Diretora da Fiocruz Bahia homenageia Nísia Trindade em posse como ministra da Saúde

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, participou da Cerimônia de Investidura no cargo da Ministra de Estado da Saúde, Nísia Trindade, realizada em Brasília, nesta segunda-feira (2/1). O evento ocorreu no Auditório Emílio Ribas, do edifício-sede do Ministério da Saúde, e contou com a presença de diversos ministros e secretários do governo empossados ontem. 

Marilda foi responsável pela leitura da homenagem do Conselho Deliberativo (CD) da Fiocruz para a ex-presidente da instituição, destacando a honra de acompanhar de perto a trajetória da primeira mulher a assumir a presidência da Fundação em 120 anos e agora a primeira mulher a ocupar o cargo de Ministra da Saúde. Em sua fala, a diretora destacou o trabalho feito por Nísia Trindade em sua trajetória na Fiocruz, em especial durante a pandemia da Covid-19 e do enfrentamento da escassez de recursos financeiros e de pessoal na instituição. 

“Temos a certeza de que o Ministério da Saúde está recebendo um presente, um tesouro. Cuidem muito bem dele, pois nele está depositada a esperança de tantos brasileiros pelo futuro da saúde no Brasil”, salientou Marilda Gonçalves, antes de entregar à Nísia um quadro em nome do Conselho Deliberativo. Nísia agradeceu a homenagem destacando o fato de o pai ser baiano e que a homenagem ter vindo representada pela diretora da Fiocruz Bahia tem um sentido especial para ele, que estava assistindo à cerimônia pela internet. 

Em seu primeiro discurso no cargo, a ministra declarou que sua gestão na pasta será pautada pelo diálogo com a ciência, garantindo que o trabalho coletivo com estados, municípios e sociedade será fundamental para alcançar os resultados almejados. “Firmei esse compromisso com muita convicção. A convicção de quem há muito tempo estuda as desigualdades sociais em nosso país e que atua na área de ciência e tecnologia, especialmente a partir da minha história na Fiocruz, para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde [SUS] e também com sentido de urgência que se requer hoje de todos nós que integramos a equipe do presidente Lula e que farei cumprir com todo o empenho no Ministério da Saúde”, acrescentou Nísia.

Confira o evento na íntegra, no canal do YouTube do Ministério da Saúde.

Nísia Trindade

Nísia Trindade Lima foi a primeira presidente mulher eleita da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2017, sendo reeleita em 2020 para a gestão 2021-2024. É doutora em Sociologia e servidora da Fundação desde 1987. Ingressou na instituição como pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), assumindo a direção da unidade de 1999 a 2005. De 2011 a 2016, à frente da Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), tornou-se integrante do Conselho Consultivo do Sistema Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS). 

Como Presidente da Fiocruz, liderou as ações da instituição no enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil. A Fiocruz, dentre outras iniciativas, criou um novo Centro Hospitalar no campus de Manguinhos; coordenou no país o ensaio clínico Solidarity da Organização Mundial da Saúde (OMS); aumentou a capacidade nacional de produção de kits de diagnóstico e processamento de resultados de testagens; organizou ações emergenciais junto a populações vulneráveis; ofereceu cursos virtuais, para profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), de manejo clínico e atenção hospitalar para pacientes de Covid-19; lançou manual de biossegurança em escolas; e tornou-se laboratório de referência para a OMS em Covid-19 nas Américas. 

Criou o Observatório Covid-19, rede transdisciplinar que realiza pesquisas e sistematiza dados epidemiológicos; monitora e divulga informações, para subsidiar políticas públicas, sobre a circulação do novo coronavírus e seus impactos sociais em diferentes regiões no Brasil. Outro destaque foi a inauguração do Biobanco COVID-19 (BC19-FIOCRUZ) em dezembro de 2021. Como presidente da Fiocruz, coordenou todo o acordo de encomenda tecnológica na articulação com o Ministério da Saúde do Brasil, a Universidade de Oxford, a farmacêutica AstraZeneca e as unidades de produção locais. 

Em dezembro de 2020, foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na categoria Ciências Sociais. Em 1º de janeiro de 2022, ela se tornou membro da Academia Mundial de Ciências (TWAS) para o avanço da ciência nos países em desenvolvimento. Em 2021, foi agraciada com o grau de Cavaleira da Ordem Nacional da Legião de Honra da França, oferecido pelo Governo da França. Em novembro de 2022 recebeu o Prêmio Regional da TWAS para Diplomacia Científica, que homenageia indivíduos que tenham atuado em projetos de pesquisa transfronteiriços que contribuíram para a melhoria das relações internacionais.

Recebeu também as seguintes Medalhas de Mérito: Oswaldo Cruz do Ministério da Saúde (2018); Academia Brasileira de Medicina Militar (2018); Academia Brasileira de Ciências Farmacêuticas (2018); Rui Barbosa (2016); Euclides da Cunha (2008); 110 anos da Academia Brasileira de Letras (2007); e Centenário da Fiocruz (2000); Doutor Honoris Causa pela UFRJ; Carioca do Ano pela Revista Veja (2020); Prêmio Personalidade França-Brasil; Prêmio Personalidade Profissional; II Prêmio EMERJ de Direitos Humanos; Medalha Tiradentes (2021); e Comenda Celso Furtado (2022).

*Com informações do Ministério da Saúde e do Portal Fiocruz.

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Dissertação avalia perfil de mamografias realizadas pelo SUS na Bahia

Autoria: Lorena Christiane Fonseca Almeida
Orientação: Maria da Conceição Chagas de Almeida
Título da dissertação: “RASTREAMENTO MAMOGRÁFICO: PERFIL E TRAJETÓRIA DAS USUÁRIAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NA BAHIA”.
Programa: Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional
Data de defesa: 11/01/2023
Horário: 09h30
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 830 5874 5505
Senha de acesso: Lorena

Resumo

Introdução: De todos os tipos de neoplasias, exceto de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente nas mulheres no mundo. O rastreamento dessa neoplasia tornou-se objetivo de ações de políticas públicas para sua prevenção e controle. Estudos evidenciam que o diagnóstico e tratamento precoce do câncer de mama podem reduzir a mortalidade específica. Há indícios de que o acesso ao diagnóstico do câncer de mama pelo SUS, não está ocorrendo como preconizado pela Lei do MS, Nº. 13.896/19, podendo impactar no prognóstico e sobrevida das pacientes. Objetivo geral: Avaliar o perfil dos exames de mamografia realizados por usuárias do SUS no estado da Bahia na faixa etária de 50 a 69 anos, descrever os resultados suspeitos de câncer e a trajetória no tempo dos exames. Metodologia: Trata-se de um estudo avaliativo investigativo com dados secundários dos Sistema de Informação do Câncer – SISCAN, referentes ao estado da Bahia, no período compreendido entre 2018 e 2021. Serão analisados dados secundários do SISCAN, disponibilizados nos Sistemas de Informações em Saúde do DATASUS e acessados acessadas pelo TabNet. Os dados tiveram abordagem descritiva. Resultados: O rastreamento foi a principal indicação clínica (98,8%) e população alvo (faixa etária de 50 a 69 anos) foi responsável por 96,3% dos exames; as macrorregiões afastadas dos grandes centros apresentaram as maiores taxas brutas de realização de exames; a produção de mamografia de rastreamento do estado vem diminuindo gradativamente nos anos de estudo; na população-alvo elegível do estudo, aproximadamente 68% dos exames de rastreamento estavam na faixa etária preconizada; foram realizados na periodicidade bienal 25% dos exames; A indicação de encaminhamento para investigação diagnóstica por biópsia foi de 0,7% (Categorias BI-RADS® 4 e 5); no tempo total de exame 60,4 % dos exames, foram liberados em até 30 dias. Conclusão: Evidenciamos baixa cobertura da população ao programa de rastreamento do câncer de mama na Bahia, nas macrorregiões com maiores valores interno bruto, exceto em 2021 e diminuição gradativa do número de mamografia de rastreamento na faixa etária de 50 a 69 anos. A maioria dos exames estavam na faixa etária preconizada, porém fora da periodicidade bienal em desacordo com as recomendações das Diretrizes de Detecção do Câncer de Mama no Brasil. O acesso ao exame está sendo efetivo e a maioria foi realizado em até 10 dias. Somente, aproximadamente 60,4% das usuárias de Sistema Único de Saúde, tiveram seus direitos respeitados, em concordância com a Lei do MS, nº. 13.896, de 30 de outubro de 2019. Enfatizamos a importância da implantação de um rastreamento organizado e o imprescindível o papel dos profissionais envolvidos na Detecção Precoce do Câncer de Mama para um rastreamento de qualidade. Impacto: os resultados do obtidos irão apoiar políticas de saúde relacionadas ao acesso em tempo oportuno ao diagnóstico câncer de mama, possuindo interesse estratégico para o SUS ao demostrar a importância dos dados do SISCAN nas ações dessas políticas públicas para a detecção precoce do câncer de mama. Palavras-chave: Neoplasias de Mama; Detecção Precoce de Câncer; Mamografia; Programa de Rastreamento

