularização de C&T. Também pude perceber, através das conversas com o professor Daniel Manzoni, a necessidade da pluralidade em nossas representações. É importante que a sociedade possa se ver refletida na ciência e por aqueles que a produzem. Por fim, tudo isso se materializou com o edital, que nos permitiu a realização de nossos projetos e o retorno à sociedade”, contou Matheus.
A edição especial da revista contou com a publicação da coordenadora de Ensino da Fiocruz Bahia, Clara Mutti, e Valéria Borges, que abordou a importância da formação discente e docente em metodologias ativas de ensino-aprendizagem na pós-graduação, fazendo uma análise do impacto das 5 edições da capacitação coordenadas pela Equipe de Ensino da instituição. Um dos trabalhos de destaque deste tópico foi o artigo intitulado “Desenvolvimento e validação do jogo Imuno Alvo como metodologia ativa para o ensino de Imunologia”, de autoria dos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Karine Damasceno, Fred Luciano Neves e Viviane Boaventura e do pós-doutor PNPD do PGPAT, Paulo Cerqueira.
O site “Pessoa Idosa e Covid-19: informações em Saúde” busca disseminar, preservar e catalogar os materiais sobre cuidado do idoso, principalmente cuidado domiciliar, no contexto da pandemia com a finalidade de permitir que profissionais de saúde, gestores em saúde, cuidadores e pessoas idosas tenham fácil acesso a tais materiais. Aqui você obtém guias, manuais, cartilhas, posicionamentos oficiais, vídeos, podcasts, entre outros conteúdos indispensáveis em tempos de pandemia.
Este produto é fruto da parceria de Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento da Fiocruz (GISE/ICICT/FIOCRUZ) com a Universidade da Maturidade da Universidade Federal do Tocantins (UMA/UFT). A iniciativa foi realizada a partir de uma busca ativa de materiais sobre saúde do idoso em tempos de pandemia. Parte desse material foi coletado na internet e outra parte coletada a partir da colaboração de profissionais e instituições da área da saúde de todas as regiões do país.
Esperamos que este site incentive e colabore com a reprodutibilidade de boas práticas e desenvolvimento de estratégias e ações que contribuam para qualificar o cuidado à pessoa idosa no contexto da Covid-19. Pretendemos com este produto colaborar com a missão da FIOCRUZ de “produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e consolidação do SUS e que contribuam para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira, para a redução das desigualdades sociais e para a dinâmica nacional de inovação, tendo a defesa do direito à saúde e da cidadania ampla como valores centrais”.
A Secretaria Acadêmica do Programa de Pós-graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/Fiocruz Bahia) informa que estão abertas, até 20 de dezembro de 2020, as inscrições para processo seletivo do Edital 2021.1, nível de Mestrado e Doutorado.
O programa, avaliado com conceito 6 pela Capes, visa a formação de pesquisadores e professores com capacidade de atuação independente em áreas das ciências biomédicas de relevância para o país, em instituições de ensino superior, institutos de pesquisa e setor produtivo. Os candidatos ao PgPAT devem ser alunos graduados em curso da área de ciências biológicas e da saúde (Medicina, Biomedicina, Farmácia, Bioquímica, Enfermagem, Biologia, Odontologia, Medicina Veterinária e áreas afins).
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgou, no dia 03 de dezembro, o resultado das eleições para membros titulares, correspondentes, colaboradores e afiliados. Da Fiocruz, foram eleitas como membros titulares a presidente da Fundação, Nísia Verônica Trindade Lima, na categoria Ciências Sociais, e a pesquisadora da Fiocruz Bahia, Milena Botelho Pereira Soares, na categoria Ciências Biomédicas. Além de Milena, já são membros titulares da ABC os pesquisadores da Fiocruz Bahia, Aldina Maria Prado Barral, Edgar Marcelino de Carvalho Filho, Manoel Barral Netto e Maurício Lima Barreto.
Para Milena Soares, a eleição para a Academia Brasileira de Ciências é um reconhecimento de seu trabalho e dedicação à vida acadêmica por seus pares, membros da academia. “Traz um reforço ao grupo de mulheres que lá atuam, que são minoria na composição da Academia. Reforça também o grupo de cientistas da região Nordeste, já que a maioria dos acadêmicos são do Sudeste e Sul do país”, comentou a cientista.
De acordo com a ABC, todos os eleitos tomam posse no dia 1o de janeiro de 2021. Os membros afiliados, tradicionalmente, costumam ter suas cerimônias de posse associadas a simpósios científicos em cada região, para que apresentem suas pesquisas. Em 2020, os eventos foram suspensos, em função da Covid-19. A Diretoria da ABC vai avaliar a situação para 2021.
Conheça as cientistas da Fiocruz eleitas:
Nísia Trindade
Presidente da Fundação Oswaldo Cruz (2017 – atual). Doutora em Sociologia (1997) e Mestre em Ciência Política (1989), pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ – atual IESP). Sua tese de doutorado “Um Sertão Chamado Brasil” conquistou o Prêmio de Melhor Tese de Doutorado em Sociologia no IUPERJ e sua publicação encontra-se em 2ª edição. É pesquisadora titular da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz e professora de Pós-Graduação do Programa de História das Ciências e da Saúde. É também professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do IESP/UERJ e professora adjunta de sociologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Pensamento Social Brasileiro, atuando principalmente nos seguintes temas: ciência e pensamento social no Brasil; história das ideias em saúde pública; sertão no pensamento brasileiro; história do desenvolvimento no Brasil e história das ciências sociais em saúde.
