Causa da doença de Haff, conhecida como “doença da urina preta”, pode ser toxina em peixes

O Centro de Informações Estratégicas e Vigilância em Saúde (CIEVS) da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, em parceria com a Fiocruz Bahia e outros colaboradores, realizou um estudo com o objetivo de investigar casos da doença de Haff detectados entre janeiro de 2016 e janeiro de 2021. A pesquisa buscou descrever as características clínicas dos casos, identificar fatores associados, estimar a taxa de ataque associada ao consumo de um peixe relacionado ao surgimento de casos e investigar a presença de biotoxinas e metais em espécimes de peixes. 

A doença de Haff é uma causa rara de rabdomiólise, síndrome provocada por lesão muscular que resulta na elevação dos níveis séricos de creatina fosfoquinase (CPK) e, em alguns casos, provoca escurecimento da coloração urina, variando de avermelhada a marrom, característica que tornou a enfermidade popularmente conhecida como “doença da urina preta”. A rabdomiólise na doença de Haff tem rápido início, após o consumo de certos peixes e crustáceos cozidos, sugerindo que toxinas estáveis ​​ao calor, ainda desconhecidas, são a causa da doença. 

Os resultados do trabalho, coordenado por Cristiane Cardoso, do CIEVS Salvador, e pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, foram publicados no periódico Lancet Regional Health – Americas. No artigo, os pesquisadores relatam que a teoria mais aceita é que os peixes e crustáceos não produzem eles mesmos as toxinas, mas acumulam no seu corpo compostos produzidos por outros organismos, como microalgas, através da cadeia alimentar. 

Seis amostras de peixes passaram por análises laboratoriais: duas eram sobras de uma refeição relacionadas a dois casos da doença, ambos com evidências laboratoriais de rabdomiólise; outras duas foram obtidas de casos isolados com altos níveis de CPK; e as duas últimas eram amostras frescas obtidas em uma peixaria local, onde alguns pacientes haviam comprado peixes. Com o apoio dos colaboradores da Universidade do Paraná e do Instituto Federal de Santa Catarina, a pesquisa detectou compostos do tipo palitoxina nas amostras de espécie de água salgada conhecida como “olho de boi”, que pode ser a provável fonte de contaminação. Não foi detectada a presença de metais como arsênio, cádmio e chumbo nos peixes. 

Os pesquisadores também realizaram análise de sangue, fezes e urina dos participantes e coletaram informações, como dados demográficos, manifestações clínicas e exposições epidemiológicas; se tiveram contato com animais e água da chuva; se fizeram refeição em restaurantes; uso de drogas ilícitas e medicamentos; exercício físico; viagem na semana anterior ao início dos sintomas; e vacinação. Ainda foram analisados indivíduos que comeram o mesmo peixe suspeito e não apresentaram sintomas.

No período entre 2016 e 2017, foram investigados 65 casos. Destes, 66% tinham níveis elevados de CPK, 88% foram hospitalizados, 26% necessitaram de cuidados intensivos e 7% de diálise. A ingestão de peixes marinhos 24 horas antes do início da doença foi relatada por 74% dos casos com CPK elevada e por 41% daqueles sem medição de CPK. A taxa de ataque para indivíduos que comeram peixes relacionados ao surto, indicador de incidência da doença, foi de 55%. Os tipos de peixes mais consumidos pelos casos foram “olho de boi” e “badejo”. 

Após o surto ocorrido entre 2016 e 2017, o CIEVS Salvador identificou 12 casos suspeitos entre 2017-2019 e um novo surto durante a pandemia da Covid-19 (2020-2021). Durante o surto ocorrido entre 2020 e 2021, 16 pacientes com rabdomiólise confirmados por laboratório foram identificados (cinco necessitaram de cuidados intensivos e um foi a óbito).

No trabalho, os pesquisadores ressaltam que, devido aos recentes surtos da doença de Haff, especialmente no Brasil, é necessário fortalecer a vigilância epidemiológica e o treinamento médico para detecção de casos suspeitos da doença. Os casos suspeitos devem ser comunicados às autoridades sanitárias para investigação. 

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Seminário Estratégico discute ações no âmbito da gestão, comunicação e da tecnologia da informação

A Fiocruz Bahia realizou os dois últimos encontros da primeira etapa do Seminário Estratégico do IGM 2022-2025, nos dias 21 e 25 de outubro. O evento teve como objetivo discutir temas importantes para o desenvolvimento institucional da Fiocruz Bahia nos próximos quatro anos. Os palestrantes foram recebidos pela diretora da unidade, Marilda de Souza Gonçalves.

No dia 21, foi abordado o tema Comunicação e Tecnologia da Informação, que contou com a mediação do coordenador da Ascom da Fiocruz Bahia, Antônio Brotas. A primeira apresentação intitulada “Divulgação Científica” foi proferida por Cristina Araripe, coordenadora do Fórum de Divulgação Científica da Fiocruz. A pesquisadora abordou a implantação e os desafios da área de divulgação científica na Fundação, destacando os marcos institucionais, e falou sobre os objetivos, princípios e diretrizes da política de divulgação científica.

“Há 20 anos, foi criado o grupo de trabalho ‘Educação e Divulgação Científica’ para que o tema fosse discutido de maneira mais integrada. Destaco a história da implantação da área de divulgação científica no âmbito da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC), a partir desta referência. Claro que nós poderemos buscar outras referências históricas, desde 1900, como a criação do museu, da sala que foi reservada no castelo para que fosse reverenciada a memória de Oswaldo Cruz”, observou Cristina Araripe. 

A apresentação “Comunicação em Saúde: panorama atual e visão de futuro” foi ministrada por Rodrigo Murtinho, diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz). “Na nossa opinião, a comunicação tem três grandes áreas de trabalho: a dimensão da pesquisa, do ensino e das atividades práticas efetivas de comunicação do dia a dia”, pontuou Rodrigo Murtinho. Murtinho mencionou a Política de Comunicação da Fiocruz, os projetos e experiências da comunicação durante a pandemia e as discussões sobre questões referentes a comunicação no documento do IX Congresso Interno da Fiocruz. 

Após as perguntas dos participantes sobre o tema da comunicação, Geraldo Sorte, coordenador-geral de Gestão de Tecnologia de Informação e Comunicação (COGETIC/Fiocruz), apresentou a palestra “Tecnologia da Informação: perspectiva na Fiocruz e área de negócios”, que foi mediada pelo chefe do Serviço de Tecnologia da Informação na instituição, Murilo Freire. “Sobre os desafios para a TI na Fiocruz, os principais são suportar o processo de transformação digital nas áreas de negócio da instituição, gerar valor para a instituição e o cidadão e ter uma visão da TIC como provedora dos serviços”, destacou Geraldo Sorte. A apresentação abordou a governança de TIC, instrumentos de planejamento na área e a transformação digital. 

Em 25 de outubro, a comunidade se reuniu para discutir as metas e realizações futuras no âmbito da gestão institucional. O evento teve início com a palestra “A gestão do trabalho na Fiocruz e a visão de futuro no pós-pandemia”, proferida pela coordenadora geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz, Andréa da Luz Carvalho, moderada pela chefe do Serviço de Gestão do Trabalho da unidade, Maria Julia Alves de Souza. 

Em sua apresentação, a palestrante trouxe um breve panorama da gestão da Fiocruz antes da pandemia causada pela Covid-19 e as principais mudanças e desafios durante o período atual. Dentre os principais pontos abordados, a convidada destacou a organização de ações voltadas à saúde do trabalhador para a prevenção e proteção de todos os membros da comunidade interna da instituição, além de ações de vigilância sanitária, promoção da saúde mental e reorganização das modalidades de trabalho, incluindo rodízio e teletrabalho. 

Andréa falou ainda sobre a necessidade de garantir a permanência de ações que fortaleçam a Fiocruz, proporcionando inclusão e equidade para os trabalhadores em seus diversos tipos de vínculos. “Nós temos que pensar de forma diversa e a pandemia mostrou isso: a nossa capacidade de produzir respostas de mobilização a partir de vários vínculos para determinado problema”, enfatizou Andréa Carvalho. 

Depois da apresentação, foi aberto espaço para perguntas e contribuições por parte dos ouvintes que puderam discutir questões como os direitos e benefícios dos profissionais da Fiocruz e as novas perspectivas em meio ao cenário político e social do país que vem sofrendo os impactos da pandemia. 

Em seguida, Mario Santos Moreira, vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, proferiu a palestra intitulada “A gestão na Fiocruz: lições aprendidas e avanços necessários”, onde falou sobre  a responsabilidade e os desafios da Fiocruz enquanto uma instituição de Ciência e Tecnologia, destacando os novos paradigmas científicos. A palestra foi mediada pelo vice-diretor de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz Bahia, Valdeyer Reis.

Mario Moreira destacou também a realização do Congresso Interno como um espaço de pactuação da Fundação e elemento fundamental para a estabilidade institucional. “Nós não podemos abordar a saúde de forma antiquada, a Fiocruz tem que se colocar nessa discussão numa perspectiva ampla do entendimento do que é saúde, nós temos feito isso muito bem”, ressaltou Mario Moreira. 