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Lesões falso-positivas PI-RADS 4/5 são analisadas em dissertação

Autoria: Bianca Carla Azevedo de Souza
Orientação: Daniel Abensur Athanazio
Título da dissertação: “Análise de lesões falso-positivas PI-RADS 4/5 – experiência de um único centro não acadêmico usando fusão cognitiva”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 09/02/2023
Horário: 09h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 868 8485 1100
Senha de acesso: defesa

Resumo

INTRODUÇÃO. Avaliamos achados patológicos em biópsias direcionadas de lesões PI-RADS4 e PIRADS5, e dados clínicos que poderiam predizer aqueles pacientes com achados benignos. MATERIAL E MÉTODOS. Um estudo retrospectivo foi realizado para resumir a experiência de um único centro não acadêmico usando fusão cognitiva e um scanner de 1,5 ou 3,0 Teslas. RESULTADOS. Encontramos uma taxa de falsos positivos de 29% e 3,7% com lesões PI-RADS 4 e 5, respectivamente. Diversos padrões histológicos foram observados entre as biópsias alvo. Na análise multivariada, tamanho ≤ 6 mm e biópsia negativa prévia foram preditores independentes de lesões falso-positivas de PI-RADS 4. O pequeno número de lesões falso positivas PI-RADS5, impediu análises adicionais. CONCLUSÃO. Achados benignos são comuns em lesões PI-RADS4 e a maioria delas não mostram hipercelularidade glandular ou estromal óbvia como esperado em pacientes nódulos hiperplásicos. Tamanho ≤ 6 mm e biópsia negativa prévia predizem maior probabilidade de falso positivo resultados em pacientes com lesões PI-RADS 4.
Palavras-Chave: Ressonância Magnética; Neoplasias Prostáticas; Biópsia, Agulha; Diagnóstico.

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Pesquisador da Fiocruz Bahia é novo coordenador nacional do Fio-Schisto

Ricardo Riccio será o novo coordenador nacional do programa.

Atuante no o Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto) desde 2013, o pesquisador e vice-diretor de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio, será o novo coordenador nacional do Fio-Schisto. A nova gestão, que irá vigorar no período entre 2022 e 2024, é também integrada pelas pesquisadoras da Fiocruz Minas Gerais Roberta Caldeira e Rosiane Pereira. Criado em 1986, reúne 70 cientistas de 22 grupos de pesquisa da instituição que trabalham com a esquistossomose, doença endêmica no Brasil.

Outros pesquisadores da Fiocruz Bahia participam do Fio-Schisto: Isadora Siqueira, como coordenadora regional representando o Instituto Gonçalo Moniz (IGM), sede da Fiocruz Bahia; já os pesquisadores Mitermayer Galvão dos Reis e Leonardo Paiva Farias farão parte do Comitê Assessor do Fio-Schisto.

“O cenário atual do Brasil não é favorável ao desenvolvimento científico na área da saúde. Apesar do rápido e importante avanço científico em relação à infecção pelo SARS-CoV-2, o conhecimento científico sobre muitas doenças negligenciadas permaneceu estagnado neste período”, considera Ricardo Riccio, acerca do combate a esquistossomose.

“Neste sentido, se faz necessário voltar a investir em estudos e ações que contribuam para o controle e eliminação da esquistossomose”, De acordo com ele, o Fio-Schisto irá estimular discussões por soluções de erradicação da doença entre a vice-presidência da Fiocruz, os coordenadores regionais e a nova composição do Ministério da Saúde.

O pesquisador destaca que o IGM faz parte do histórico de combate a essa endemia. “O Laboratório de Patologia Experimental (LAPEX) historicamente tem ajudado através dos estudos sobre patologia hepática coordenados pelo Dr. Zilton Andrade. No Laboratório de Patologia e Biologia Molecular (LPBM) os doutores Mitermayer Reis e Luciano Kalabric, com a colaboração importante do pesquisador da Tulane University (USA), Ronald Blanton, também tem contribuído significativamente e há muitos anos para o conhecimento sobre esquistossomose”. O pesquisador recorda ainda o trabalho realizado pelo pesquisador Leonardo Farias, no Laboratório de Inflamação e Biomarcadores (LIB), na busca por padrões de resposta imunológica associados à doença.

Simpósio 

Entre as atividades do Fio-Schisto está a organização do Simpósio Internacional sobre Esquistossomose, este ano realizado na cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais. A 16ª edição do evento ocorreu entre 21 e 23 de novembro.

Durante o evento, o mestrando Ronald Alves dos Santos, orientando de Ricardo Riccio, recebeu a Menção Honrosa do Prêmio Amaury Coutinho de melhor dissertação pelo trabalho “Avaliação do padrão de resposta do teste rápido em urina para o diagnóstico da esquistossomose, POC-CCA, em uma população de elevada endemicidade no estado da Bahia”.

A dissertação foi defendida para a obtenção do título de mestre do Programa de Pós-graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PgPAT) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em ampla associação com a Fiocruz Bahia. “Meu projeto avaliou o desempenho diagnóstico do teste rápido POC-CCA. Este trabalho é importante, pois o teste recomendado atualmente pela Organização Mundial da Saúde perde a sensibilidade diagnóstica em indivíduos com infecção leve ou que foram tratados a pouco tempo”, explica Ronald.

Essa foi a primeira vez que o discente participou do Simpósio Internacional. Mas, provavelmente, não será a última, dado que ele continua a trajetória acadêmica como doutorando do PgPAT. “Para eliminar a esquistossomose como problema de saúde pública é necessário que sejam desenvolvidos novos métodos, mais sensíveis, ou que se melhorem as opções que existem atualmente”, defende.

“Aprendi que é preciso olhar para a esquistossomose não apenas como uma doença tropical, mas como uma doença que está intimamente ligada com as condições de vida de uma população inteira, que é, de certa forma, negligenciada”.

Para Riccio, a homenagem foi merecida. “O prêmio Amaury Coutinho vem como uma forma de reconhecimento merecido por toda dedicação e competência demonstrada por Ronald desde o início de sua trajetória ainda como aluno de Iniciação Científica”.

A próxima edição do Simpósio deverá ocorrer em 2024, na Bahia, e contará com a organização de Ricardo Riccio.

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Fiocruz Bahia participa do 9º Congresso do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia

O 9º Congresso do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems Bahia) foi realizado, em Salvador, com o tema “Desafios da gestão municipal na atual conjuntura do SUS”, reunindo especialistas em saúde pública, técnicos da saúde de todo o estado e estudantes com o objetivo de contribuir para o fortalecimento e qualificação da gestão municipal do Sistema Único de Saúde (SUS). O evento ocorreu entre os dias 15 e 17 de dezembro, com apoio do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia.  

A cerimônia de abertura contou com a presença da diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; com a presidente do Cosems, Stela dos Santos Souza; a secretária de Saúde do Estado da Bahia, Adélia Pinheiro, representando o governador Rui Costa; o presidente do Conasems, Willames Freire, além de outras autoridades. As declarações dos presentes tiveram um tema em comum: a importância de unir esforços na defesa do SUS.

Marilda Gonçalves reforçou a dimensão dessa política pública para a população. “O SUS foi testado durante esses últimos anos. O nosso Sistema de Saúde nos salvou de uma catástrofe muito maior quando nós enfrentamos a pandemia da Covid-19″, afirmou. “O tema do congresso nos leva a discutir a reconstrução do SUS e como nós poderemos nos tornar independentes na produção de insumos e remédios. O Brasil precisa dessa independência para que possamos servir o SUS de maneira adequada”. A diretora recordou o papel que a Fiocruz ocupa na provisão de insumos.  

A secretária Adélia Pinheiro saudou a presença de todos e destacou o papel da Fiocruz Bahia nas parcerias feitas com a Sesab. “A Fiocruz Bahia nos orgulha”, afirmou. “Esse congresso ocorre no momento em que podemos reafirmar os nossos princípios e os nossos compromissos aqui na Bahia. A Bahia é resistência, é defesa do sus e somos nós que fazemos essa defesa”. 

Para Stela Souza, o SUS “é patrimônio do povo brasileiro e a maior política de inclusão social do Brasil”. Souza falou acerca da necessidade de união de todas as instituições presentes para garantir o fortalecimento do Sistema e do resultado esperado do congresso. “Temos que debater e sair com uma carta da Bahia, dos nossos 417 municípios baianos, que possa ser encaminhada a quem de direito entender e possa entender os anseios, as necessidades e as demandas de saúde dos nossos municípios”, defendeu.  