É membro da Zika Alliance Network (2018), um consórcio de pesquisa multinacional e multidisciplinar formado por 54 parceiros em todo o mundo. Assumiu a Copresidencia da Rede de Saúde para Todos da UNSDSN (2019) e a Copresidencia do Grupo Diretor de Recuperação Econômica para aconselhar sobre o desenvolvimento de um Roteiro de Pesquisa das Nações Unidas para a Recuperação COVID-19 (2020). É membro da Comissão Lancet de Covid-19 (2020).
Milena Soares
Possui graduação em Ciências Biológicas (bacharelado em genética – 1990) e doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica), pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997). Realizou doutorado sanduíche na Harvard University-EUA (1992-1996). Atualmente é Pesquisadora Titular da Fiocruz Bahia, onde coordena o Laboratório de Engenharia Tecidual e Imunofarmacologia (LETI). É Professora Titular do Instituto Tecnológico em Saúde do Senai/Cimatec. É sócia-fundadora e foi presidente da Associação Brasileira de Terapia Celular e Gênica (ABTCEL-GEN). É membro da Câmara de Assessoramento Técnico da ANVISA na área de terapias avançadas. Atua principalmente nos seguintes temas: imunopatologia e imunomodulação, terapia com células-tronco e farmacologia de produtos naturais e sintéticos. Recentemente, Milena foi incluída na lista dos 100 mil pesquisadores mais influentes do mundo, em estudo da Universidade de Stanford (EUA).
A roda de conversa “Parentalidade na academia: desafios e avanços”, que acontece dia 09 de dezembro, quarta-feira, às 14h30, na plataforma Zoom, vai abordar o projeto Parent in Science. Interessados em participar, devem realizar a inscrição nesse link.
O Parent in Science surgiu com o intuito de levantar a discussão sobre o impacto dos filhos na carreira científica de mulheres e homens. O grupo formado por mães e pais cientistas apresentam, em todo Brasil, seminários e palestras em diferentes cidades, sobre a temática. O projeto foi pioneiro no levantamento de dados para avaliar, profundamente, as consequências da chegada dos filhos na carreira científica, em diferentes etapas da vida acadêmica.
O evento conta com duas palestrantes, Fernanda Staniscuaski, coordenadora do Parent in Science e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Camila Jacob, mestre pelo Programa de Pós-graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI), da Fiocruz Bahia, e embaixadora do Parent in Science, na rede Nordeste. A conversa será moderada pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Valéria Borges.
A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) publicou, em 19 de novembro, a Portaria nº 460 para implantação da Linha de Cuidado Integral às Pessoas Vivendo com o vírus HTLV, na Rede de Atenção à Saúde do estado. O documento estabelece fluxos assistenciais, ações e serviços de saúde para atender às necessidades de saúde da população portadora do vírus. A nova política pública, inédita no Brasil, é uma conquista de anos de mobilização de pessoas que vivem com o HTLV. O protagonismo do pesquisador emérito da Fiocruz, Bernardo Galvão, junto a organizações da sociedade civil, também foi reconhecidamente importante nesse avanço.
O cientista é fundador e coordenador do Centro de HTLV, na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), para o atendimento de pacientes com a doença. Na década de 90, contribuiu para o diagnóstico sorológico da infecção, demonstrando a necessidade de implantar o teste para HTLV em bancos de sangue, em todo o território nacional.
O Vírus Linfotrópico da Célula T Humana (HTLV) é um retrovírus que pertence à mesma família do HIV. As principais formas de transmissão são através da relação sexual, aleitamento materno e seringas contaminadas. Diferentemente do HIV, que destrói o sistema imunológico, o HTLV provoca alterações sistêmicas que prejudicam a qualidade de vida e causa doenças como leucemia, incontinência urinária e problemas neurológicos. “O HTLV -1 e as doenças associadas a este retrovírus são extremamente negligenciados no mundo, com exceção do Japão. A Bahia tem a maior prevalência de infecção do Brasil”, conta Galvão.
Em tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fiocruz, sobre políticas públicas para pessoas vivendo com HTLV, de autoria de Ionara Ferreira, Bernardo Galvão foi identificado como empreendedor de políticas. “Reunia o papel de expert na área, tinha acesso aos fóruns decisórios e atuava como intermediador entre gestão da secretaria de saúde e a ONG, ratificando o problema existente da infecção, a necessidade de ampliação da rede assistencial e reconhecendo a importância do movimento organizado”. Além disso, “o cientista também aproveitou as oportunidades em audiências públicas na Assembleia Legislativa para apresentar o problema e alertar sobre a necessidade de políticas públicas na área”.
Durante sua carreira, Bernardo Galvão também deu inúmeras contribuições ao campo científico e social, isolando pela primeira vez o HIV na América Latina. O que permitiu a implantação de métodos imunodiagnósticos nos bancos de sangue brasileiros e no controle da infecção. Seu trabalho pioneiro foi de fundamental importância para a consolidação do Programa Nacional de Controle do HIV, do Ministério da Saúde.