Após a apresentação, o vice-presidente respondeu às questões apresentadas pelos demais participantes, com provocações e reflexões acerca de temas como a transformação dos conhecimentos científicos produzidos pela instituição em ações práticas, que contribuam, de forma efetiva, para a melhoria da qualidade de vida da população. 

A última etapa do encontro, que contou com a participação do professor da Universidade de São Paulo (USP), José Carlos Vaz, foi dedicada à discussão do Documento Base I e da relatoria com contribuições oriundas dos grupos de trabalho. 

Nos dias 13 e 14 de outubro, a comunidade da Fiocruz Bahia discutiu os macroprocessos Pesquisa e Ensino, clique aqui e confira. O Seminário Estratégico continuará nos dias 3 e 4 de novembro, período no qual as chefias discutirão metas e projetos associados aos macroprocessos previamente discutidos e que deverão ser implementados nos próximos 4 anos.

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Eventos adversos pós-vacinação da Covid-19 é tema de trabalho de campo do EPISUS-Intermediário na Bahia

Durante os dias 18 a 23 de outubro, foi realizada a etapa de trabalho de campo do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde, o EPISUS intermediário, do Ministério da Saúde. O pesquisador e vice-diretor de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio, é o mentor do curso na Bahia e em Alagoas, atuando como interlocutor entre a coordenação geral da capacitação e os tutores. A capacitação reuniu, em Salvador, cerca de 30 estudantes do estado, distribuídos entre a capital e cidades do interior.

O EPISUS está sendo realizado ao longo do ano de 2021, com cerca de 800 alunos de todos os estados da federação. As unidades regionais da Fiocruz, como a Fiocruz Bahia, funcionam como ponto de apoio para o curso coordenado pela Fiocruz Brasília e a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde. Cada estado seguiu um cronograma para o trabalho de campo. Ao término desta etapa, os alunos retornam aos seus locais de origem para dar continuidade à capacitação, que tem previsão de conclusão em dezembro de 2021.

Claudio Maierovitch Henriques, coordenador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde, e José Agenor Álvares da Silva, coordenador do Curso de Especialização em Epidemiologia de Campo – Episus intermediário, ambos da Fiocruz Brasília, contam que o objetivo das atividades em campo no âmbito da capacitação é avaliar e fortalecer os serviços de vigilância em saúde; investigar e controlar surtos e ocorrências de relevância epidemiológica; realizar monitoramento de doenças e agravos de importância para a saúde pública; planejar e realizar estudos de campo relacionados a estes temas.

“O curso tem ênfase nas atividades práticas e inclui, como exercício de aplicação dos conhecimentos, a identificação de um problema de saúde local prioritário e a elaboração de resposta por meio do trabalho desenvolvido em grupo. Os cursistas se organizam para investigar, levantar informações de bases de dados e diretamente em campo, analisar e apresentar propostas para enfrentar os problemas estudados. Utilizando tecnologias de ensino e interação à distância, todos os atores envolvidos no processo educativo são chamados a partilhar responsabilidades, conformando uma rede de aprendizagem contínua que permanece ativa mesmo depois da conclusão”, explicam os coordenadores.

Na Bahia, os dois primeiros dias do curso foram destinados a revisar o protocolo de pesquisa construído pelos próprios alunos e organizar o material necessário para a coleta de dados em campo. “Os estudantes propuseram avaliar a frequência de eventos adversos associados à vacinação contra Covid-19 em moradores do Alto das Pombas, na região de abrangência da Unidade de Saúde da Família do local”, contou Ricardo Riccio.

O turno vespertino da terça e da quarta-feira foram reservados para a coleta dos dados, a partir de questionários elaborados pelos alunos, que realizaram cerca de 250 entrevistas durante o período. Na quinta-feira ocorreu o preparo e digitação do banco de dados, enquanto na sexta-feira foi realizada a análise dos dados e elaboração do relatório final. No sábado pela manhã aconteceu a apresentação dos principais dados obtidos e o encerramento do evento.

Durante a capacitação, os tutores do programa estão diretamente ligados aos alunos, auxiliando-os em suas atividades ao longo dos módulos. Uma das tutoras do curso na Bahia, Cristiane Wanderley Cardoso, coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Salvador (CIEVS), disse que o EPISUS possui um papel fundamental no fortalecimento do SUS, uma vez que tem como uma das principais estratégias qualificar os profissionais das secretarias de saúde para a melhoria das ações em vigilância epidemiológica nas investigações e controle de surtos, planejamento e realização de estudos de campo no âmbito regional e local.

“Caracterizada pelo trabalho presencial seguindo todos os protocolos de prevenção contra a Covid-19, a semana ocorreu com a aplicação do projeto de pesquisa elaborado pelos estudantes, permitindo a interação entre a comunidade e aprimorando ainda mais o processo de construção coletiva. Estou muito satisfeita com o desenvolvimento dos estudantes e confiante que a troca de experiências e conhecimento adquirido permitirá que os participantes possam ampliar a capacidade técnica-científica para colaborar na resolução de problemas de saúde pública, principalmente em investigações de surtos e epidemias”, declarou.

Para a enfermeira e sanitarista Mirela Maisa Souza Ferreira, aluna do curso, o mundo tem passado por um dos maiores desafios da história da humanidade com a pandemia da Covid-19, evidenciando a necessidade de ampliar a capacidade de detecção, elucidação e monitoramento dos eventos em saúde pública, assim como de implantação das medidas de controle e prevenção adequadas e oportunas com o objetivo de reduzir o risco de expansão desses eventos.

“Sem dúvidas, fazer parte desse time de futuros especialistas em epidemiologia de campo representa um passo muito importante para o fortalecimento dessa rede de preparação e resposta. As trocas de experiências, aprender como realizar investigação epidemiológica, a capacitação para utilização de softwares e programas que permitam produzir informações em saúde com qualidade, o trabalho coletivo e a necessidade de articulação são o verdadeiro ‘aprender fazendo’ nesse processo formativo, e que se traduzem em aprendizados importantes para estarmos cada vez mais preparados para responder de maneira mais efetiva às emergências em saúde pública”, comentou a estudante.

 

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Tese aborda biomarcadores genéticos de disfunção endotelial na doença falciforme

Autoria: Suéllen Pinheiro Carvalho Valverde
Orientação: Marilda de Souza Gonçalves
Título da tese: Biomarcadores genéticos de disfunção endotelial na doença falciforme: associação com o perfil clínico e laboratorial
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Patologia Humana
Data de defesa: 27/10/2021
Horário: 09h00
Local: Sala virtual do Zoom

RESUMO

INTRODUÇÃO: a doença falciforme (DF) é um grupo de hemoglobinopatias onde a anemia falciforme (AF), caracterizada pela homozigose HbSS, é a forma mais grave, enquanto a hemoglobinopatia SC, apesar de menos grave, é a segunda mais prevalente. As principais manifestações clínicas presentes na DF são decorrentes da hemólise contínua e do processo inflamatório crônico, levando à anemia e fenômenos de vasooclusão. A vaso-oclusão tem sido associada a presença de hemácia falcizada, e a ativação de reticulócitos, leucócitos e plaquetas, juntamente com alterações no endotélio vascular e hipercoagulabilidade sanguínea. Diversos fatores ambientais e genéticos têm sido associados ao quadro clínico heterogêneo presente na doença. Portanto, estudos envolvendo genes associados a disfunção endotelial são importantes para a compreensão da fisiopatologia da DF. OBJETIVO: identificar biomarcadores genéticos de disfunção endotelial e associações a dados laboratoriais e manifestações clínicas em indivíduos com AF e doença SC. MÉTODOS: foi realizado um estudo de corte transversal cujos dados clínicos foram obtidos a partir de entrevistas aos pacientes; as análises hematológicas e bioquímicas foram desenvolvidas por métodos automatizados; as análises moleculares foram realizadas para determinar os haplótipos βS, talassemia α e os polimorfismos SELP (rs6127, rs6131 e rs6136); SELPLG (rs2228315) ; CD40 (rs1883832) ; e CD40L (rs3092952). RESULTADOS: o primeiro manuscrito demonstrou que os pacientes com AF exibiram quadro de anemia, hemólise, leucocitose e inflamação mais proeminente que os pacientes com doença SC, que apresentaram marcadores lipídicos alterados. A principal causa de internação em ambosos grupos foram as crises de dor, as quais estiveram asscicadas à contagem elevada de hemácias em pacientes com AF. A ocorrência de dactilite apresentou frequência significativamente maior nos pacientes com AF e foi associada ao aumento do RDW, monócitos e PCR, bem como à terapia pela hidroxiuréia (HU). Pneumonia e STA foram associadas com níveis elevados de PCR e LDL-C, respectivamente. Nos indivíduos com doença SC, a história prévia de esplenomegalia foi associada à contagem mais baixa de plaquetas. O segundo manuscrito demonstrou associação da variante CD40L (rs3092952) com a história prévia de crises de dor e dactilite em pacientes com AF. Além disso, nossos resultados sugerem a associação independente da variante SELP (rs6127) com o aumento dos níveis de endotelina 1 (ET-1) e da variante SELP (rs6131) com níveis elevados de glicose. Também foi reforçado que indivíduos com AF em terapia com HU apresentaram redução da contagem de monócitos e dos níveis de LDH. O terceiro manuscrito demonstrou que indivíduos com AF portadores do haplótipo TTC
do gene SELP apresentaram níveis reduzidos de glicose em comparação com aqueles com haplótipo não-TTC. Indivíduos com haplótipo TTT apresentaram níveis reduzidos de colesterol total e LDL-C em relação aqueles com haplótipos não-TTT. Além disso, foi observado que os indivíduos portadores dos haplótipos βS CAR/BEN ou CAR/CAR apresentaram níveis elevados de colesterol total. CONCLUSÕES : Os nossos resultados confirmam estudos anteriores sobre as diferenças nos aspectos clínicos e laboratoriais entre os indivíduos com AF e HbSC. O nosso estudo também confirmou que a terapia com HU está associada a melhora dos perfis inflamatório e hemolítico; e que indivíduos com AF portadores do haplótipo βs CAR/BEN ou CAR/CAR podem apresentar o perfil clínico mais grave. Além disso, os dados sugerem que variantes nos genes SELP e CD40L estão associadas a complicações clínicas e marcadores laboratoriais de vaso-oclusão; e que haplótipos no gene SELP podem regular biomarcadores clássicos envolvidos na disfunção endotelial em pacientes com AF.