Willames Freire avaliou o ano de 2022 como o fechamento de um ciclo atípico para a saúde pública e aproveitou a oportunidade para homenagear os técnicos da saúde, os profissionais de enfermagem e os gestores municipais que, para ele, são quem constroem a saúde pública diariamente. “É para essas pessoas que se dedicam diuturnamente com o propósito de atender a nossa população e que se dedicam a construir o SUS que vai a minha deferência, enquanto presidente do Conasems”, completou. 

Também participaram da abertura o vice-presidente do Cosems Raul Molina; o deputado federal Jorge Solla; o promotor de justiça e integrante do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (CESAU), Rogério Queiroz; o presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia, Marcos Sampaio; o presidente da União dos Municípios da Bahia e prefeito do município de Jequié, Zenildo Brandão, o Zé Cocá; e o presidente do Cosems Alagoas, Rodrigo Buarque. 

No segundo dia do evento, o pesquisador da Fiocruz Bahia Manoel Barral-Netto ministrou a oficina “Saúde Digital: necessidades e perspectivas”.

Exposição das instituições 

O evento contou com exposições das empresas e instituições parceiras. Como forma de homenagem póstuma, cada sala de exposição foi nomeada com o nome de um servidor da saúde já falecido. Na sala Mônica Barbosa (Técnica de imunização da Sesab, vítima da Covid-19), a Fiocruz Bahia realizou uma exposição de pôsteres e de material interativo.  

“O conhecimento científico e tecnológico produzido na Fiocruz chega até nós. Toda essa questão de desenvolvimento do conhecimento científico e tudo o que é feito aqui tem impacto no nosso dia a dia”, afirmou Tarcília Rocha, secretária de Saúde do município de Miguel Calmon, acerca dos motivos que a fizeram visitar a exposição da Fiocruz Bahia.  

A enfermeira Valquíria Carneiro, proveniente de Jacobina, concorda. “A gente conhece a importância da instituição no campo da ciência, nos estudos para a melhoria da saúde da população. Até na literatura também, com a divulgação científica”. Ela também elogiou a organização do evento. “O que me chama mais a atenção são as abordagens pensando a melhoria do SUS e a intensificação do trabalho dos secretários e de toda a equipe municipal”. 

Ao visitar a sala Mônica Barbosa, a assistente social e secretária de Saúde do município de Capim Grosso, Leide Costa Rios foi atraída pela prévia exibida do documentário “Sonia e Zilton – ciência, saúde e amor”, sobre o notório casal de cientistas Sonia e Zilton Andrade. “Eu fiquei bem emocionada com a história desse casal que se dedicou a vida inteira a trabalhar em prol das pessoas e da saúde. Fico feliz em ver que temos, na Bahia, mais pessoas em quem nos espelhar para fazer nosso trabalho”, compartilha. 

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Curso sobre imunologia de tumores reuniu especialistas internacionais

Reunir pesquisadores brasileiros e estrangeiros para discutir o andamento dos estudos em imunologia de tumores. Esse foi o objetivo do curso “Tumor Immunology”, sediado pelo Programa de Pós-graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PgPCT). Ocorrido entre os dias 21 de novembro e 2 de dezembro, a atividade foi realizada de forma online e contou com 226 participantes, com prioridade dada aos profissionais com atuação em Oncologia e estudantes de pós-graduação da área.

O “Tumor Immunology” foi sediado pelo programa de Pós-graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PgPCT) da Fiocruz Bahia, e contou com a colaboração dos programas de pós-graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) e em Patologia Humana e em Patologia Experimental (PgPAT), este último realizado em ampla associação com a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foram convidados docentes de várias instituições brasileiras, contemplando quatro das regiões do país, bem como pesquisadores da Suécia, Canadá, Bélgica e Itália.

A organização do “Tumor Immunology” pretendeu reforçar a área de internacionalização dos programas de pós-graduação da instituição e estimular a troca de experiências entre os cientistas e os estudantes. Segundo a pesquisadora da Fiocruz Bahia Milena Botelho, uma das organizadoras do curso, as palestras despertaram forte interesse dos participantes. “O curso de imunologia de tumores agregou palestrantes do Brasil e do exterior que expuseram conceitos básicos sobre câncer e aplicações de imunoterapias para o tratamento de câncer e desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas”.

Theolis Bessa, também organizadora do curso, conta que a atividade foi bastante proveitosa para todos os participantes. “Nós tivemos uma cobertura bem ampla de assuntos, passando desde assuntos relacionados à patogênese do câncer à imunoterapia em diferentes vertentes. A grande importância dessa atividade é conseguir mostrar o que os grupos de pesquisa da área estão fazendo e que existem grupos de boa produção espalhados por todo o país”, relata Theolis.

Eugênia Terra, pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e da Fiocruz Bahia, que atuou como professora na atividade, ressaltou a contribuição que atividades como o trazem para a formação dos estudantes. “O curso teve grande mérito em trazer discussões atuais, como a imunoterapia. Ao mesmo tempo, trouxe para a discussão várias lacunas ainda a serem preenchidas e novos campos de pesquisa, que poderão contribuir com a melhoria dos tratamentos”, pondera.

“O curso foi muito importante, pois trouxe um painel geral do que está sendo desenvolvido no vasto campo da Imunologia tumoral”, considera uma das professoras convidadas, a pesquisadora da Fiocruz Bahia Karine Damasceno. “As interações com os discentes foram extremamente proveitosas e espero que logo tenhamos novas edições desse evento que certamente foi um sucesso”.

Doutoranda do PgPAT e médica oncologista, Vanessa Dybal descreveu a experiência que teve como discente da atividade. “O curso foi bastante rico e conseguiu abordar diversos temas extremamente atuais com profundidade e clareza. A escolha dos palestrantes foi bastante cuidadosa, procurando trazer profissionais dedicados e que claramente dominavam o tema. Recomendaria sem dúvida em suas próximas edições”.

Também doutorando do PgPAT, Bruno Cavalcante pontua os aspectos que mais chamaram sua atenção: a organização, o renome dos palestrantes e o conteúdo abordado. “Além disso, o curso cobriu vários assuntos em tendência e serviu também como atualização sobre os temas discutidos. Como pesquisador na área de câncer, o conhecimento de alto nível é bem-vindo para a compreensão de um conjunto de doenças tão maléfico e que desafia nossas intenções clínicas”, afirma o estudante.

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Estudo que avaliou impacto do Bolsa Família na mortalidade da infância recebe prêmio

Por sua relevância e aplicabilidade, a pesquisa “Avaliação do Impacto do Programa Bolsa Família na mortalidade da infância, um estudo de coorte de 100 milhões de brasileiros” recebeu o Prêmio Ciência pela Primeira Infância, concedido pela coalizão Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) e pela consultoria ponteAponte. O trabalho foi resultado dos estudos de pós-doutorado de Dandara Ramos, pesquisadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS/Fiocruz Bahia) e professora adjunta do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).  

O Prêmio Ciência pela Primeira Infância tem como objetivo reconhecer cientistas com pesquisas com foco na primeira infância, e promover a divulgação do conhecimento gerado, visando apoiar a formulação de políticas públicas voltadas para essa faixa etária no Brasil. A premiação divide-se em três eixos temáticos, que abarcam temas como a diversidade infantil e as desigualdades nesta primeira fase de vida. O trabalho submetido concorreu no terceiro eixo temático “Avaliação de políticas públicas em primeira infância”. 

“Esse reconhecimento é importante tanto pelo impulsionamento de carreira, como – e principalmente – pela relevância do tema”, afirma Dandara Ramos. “Após a pandemia temos mais de 5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil, e 40% dessas pessoas são crianças e adolescentes. Premiar um estudo sobre transferência de renda é uma mensagem política importante no momento atual”.  

Para avaliar os impactos do programa Bolsa Família, a equipe de pesquisadores, liderada por Dandara e Nívea Bispo, também pesquisadora associada do Cidacs, utilizou dados extraídos de uma coorte de 100 milhões de brasileiros, construída a partir do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal. Foram usados para a análise os dados de mais de 6 milhões de crianças, contemplando o período de 2006 a 2015.  

Foi concluído que famílias atendidas pelo benefício eram associadas a menores taxas de mortalidade infantil. A análise cruzada também mostrou que quanto melhores forem os índices de administração do município, maior o efeito do benefício em reduzir as taxas de mortalidade em crianças entre 1 e 4 anos. Outros dados apontam que os grupos nos quais o programa teve maior impacto na redução de mortalidade foram o de crianças prematuras, filhos de mães negras e provenientes de locais de baixíssima renda.  

Os resultados do estudo já foram publicados, em setembro de 2021, e estão disponíveis na revista PLOS Medicine. 