A portaria
São componentes da Linha de Cuidado Integral às Pessoas Vivendo com o vírus HTLV a promoção à saúde e prevenção de doenças e agravos; atenção primária; vigilância; serviço de atenção e ambulatório especializados; urgência e emergência; atenção hospitalar; e reabilitação. De acordo com a portaria, “merecem atenção diferenciada os aspectos socioeconômicos, psicossociais, étnico-raciais, de gênero e funcionais, sem prejuízos aos aspectos clínicos, com vistas à equidade”.
Dentre os diversos aspectos importantes que constam no documento, ressalta-se a diretriz para popularização do conhecimento qualificado sobre o vírus, a potencialização da notificação compulsória do HTLV pelos estabelecimentos de saúde, oferta de atendimento multiprofissional humanizado, apoio no diagnóstico, assistência farmacêutica, atenção à saúde materno-infantil, procedimentos para distribuição de fórmula láctea e o estímulo à realização de pesquisas científicas.
Clique aqui e acesse a Portaria nº 460 na íntegra.
Autoria: Rita Terezinha de Oliveira Carneiro Orientação: Theolis Costa Barbosa Bessa Título da tese: “Diversidade Genética de isolados de Mycobacterium Tuberculosis resistentes a fármacos, circulantes em Salvador, Bahia, Brasil”. Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 09/12/2020 Horário: 13h Local: Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 963 2636 8537
RESUMO
A tuberculose (TB) persiste como um grave e urgente problema de saúde pública em esfera mundial. A resistência aos fármacos anti-TB,adquirida evolutivamente por linhagens mutantes de Mycobacterium tuberculosis (Mtb),atua como um agravante em seu enfretamento haja vista que prolonga, onera e dificulta seu tratamento. A relação entre a ocorrência de TB com as condições de vulnerabilidade socioeconômicae as péssimas condições de habitação dos indivíduos acometidos permite caracterizá-la também como um problema de ordem política. O Brasil se mantem como um dos países com maior alta carga de TB em todo o mundo, adicionalmente a subnotificação das formas resistentes da doença impacta negativamente no controle da doença em território nacional. Historicamente a cidade de Salvador, capital da Bahia, Brasil reporta alto índice de morbimortalidade por TB, e até o presente momento ocupa a 5ª posição entre as capitais brasileiras em número absoluto da doença. O objetivo desse trabalho é discriminar o padrão de distribuição espacial e caracterizar genotipicamente os isolados de Mtb resistentes aos fármacos circulantes em Salvador, Bahia, Brasil no período de 2008 a 2011.Informaçõesclínicas e sociodemográfica dos casos de TB resistente registrados nesse período foram analisadas. Dados de latitude e longitude das residências dos casos de TB e de TB resistente foram georreferenciados. Testes de sensibilidade aos fármacos de 1ª e 2ª linhas de tratamento anti-TB foram conduzidos com os isolados circulantes em Salvador, Bahia. Os isolados resistentes foram caracterizados pelas técnicas de genotipagem clássica e pelo sequenciamento completo de genoma. O perfil dos pacientes TB resistente na referida cidade é caracterizado predominantemente por: homens; cor negra/parda; baixo nível instrucional e pequena renda per capita por família. Foi observada alta taxa de falência e abandono ao tratamento anti-TBno grupo populacional estudado. Os casos de TB não apresentam dependência espacial nos bairros de Salvador, embora se concentrem nas localidades mais periféricas e nos “bolsões de pobreza” da cidade. Em contrapartida, os casos de TB resistentes apresentaram relação de dependência com os locais de alta carga de TB. Os isolados pertenciam, predominantemente, às famílias: LAM, Haarlem, T. Foram encontrados cluster de isolados pertencentes à família/subfamília LAM-Cameroon (SIT61). Dados epidemiológicos reforçam necessidade da efetivação do tratamento diretamente observado(TOD)e da urgência na adoção dos testes rápidos para caracterização de resistência das linhagens infectantes. Os resultados permitem inferir sobre o endemismo de TB na cidade de Salvador, Bahia e que os casos resistentes registrados no período desse estudo se deve a transmissão ativa das linhagens resistentes aos fármacos, dado reforçado pela identificação de clusters genéticos. Portanto, reforça-se a importância da adesão ao tratamento anti-TB.A predominância das famílias é consensual com demais trabalhos sobre distribuição de Mtb em território nacional. Todavia, a presença dos isolados de LAM-Cameroon em taxa maior do que aquelas já registradas no Brasil pode estar atribuída ao intenso tráfico negreiro realizado no território baiano. Contudo, novas investigações precisam ser conduzidas para conclusões mais assertiva.