Palavras-chave: anemia falciforme, hemoglobinopatia SC, parâmetros laboratoriais, manifestações clínicas, p-selectina, CD40, polimorfismos, haplótipos.

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Seminário Estratégico discute ações em Pesquisa e Ensino para 2022-2025

Realizada durante os dias 13 e 14 de outubro, a primeira etapa do Seminário Estratégico IGM 2022 – 2025 discutiu temas importantes para as ações da Fiocruz Bahia nos próximos quatro anos. A abertura do evento foi realizada pela diretora da instituição, Marilda Gonçalves, e pela conferência proferida pelo professor titular da Unicamp, Fernando Ferreira Costa.

Posteriormente, o vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IGM, Ricardo Riccio de Oliveira, mediou a mesa de discussões sobre pontos atuais em pesquisa, que contou com a participação da pesquisadora da Fiocruz Minas Gerais, Zélia Profeta; da vice-coordenadora do Cidacs, Maria Yury e do diretor do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), Pedro Barbosa, além de servidores e demais colaboradores da Fiocruz Bahia. 

Marilda Gonçalves iniciou o encontro destacando a importância da iniciativa para toda a instituição. “Esse é o segundo Seminário que fazemos na gestão, esse momento representa um marco importante para a construção do portfólio de ações a serem desenvolvidas pela instituição nos próximos anos e, também, para o delineamento de áreas que merecem uma atenção especial a longo prazo”, afirmou. 

Em seguida, o professor da Unicamp, Fernando Ferreira Costa, apresentou a conferência de abertura intitulada ‘Aspectos do futuro da pesquisa em medicina no Brasil’. Fernando Costa falou sobre os principais avanços nas formas de diagnóstico e tratamento de doenças, fazendo um breve apanhado histórico das revoluções da medicina e destacando marcos como o primeiro sequenciamento do genoma humano, realizado no ano 2000. O conferencista também abordou os investimentos em pesquisa médica, comparando o Brasil com os Estados Unidos e países da Europa, onde há maior aplicação de recursos financeiros para a pesquisa científica. Fernando Costa ainda destacou a importância das agências de fomento como CNPq, Capes e FAPs. “Não precisamos inventar a roda, o que precisa é existir vontade política dos nossos dirigentes para saberem que a pesquisa é importante para o desenvolvimento do país e para o tratamento de doenças, para que possamos tratar a nossa população dignamente”, enfatizou. 

Experiências em pesquisa, ciência e tecnologia

Ministrada pela pesquisadora da Fiocruz Minas e membro do Council on the Economics of Health for All, Zélia Profeta, a palestra ‘CT&I e saúde em tempos de pandemia’ abordou os desafios da pesquisa em meio aos frequentes cortes e contingenciamento de recursos, destacando a diminuição dos investimentos desde o ano de 2016. A convidada também apresentou a experiência do Movimento de Defesa da CT&I em Minas Gerais, responsável pela elaboração do Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, pensando no desenvolvimento socioeconômico do estado, reduzindo desigualdades sociais, de gênero e raça. “Hoje é muito difícil entender e fazer ciência sem uma visão interdisciplinar, sendo fundamental que tenhamos a perspectiva para aumentar a nossa capacidade de resposta nos territórios”, explicou. 

Na sequência, a médica e vice-coordenadora do Centro de Integração de Dados para a Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, Maria Yury Ichihara, proferiu a palestra ‘O uso de Big Data em pesquisa de saúde’, apresentando as metodologias de análise dos grandes bancos de dados e os seus pilares. Durante a sua fala, a palestrante apresentou alguns dos principais desafios para o uso de Big Data, como as questões relacionadas à privacidade dos usuários, a gestão e a segurança dos conteúdos. “Vem sendo desenvolvido, principalmente no Cidacs, uma curadoria de dados que se preocupa em receber, armazenar, processar, preservar e disponibilizar esses dados de forma que possam ser utilizados e que não haja riscos de quebra de privacidade dos indivíduos”, afirmou. 

O último a se apresentar foi o diretor-presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), Pedro Barbosa, que ministrou a palestra ‘Desenvolvimento Tecnológico e Inovação e apoio à pesquisa’, apresentando a experiência do IBMP na realização de um trabalho voltado para a inovação tecnológica e produção industrial de produtos de diagnóstico destinados ao SUS. “O nosso papel é pegar pesquisas aplicadas e levar ao mercado, fazer o pré-desenvolvimento, o desenvolvimento, escalonar e produzir industrialmente para entregar à sociedade”, explicou. Pedro Barbosa falou ainda sobre a iniciativa “Todos pela Saúde”, realizada com foco no aprimoramento do sistema nacional de vigilância epidemiológica para o enfrentamento de futuras epidemias. A ação contempla as linhas de trabalho de comunicação, infraestrutura, diagnóstico, EPIs e pesquisa. 

Desafios e novas perspectivas para a educação

Na quinta-feira, 14, o encontro foi mediado pela vice-diretora de Ensino e informação da Fiocruz Bahia, Claudia Ida Brodskyn, e contou com as apresentações da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado, e da diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damasio.

Cristiani Machado abordou o tema ‘Educação na Fiocruz: panorama atual e visão do futuro’, destacando a articulação entre ensino, pesquisa, cooperação e divulgação científica na instituição, além das ações para o fortalecimento do SUS e do sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação. A palestrante também apresentou experiências na educação no contexto da pandemia, com iniciativas como as chamadas públicas, seminários e parcerias internacionais, das quais salientou a capacitação de profissionais da saúde que atuam no SUS, a formação de agentes comunitários e os projetos para a disseminação de informações seguras sobre a Covid-19. 

A vice-presidente finalizou destacando os desafios para o futuro da educação na Fiocruz. “Nós temos o desafio de ampliar a inclusão de pessoas com deficiência, pessoas indígenas e negras em nossos cursos, além de formalizar e consolidar uma política de apoio ao estudante”, relatou. 

Em seguida, Fabiana Damásio proferiu a palestra ‘Desafios da Educação à Distância’, abordando a importância da política de acesso aberto ao conhecimento (Open Access), que reivindica o acesso livre e gratuito à literatura científica como estratégia de ampliar a visibilidade da pesquisa e diminuir as barreiras para a publicação desses materiais. A convidada também apresentou algumas iniciativas como o Congresso Interno Fiocruz, que tem entre as suas diretrizes a ampliação da oferta educacional da instituição, o investimento em propostas pedagógicas inovadoras e o fortalecimento das práticas e ensino à distância (EAD). 

Fabiana Damasio destacou a importância de pensar a democratização da educação, a ampliação dos recursos educacionais e a diversificação das estratégias pedagógicas. “Estamos pensando o EAD como um mar de possibilidades, que precisa ser analisado com muito cuidado, mas também com a possibilidade dessa ampliação para que possamos navegar por esses mares da tecnologia”, finalizou. 

Após as apresentações, os ouvintes puderam fazer suas contribuições e tirar dúvidas com as palestrantes. Em seguida, foi iniciado o trabalho em grupo, com a participação de servidores e colaboradores, totalizando 9 grupos, que discutiram os documentos voltados para os macroprocessos de pesquisa e ensino, com a realização de discussões e sugestões ao documento base.

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Você sabia que parte do seu Imposto de Renda pode ajudar na concretização de projetos culturais?

Pois é! É possível fortalecer as ações que promovem cidadania e melhoria da qualidade de vida, destinando até 6% do seu imposto de renda devido, a pagar ou a restituir, com dedução fiscal de 100% do valor investido.
 
Se você já fez a sua declaração deste ano e pagou o imposto devido, você também pode entrar nessa corrente do bem e ter a dedução fiscal de até 100% do valor devido em 2022. Basta escolher uma das iniciativas e fazer sua doação ainda neste ano.
 
O IR que Transforma é uma campanha anual que visa incentivar pessoas físicas a destinarem parte do Imposto de Renda para projetos socioculturais aprovados pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e idealizados pela Fiocruz.
 