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Dissertação avalia efeito pleiotrópico de polimorfismos no gene BCL11A

Autoria: Antonio Mateus de Jesus Oliveira
Orientação: Marilda de Souza Gonçalves
Título da dissertação: “Efeito pleiotrópico de polimorfismos no gene BCL11A em indivíduos com anemia falciforme”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 19/12/2022
Horário: 14h30
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 846 0144 0005
Senha de acesso: defesa

Resumo

A anemia falciforme (AF) é uma das formas de apresentação da doença falciforme (DF), que é caracterizada por eventos hematológicos como a hemólise e lesão endotelial que culminam na vaso-oclusão, levando ao aparecimento de diversas manifestações clínicas. A AF é resultado de uma alteração eritrocitária condicionada pela mutação de ponto no gene HBB que leva a formação da hemoglobina S (HbS). A hemoglobina fetal (HbF) é conhecida por afetar positivamente a clínica dos indivíduos com AF, por interferir no papel da HbS na alteração eritrocitária. Polimorfismos genéticos são conhecidos por modularem positivamente os fenótipos clínicos na AF, sendo o gene BCL11A um marcador importante nesse aspecto. Contudo, polimorfismos no gene BCL11A têm sido descritos por alterar negativamente o quadro clínico dos pacientes com AF. O presente estudo teve como objetivo associar biomarcadores laboratoriais na presença dos polimorfismos rs766432 (C>A) e rs6732518 (C>T) no gene BCL11A. Os marcadores hematológicos e bioquímicos foram investigados por métodos automatizados e os marcadores genéticos foram identificados pelas técnicas de reação em cadeia da polimerase e Restriction Fragment Length Polymorphism (PCR-RFLP). As análises estatísticas foram realizadas no software Graphpad prism na versão 9.0. A HbF apresentou associação estaticamente significante na presença do polimorfismo rs766432 (p=0,0306) bem como simultaneamente com o polimorfismo rs6732518 (p = 0,0302), e como as concentrações da HbS (p=0,0464). As concentrações de hemoglobina (Hb) (p=0,0008),
hematócrito (Ht) (p=0,0243) (p=0,0329) e contagem de hemácias (Hm) (p=0,0069) (p=0,00466) estiveram elevadas na presença dos polimorfismos. As concentrações de bilirrubina total (p=0,0264) e direta (p=0,0039) apresentaram valores menores na presença do polimorfismo rs766432, bem como na co-herança dos polimorfismos (p=0,0073) (p=0,0154). Concentrações elevadas de colesterol HDL estiveram associados na presença do alelo variante do polimorfismo rs766432 (p=0,0402) e níveis elevados de alfa1- antitripsina estiveram associados na presença do alelo variante do polimorfismo rs6732518 (p=0,0320) e a ausência de correlação entre o a HbF e HDL(r=0,03705). Conclui-se que que polimorfismos no locus BCL11A são importantes para a variação dos níveis de HbF, e que podem apresentar efeito
pleiotrópico pela determinação de parâmetros laboratoriais não-relacionados com os níveis de HbF.
Palavras chaves: Anemia falciforme; BCL11A; HbF

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Pesquisador Bernardo Galvão é novo integrante da Academia Brasileira de Ciências 

Eleito por meio de Assembleia Geral, realizada no dia 1° de dezembro, o pesquisador da Fiocruz Bahia Bernardo Galvão Castro é um dos novos membros titulares da Academia Brasileira de Ciências (ABC). A nomeação ocorre por meio da indicação de outros membros, e busca reconhecer cientistas com atuações destacadas e com notória liderança em sua área.  Além de Galvão, foram eleitos outros 16 membros titulares, oito pesquisadores estrangeiros como membros correspondentes e cinco membros afiliados de cada região escolhida: as regiões Norte, Minas Gerais e Centro Oeste, Rio de Janeiro, São Paulo e região Sul, que tomarão posse no dia 1° de janeiro de 2023.  

Bernardo Galvão integra a ACB como um membro na área de Ciências da Saúde. Médico, Patologista e Imunologista, ele tornou-se amplamente reconhecido por ter sido o primeiro cientista a isolar o vírus do HIV na América Latina. Os estudos do pesquisador com o retrovírus também auxiliaram a implantar as bases de triagem do HIV no sangue, auxiliando a conter a transmissão via doação sanguínea, assim como a consolidação do Programa Nacional de Controle do HIV do Ministério da Saúde. 

“Sinto-me honrado por ter sido eleito Membro da Academia Brasileira de Ciências. Para mim significa o reconhecimento, pelos meus pares, de uma carreira dedicada a ciência da saúde. Agradeço a Fiocruz que me forneceu as condições necessárias para o desenvolvimento de pesquisas durante 30 anos”, reconhece o cientista, que hoje é pesquisador emérito da Fundação. 

Galvão ingressou na Fiocruz em dezembro de 1977. Na década de 80, o então jovem pesquisador coordenou o projeto de reforço institucional da América Latina financiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que permitiu a implantação do Centro de Imunologia Parasitária, na Fiocruz no Rio de Janeiro. 

Na Fiocruz Bahia, foi responsável pela implantação do Laboratório Avançado de Saúde Pública (LASP). Bernardo Galvão mantém-se atuante também enquanto professor titular da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). A pesquisa do cientista se volta agora ao estudo do HTLV-1, outro retrovírus da mesma família do HIV. Galvão foi responsável pela fundação do Centro Integrativo e Multidisciplinar de Atendimento ao Portador de HTLV (CHTLV), da EBMSP, centro responsável pelo acolhimento de mais de duas mil pessoas em todo o estado da Bahia.  

O pesquisador é membro da Academia de Medicina da Bahia, da Academia de Ciências da Bahia, membro do Conselho da Sociedade Internacional de Retrovirologia, do Conselho Curador da Fundação José Silveira, membro da Assembleia do Instituto Brasileiro de Oftalmologia e Prevenção da Cegueira e sócio da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 

Entre os prêmios que já recebeu, incluem o VI Prêmio Hélio Gelli Pereira, da Sociedade Brasileira de Virologia, recebido em 2002; a Medalha Thomé de Souza, concedida pela Câmara Municipal de Salvador, também em 2002; e o Prêmio Anísio Teixeira na categoria “Honra ao Mérito Pesquisador” na área Biotecnologia, concedido pela FAPESB, em 2006. 

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Tese descreve resistência à polimixina em isolados de K. pneumoniae e E. coli

Autoria: Adson Santos Martins
Orientação: Joice Neves Reis Pedreira
Título da tese: “PREVALÊNCIA E CARACTERIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA A POLIMIXINA B EM ENTEROBACTÉRIAS NA CIDADE DE SALVADOR, BAHIA”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 20/12/2022
Horário: 09h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 812 0818 6594
Senha de acesso: 354609

Resumo

Introdução: Durante a última década, a resistência aos antibióticos de amplo espectro chegou a niveis preocupantes, especialmente em bactérias pertencentes a familia Enterobacteriaceae. O rápido surgimento de novos mecanimsos de resistência aos antibióticos, associado a alta prevalência de enzimas que conferem resistência aos betalactâmicos, como beta-lactamase de espectro estendido (ESBL), Klebsiella pneumoniae carbapenemases (KPC) e Nova Deli metalo-beta-lactamase (NDM), muitas vezes limitam as opções de tratamento a antibióticos de último recurso, como polixinas. Objetivo. Descrever a prevalência de resistência à polimixina em isolados de Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli provenientes de casos de infecção de corrente sanguínea e caracterizar o mecanimso de resistência nestes isolados. Métodos. Estudo prospectivo, conduzido com bactérias isoladas de pacientes com infecção de corrente sanguinea, em dois hospitais terciários de Salvador, Bahia, no período de 01/04/2015 a 28/02/2019. Dados epidemiológicos foram coletados por meio de revisão de prontuários e os isolados bacterianos foram identificados por espectrometria de massa e pelo VITEK-2®. O perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos foi realizado através de automação. Resistência a polimixina foi investigada pelo teste da gota e microdiluição em caldo e os mecanimos de resistência determinados pela reação de polimerase em cadeia para investigar a presença do plasmídio mcr-1, e detecção de genes cromossomais: PhoP/Q, PmrA/B e mgrB. Resultados. Foram avaliados 366 isolados, sendo 168 de Klebsiella pneumoniae e 198 de Escherichia coli. A triagem inicial com o teste da gota, identificou 209 (57,1%) isolados como sensíveis à polimixina, sendo 161 (77,0%) E. coli e 48 (23,0%) K. pneumoniae. Um
total de 81 (22,0%) isolados foram resistentes a polimixina, sendo 22 (27,2%) E. coli e 48 (72,8%) K. pneumoniae. Heteroresistência foi identificada em 76 (20,7%) dos isolados, sendo 15 (19,7%) E. coli e 61 (80,3%) K. pneumoniae. A microdiluição em caldo foi realizada para 199 isolados, sendo 78 E. coli e 121 K. pneumoniae. Sendo confirmada a resistência a polimixina em 40/48 isolados de K. pneumoniae e em 4/22 E. coli. A sensibilidade do teste da gota foi de 100% e a especificidade foi de 76,1%. Dos 44 isolados
resistentes, os genes PhoQ/PhoP foi identificado em 20 (45%), o gene pmrA foi identificado em 30 (68%) dos isolados resistentes, sendo que em 11/30 isolados o gene pmrB também foi detectado. O gene plasmidial mcr-1foi detectado em apenas um isolado de E. coli. O gene mgrB foi encontrado em apenas um isolado de K. pneumoniae. Dentre os isolados sensíveis a polimixina pela microdiluição em caldo, os genes PhoQ/PhoP foi identificado em 19 (36%) e entre aqueles com heteroresistência no teste da gota, 63% tinham alteração nos genes PhoQ/PhoP. Conclusão. A resistência a polimixina é mais frequente em isoaldos de K. pneumoniae e está associada aos genes PhoQ/PhoP. O teste da gota revelou-se uma boa opção para triagem de resistência entre K. pneumoniae e E. coli.