Autoria: Melina Mosquera Navarro Borba Orientação: Maria de Lourdes Farre Vallve Título da dissertação: “ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÔMICA DO HTLV-1 EM PORTADORES DO VÍRUS COM DIFERENTES CONDIÇÕES CLÍNICAS”. Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 18/12/2020 Horário: 09h Local: Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 930 1674 6967
RESUMO
INTRODUÇÃO:O vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 (HTLV-1) foi o primeiro retrovírus humano descrito e estima-se que aproximadamente 5 a 10 milhões de pessoas são infectadas pelo HTLV em todo o mundo. O HTLV-1 é o agente etiológico da paraparesia espásticatropical/mielopatia associada ao HTLV (HAM/TSP), Leucemia/Linfoma de Células T do Adulto (ATLL), Dermatite Infecciosa associada ao HTLV-1 (DIH), entre outros processos inflamatórios. Sabe-se os indivíduos infectados pelo HTLV-1 podem desenvolver as patologias associadas ao vírus ou serem considerados portadores assintomáticos (AC). As pesquisas em relação aos fatores que determinam o perfil clínico em um indivíduo infectado ainda não são conclusivas. Acredita-se na possível influência do modo de transmissão, da carga proviral, além de fatores genéticos do hospedeiro e do vírus. Considerando que as células infectadas circulantes em um indivíduo portador não são idênticas, existindo diferentes grupos de células infectadas (diferentes clones), a clonalidade dessas células infectadas é um parâmetro que precisa ser considerado também no estudo da diversidade genômica do HTLV-1. Apesar de ser uma infecção endêmica, os indivíduos infectados permanecem sem opções terapêuticas eficazes.
OBJETIVO: Avaliar a diversidade genética do HTLV-1 em portadores do vírus com diferentes condições clínicas e desenvolver uma nova estratégia de análise da clonalidade de células infectadas.
MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente foi avaliado o grau de conservação genética da ORF-I em 32 sequências provenientes de portadores comdiferentes perfis clínicos de e os resultados foram comparados com 2.406 sequências da ORF-I disponíveis no GenBank. Em seguida, 242sequências de genoma completo do HTLV-1 disponíveis no GenBank foram submetidas à análises moleculares e análise de Machine Learning em busca de associações entre mutações e sintomatologia. Ainda, foi desenhado iniciadores para sequenciamento do genoma completo do HTLV-1 utilizando o nanosequenciamento e por fim, uma nova estratégia para avaliação da localização da integração viral foi desenvolvida.
RESULTADOS: No primeiro trabalho os dados demonstraram uma baixa diversidade genética da região ORF do HTLV-1, confirmando a estabilidade genômica do provirus. Em seguida, evidenciamos uma correlação entre mutações no gene LTR e na região pX que podem estar associados a indivíduos sintomáticos. Foi iniciada uma prova de conceito para a avaliação da clonalidade combinando a técnica clássica da PCR invertida longa com o nanosequenciamento.
CONCLUSÃO: Esse trabalho possibilitou a disponibilização no GenBank de sequências da ORF-I do HTLV-1 provenientes de pacientes com DIH, ATLL, HAM/TSP e pacientes assintomáticos. Além de evidenciar possíveis alvos para desenvolvimento da vacina. Ainda, permitiu iniciar o desenvolvimento de uma nova estratégia para identificação da localização da integração virale avaliação dos clones circulantes para portadores do HTLV-1 com padrão de policlonal, o que não era possível com as técnicas clássicas de avaliação da clonalidade.
Autoria: Carolina Thé Macedo Orientação: Milena Botelho Soares Título da tese: “AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA TERAPIA COM G-CSF PARA A MELHORA DOS SINTOMAS EM PACIENTES PORTADORES DE CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO FASE II, PROSPECTIVO, BICÊNTRICO, DUPLOCEGO, RANDOMIZADO E CONTROLADO POR PLACEBO” Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 09/12/2020 Horário: 14h Local: Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 914 1435 9387
RESUMO
Introdução: A cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) é uma condição clínica potencialmente fatal, sendo responsável pela maior parte da morbimortalidade da doença de Chagas crônica. Apesar do mecanismo fisiopatogênico único, o tratamento padrão da CCC é semelhante ao esquema terapêutico para insuficiência cardíaca(IC) de outras etiologias. Sendo uma doença negligenciada, uma nova abordagem terapêutica é de extrema necessidade, e o reposicionamento de medicamentos já usados na prática clínica é uma estratégia de pesquisa muito usada atualmente por ser considerada mais rápida e potencialmente eficaz para o desenvolvimento de um novo tratamento. Estudos anteriores mostraram que o fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF) melhora a função cardíaca em modelos animais de CCC e também em ensaios clínicos de IC de outras etiologias. Nesse estudo, realizamos um ensaio randomizado duplo-cego controlado por placebo com objetivo de avaliar a eficácia e a segurança da terapia com G-CSF com o uso concomitante de terapia padrão para IC em pacientes com CCC. Métodos: Na Bahia, Brasil, foram incluídos 37 pacientes com cardiomiopatia chagásica, idade entre 20 e 75 anos, classe funcional IIa IV da New York Heart Association (NYHA) e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) ≤ 50%. Todos os pacientes receberam tratamento padrão para IC por dois meses antes da randomização para o grupo G-CSF (10 mcg / kg / dia) ou placebo, ambos associados a manutenção do tratamento para IC. O desfecho primário foi a estabilização ou melhora da classe funcional desde o início até 6 e 12 meses após o tratamento. A análise estatística foi por intenção de tratar. Resultados: As características basais dos pacientes foram bem equilibradas entre os grupos. A maioria dos pacientes apresentava insuficiência cardíaca em classe II da NYHA (86,4%) e, em ambos os grupos, uma baixa media FEVE (32% ± 7 no grupo G-CSF e 33% ± 10 no grupo placebo). A frequência do desfecho primário em 6 meses foi de 78% vs 66% (p: 0,40) e aos 12 meses foi de 68% vs 72% (p: 0,8) nos grupos placebo e G-CSF, respectivamente. Em relação ao perfil de segurança, o G-CSF era seguro, sem qualquer adverso grave relacionado ao tratamento teste e nenhuma diferença na mortalidade em comparação com o grupo placebo. Embora a análise exploratória dos desfechos secundários não tenha sido estatisticamente significativa, o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) mostrou uma tendência de melhora no grupo G-CSF aos 12 meses. Conclusão: A terapia com G-CSF no CCC é segura e bem tolerada, porém sua eficácia na prevenção da progressão dos sintomas não pôde ser demonstrada pelo presente estudo. Palavras-chave: Doença de Chagas, Cardiomiopatia chagásica, Fibrose, Imunomodulação, G-CSF.