Visite o site do programa irquetransforma.org.br e saiba mais. Lá você pode simular o seu potencial de dedução fiscal e fazer a sua doação.

 
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Pesquisa aponta ampla disseminação da hepatite C na Bahia

Um estudo foi realizado com o objetivo determinar a prevalência e descrever a distribuição geográfica da hepatite C na Bahia, pois esses dados eram desconhecidos até o momento. O grupo de cientistas, liderado pela pesquisadora Maria Fernanda Grassi, da Fiocruz Bahia, analisou dados de 247.837 exames sorológicos realizados no Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-Ba), entre 2004 e 2013. Os resultados foram publicados no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene.

Segundo o artigo, a presença de anticorpos da hepatite C foi detectada em amostras de todas as sete mesorregiões e em 31 das 32 microrregiões da Bahia. A prevalência global do vírus no estado foi estimada em 1,3%, correspondendo a taxa de infecção de 21,2 para cada 100.000 habitantes. As taxas de soroprevalência foram de 3,7% entre os homens e 0,69% entre as mulheres. Entre os participantes, trinta casos positivos tinham 15 anos ou menos, incluindo três indivíduos com menos de 4 anos.

Os achados apontam que as microrregiões com as taxas mais altas de anticorpos da hepatite C foram Ilhéus-Itabuna, Feira de Santana, Porto Seguro, Salvador, Jacobina, e Senhor do Bonfim, que se caracterizam como os grandes polos econômicos do estado. O município de Ipiaú teve a maior taxa, com 112 pessoas infectadas por 100.000 habitantes.

Sete áreas demonstraram mais de 20 casos positivos de hepatite C por 100.000 habitantes, são elas Região Metropolitana de Salvador (53/100.000), Senhor do Bonfim (29/100.000), Juazeiro (28/100.000), Paulo Afonso (27/100.000), Porto Seguro (25/100.000), Feira de Santana (23/100.000), e Ilhéus-Itabuna (21/100.000). Os autores do trabalho explicam que as altas taxas podem estar associadas com o uso de drogas intravenosas, bem como maior acesso ao diagnóstico. Com relação aos genótipos do vírus, o 1 e 3 foram considerados os mais prevalentes, seguidos pelos genótipos 2, 4 e 5.

No trabalho, os pesquisadores ressaltam que estudos avaliando os fatores de risco associados com a presença de hepatite C nessas áreas devem ser realizados para apoiar políticas públicas de prevenção mais eficazes e identificar pacientes que precisam de tratamento.

 

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Painel temático sobre vacinas para a Covid-19 encerra a participação da Fiocruz Bahia na SNCT 2021

Finalizando o ciclo de painéis temáticos da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, nesta sexta-feira (08/10), foi a vez de debater sobre as vacinas contra a Covid-19 e sua importância para a saúde pública, além do combate às fakenews relacionadas ao tema. O bate-papo contou com a presença do professor titular do Instituto de Química da Unicamp, Luiz Carlos Dias, do pesquisador titular da Fiocruz Bahia, Edson Duarte, e da imunologista e pesquisadora da Fiocruz Bahia, Cláudia Ida Brodskyn.

Durante o painel, o mediador Antônio Brotas, coordenador da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Bahia, destacou a importância de falar sobre as vacinas que representam um grande avanço para o cenário atual. “Este é um tema extremamente importante que mobilizou toda sociedade, governos, estados, as pessoas comuns e nossos cientistas em busca de algumas soluções para um dos problemas de maior impacto na saúde pública global, que é a pandemia da Covid-19”, frisou.

Primeira convidada a se apresentar, Cláudia Brodskyn falou sobre o enfrentamento à pandemia, destacando o papel das vacinas contra doenças como a varíola e as contribuições para a sua erradicação global. Sobre a pandemia da Covid-19, a convidada destacou a importância da vacinação como uma medida coletiva. “A vacina não é somente a proteção individual, mas também populacional. Quanto mais pessoas estiverem vacinadas, quanto maior for a nossa cobertura vacinal, mais efetiva será a função dessa vacina”, pontuou a imunologista. 

Em seguida, o pesquisador Edson Duarte falou sobre o processo de desenvolvimento das vacinas, esclarecendo dúvidas da população sobre a evolução na forma de produção do imunizante. “Em média, temos de cinco a dez anos da fase pré-clínica e de cinco a dez anos para fase clínica, contabilizando de dez a vinte anos para produzir uma vacina. Muita gente critica e tem desconfiança da velocidade que foi produzida, isso se deve, sobretudo, a fazer essas etapas de maneiras simultâneas, em vez de fazer consecutivamente. Nenhuma das etapas foi pulada, nada foi omitido, todas foram cumpridas rigorosamente”, ponderou Duarte. 

Por fim, Luiz Carlos Dias falou sobre os impactos das fakenews para a saúde pública, no contexto da pandemia da Covid-19. Segundo o convidado, o avanço da tecnologia e o uso das mídias digitais, onde as informações são difundidas de forma rápida, tem facilitado a difusão de notícias falsas. Ele aproveitou para ressaltar a importância de aproximar a produção científica da população em geral. “Chegar na sociedade é fundamental porque as pessoas estão sendo induzidos a acreditar em tratamentos milagrosos e nós precisamos aprender a conversar com as pessoas e a levar aquele conhecimento fantástico que é produzido nas nossas instituições de ensino, pesquisa e extensão de uma forma simples, para que eles consigam entender”, enfatizou. 

Ao final do evento, foi aberto o espaço para questionamentos e considerações do público ouvinte que pode esclarecer as suas dúvidas e contribuir com a discussão. Este painel e todas as outras atividades realizadas durante a 18ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz, estão disponíveis no canal do Youtube e podem ser acessadas a qualquer momento.

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Compromisso social da ciência e práticas inovadoras são tema do terceiro painel temático na SNCT 

O terceiro painel temático da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz Bahia, realizado nesta quinta-feira (07/10), abordou o tema ‘Compromisso Social da Ciência: Inovação na Comunidade’, num bate-papo diversificado que mostrou diferentes perspectivas no que diz respeito a saúde global e o posicionamento nos novos tempos. O painel contou com a participação dos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio e  Nelzair Vianna, do professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, Ricardo Lustosa e do idealizador da Startup Social CommuniTech, Alexandre Mota.

A pesquisadora da Fiocruz Bahia e mediadora do painel, Patrícia Veras, ressaltou a importância de discutir as mudanças nos modos de vida e seus impactos a longo e curto prazo. “Essas mudanças tiveram impactos negativos na saúde global, que envolve a saúde física, mental, o bem-estar do indivíduo e da população. Desde o desmatamento, mudanças climáticas e a pandemia, que na verdade é uma consequência de tudo isso. Essas questões se conectam e impactam negativamente na saúde global”, ponderou.

Trazendo um discurso voltado para questões climáticas e a crise ambiental, a pesquisadora Nelzair Vianna, apresentou estudos científicos e ações internacionais pensadas com o objetivo de reverter possíveis desastres. “O problema ambiental já é visto e ilustrado há muito tempo. O que nós estamos fazendo com essa degradação ambiental? A extensão de nosso impacto sobre o planeta tem deixado um legado permanente da nossa existência. Isso tudo associado a um modelo de desenvolvimento econômico que tem priorizado o PIB (Produto Interno Bruto) e o crescimento econômico de uma forma sem limites”, pontuou Vianna. 

Segundo convidado a se apresentar, o professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, Ricardo Lustosa, falou sobre um trabalho de extensão com jovens de comunidades de Salvador que trouxe à exposição, ressaltando as desigualdades percebidas. “Existem efeitos letais e subletais  da desigualdade que vão se expressar ao longo de gerações como criminalidade, exclusão dos nossos jovens que são diretamente impactados por essa sociedade injusta e desigual”, frisou.

Em seguida, foi a vez do idealizador da Startup Social CommuniTech, Alexandre Mota, apresentar o projeto que tem como principal objetivo alcançar as comunidades em situação de vulnerabilidade através da educação tecnológica e a redução das desigualdades . “O caminho para quem vem da parcela informal é dez vezes mais complexo e mesmo quando temos oportunidades, elas trazem consigo muitos desafios devido a questão da acessibilidade, segurança, a falta da infraestrutura, tudo isso interfere para ter acesso a essa oportunidade”, disse o jovem.

Finalizando o painel, o pesquisador Ricardo Riccio, apresentou os desafios do controle da esquistossomose em populações negligenciadas, dando ênfase ao trabalho realizado no município do Conde (BA). “Nós que trabalhamos com saúde estamos acostumados a falar sobre doenças negligenciadas, mas a reflexão que eu trago é para que nós voltemos atenção para as populações onde essas doenças estão presentes”, ressaltou o pesquisador que defendeu a importância de uma abordagem transversal e multidisciplinar da patologia. 

Ao final da atividade os participantes fizeram suas últimas considerações, alertando para a importância do compromisso social da ciência e destacando as contribuições da ciência para o meio ambiente e toda a população mundial. O painel temático, assim como as demais atividades que compõem a programação da 18º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, pode ser assistido a qualquer momento no canal da Fiocruz, no YouTube. A SNCT segue até o dia 08 de outubro com o último bate-papo das 9h às 11h de forma virtual.