Palavras – chave: Resistência à polimixina; Teste da gota; Escherichia coli. Klebsiella pneumoniae. Polimixinas

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Pesquisador é homenageado em celebração dos 20 anos do Centro de HTLV

Fundado em 2002, com o apoio da Fiocruz Bahia, o Centro Integrativo e Multidisciplinar de Atendimento ao Portador de HTLV (CHTLV) da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública completou, neste mês de novembro, 20 anos de atuação pela promoção da saúde à população portadora do HTLV. Instituído e coordenado desde então pelo pesquisador emérito da Fiocruz Bahia e médico Bernardo Galvão, a importância da iniciativa e do trabalho do pesquisador foram recordadas na cerimônia de celebração do aniversário do Centro.

Estiveram presentes na solenidade o vice-reitor da Bahiana, Humberto Castro Lima Filho, a enfermeira do Centro, Aidê Nunes, o membro representante da associação HTLVida, Francisco Daltro, além da professora da Bahiana e pesquisadora Fernanda Grassi, representando a Fiocruz. Na ocasião, Bernardo Galvão recebeu, das mãos do diretor do Centro Médico da Bahiana, Luiz Eduardo Fonteles Ritt, uma placa marcando a homenagem. 

De acordo com artigo publicado no periódico Frontiers in Medicine, realizado com participação de pesquisadores e médicos atuantes no CHTLV, a Bahia é o estado com maior prevalência de infecção pelo HTLV-1 no Brasil, com quase 130 mil portadores em todo o estado. É nesse cenário que surge a iniciativa de implantar o CHTLV, como conta Bernardo Galvão. Atualmente, o Centro atua em colaboração com o Laboratório de Saúde Pública (LASP) da Fiocruz Bahia.

“A maior parte da população da Bahia desconhece essa infecção e suas consequências mórbidas para a espécie humana. Os pacientes são estigmatizados e acabam não procuram os serviços de saúde. Além disso, é ainda escasso o seu conhecimento entre os profissionais da área de saúde”, declara. O médico ressalta que o tratamento para a infecção do vírus requer uma equipe multidisciplinar de saúde, para abarcar o diagnóstico laboratorial, a assistência médica, inclusive às gestantes, a fisioterapia, a terapia ocupacional e o atendimento psicológico.

“O CHTLV presta esse atendimento, desde 2002, visando o bem-estar físico e mental das pessoas vivendo com HTLV, assim como dos seus familiares. Esses serviços são oferecidos não apenas à população de Salvador, mas também a outras cidades da Bahia”, afirma Bernardo Galvão. Atualmente, o local já acolheu mais de duas mil pessoas em todo o estado.

Para a docente da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e enfermeira no CHTLV Aidê Nunes o pesquisador é um ativista na atuação pelo controle da doença. “Desde o começo, o Dr. Galvão tinha uma visão de promover o cuidado aos portadores do HTLV. O atendimento do Centro é integrado e multidisciplinar”, explana. Nunes relata que o Centro recebeu duas caravanas neste mês, vindas da Paraíba e do Rio Grande do Norte, a fim de observar o modo como funciona o atendimento do CHTLV.

Segundo Aidê, outro ponto fundamental do projeto é que seu combate ao vírus se dá em diversas frentes. “O Dr. Galvão não queria apenas o atendimento. Ele incentivava a pesquisa na área também, a formação de pessoal. Eu acho que ele foi muito pioneiro em trabalhar em uma doença que, em 2002, era ainda mais negligenciada”. A enfermeira também é Coordenadora do Programa de Extensão Enfermagem Cuidar Faz Bem, da Escola Bahiana, que promove a participação dos discentes de diversas especialidades no cotidiano do centro.

“Eu fico muito feliz como cidadã, como profissional enfermeira, e como docente de ver essa história sendo escrita”, orgulha-se a professora. Pelo trabalho prestado no controle da doença na Bahia, o pesquisador foi homenageado com a Medalha Thomé de Souza pela Câmara Municipal de Salvador, em 2002. Ele recorda que na ocasião de recebimento da medalha, seu discurso buscou reforçar a missão que leva com o instituto: “contribuir para o controle da infecção causada pelo HTLV-I, grave problema de Saúde Pública, no Brasil, e, particularmente, nesta bela e dadivosa cidade do Salvador, que tão gentilmente me homenageia”, disse à época.

HTLVida

A presença do CHTLV também foi um incentivo à criação da Associação voltada aos portadores do vírus HTLV – HTLVida. A presidente da organização Adijeane Oliveira de Jesus relata que a HTLVida é a única associação dedicada aos portadores do vírus no país. “Sabemos o quanto é necessária nossa existência para incentivar a criação de mais grupos e também para continuar criando políticas públicas a nível nacional”, afirma a dirigente.

“Atuamos juntos com o Centro de HTLV, principalmente por meio da figura do Dr. Bernardo Galvão, um dos maiores incentivadores da Associação HTLVida. Estamos constantemente pensando, organizando, criando ações, atividades, construindo e participando de pesquisas voltadas a qualidade de vida das pessoas com HTLV”, completa.

No último dia 10 de novembro, data do Dia Internacional de Enfrentamento ao HTLV, a Associação organizou uma homenagem em celebração aos principais atores de sua existência. O pesquisador recebeu uma placa em agradecimento aos esforços feitos em favor da organização e na luta pela visibilidade dos portadores. “O Dr. Bernardo foi o mentor e principal entusiasta da criação dessa Associação. Nada mais justo do que presenteá-lo e homenageá-lo”, expõe.

“Fiquei lisonjeado com a homenagem que recebi da Associação HTLVida”, conta o pesquisador. “Foi uma homenagem feita por pessoas que vivem com o HTLV-1. Tenho a sensação de ter cumprido parcialmente a promessa que fiz. No entanto, resta muito a ser feito”.    

Sobre o HTLV

Pertencente a mesma família do HIV, o HTLV é um vírus infeccioso que afeta as células de defesa do organismo humano. Existe cerca de 10 milhões de portadores do vírus em todo o mundo. A maioria dos países afetados pelo vírus são considerados subdesenvolvidos. O HTLV pode ser transmitido por via sexual, pelo compartilhamento de agulhas infectadas ou de forma vertical, passando de mãe para filho, através da gestação ou da amamentação.

A doença não possui cura, mas possui tratamento e manutenção. Caso não controlado, o HTLV pode levar o portador a desenvolver leucemia de células T, Mielopatia associada com o HTLV-1/Paraparesia espástica tropical, uveíte e dermatite infecciosa.

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Estudo avalia impacto em bebês da infecção materna por zika

Informações da Agência Fiocruz de Notícias

Uma colaboração nacional, formada por pesquisadores da Fiocruz e de outras 25 instituições do Brasil agrupados no Consórcio Brasileiro de Coortes relacionadas ao vírus zika (ZBC Consortium), com apoio da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), avaliou os impactos na saúde dos bebês da infecção de gestantes por zika. A Fiocruz Bahia faz parte do consórcio, representada pela pesquisadora Isadora Siqueira.

Publicado no The Lancet Regional Health – Americas na última segunda-feira (28/11), o estudo revelou que aproximadamente um terço dos filhos de mães infectadas durante a gravidez apresentaram, nos primeiros anos de vida, anormalidades consistentes com a Síndrome da Zika Congênita (SZC).

Esta foi a pesquisa sobre o tema que contou a maior quantidade de participantes, conseguindo detectar com mais clareza a relação entre o vírus zika e possíveis distúrbios congênitos. A necessidade dessa avaliação surgiu após uma epidemia de microcefalia no Brasil em 2015, mas as amostras pequenas, a alta variabilidade entre as estimativas e a limitação dos dados de vigilância limitavam a possibilidade de calcular os riscos. As manifestações da síndrome envolvem deficiências neurológicas funcionais, anormalidades de neuroimagem, alterações auditivas e visuais e microcefalia. Tais disfunções aparecem mais frequentemente de forma isolada do que em combinação, com menos de 0,1% das crianças expostas apresentando duas delas simultaneamente.