A Fiocruz Bahia recebeu, no dia 27 de novembro, o coordenador de Estratégias de Integração Regional e Nacional da Fiocruz, Wilson Savino, que visitou a central analítica da plataforma de diagnóstico da Covid-19. O equipamento automatiza e permite o processamento simultâneo de quantidade grande de amostras, etapas que antes eram desenvolvidas manualmente, otimizando a realização do diagnóstico pela técnica do RT-qPCR, que detecta fragmentos do genoma do coronavírus.
A central analítica foi adquirida a partir de verba de projeto do Mercosul, do qual a Fiocruz é parceira, que concedeu recursos destinados ao enfrentamento da Covid-19 nos países envolvidos. “O equipamento fica como legado, porque vai ser usado em outras emergências sanitárias, que certamente virão em algum momento no futuro, nas quais testes dessa natureza precisarão ser realizados”, explicou Savino, que é também o coordenador brasileiro do projeto do Mercosul.
Savino reuniu com a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, e com pesquisadores que integram a coordenação da plataforma, Ricardo Khouri, Leonardo Paiva e Bruno Bezerril. “O apoio recebido pelo projeto do Mercosul, coordenado pelo Dr. Savino, foi muito importante para a consolidação da unidade de diagnóstico na Fiocruz Bahia, com respostas rápidas a questões de saúde pública, com ênfase na vigilância molecular. Ressaltamos que a estruturação e o funcionamento efetivo de serviços que apoiem questões vitais para a saúde da população são urgentes e necessários no mundo globalizado que estamos vivendo”, comentou a diretora.
Na oportunidade, o coordenador conheceu toda a estrutura e fluxo de trabalho onde está sendo realizado o diagnóstico molecular e sorológico do coronavírus da Fiocruz Bahia. “Fiz questão de ressaltar a qualidade do trabalho e dos profissionais que estão envolvidos, eu diria que foi emocionante ver o comprometimento e a eficácia com que foi montada a plataforma de diagnóstico na Fiocruz Bahia”, declarou.
A implementação e o trabalho realizado é fruto do empenho de pesquisadores da Fiocruz Bahia, sob a responsabilidade da Diretoria da instituição, em particular da Vice-diretora de Pesquisa e Inovação Tecnológica, Camila Indiani.
Clique aquie saiba mais sobre a plataforma de diagnóstico de Covid-19 da Fiocruz Bahia.
Estão abertas as inscrições para o lançamento do Índice Brasileiro de Privação (IBP), que acontece no dia 9 de dezembro de 2020, às 15h, em evento online, durante a Feira de Soluções da Fiocruz. A abertura do evento contará com a presença de autoridades de instituições como Abrasco, Conasems, além da Fiocruz e Universidade de Glasgow, na Escócia, que tiveram pesquisadores que participaram da elaboração do índice.
O IBP é uma nova ferramenta para medir desigualdades no Brasil, que poderá ser muito útil para gestores públicos, profissionais de saúde e pesquisadores. O grande diferencial do IBP frente aos demais índices existentes é a possibilidade de medir as desigualdades em pequenas áreas dentro dos municípios – no nível dos setores censitários – e em todo o Brasil.
Entre os participantes da mesa de abertura estão: Nísia Trindade (Fiocruz), Alastair Leyland (Universidade de Glasgow), Willames Freire (Conasems) e Gulnar Azevedo (Abrasco). A mediação será feita por Maurício Barreto (Cidacs/Fiocruz Bahia).
Entre os palestrantes do webinário “Índice Brasileiro de Privação (IBP): medindo desigualdades sociais em pequenas áreas no Brasil” estão: Paulo Gadelha (Fiocruz), Mirjam Allik (Universidade de Glasgow), Elzo Júnior (Cidacs/Fiocruz Bahia), Regina Bernal (UFMG). A mediação será feita por Maria Yury Ichihara (Cidacs/Fiocruz Bahia).
Confira o perfil dos participantes do webinário:
Paulo Gadelha (Fiocruz) – É pesquisador sênior da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenador da “Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030”. Foi Presidente da Fiocruz entre 2009 e 2016. É doutor em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública e Doutor Honoris Causa na Universidade de York.