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SNCT 2021: Painel temático apresenta ações de Divulgação Científica realizadas na Fiocruz Bahia

Dando prosseguimento às atividades da 18ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o painel temático desta quarta-feira (6/10), abordou ações de Divulgação Científica desenvolvidas na Fiocruz Bahia, destacando o uso das mídias digitais para a popularização e incentivo à ciência.

O painel contou com a participação dos servidores e colaboradores da Fiocruz Bahia, Antônio Brotas, assessor de comunicação; Kyioshi Fukutani, professor colaborador; Jaime Ribeiro, pesquisador da unidade e Paula Dantas, estudante da pós-graduação.

A mediadora, Valéria Borges, pesquisadora da Fiocruz Bahia, destacou a importância da Divulgação Científica, especialmente no contexto da pandemia da Covid-19. “Temas como esse se tornaram ainda mais importantes neste período de pandemia e fake news, onde a interlocução com a sociedade tem sido uma ferramenta para levar a verdade da ciência para a população”, pontuou.

Antônio Brotas apresentou algumas experiências realizadas através da Assessoria de Comunicação da instituição, ressaltando que este é um processo coletivo. “Fazer Divulgação Científica não é trabalho de um só, é coletivo e precisa do apoio de toda a instituição. Isso faz a diferença”, enfatizou. Entre as iniciativas apresentadas pelo participante estão os projetos Divulga Doença Falciforme, Sons e Imagens da Bahia e Digaí, comunidade

Destacando a multidisciplinaridade como elemento importante para a Divulgação Científica, Kyioshi Fukutani apresentou o projeto NoViés, um vídeocast que aborda conteúdos científicos de forma simples e descontraída. “O nosso objetivo é divulgar o trabalho de forma bem humorada e com uma linguagem totalmente acessível para combater as fake news, desmistificar as coisas e contar histórias de forma leve”, explicou.

O professor Jaime Ribeiro falou sobre a criação do podcast ‘Que droga é essa?’, que surgiu com o principal objetivo de explicar questões relacionadas ao kit Covid, um dos assuntos mais discutidos durante a pandemia da Covid-19. “Havia uma disseminação de kit Covid e percebíamos que as pessoas não entendiam nada sobre os medicamentos. O objetivo é promover a educação terapêutica para o combate a automedicação e promoção do uso racional dos medicamentos”, explicou Jaime.

A convidada do painel, Paula Dantas, falou sobre a criação do projeto ‘Revistas em quadrinhos: Histórias de cientistas’, frisando a importância de levar ao conhecimento do público cientistas brasileiros e suas contribuições para o país. “Nós percebemos a necessidade de desmistificar a imagem do cientista como soberano, geralmente relacionado a uma figura masculina. Além disso, mostramos à população em geral que a ciência está presente no dia-a-dia, até mesmo nas coisas mais simples”. 

Finalizando a atividade, foi aberto o espaço para a participação dos ouvintes que puderam tirar dúvidas e fazer as suas contribuições sobre o tema. A programação segue até o dia 08 de outubro com o encontro virtual das 9h às 17h no canal do Youtube. Você pode rever a apresentação completa clicando aqui.

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SNCT 2021: Painel temático discutiu políticas públicas, desigualdades e gêneros 

A programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz Bahia teve início nesta terça-feira (5/10), com o painel ‘Ciência e Saúde: Políticas Públicas, Desigualdades e Gênero’ e foi veiculada através do canal do Youtube da Fiocruz.

A atividade contou com a participação de Estela Aquino, professora titular aposentada do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), Suani  Pinho, assessora do reitor da UFBA e professora titular do Instituto de Física (IF/UFBA) e Manoel Barral-Netto, pesquisador titular da Fiocruz Bahia. A temática gerou reflexão sobre gênero, desigualdades, a união das ciências e a importância das pesquisas para o processo histórico do país no cenário atual.

O bate-papo, conduzido por Cláudia Brodskyn, pesquisadora da Fiocruz Bahia, abordou a ausência histórica das mulheres na ciência, sua inserção no ambiente acadêmico e muitos outros impasses. Em sua fala, a mediadora ressaltou a importância da criação de políticas públicas voltadas para esse grupo afetado diretamente pelos impactos da pandemia da Covid-19. “A pandemia mostrou claramente a desigualdade de gênero e a necessidade da implantação de políticas públicas. É preciso que nós, mulheres, lutemos por isso”, ressaltou Brodskyn.

Para Estela Aquino, muitas das desigualdades no Brasil foram apenas reforçadas durante a pandemia, quando as pessoas precisaram se reinventar e até mesmo se privar de algumas atividades habituais. “A pandemia não cria desigualdades novas, ela expõe e acentua desigualdades sociais que já existiam. Todos nós que temos algum compromisso com a justiça social, estamos preocupados”, ponderou.

Segunda convidada a se apresentar, a professora titular do Instituto de Física, Suani Pinho, destacou a importância da multidisciplinaridade tanto para unir áreas do conhecimento e suas teorias, quanto para entregar resultados que possam contribuir com a ciência e, em especial, no contexto da pandemia da Covid-19. “A articulação pode gerar trabalhos com grau de criatividade em que o aspecto essencial é elevar a comunicação e o movimento de aproximação entre as áreas. A pandemia da Covid-19 potencializou essa articulação, não apenas no Brasil, como no mundo inteiro”, pontuou a professora.

Manoel Barral-Netto, pesquisador titular da Fiocruz Bahia, reconhecido internacionalmente por pesquisas científicas, falou sobre políticas públicas e ciências, chamando atenção para os detalhes que cercam cada área e as contribuições que a comunidade científica traz para a sociedade. “É necessário que a gente reconheça a excelência das atividades em áreas distintas em que a gente trabalha”, comentou o pesquisador. Finalizando a atividade, foi aberto o espaço para perguntas enviadas pelo público ouvinte, com dúvidas e provocações sobre o tema. 

O painel temático, assim como as demais atividades que compõem a programação da 18º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, pode ser assistido a qualquer momento no canal da Fiocruz, no YouTube. A SNCT segue até o dia 08 de outubro com o último bate-papo das 9h às 11h de forma virtual.

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Pesquisa avalia impactos dos desastres naturais na saúde em meio à pandemia da Covid-19, em Moçambique

Um estudo analisou o impacto dos desastres naturais e da pandemia de Covid-19 no contexto da saúde pública em Moçambique, um dos países mais pobres e desiguais do mundo. O trabalho faz parte da tese de doutorado realizada no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), pelo estudante moçambicano Vánio Mugabe, sob a orientação de Guilherme Ribeiro, pesquisador da Fiocruz Bahia e professor da UFBA. Os resultados foram publicados no BMJ Global Health.

Os pesquisadores analisaram dados sobre danos (patrimoniais, econômicos, ambientais e número de pessoas afetadas, feridas e mortas) causados pelos ciclones Idai e Kenneth, que afetaram as regiões centro e norte de Moçambique, em 2019. Adicionalmente, examinaram a frequência de doenças diarreicas (incluindo cólera), malária e desnutrição nos habitantes dos distritos mais afetados pelas catástrofes, nas Províncias de Sofala e Cabo Delgado.

As duas províncias também têm sofrido grande impacto social e sanitário, tendo que lidar com o acolhimento de mais de 700.000 pessoas que vivem em extrema vulnerabilidade, deslocadas de seus domicílios como resultado das catástrofes climáticas e de violentos ataques terroristas que assolam a província de Cabo Delgado desde 2017.

No artigo, os pesquisadores relatam que os ciclones Idai e Kenneth foram os mais mortíferos e destrutivos da história de Moçambique, tendo atingido o país três anos após a pior seca registrada em três décadas, dois anos após o início dos ataques terroristas na região norte e um ano antes da pandemia de Covid-19. De acordo com os dados do artigo, os ciclones causaram enormes danos, que incluem perdas agrícolas, destruição de infraestruturas, ativos e meios de subsistência e deixaram quase 2,2 milhões de pessoas necessitando de ajuda humanitária, além daqueles que já precisavam de ajuda após a seca anterior. Por um longo período, as estradas foram danificadas, os serviços de telecomunicações e energia foram interrompidos e o acesso a serviços de saúde ficaram limitados. 

De acordo com o artigo, a interrupção dos serviços básicas de abastecimento de água, saneamento e higiene (WASH), aumentou o risco de transmissão de doenças infecciosas, com destaque para cólera que afetou 6.773 pessoas em Sofala (taxa de ataque de 571,4/100,00 habitantes) e 346 em Cabo Delgado (taxa de ataque de 105,5/100,00 habitantes). A perda da safra aumentou o problema de insegurança alimentar que já assolava o país.

A pesquisa aponta ainda que a pandemia da Covid-19 exacerbou a crise humanitária, sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde que já era deficiente, mediante o aumento de taxas de morbidade e mortalidade de outras doenças que competem com a Covid-19 para diagnóstico e atendimento. Quase dois anos após a passagem dos ciclones de Idai e Kenneth em Moçambique, muitas famílias ainda sofriam com a escassez de alimentos e falta de acesso à moradia adequada e água potável.