Os resultados foram encontrados a partir da análise combinada de dados de 13 estudos que investigam os resultados pediátricos em gestações afetadas pelo vírus zika durante a epidemia de 2015-2017 no Brasil. Esses dados abrangem todas as quatro regiões do país afetadas pela epidemia neste período, com infecção pré-natal confirmada em laboratório por testes genéticos e avaliação dos potenciais efeitos adversos em nível individual.

“Esse trabalho dá uma contribuição fundamental para a compreensão das consequências para a saúde da infecção pelo vírus zika durante a gravidez. Ele reúne dados individuais de crianças nascidas de 1.548 gestantes residentes em diferentes regiões do país que tiveram o diagnóstico confirmado de infecção pelo vírus zika durante a gravidez, permitindo uma estimativa mais precisa dos riscos. Saliente-se ainda que, além da contribuição em termos de conhecimento, esse estudo traduz a competência dos pesquisadores brasileiros e das instituições públicas para responder aos desafios científicos, tendo os mesmos se organizado primeiro em suas instituições de origem e, em seguida, conjuntamente, criando o Consórcio Brasileiro de Coortes relacionadas ao vírus zika”, destacou o pesquisador Ricardo Arraes de Alencar Ximenes, da Universidade de Pernambuco e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que liderou o estudo.

Em relação à microcefalia, condição neurológica em que a cabeça do bebê é menor do que o esperado para sua idade e sexo, uma a cada 25 crianças nascidas de mães infectadas pelo vírus zika durante a gravidez apresentou a disfunção no nascimento ou durante o acompanhamento. Na maioria dos casos, a condição era detectável próximo ao momento do nascimento, mas algumas crianças nascidas com perímetro cefálico normal desenvolveram a microcefalia nos anos seguintes. O risco de filhos de mães infectadas por zika na gestação apresentarem microcefalia foi de 2,6% no nascimento ou quando avaliados pela primeira vez, aumentando para 4,0% nos primeiros anos pré-escolares. Esse risco foi relativamente consistente nos diferentes locais de estudo, sem apresentar variação relativa às condições socioeconômicas ou área geográfica.

Na Fiocruz, cinco institutos contribuíram para a pesquisa: o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF) e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), no Rio de Janeiro (RJ); o Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), em Manaus (AM); o Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz Pernambuco), em Recife (PE); e o Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), em Salvador (BA).

A pesquisadora Flor Ernestina Martinez-Espinosa, da Fiocruz Amazônia, é co-autora sênior do estudo (ao lado de Patrícia Brasil, do INI/Fiocruz) e coordenou uma das coortes de gestantes expostas ao vírus zika. O projeto em Manaus ocorreu a partir de uma parceria entre a Fiocruz e a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), instituição de referência para doenças infecciosas e parasitárias no estado do Amazonas que sedia dois laboratórios da Fiocruz Amazônia.

“Formamos um grupo inter e multidisciplinar que acompanhou mais de 800 mulheres que procuraram a FMT-HVD por apresentar doença exantemática e por se declararem gestantes, sendo, portanto, notificadas como casos suspeitos de vírus zika na gestação. Esta população fez testes para confirmar os dois eventos (gravidez e infecção por zika). Trezentos e vinte casos foram confirmados e 760 dos casos notificados foram acompanhados até o final da gestação. Atualmente, estamos fazendo a busca ativa das crianças expostas para analisar sua situação no quinto ano de vida”, disse Martinez-Espinosa.

A realização de estudos adicionais com tempo de acompanhamento mais longo é apontada pela equipe de pesquisadores como o futuro da pesquisa publicada nesta segunda. Os possíveis caminhos para investigação incluem a avaliação do risco de hospitalização e morte para crianças com microcefalia à medida que envelhecem e, naquelas sem microcefalia, averiguar os riscos de outras complicações, como aquelas ligadas ao desenvolvimento comportamental ou neuropsicomotor. O estudo aponta também para a importância do diagnóstico e intervenção precoces de eventuais manifestações congênitas atribuídas ao vírus zika.

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Associação entre estado nutricional e concentração fecal de bifidobacterium spp. é tema de tese.

Autoria: Camilla Almeida Menezes
Orientação: Ricardo Riccio Oliveira
Título da tese: “Associação entre estado nutricional e concentração fecal de bifidobacterium spp. Em um grupo de estudantes submetidos a uma intervenção na alimentação escolar no sertão da Bahia”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 09/12/2022
Horário: 09h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 810 4071 9852
Senha de acesso: defesa

Resumo

Contexto: Hábitos alimentares não saudáveis estão relacionados ao desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), também na população infantil. Um dos mecanismos associados é o desequilíbrio da microbiota intestinal. Com a prerrogativa de promoção de sustentabilidade social, econômica e ambiental, e de melhora das condições nutricionais e de saúde, uma intervenção que alcançou cerca de 32 mil estudantes do estado da Bahia fomentou a redução da oferta de alimentos de origem animal e ultraprocessados na alimentação escolar. O objetivo deste estudo de intervenção foi avaliar o estado nutricional desses estudantes e a sua associação com as concentrações fecais de Bifidobacterium spp. (BIF). Métodos: 190 indivíduos, de 5 a 19 anos, foram avaliados no início do ano letivo de 2019 e 124 deles, expostos à intervenção, foram novamente avaliados no final desse período. A
avaliação do consumo alimentar foi feita por meio de Recordatório de 24 horas. Os parâmetros laboratoriais incluíram hemograma, perfil glicídico e lipídico, ferritina e vitaminas D e B12. A avaliação da abundância fecal de BIF foi feita pelo método de Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real. Os indicadores antropométricos incluíram Índice de Massa Corporal, Circunferência da Cintura e Relação Cintura-Estatura. Resultados: Observou-se alta ingestão de alimentos ultraprocessados e alta prevalência de LDL-colesterol elevado, hipertrigliceridemia, excesso de peso e risco cardiovascular, achados mais expressivos na população de escolas da zona urbana. A menor abundância fecal de BIF foi associada à maior prevalência de hiperglicemia, e a maior concentração foi associada à menor prevalência de risco cardiovascular. A exposição à intervenção resultou em redução dos níveis séricos de LDL colesterol e do risco cardiovascular, e aumento dos níveis séricos de triglicerídeos. Conclusão: A concentração fecal de BIF está associada com alterações metabólicas na população estudada e políticas públicas locais podem ser eficazes no enfrentamento às DCNT entre crianças e adolescentes da rede pública municipal de ensino. Sugere-se investigação da influência da prática de atividade física nesses desfechos.
Palavras-chave: Estado nutricional; Obesidade infantil; Alimentação escolar; Microbiota intestinal; Bifidobacterium spp.

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Projeto de pesquisadores da Fiocruz Bahia recebe prêmio DASA de Inovação Médica

Desenvolvido nos últimos dez anos, o PathoSpotter é um sistema de Inteligência Artificial que pode auxiliar o diagnóstico de doenças em tecidos renais por meio de imagens obtidas por biópsias. Pelo potencial de transformação que o programa pode proporcionar na área de diagnósticos patológicos, o sistema recebeu o título de grande destaque na categoria de Inovação em Medicina Diagnóstica de 2022 do Prêmio DASA de Inovação Médica, com curadoria da Veja Saúde. A premiação ocorreu de forma virtual, no dia 23 de novembro.

O projeto foi realizado por meio de parceria entre o Laboratório de Patologia Estrutural em Molecular da Fiocruz Bahia, o Laboratório de Computação de Alto Desempenho (LCAD) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e o Intelligent Vision Research Lab (Ivisionlab) da Universidade Federal da Bahia, com coordenação dos pesquisadores, Washington LC dos-Santos da Fiocruz Bahia, Angelo Duarte da UEFS e Luciano Oliveira da UFBA.

Por meio de cada imagem inserida no sistema, ele buscará fazer uma análise rápida e de alta precisão das lesões, auxiliando patologistas a obterem um diagnóstico mais facilmente. A tecnologia continuará a se aperfeiçoar à medida que for utilizada. Segundo o site do Prêmio DASA, o PathoSpotter foi escolhido por oferecer uma “perspectiva real de um programa que melhora, acelera e amplifica o trabalho desses profissionais — o que, no fim, culmina em diagnósticos e tratamentos mais certeiros contra enfermidades que afligem os rins e o fígado”.

“Esse sistema permitirá ao patologista uma avaliação mais rápida e mais acurada das biópsias hepáticas e renais. Vai ajudar na formação de patologistas no diagnóstico de doenças hepáticas e renais, na qual há muita carência no Brasil. Doenças hepáticas e renais têm uma grande importância em saúde pública. Um sistema computacional que ajude a ampliar o diagnóstico precoce dessas doenças permitirá medidas de tratamento e prevenção da progressão”, afirma o professor Washington.

“Esse prêmio é muito importante para o PathoSpotter por representar um reconhecimento da importância do nosso trabalho e por ter sido indicado por uma equipe de pesquisadores renomados”, considera o cientista. De acordo com Santos, o sistema foi idealizado para oferecer maior suporte aos médicos patologistas de todo o país.