Mirjam Allik (Universidade de Glasgow) – É pesquisadora associada no MRC/CSO Social and Public Health Science Unit na universidade. Pesquisa medidas de privação e a relação com as desigualdades em saúde, explorando a análise de dados. É doutora em Ciências Políticas pelo Trinity College (Irlanda)
Elzo Júnior (Cidacs/Fiocruz) – É pesquisador associado em Epidemiologia no Cidacs/ Fiocruz Bahia. Um dos membros da equipe que está construindo o Índice Brasileiro de Privação. É doutor em Saúde Pública, com área de concentração em Epidemiologia, pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA)
Regina Bernal (UFMG): Pesquisadora no programa de pós-doutorado da Escola de Enfermagem da insituição. Participa da produção e análise de dados das pesquisas do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Pesquisa e realiza análises preditivas para planos de prevenção de saúde.
Um estudo da Universidade de Stanford (EUA), publicado no periódico Journal Plos Biology, listou os 100 mil cientistas mais influentes do mundo. Integram essa lista 32 pesquisadores da Fiocruz. Desses, 8 são da Fiocruz Bahia. Na pesquisa, foram utilizadas as citações da base de dados Scopus, para analisar o impacto do pesquisador ao longo de sua carreira e o impacto de sua atuação em 2019, considerando diversas métricas de produtividade em pesquisa.
A análise de uma série histórica de 16 anos (2004 a 2019) da incidência da dengue em 20 países das Américas do Sul e Central concluiu que a dinâmica de ocorrência da dengue, na região, foi alterada após as epidemias do vírus Zika, possivelmente em função de uma imunidade cruzada entre os dois vírus que são da mesma família.
No estudo, os pesquisadores analisaram dados das notificações de casos suspeitos de dengue realizadas à Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS) pelos seguintes países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guiana, Guiana Francesa, Guadalupe, Guatemala, Honduras, Martinica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico e Venezuela. O trabalho liderado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, foi publicado no periódico Tropical Medicine & International Health.
Os países selecionados para inclusão no estudo foram aqueles em que a dengue constitui um problema de saúde pública e que apresentavam uma incidência mínima de 10 casos por 100.000 habitantes/ano. A partir da observação que a maior transmissão do vírus Zika na região ocorreu no ano de 2016, os pesquisadores dividiram a série histórica da incidência de dengue em cada país em três períodos: o período pré-epidemia de Zika, de 2004 a 2015; o período do efeito da epidemia do Zika sobre a transmissão de dengue, de 2016 a 2018; e o período após o efeito da epidemia do Zika, em 2019.
Os resultados apontaram que, embora houvesse uma oscilação na incidência de dengue ano a ano, havia uma tendência de aumento na maioria dos países durante o período pré-epidemia da Zika. Entretanto, após o pico da epidemia de Zika em 2016, a incidência anual de dengue reduziu abruptamente em 2017 e 2018 para o conjunto de países, sendo o mais baixo relatado desde 2005.
Individualmente, 13 dos 20 países apresentaram uma queda estatisticamente significante na incidência de dengue, iniciando a partir de 2016. Mas após 2 a 3 anos de baixa incidência, observou-se que, em 2019, as notificações de casos suspeitos de dengue aumentaram de forma geral nas Américas, sugerindo que, se as infecções pelo vírus Zika levarem à proteção da população contra o vírus da dengue, esta imunidade cruzada deve ter uma duração de 2 a 3 anos, semelhante ao tempo de proteção conferido por uma infecção por um dos sorotipos do vírus da dengue contra os demais sorotipos.
Dando suporte às observações realizadas, os pesquisadores citam estudos realizados em laboratório que apontam para a existência de uma resposta imune cruzada entre estas infecções e discutem os resultados de estudos epidemiológicos prévios que também sugerem a existência de imunidade cruzada. Entre estes trabalhos prévios, destacam-se produções realizadas pelo grupo de autores em revistas científicas de alto impacto.
Em 2018, os pesquisadores publicaram na The Lancet Global Health o primeiro trabalho científico a sugerir esta hipótese, no qual apresentaram evidências estatísticas de uma redução na frequência de dengue, em Salvador, após a epidemia de Zika, que ocorreu em 2015. Posteriormente, em 2019, outra análise publicada pelo grupo, na revista Science, demonstrou a existência de imunidade cruzada na outra direção, concluindo que a imunidade existente contra o vírus da dengue protegeu indivíduos contra a Zika, durante o surto na capital baiana.
Entretanto, de acordo com os cientistas, não é possível afirmar se a possível imunidade populacional contra a dengue conferida pela Zika decorre de uma proteção direta contra infecções, de uma proteção para o desenvolvimento de sintomas clínicos após a infecção, de uma limitação na propagação do vírus por uma redução na sua capacidade de transmissão do homem para o vetor, ou mesmo da combinação destes possíveis efeitos. Independente do mecanismo, estes achados que, segundo os autores, devem ser confirmados em estudos futuros, com seguimento por longo prazo de pessoas expostas e não expostas a estes vírus, podem ter impactos significativos na saúde pública, em especial no que concerne o desenvolvimento e aplicação de vacinas contra os da vírus da dengue e da Zika.
A equipe liderada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves, recebeu o prêmio Especiação, no encerramento da segunda rodada do Inova Labs Fiocruz. O evento aconteceu no dia 27 de outubro e foi transmitido pelo YouTube.