Diante do cenário desafiador e da necessidade de uma resposta de saúde pública eficaz, os pesquisadores apresentaram estratégias de enfrentamento, como treinamento contínuo do pessoal de saúde, melhoria dos sistemas de vigilância, monitoramento e fortalecimento do programa de vacinação nacional. Os autores também apontaram a importância da união de esforços, em níveis nacional e global, de partes interessadas da saúde e outros setores, para lidar de forma contínua com os desafios de saúde pública que Moçambique enfrenta.

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18ª edição da SNCT será realizada entre os dias 4 e 8 de outubro, de forma virtual

‘A transversalidade da ciência, tecnologia e inovação para o planeta’ é o tema da 18ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia que acontece de forma virtual, entre os dias 04 e 08 de outubro. Com intuito de reforçar a importância da saúde, preservação do nosso planeta e a defesa da ciência, o evento é voltado a toda à comunidade, em especial jovens e pesquisadores.

Para fortalecer os debates acerca de temas como políticas públicas, desigualdades de gênero, compromisso social da ciência, vacinas para a Covid-19 e divulgação científica, a Fiocruz Bahia irá realizar quatro painéis temáticos, entre os dias 05 e 08 de outubro, que contarão com a participação de pesquisadores da instituição e profissionais com importante atuação em cada uma das áreas relacionadas. 

A coordenadora geral da SNCT na Bahia e vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn explica que, durante o evento, serão abordados aspectos ligados a pesquisas que afetam diretamente as políticas públicas nas Ciências, enfatizando tópicos de gênero e a presença das mulheres nas Ciências Exatas. 

“Além disso, discutiremos temas ligados ao empreendedorismo em populações das comunidades de Salvador, mostrando como estas iniciativas podem de fato, modificar a vida de muitos dos seus moradores. Aspectos climáticos e todas as questões em torno das grandes mudanças observadas nos últimos anos serão apresentados e debatidos. Apresentaremos também a importância das vacinas, e como a tecnologia e a ciência responderam rapidamente a esse desafio durante a pandemia”, comenta a pesquisadora.

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, considera oportuno discutir esta temática no atual contexto de pandemia. “Pensar a transversalidade da CT&I nunca foi tão importante como neste momento de crise na saúde que estamos vivenciando com a Covid-19. Na pandemia, o mundo pode perceber o impacto direto da ciência e da tecnologia nas diversas áreas da nossa vida. Fomos capazes de dar uma resposta à população, como o desenvolvimento de vacinas e a produção de conhecimento que embasam políticas públicas, que auxiliam no controle da doença”.

Pelo segundo ano consecutivo os painéis e oficinas acontecerão virtualmente, obedecendo às restrições impostas pela pandemia da Covid-19. As inscrições seguem abertas através do site e os ouvintes terão direito a certificado de participação. A programação poderá ser acompanhada, ao vivo, no Youtube da Fundação Oswaldo Cruz, das 9h às 21h.

No dia 05 de outubro, ocorrerá o primeiro painel temático ‘Ciência e Saúde: Políticas Públicas, Desigualdades e Gênero’. No dia 06, será realizado o painel intitulado ‘Divulgação Científica na Fiocruz Bahia’ e no dia 07 acontece a palestra  ‘Compromisso Social da Ciência: Inovação na Comunidade’. Em 8 de outubro, o painel ‘Vacinas para a Covid-19’ encerra a programação local. Todos os encontros serão realizados no horário das 9h às 11h.

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Manifestações clínicas, achados laboratoriais e resposta imune de pacientes com Zika é tema de tese

Autoria: Antônio Carlos de Albuquerque Bandeira
Orientação: Maria Fernanda Rios Grassi
Título da tese: “PERFIL CLÍNICO-LABORATORIAL E DA IMUNIDADE CELULAR DE PACIENTES COM INFECÇÃO AGUDA PELO VÍRUS ZIKA (ZIKV)”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 1º/10/2021
Horário: 15h00
Local: Sala virtual do Zoom

RESUMO

Introdução: As manifestações clínicas e laboratoriais da infecção pelo vírus da Zika (ZIKV) eram desconhecidas quando a doença passou a ser identificada no Brasil em 2015. Os relatos clínicos eram baseados em pequenas séries de casos e o diagnóstico de ZIKV era baseado em técnicas sorológicas que apresentavam reação cruzada com anticorpos anti-vírus da Dengue (DENV). Além disso era necessário caracterizar a resposta imune celular em pacientes com quadros agudos de ZIKV, muito pouco estudada até o início do presente estudo. Objetivo: Descrever as manifestações clínicas, os achados laboratoriais, e a resposta imune celular de pacientes com infecção aguda pelo ZIKV. Metodologia: Foi realizado um estudo descritivo clínico de corte transversal com pacientes selecionados em um pronto atendimento na cidade de Salvador. Foram avaliados sequencialmente os pacientes com quadro sugestivo de infecção viral aguda entre 27 de maio de 2015 e 31 de agosto de 2017. O diagnóstico de ZIKV foi baseado na positividade ao rt-PCR no sangue ou urina ou saliva. Os pacientes também foram avaliados para infecção por Dengue ou Chikungunya (CHIKV) através do rt-PCR. Foi aplicado questionário para coleta de informações clínicas e laboratoriais. A fim de avaliar a resposta imune celular específica ao ZIKV, células mononucleares do sangue periférico (PBMC) foram obtidas de alguns pacientes no momento da inclusão no estudo (fase 1, P1) e após 15 dias (fase 2, P2). A partir do PBMC, foi avaliada a produção de interferongama em resposta a peptídeos recobrindo as proteínas do ZIKV, DENV e CHIKV por ELISPOT. A avaliação da assinatura imunológica dos linfócitos T foi realizada por citometria de massa (Cytof), utilizando um painel de 40 anticorpos. Resultados: Foram incluídos 78 pacientes no estudo clínico, sendo 66,7% do sexo feminino e média de idade de 38 anos. Os achados clínicos mais frequentes foram mialgia, artralgia e febre baixa. A análise laboratorial demonstrou níveis normais de hematócrito, plaquetas e enzimas hepáticas.. No estudo da resposta imune celular foram incluídos 29 indivíduos: 11 infectados por ZIKV, 11 por CHIKV, e 7 doadores de sangue como controles. Três dos 11 pacientes com ZIKV (27,3%) tiveram uma resposta de células T detectável aos peptídeos do ZIKV (C, NS2A, NS4A e NS5). A magnitude média das respostas anti-ZIKV foi de 89 SFC / 106 PBMC [IQR: 79-156]. NS5 foi a proteína imunodominante que foi reconhecida na maioria dos respondendores (5/9, 55,6%). Para análise de linfócitos T CD4 + a proporção de células que expressaram IFN-gama foi significativamente maior em todas as subpopulações de TCM, memória efetora (TEM) (CD45RA-CD27 + CCR7-) e memória de transição (TTM) (CD45RA-CD27 + CCR7-) de pacientes na fase P1 em comparação a fase P2 e controles saudáveis (p <0,005). Para o perfil de linfócitos T CD8 +, expansão das subpopulações TN, TCM, TEM, TEMRA e menor proporção da subpopulação TTM foram observados nos pacientes na fase P1 em comparação a controles saudáveis. Os pacientes na fase P2 exibiram uma proporção menor das subpopulações TEM e TEMRA em comparação com pacientes na fase P1. Conclusão. Os pacientes com ZIKV apresentarm manifestações clínicas leves e inespecíficas, com uma resposta imune celular de baixa intensidade e dirigida predominantemente para antígenos não-estruturais.
Palavras-Chave: Zika; manifestações clínicas; resposta imune celular; Elispot; citometria de massa.

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Mortalidade na infância: estudo mostra que Bolsa Família reduziu 16% dos casos

Por Karina Costa

Mais de 5,2 milhões de crianças morreram antes que pudessem completar cinco anos no Brasil, entre 2006 e 2015. Esse número poderia ser ainda maior caso não houvesse programas de transferência de renda, como Bolsa Família, que ajudou a reduzir em 16% a mortalidade nessa faixa etária. Essa é a conclusão do estudo realizado usando métodos estatísticos e big data, no Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia). O resultado foi publicado nesta terça-feira, 28 de setembro, na revista PLOS Medicine.

Os pesquisadores compararam os municípios de alta e baixa renda e entre aqueles onde há bons índices de administração de políticas sociais, assim como crianças nascidas prematuras e de diferentes grupos étnico-raciais. Foi feita a observação de mais de 6 milhões de crianças em todo o Brasil e concluiu que quanto mais pobre e melhor a administração do programa no município, maior o seu efeito em reduzir mortalidade de crianças entre 1 e 4 anos.  De acordo com o estudo, esses pequenos são em maioria crianças que nasceram prematuras, filhas de mulheres negras e que nasceram em lugares em que a faixa de renda foi considerada muito baixa. Ou seja, local de nascimento, raça e prematuridade já determinam o curto tempo de vida dessas crianças.  

Aos mais velhos, está na memória que a mortalidade infantil já estampou muitas matérias na década de 1990. Por causas evitáveis, muitas famílias mais pobres perderam suas crianças. Mas o Brasil reagiu. De lá para cá, até 2018, a taxa de mortalidade de menores de cinco anos diminuiu 67% por cento, de 52 para 14 mortes por 1000 nascidos vivos. E assim, cumpriu a meta 4 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organizações das Nações Unidas (ODS/ONU). Ainda assim, entre 2006 e 2015, mais de 5,2 milhões de crianças não completaram essa fase indo a óbito antes. 