O pesquisador contou que a ideia por trás do sistema veio de seu hábito de fotografar as lâminas de lesões de doenças renais que estuda. Com mais de 100 mil imagens acumuladas, ele buscou o apoio do professor Angelo Duarte, do LCAD, para o desenvolvimento do sistema. Com a posterior integração do coordenador do Ivisionlab, o professor Luciano Oliveira, e da professora Michele Fúlvia Angelo da UEFS, o projeto ganhou corpo. Desde 2017, o grupo de pesquisadores tem publicado uma série de artigos demonstrando a capacidade do sistema de auxiliar o diagnóstico de doenças renais.

“Hoje, o projeto PathoSpotter conta com uma rede de colaboradores de vários estados do Brasil e do exterior é uma produção científica e tecnológica consiste na área”, conta Washington. O projeto também recebeu o apoio do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz. Os pesquisadores continuam a buscar financiamento para garantir uma equipe de profissionais inteiramente dedicados ao desenvolvimento do sistema.

A versão preliminar do sistema está disponível para teste neste link:

https://pathospotter.bahia.fiocruz.br/

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Pesquisa multinacional avalia risco de morte associado a anemia em pessoas vivendo com HIV

Baseado em dados de um estudo internacional conduzido nos Estados Unidos, Quênia e Tailândia, pesquisadores da Fiocruz Bahia analisaram os riscos associados à anemia grave em indivíduos vivendo com HIV. Coordenado pelo pesquisador Bruno Bezerril, o estudo demonstrou que estes pacientes apresentaram maior risco de desenvolvimento da síndrome de imunoreconstituição inflamatória (SIRI), associada ao aumento significativo da mortalidade e morbidade, mesmo após o início da Terapia Antirretroviral (TARV). O trabalho, publicado no periódico eBioMedicine, tem como primeira autora a estudante egressa do Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana (UFBA/Fiocruz Bahia), Mariana Araújo Pereira.

A SIRI é uma condição caracterizada por uma rápida deterioração clínica e com processos inflamatórios descontrolados, apesar da supressão da carga viral do HIV e aumento de LT CD4+, podendo surgir no contexto de uma ampla variedade de infecções oportunistas. Os pesquisadores exploraram a relação entre a anemia grave e a SIRI, examinando a ocorrência da síndrome em pessoas vivendo com HIV e seu surgimento de acordo com diferentes graus de anemia.

Com dados levantados de 2006 a 2018, a pesquisa utiliza informações de 506 pacientes, acompanhados por seis meses, antes e depois de iniciarem a TARV. Os estudos clínicos foram conduzidos com pessoas acima de 18 anos, com diagnóstico positivo para HIV, e sem histórico de TARV. Primeiro, os cientistas analisaram a incidência de anemia no grupo e concluíram que 16,3% dos pacientes tinha níveis normais de hemoglobina. Os demais, 83,7%, apresentaram baixos níveis de hemoglobina e foram considerados anêmicos.

Durante o período de acompanhamento dos pacientes, 19,3% desenvolveram a SIRI. A condição foi mais frequentemente diagnosticada em pacientes anêmicos e, de acordo com os pesquisadores, o risco de surgimento da síndrome mostrou-se estar associado a gravidade da anemia. A mortalidade geral também aumentou de acordo com a gravidade do quadro anêmico. Entre os grupos de indivíduos sem anemia, com anemia leve, moderada ou grave, os níveis de mortalidade foram de 4,88%, 5,28%, 6,20% e 19,2%, respectivamente. Os resultados favorecem a hipótese de uma relação entre a gravidade do quadro anêmico e o risco de SIRI e morte em pessoas vivendo com HIV.

A análise do tempo transcorrido até a morte revelou que os óbitos ocorreram mais frequentemente durante as primeiras três semanas da TARV. Também foi comparado o perfil dos pacientes que desenvolveram a SIRI e as vítimas fatais. A maioria, 75,9%, foram pacientes sem a SIRI que sobreviveram; 4,8% foram pacientes sem a SIRI que faleceram; 17,9% foram sobreviventes que desenvolveram a SIRI; e 1,4% foram pacientes com a SIRI que morreram. Indivíduos com SIRI e os casos de óbito apresentaram maior grau de marcadores inflamatórios e níveis mais baixos de hemoglobina do que os sobreviventes sem a SIRI.

Os resultados do estudo reforçam a ideia de que a alta inflamação sistêmica e a anemia grave estão ligadas a maiores chances de surgimento da SIRI e da alta do risco de morte em pessoas com HIV avançado, mesmo no início da TARV. Para os pesquisadores, o quadro grave de anemia pode ser um marcador da progressão da infecção por HIV, o que aponta para um diagnóstico tardio dos pacientes.

Para o grupo de pesquisa, estes achados reforçam a necessidade de diagnóstico e tratamento precoce, assim com a necessidade de monitoramento da anemia em pessoas com HIV antes e durante a TARV. Os pesquisadores destacam que a presença desta condição pode ser um importante marcador do  risco de desfechos desfavoráveis, como SIRI e óbito, em pessoas vivendo com HIV.  

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Presença de autoridades marca encerramento do projeto Meninas Baianas na Ciência

O projeto Meninas Baianas na Ciência chegou ao encerramento de sua 3ª edição nesta quinta-feira (24/11), com um evento realizado no Instituto Gonçalo Moniz, sede da Fiocruz Bahia. A terceira edição do projeto foi realizada por meio do apoio da 2ª chamada Garotas STEM, do British Council e Fundação Carlos Chagas, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Houve uma mesa-redonda, lançamento do dossiê temático “Mulheres e Meninas na Ciência” seguido de palestra, realizados por Cristina Araripe, coordenadora de Divulgação Científica da Fiocruz e entrega dos certificados para as alunas.

Mediados pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, participaram da mesa Julieta Palmeira, secretária estadual de Políticas Públicas para as Mulheres da Bahia (SPM); a técnica pedagógica Patrícia Oliveira e Shirley Costa, coordenadora do programa Ciência na Escola, como representantes da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC); André Joazeiro, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti); Luiz Queiroz de Araújo, diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e Cristina Araripe.

O comitê organizador do Meninas Baianas na Ciência é composto pelas pesquisadoras Isadora Siqueira, Natália Tavares e Karine Damasceno. Desde agosto, o programa oferece às alunas palestras, apresentações e rodas de conversa com cientistas mulheres do Instituto Gonçalo Moniz, visitações aos setores do instituto e oficinas ministradas pelos discentes de pós-graduação e iniciação científica (IC). Nesta edição foram selecionadas cinco estudantes para participar dos programas de IC da Fiocruz Bahia. Além disso, todas as alunas ganharam certificados por sua participação no projeto.

Marilda Gonçalves frisou o cenário que possibilitou o surgimento do projeto, com a eleição de Nísia Trindade para a presidência da Fiocruz. “Ela tem um olhar especial para a mulher e isso mudou a cara da nossa instituição”, declarou. É uma honra estar abrindo nosso instituto a vocês, meninas, que são o futuro da nossa nação. Eu tenho certeza de que a educação vai ter um novo rumo a partir de agora”.

“Cada uma de vocês representa um sonho e nós temos que transformar esse sonho em realidade. Vocês podem ser o que quiserem. Mas precisamos ter políticas que as incentivem a fazerem isso”, completou Marilda. A pesquisadora aproveitou a ocasião para estimular a parceria entre a Fiocruz Bahia e as secretarias do governo em prol de mais iniciativas que ajudem a estimular a equidade.

Cristina Araripe reforçou a opinião de Marilda Gonçalves. “Precisamos estar empenhados em iniciativas que envolvam a melhoria de vida da população, e, nesse caso, particularmente da educação, em formar pessoas”, afirmou. Para ela, iniciativas como o Meninas Baianas na Ciência são um exemplo que deve ser reproduzido em todas as unidades da Fiocruz.

“É uma honra estar aqui neste importantíssimo instituto, que presta relevantes serviços a saúde. Esse é um tema extremamente importante”, iniciou Luiz Queiroz. O diretor da Fapesb realizou uma fala acerca da importância do investimento na educação das meninas e mulheres. “Nesse ponto eu sempre digo que sem investimento em saúde, educação e ciência nunca seremos um país justo e soberano.

A secretária estadual Julieta Palmeira também se mostrou a favor da parceria entre órgãos públicos pela equidade. Palmeira recordou que projetos possuem uma tarefa grande pela frente, para incentivar meninas e mulheres nas ciências STEM. “Não podemos agir somente no pós-doutorado ou somente no ensino fundamental. É nos diversos ciclos de vida da mulher que vamos criando oportunidades para combater a educação sexista que direciona mulheres para uma determinada área do conhecimento”, defendeu.