O grupo criou a SerdYtech, uma spin-off que desenvolveu um teste rápido para o diagnóstico da doença de Chagas em cães. Da Fiocruz Bahia, também participaram a equipe coordenada pela pesquisadora Deborah Bittencourt, com a Leish Detect, cujo produto foi um teste rápido para leishmaniose visceral canina, que ficou em 3º lugar no programa; e o grupo da Sickle Prog, liderado pela pesquisadora Marilda Gonçalves, que desenvolveu um teste para caracterização clínica de pacientes com doença falciforme.
O Inova Labs Fiocruz é um programa de empreendedorismo científico e de pré-aceleramento de start-ups realizado pela Fiocruz, o Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) do Ministério da Saúde e a Fundação Biominas, no qual as equipes participantes identificam um problema de saúde pública, a sua solução, os potenciais clientes da solução proposta e um modelo de negócio.
O programa oferece suporte na construção de estratégias adequadas para a inserção de uma nova solução (produto/processo/serviço/sistema) no mercado e o desenvolvimento de habilidades empreendedoras da equipe. O objetivo é identificar oportunidades junto aos pesquisadores da Fiocruz em todo o país para o desenvolvimento de soluções que possam resolver lacunas relevantes do sistema público de saúde nas áreas de oncologia, emergências sanitárias e doenças negligenciadas.
O treinamento é dividido em 4 momentos: o “4Team Selection”, em que são selecionadas até 40 equipes para a fase de entrevistas, ao final, no máximo 21 equipes podem participar. O “BioBusiness Model”, etapa que as equipes são instruídas a criar, desenvolver e testar a viabilidade do modelo de negócio da solução que pretendem levar ao mercado. O “Labs”, fase em que as equipes contam com o suporte de especialistas e elaboram um pitch paper (plano de negócio simplificado). E o “Demoday”, evento em que as equipes mais bem pontuadas apresentam a sua solução e a sua estratégia para investidores e potenciais parceiros e onde será anunciada a equipe vencedora.
Além de Fred Luciano, a equipe da SerdYtech foi formada pelos estudantes de mestrado do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) da Fiocruz Bahia, Emily Ferreira, Natália de Freitas e Ramona Daltro. O pesquisador explica que, durante o Demoday, a equipe despertou o interesse da unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz, Bio-Manguinhos, para investimento no kit diagnóstico. “Ao final, nós ganhamos o prêmio de Especiação, pois fomos a equipe com maior evolução ao longo do programa, tanto com resultados quantitativos, qualitativos, incluindo os aspectos comportamentais”, comemora.
Deborah Bittencourt considera a participação no programa transformadora. “Participar do Inova Labs foi maravilhoso!! É um programa de formação excelente, conduzido de forma muito competente pela Biominas, que é um divisor de águas na vida de um pesquisador que trabalha com inovação. Muda muito a forma de conduzir o dia a dia da equipe, da pesquisa e do desenvolvimento de produtos. Minha equipe teve um grande aprendizado e crescimento profissional durante o Inova Labs. Agradeço a Fiocruz pela excelente oportunidade”, comenta.
Fizeram parte da equipe de Deborah a pesquisadora Claudia Brodskyn, o servidor Claudio Damasceno e os estudantes Matheus de Jesus e Yuri Silva, do PgBSMI; Bruna Leite, do Programa de Pós-graduação em Patologia (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia); e João Victor Andrade, de Iniciação Científica.
A Sickle Prog, liderada por Marilda Gonçalves, foi composta pelo pesquisador Jaime Ribeiro, também por Claudio Damasceno e pelos estudantes do PgPAT, Setondji Cocou Modeste e Luciana Fiuza. “A participação no Inova Lab foi muito importante para a estratégia de inovação do nosso produto, despertando o potencial de inovação que possuímos ao desenvolvermos as atividades de pesquisa. O contato com os comitês de avaliação e com as unidades de produção possibilitou delinear um futuro promissor para o produto proposto”, avalia a cientista.
Autoria: Gabriele Louise Soares Martins Orientação: Bruno Solano de Freitas Souza Título da tese: “Estabelecimento de protocolos para diferenciação eritroide utilizando células-tronco pluripotentes induzidas obtidas de pacientes com anemia falciforme”. Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 03/12/2020 Horário: 09h Local: Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 943 1887 0999
RESUMO
INTRODUÇÃO: A anemia falciforme (AF) é uma doença genética de elevada prevalência no Brasil, principalmente na Bahia. O quadro clínico decorrente é de uma anemia hemolítica associada a eventos vaso-oclusivos e há poucas opções disponíveis para o tratamento farmacológico.As células-tronco pluripotentes induzidas (iPSC) permitem o estudo de características celulares de pacientes acometidos por doenças genéticas, com maior profundidade e abrangência, como é o caso da AF. Através da diferenciação eritroide das iPSC obtidas de pacientes com AF, seria possível desenvolver um modelo in vitropara descoberta de novas alternativas terapêuticas.
OBJETIVO: Estabelecer um protocolo de diferenciação celular eritroide utilizando iPSCsde indivíduos com AF e doadores saudáveis.