As pesquisadoras associadas ao Cidacs/Fiocruz Bahia, Dandara Ramos e Nívea Bispo, lideram o estudo, e Dandara explica como obteve os resultados. Ramos explica que criou um estudo em que comparou dois grupos, os que recebiam o benefícios, e aqueles que estavam em condições semelhantes de pobreza, número de filhos, mas seja por falta de um documento, por preencher o documento de forma inadequada ou porque possuem uma renda de até 20 ou 30 reais a mais não foram contempladas.  Comparando os dois, ela pôde avaliar o impacto da transferência de renda. 

“Esse artigo é parte de um grande projeto do Cidacs/Fiocruz Bahia dedicado a avaliar o impacto de políticas sociais na saúde materno-infantil. Aqui, nosso foco foi dedicado ao impacto do PBF na sobrevivência de crianças entre 1 e 4 anos de idade. Para conseguir analisar o impacto do programa foi preciso aplicar o que chamamos de métodos quase-experimentais, com isso conseguimos balancear as diferenças entre os grupos ao ponto de garantir que qualquer diferença na mortalidade das crianças beneficiárias e não beneficiárias fosse resultado do PBF, e não de outras diferenças ou vieses entre esses grupos”. 

Um recorte importante do estudo foi analisar se o efeito do programa era o mesmo em subgrupos específicos. “O que encontramos foi um efeito maior do programa entre crianças nascidas prematuras, logo mais vulneráveis e sob maior risco de mortalidade, o que indica que receber a renda condicionada e a maior proximidade com os serviços de saúde ocasionada pelo PBF é ainda mais intensa para crianças prematuras que recebem do que aquelas que não recebem o benefício”, destacou Ramos. O mesmo resultado foi encontrado para crianças pretas, dentre as quais o impacto do PBF foi mais intenso do que para a população geral e do que para crianças pretas não beneficiárias. “Um achado muito importante, considerando os conhecidos impactos negativos do racismo na saúde da população negra no Brasil”, lembra a pesquisadora. 

Por anos, a mortalidade infantil foi um problema muito evidente no país, evidenciando desafios para o desenvolvimento e enfrentamentos das iniquidades em saúde – conceito utilizado para definir mortes e doenças evitáveis. Com essa redução, o Brasil segue desde o final dos anos 1990 em um percurso de redução da mortalidade que é, conforme atestam os dados, impulsionado com programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.  

A inovação por trás do estudo: o Cadastro Único e Big Data

O Cadastro Único (CadÚnico) é um  cadastro populacional para a obtenção de benefícios sociais no Brasil e existe desde 2006. Lá estão informações de mais de 117 milhões de brasileiros.  Esses  dados foram coletados quando um(a) cidadã (o) busca um benefício social, seja ele o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, e outros 23 programas sociais integravam o cadastro até 2019.

 No Cidacs, esse cadastro é matéria prima para os estudos da Coorte de 100 Milhões de Brasileir@s. Uma Coorte é um conjunto de informações para estudos ao longo do tempo, que em Saúde Coletiva, se denomina estudo longitudinal. Para que a pesquisadora Dandara Ramos pudesse ter acesso a esses dados, o Cidacs conseguiu a concessão do antigo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), e  nossos cientistas de dados elaboraram os conjuntos de dados,  denominados tecnicamente de datasets, de acordo com as variáveis (informações) que a pesquisa demanda para responder as perguntas.

Robespierre Pita, criador do primeiro algoritmo de integração do Cidacs, explica o desafio para compor a linha do tempo que serve de eixo para as análises da Coorte não foi pequeno, trata-se do resultado de inúmeras inovações, pois não existe outro estudo com amostra tão robusta. Para cada indivíduo no CadÚnico, existem 200 colunas de informações. Ou seja, entra-se na ordem dos bilhões os registros a serem considerados e é pra isso que se convoca estratégias de big data. “Essas bases são administrativas, ou sejam, não foram feitas para a pesquisa e por isso precisam passar por uma fase de preparação”, explica o pesquisador.

Os profissionais do Núcleo de Produção de Dados (NPD) têm que lidar com o fato de que a cada nova versão e atualização do Cadastro Único, surgem novas variáveis, novas formas de preenchimento de uma mesma informação. Como criar uma linha contínua quando quantidade de colunas e linhas vão mudando e ganhando nomes diferentes? Foi preciso fazer seleções, excluir, definir o que realmente era importante e assim harmonizar as bases.

Parece muito técnico? É que para saber se um programa social impacta ou não na incidência de doenças ou mesmo num desfecho como a morte, é necessário fazer esse alinhamento ao longo do tempo. E assim saber contar a história das Donas Marias, dos seus filhos e netos, que ao longo do tempo precisaram de benefícios sociais. E eis que surge um novo desafio: nesse período, o beneficiário pode ter sido empregado e deixou de receber e ficou fora do programa. Portanto, trata-se de uma coorte dinâmica, esses indivíduos se separam, empregam-se, ganham novos filhos, netos, casam-se. “Tudo isso tem que ser considerado em um estudo de observação longitudinal”, explica Pita. 

Ramos D, da Silva NB, Ichihara MY, Fiaccone RL, Almeida D, Sena S, et al. (2021) Conditional cash transfer program and child mortality: A cross-sectional analysis nested within the 100 Million Brazilian Cohort. PLoS Med 18(9): e1003509. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1003509

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Websérie | Leishmaniose | Episódio 6

No vídeo “LeishDerm”, a pesquisadora da Fiocruz Bahia, Patrícia Veras, fala sobre a nanoformulação para tratamento tópico da leishmaniose tegumentar ou cutânea que seu grupo de pesquisa desenvolve. A Fiocruz Bahia produziu uma websérie sobre as principais pesquisas realizadas na instituição. Os vídeos, publicados semanalmente nas redes sociais, estão divididos em 9 temas: arbovirose, big data, câncer, células-tronco, doença de Chagas, doença falciforme, helmintíase, HTLV, leishmaniose e tuberculose.

As gravações tiveram início em 2019, por isso a maioria das entrevistas foram realizadas antes da pandemia.

Confira!

 

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Boletim aponta 11% de atraso na segunda dose da vacina da Covid-19 no Brasil

Nesta terça-feira (28/09), foi lançado o primeiro boletim do VigiVac da Fiocruz, projeto que visa acompanhar a efetividade das vacinas contra a Covid-19 utilizadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) no Brasil. A análise apontou uma taxa nacional de atraso na vacinação da segunda dose de 11%, até o dia 15 de setembro. Clique aqui para acessar.

As informações estão disponíveis no Painel de Atraso de Segunda Dose de Vacina, desenvolvido para acompanhar o cumprimento do esquema vacinal proposto e avaliar o plano de vacinação, podendo auxiliar os gestores no esforço para atingir a vacinação ideal. Os dados são atualizados semanalmente e podem ser visualizados de forma interativa, nos âmbitos municipal e estadual, por tipo de vacina. O objetivo do painel é apoiar os gestores a identificar municípios que precisam de suporte para acelerar a vacinação da segunda dose.

Para as análises foram considerados apenas os indivíduos que tomaram a primeira dose e que ainda não tomaram a segunda. Foram categorizadas como indivíduos em situação de atraso vacinal os que ainda não tomaram a segunda dose após 14 dias da data prevista. A taxa de atraso para a AstraZeneca é de 15%, da Coronavac é de 32% e da Pfizer 1%. O boletim ressalta que a vacinação com Pfizer é mais recente e, comparada com as outras vacinas, existem ainda poucos casos possíveis de atraso de segunda dose.

Os pesquisadores destacam que o atraso da segunda dose pode comprometer seriamente a efetividade das vacinas no país, por isso é de extrema importância realizar este monitoramento para promover ações que atuem de forma assertiva na resolução do problema. A proteção contra Covid-19 só é adequada após a vacinação completa, com duas doses. Apenas a vacina da Janssen é aplicada em dose única.

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Vacina da Pfizer continua eficaz contra Covid-19 após 6 meses, aponta estudo

Uma pesquisa avaliou, ao longo de 6 meses, a segurança e eficácia da vacina contra a Covid-19 da Pfizer em adolescentes e adultos que receberam duas doses do imunizante. O estudo randomizado duplo cego, em que nem os participantes nem os pesquisadores sabem quem recebeu a vacina ou o placebo, acompanhou 44.165 indivíduos com 16 anos ou mais, dos Estados Unidos, Argentina, Brasil, África do Sul, Alemanha e Turquia. Também participaram 2.264 pessoas de 12 a 15 anos, dos Estados Unidos. 

Até março de 2021, dos 42.094 participantes com doze anos ou mais que não tinham evidência de infecção anterior por SARS-CoV-2, 927 tiveram Covid-19 após a segunda dose, destes 77 tinham recebido a vacina e 850 placebo, o que corresponde a uma eficácia de 91,3% do imunizante.

Os resultados do trabalho foram publicados no periódico The New England Journal of Medicine, em 15 de setembro. No Brasil, o estudo foi coordenado por Edson Moreira, pesquisador da Fiocruz Bahia. De acordo com o artigo, a vacina “apresentou um perfil de segurança favorável e foi altamente eficaz na prevenção da Covid-19”. As análises fazem parte de um protocolo de monitoramento da segurança e eficácia do imunizante por 2 anos após a segunda dose para os participantes que receberam a vacina durante o estudo, e por 18 meses após a segunda dose para os que receberam placebo e foram vacinados depois do desbloqueio do sigilo.

Resultados

Entre o 11º dia após a primeira dose até o recebimento da segunda, a eficácia foi de 91,7%, alcançando o pico 2 meses após a segunda dose, com 96,2%. Depois de 4 meses a proteção foi de 90,1% e em 6 meses reduziu para 83,7%. Os dados também apontam que a eficácia do imunizante foi maior no grupo de pessoas com evidência de infecção anterior pelo SARS-CoV-2. Tiveram a forma grave da doença 31 participantes, destes 30 eram receptores de placebo, o que representa 96,7% de eficácia contra a Covid-19 grave. Embora a eficácia da vacina tenha sido ligeiramente inferior nos países da América Latina, o imunizante teve uma eficácia de aproximadamente 86% na Argentina e no Brasil.

A variante Beta, dominante na África do Sul durante o período da pesquisa, foi a que teve maior neutralização pelo imunizante. Nove casos de Covid-19 foram observados em participantes sul-africanos sem evidência de infecção anterior pelo vírus, todos tinham recebido placebo, correspondendo a uma eficácia de 100%. “A avaliação da eficácia da vacina contra variantes do SARS-Cov-2, incluindo a variante Delta, poderá ser realizada até o final do acompanhamento”, explica Edson Moreira. 

No texto, os autores relatam que nenhum novo problema de segurança, bem como de eventos adversos atribuídos à vacina foram identificados. Os eventos adversos variaram de leve a moderado, com poucos eventos graves. As principais reações adversas relatadas no artigo foram a diminuição de apetite, letargia, astenia, mal-estar, suores noturnos e hiperidrose. Não houve caso de miocardite. 

 

 

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Persistência da esquistossomose em bairro de Salvador é analisada em dissertação

Autoria: Fernanda Mac-Allister da Silva Carvalho Cedraz
Orientação: Lúcio Macedo Barbosa
Título da dissertação: “AVALIAÇÃO DOS FATORES ENVOLVIDOS NA PERSISTÊNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE E A INFLUENCIA DE INTERVENÇÕES ESTRUTURAIS EM UMA COMUNIDADE DE SALVADOR, BAHIA EM DOIS ANOS CONSECUTIVOS
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 15/10/2021
Horário: 10h00
Local: Sala virtual do Zoom

RESUMO

INTRODUÇÃO: A rápida urbanização no Brasil é caracterizada pela migração desordenada de pessoas das áreas rurais para as urbanas, produzindo comunidades aglomeradas com saneamento básico precário. Saramandaia, um bairro urbano que reporta casos de esquistossomose, éuma comunidade marcada pela presença de hortas onde o trabalho exige o contato direto com águas superficiais. Recentemente, a prefeitura removeu essas hortas e córregos próximos, com o intuito de diminuir o número de casos. OBJETIVO: Avaliar os fatores que contribuem para a persistência da esquistossomose e a influência de intervenções estruturais no bairro de Saramandaia, bem como, descrever os dados sociodemográficos e ecológicos, identificar as características epidemiológicas associadas a infecção e avaliar os impactos das medidas de intervenção na estrutura genética da população de S. mansoni nessa mesma comunidade nos anos de 2018 e 2019.METODOLOGIA: Em 2018, foi realizado um inquérito sociodemográfico e comportamental seguido da coleta de até três amostras de fezes em dias distintos para diagnóstico por Kato-Katz. Os positivos foram tratados com praziquantel e reexaminados. Em 2019, outro estudo transversal foi realizado na mesma população seguindo o mesmo protocolo. O DNA extraídos dos ovos, foram genotipados para dez marcadores microssatélites. A frequência alélica de infrapopulações e populações componentes foram utilizadas para medir a diferenciação e a diversidade (tamanho efetivo da população-Ne). RESULTADOS: Em 2018, 1799 participantes foram entrevistados e a média de idade era 31 ± 19 anos, sendo 57% do sexo feminino. Desses, 5,7%) testaram positivo para S. mansoni, com média de 64 ± 110 ovos por grama de fezes (opg). Os fatores associados à esquistossomose foram sexo masculino (OR = 2,5; p = <0,001), idade acima de 15 anos (p = 0,001) e contato com água em dois pontos da comunidade com odds ratiosemelhante (OR = 2,2; p = 0,005); Viagem e nascimento fora de Salvador não foram associados. No reexame em 2019, 640 (35,6%) participaram e 195 foram incluídos no estudo. A incidência foi de 1,7% (11/640), a taxa de reinfecção de 2,4% (1/42) e a prevalência caiu para 2,9% (24/835) (p = 0,001). A prevalência de novos participantes foi de 6,7 (13/195).Em 2018, Di (diferenciação média entre infrapopulações) era alta (0,228), assim como em 2019 (0,297; Cohen ́sD = 0,462). Resultados semelhantes foram vistos avaliando sexo, idade e contato com os 3 pontos de contato de água na comunidade. Dc (diferenciação média das populações componentes de 2018 vs 2019) foi moderado entre os dois anos (0,077) e nos novos indivíduos (0,071). No entanto, os casos incidentes foram diferenciados da população inicial de 2018 (0,124). Ne de 2018, para 2019. reduziu 93%. CONCLUSÃO: Uma rodada de tratamento com praziquantel juntamente com a intervenção estrutural foram eficazes na redução da prevalência. Diagnóstico, tratamento e outras medidas de intervenções mais amplas serão necessárias para impactar o potencial biológico do S. mansoni em Saramandaia.

Palavras-chave: Esquistossomose Urbana. Schistosoma mansoni. Estrutura populacional genética. Salvador.

 

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Websérie | Leishmaniose | Episódio 5

No vídeo “Leishmaniose canina”, a pesquisadora da Fiocruz Bahia, Deborah Fraga, fala sobre a leishmaniose em cães e os estudos desenvolvidos em áreas endêmicas. A Fiocruz Bahia produziu uma websérie sobre as principais pesquisas realizadas na instituição.

Os vídeos, publicados semanalmente nas redes sociais, estão divididos em 9 temas: arbovirose, big data, câncer, células-tronco, doença de Chagas, doença falciforme, helmintíase, HTLV, leishmaniose e tuberculose. As gravações tiveram início em 2019, por isso a maioria das entrevistas foram realizadas antes da pandemia.

Confira!

 

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Pesquisa aponta estabilidade de proteínas quiméricas no diagnóstico de Chagas

Entre os testes disponíveis para diagnóstico da doença de Chagas crônica, o ELISA é um dos mais utilizados por seu custo benefício. Porém, com frequência, apresentam resultados inconsistentes que podem ser atribuídos a várias causas, dentre elas os antígenos escolhidos para captura de anticorpos específicos. Por esse motivo, a OMS recomenda a utilização de dois testes sorológicos diferentes, sendo uma das alternativas futuras a utilização de proteínas quiméricas, que possuem vários antígenos (epítopos) diferentes do Trypanosoma cruzi em uma única molécula.

Um grupo de especialistas da Fiocruz Bahia, conduzido pelo pesquisador Fred Luciano Neves Santos, analisou o desempenho de quatro proteínas quiméricas de T. cruzi, denominadas IBMP-8.1, IBMP-8.2, IBMP-8.3 e IBMP-8.4 (Instituto de Biologia Molecular do Paraná – IBMP), sob condições adversas de armazenamento e manuseio. Os resultados desta análise funcional, de termoestabilidade e de estabilidade de longo prazo foram publicados no periódico Biosensors.

Para avaliação da termoestabilidade, os quatro antígenos IBMP foram aquecidos a 85°C e resfriados a 4°C para verificar a reversibilidade da desnaturação pelo calor. Os achados apontam que os antígenos são estáveis, e continuam a ser reconhecidos por anticorpos anti-T. cruzi após a reversão da desnaturação. Em outra análise, os antígenos foram deixados em temperatura ambiente por 4 dias. Ao final deste período, apesar de intensa degradação das moléculas e desnaturação, duas delas continuaram reconhecidas por anticorpos anti-T. cruzi. Na última análise, foi observada a estabilidade dos antígenos sensibilizados em microplaca em reconhecer os anticorpos anti-T. cruzi, sendo observada funcionalidade das 4 moléculas em período superior a 12 meses.

O estudo também demonstrou que os antígenos IBMP são muito estáveis quando solúveis em tampão carbonato e, mesmo com alguma degradação pela temperatura, pouco da capacidade diagnóstica é perdida. No geral, não houve mudança significativa nos valores de precisão em nenhum dos quatro antígenos, indicando que todos os antígenos quiméricos avaliados na pesquisa são altamente estáveis, preservando sua funcionalidade em imunoensaios, mesmo após exposição a condições extremas de temperatura.

A doença de Chagas é causada pelo Trypanosoma cruzi, presente nas fezes do inseto conhecido como barbeiro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 7.500 óbitos são causados anualmente, em 21 países endêmicos.

 

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