MÉTODOS: Linhagens de iPSCs foram obtidas de três pacientes com AF e três controles saudáveis e genotipadas quanto ao haplótipo de HBB. As iPSCs foram submetidas ao protocolo de diferenciação eritroide em etapas: I. obtenção de progenitores hematopoiéticos (CPH); II. expansão de eritroblastos; e III. maturação terminal, etapas confirmadas por análise de citometria de fluxo para os marcadores CD34, CD45, CD71, CD36 e CD235a. Para confirmação da funcionalidade das CPH, foi realizado ensaio de célula formadora de colônia (CFC). Ao final, foi realizada análise morfologia por citocentrifugação seguida de coloração giemsa e análise de expressão de hemoglobina fetal e beta por RT-qPCR. RESULTADOS: Os haplótipos das iPSCs foram identificados como Benin/Benin e Benin/CAR. Através dos protocolos envolvendo formação de EB ou através de protocolo de diferenciação em 2D, foi possível obter CPH que expressam CD34+, CD45+e CD43+. No entanto, a utilização de meio APEL com placa de fundo em U não aderente foi capaz de gerar maior número de células, com percentuais satisfatórios. Utilizando este protocolo, foi alcançada uma expansão de 40x em relação ao número inicial de iPSC. Em ensaio de CFC, as CPHs foram capazes de formar colônias de diferentes tipos: BFU-E,CFU-E, CFU-GM e CFU-GEMM. Após a etapa II, as células apresentaram marcação CD36+/CD71+e produção de hemoglobina. A análise dos genes HBG2 e HBB (HbB) por RT-qPCR demonstrou a produção de HBG2 aumentada nas células derivadas de iPSC quando comparadas a uma amostra obtida de sangue periférico (SP), no entanto, o contrário foi observado para o gene HBB, caracterizando um perfil imaturo nas células eritroides geradas. Foi possível ainda observar marcação de 52% de células CD71+/CD235a+, e a presença de proeritroblastos, eritroblastos ortocromáticos e reticulócitos.
CONCLUSÕES:A realização de diferentes metodologias permitiu o estabelecimento do melhor protocolo de diferenciação para obtenção de células eritroides a partir de iPSC de pacientes com AF. Foram geradas CPHscom capacidade de diferenciação em diferentes colônias hematopoiéticas. Ajustes complementares na etapa de maturação, no entanto, são necessários para garantir a geração de células eritroides completamente maduras e expressando hemoglobina beta.
Autoria: Philipe Faria Santos Orientação: Maria da Conceição Chagas de Almeida Título da tese: “AUTOAVALIAÇÃO DE SAÚDE E EVENTOS CARDIOVASCULARES EM PARTICIPANTES DO ELSA-Brasil”. Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 27/11/2020 Horário: 14h Local: Sala Virtual do Zoom | ID da reunião 979 8773 6280
RESUMO
INTRODUÇÃO: Doenças cardiovasculares (DCV) representam um conjunto de doenças que acometem o coração e os vasos sanguíneos e estão entre as principais causas de hospitalizações e mortes no país. Apesar de prevenível, a morbimortalidade por DCV é elevada. A gestão dos fatores de risco e controle adequado da doença podem ser influenciados pela autoavaliação que os indivíduos têm da sua saúde. Estudos têm demonstrado que a autoavaliação de saúde(AAS)é um importante preditor de morbimortalidade. Logo, este estudo tem por objetivo avaliar a associação entre a ocorrência de eventos cardiovasculares autorreferidos e autoavaliação de saúde.
MÉTODOS: Foi realizado um estudo de corte transversal, com os dados da linha de base do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto-ELSA-Brasil (2008-2010). A variável independente principal foi evento cardiovascular autorreferido. Para este estudo foram considerados eventos cardiovasculares: acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio (IAM)e insuficiência cardíaca(IC). Sexo, idade, escolaridade, estilo de vida e comorbidades, como diabetes e hipertensão arterial foram as covariáveis. A variável dependente foi autoavaliação de saúde. Para caracterização dos participantes foram calculadas frequências absolutas e relativas. Teste Qui-quadrado de Pearson foi realizado para verificar as diferenças entre os grupos. Regressão logística simples e multivariadacom seleção backwardfoirealizada para investigar a associação entreeventos cardiovasculares autorreferidos e autoavaliação de saúde. Para verificar a bondade de ajuste do modelo foi realizado teste lfit e área sob a curva ROC.
RESULTADOS: A frequência de autoavaliação de saúde (AAS) ruim foi 19,8%. A chance de ter AAS ruim foi maior entre os indivíduos com histórico de AVC (OR:3,22 [2,15-4,82]), IAM(OR:5,77 [3,81-8,75])e IC(OR:4,91 [3,36-7,16]) quando comparado com indivíduos que não relataram essas doenças. Após ajuste para condições socioeconômicas, condições de saúde e estilo de vida, o histórico de pelo menos um evento cardiovascular autorreferido permaneceu associado a AAS ruim entre homens (OR:1,81 [1,46-2,25]) e mulheres (OR:2,04 [1,61-2,58]).
CONCLUSÃO: Esses resultados reforçam a importância da adoção de hábitos de vida saudável, controle adequado das condições de saúde preexistente para melhoria da autoavaliação de saúde e, consequentemente, redução de mortalidade precoce.