Já o secretário André Joazeiro falou acerca dos discursos que colaboram para que as mulheres sejam menos presentes na ciência, como a figura do cientista genial e a representação de pesquisadores apenas como homens brancos. “Temos uma cultura que induz as mulheres a acharem que é impossível. Elas crescem e observam figuras distantes. Essa falsa ideia de que a ciência precisa ser feita por homens ou brancos pode inibir”, ponderou.

Shirley Costa falou sobre a alegria de ver o encerramento de mais um ciclo do Meninas Baianas. Também professora de matemática, Costa recordou o papel das professoras e professores no ensino das meninas. “Quero agradecer a essas professoras que estão aqui e tem se preocupado com o percurso formativo dessas meninas”. Patrícia Oliveira se somou aos agradecimentos aos docentes e assegurou às estudantes: “Nós tentamos inspirar vocês para que vocês sejam inspiração para muitas meninas que estão nos assistindo”.

As meninas na ciência

Participaram da 3ª edição do projeto alunas de oito colégios da rede pública estadual: Colégio Estadual Heitor Villa Lobos; Colégio Estadual Mãe Stella; Colégio Estadual Cosme de Farias; Colégio Estadual da Bahia Central; Colégio Estadual Deputado Rogerio Rego; Colégio Estadual Eduardo Bahiana; Colégio da Polícia Militar – Unidade I/Dendezeiros e Escola Estadual Deputado Naomar Alcântara. 

A professora do Colégio Eduardo Bahiana, Márcia Ramos, afirmou ter apreciado a condução do Meninas Baianas e sugeriu a execução de atividades práticas com as estudantes, a fim de que elas se tornem multiplicadoras do conhecimento adquirido. Para Katelyn Borges, do Colégio Estadual Deputado Rogério Rego, essa foi uma boa experiência. “Aprendi bastante. Gostei das palestras, das oficinas e de conhecer as pesquisadoras”.

“Eu achei que esse foi um meio de conectar alunas com pesquisadoras para termos um incentivo maior. Foi uma inspiração para nós, para procurarmos nos empenhar mais nos estudos, e talvez até buscar uma carreira científica. Não é impossível se tornar uma pesquisadora”, expõe Graziele Souza, discente do Colégio Estadual Mãe Stella.

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Divulgado edital para credenciamento e recredenciamento de docentes do PGBSMI

A Secretaria da Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI) da Fiocruz Bahia divulga o edital para o Processo de Credenciamento e Recredenciamento de Docente para o PGBSMI.

Clique aqui para consultar as normas e aqui para acessar o formulário.        

Divulgação do edital25.11.2022
Envio do Formulario26.11 a 06.12.2022
Avaliação da Comissão07.12 a 14.12.2022
Reunião Colegiado15.12.2022
Publicação do Resultado16.12.2022

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Dissertação descreve as manifestações clínicas em gestantes com suspeita de Covid-19.

Autoria: Danielle Palma Silva Barreto
Orientação: Isadora Cristina de Siqueira
Título da dissertação: “CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DA COVID-19 EM GESTANTES E NEONATOS: ESTUDO TRANSVERSAL”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 06/12/2022
Horário: 09h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 889 9588 2642
Senha de acesso: 718401

Resumo

INTRODUÇÃO: O novo coronavírus, nomeado SARS-CoV-2, tornou-se conhecido ao gerar o surto de casos de pneumonia atípica na cidade de Wuhan, China, em dezembro de 2019. Em poucos meses, a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia da COVID-19, ao ultrapassar a marca de 240 mil pessoas infectadas pela doença em todo o mundo. Além de idosos e pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas foram identificadas como grupo de risco para a doença, sendo a COVID-19 uma importante causa de morbimortalidade materna nos últimos dois anos. OBJETIVO: Descrever as manifestações clínicas e obstétricas de gestantes e seus conceptos, notificados como casos suspeitos para COVID-19, em uma maternidade de referência do estado da Bahia. MÉTODO: Este projeto é um estudo descritivo transversal, realizado na Maternidade de Referência Prof. José Maria de Magalhães Neto, em Salvador-BA. Serão estudadas gestantes e neonatos notificados como COVID-19 e os com
diagnóstico confirmado de COVID-19, no período de abril de 2020 até abril de 2022, atendidos na maternidade. Os participantes foram incluídos mediante assinatura do TCLE. Após recrutamento de participantes, os dados clínicos, obstétricos e sociodemográficos foram coletados a partir da revisão de prontuários e das fichas de notificação em formulários padronizados por meio do aplicativo móvel REDCap(RedCap móvel v4.9.9 © 2020 Vanderbilt University) e gerenciados na plataforma online REDCap (REDCap 9.3.1 – © 2020 Vanderbilt University). RESULTADOS: 470 gestantes foram incluídas no estudo. Destas, 253 tiveram resultado positivo para SARS-CoV-2. A média de idade das gestantes com COVID-19 foi de 29 anos, autodeclaradas pardas, com nível médio de escolaridade, no terceiro trimestre gestacional. Os sintomas mais referidos foram tosse, febre e dispneia. As pacientes infectadas pelo novo coronavírus necessitaram de mais oxigenioterapia e foram mais internadas em unidades de terapia intensiva (UTI). 16 pacientes (6.3%) foram transferidas para outras unidades de saúde e 2 (0.8%) evoluíram a óbito na maternidade. Dos 310 neonatos nascidos na maternidade, 161 (64%) foram de mães com COVID-19. Destes, 63 (39.1%) foram prematuros, 114 (70.8%) nasceram via cesareana, 74 (46%) necessitou de medidas de reanimação neonatal em sala de parto, porém seus scores de APGAR no primeiro e quinto
minuto não tiveram diferença significativa com os recém-nascidos de mães sem COVID-19. DISCUSSÃO: O perfil das gestantes infectadas pelo novo coronavírus ratifica os determinantes sociais como componente no processo de saúde e doença. A manifestação significativa dos sintomas respiratórios se relaciona com a maior necessidade de oxigenioterapia, a exemplo da ventilação mecânica, e o internamento das gestantes em UTI. A necessidade de transferência das gestantes com COVID-19 indicam a gravidade dos casos e a necessidade de serviços especializados, que extrapolem a assistência obstétrica. Além dos óbitos verificados na maternidade, vale considerar a possibilidade de outros óbitos nos casos das transferências. A prematuridade, via de parto cirúrgica e descompensações clínicas estão diretamente relacionadas à saúde neonatal. CONCLUSÃO: A COVID-19 é uma doença de maior risco para as gestantes, com repercussões clínicas e obstétricas que impactam a saúde neonatal. Aspectos socioeconômicos também devem ser considerados para um melhor entendimento da doença entre as gestantes. Serviços de saúde de alta complexidade são essenciais para o tratamento da COVID-19 durante a gestação, com leitos de UTI disponíveis e ação multidisciplinar. Descritores: COVID-19, Gravidez, Mortalidade Materna, Neonatologia.

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Perfil clínico-patológico de pacientes com câncer de pâncreas é tema de dissertação.

Autoria: Anelisa Kruschewsky Coutinho Araujo
Orientação: Cinthya Sternberg
Título da dissertação: “PERFIL CLÍNICO-PATOLÓGICO EM PACIENTES COM CÂNCER DO PÂNCREAS EM UMA INSTITUIÇÃO PRIVADA, NOS ÚLTIMOS 6 ANOS (2015-2021)”. 
Programa: Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional
Data de defesa: 30/11/2022
Horário: 16h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 857 8768 9993
Senha de acesso: anelisa

Resumo

RESUMO INTRODUÇÃO. O câncer de pâncreas é uma das neoplasias malignas mais letais, com taxas de incidência e mortalidade sempre muito próximas. Ocupa a sexta posição em incidência dentre os tumores gastrointestinais no mundo, e a segunda posição nas estimativas americanas para 2022. Os protocolos de tratamento são bem estabelecidos, o que deveria traduzir homogeneidade de condutas e resultados. Entretanto fatores diversos podem afetar a condução e desfechos nessa doença. OBJETIVO. Avaliar o perfil clínico-patológico de pacientes com câncer de pâncreas em uma instituição privada de Salvador, nos últimos 6 anos (2015-2021) e suas associações com a sobrevida global. MÉTODO. Estudo observacional analítico, do tipo coorte retrospectiva, em pacientes portadores de CID C25, exceto histologia de tumor neuroendócrino (TNE) ou carcinoma neuroendócrino (CNE). Avaliadas variáveis epidemiológicas e clínicas como idade, sexo, performance status (PS), estadiamento, dados de tratamento e dados moleculares. O desfecho principal foi sobrevida global (SG). RESULTADOS. Foram revisados 289 prontuários e incluidos 124 pacientes, sendo 57% do sexo feminino. Idade média de 69 anos. Doença ressecável ao diagnóstico em 33,9%, doença localmente avançada em 27,4% e doença metastática em 38,7%. O sítio de metástase mais frequente foi o fígado, em 75% dos casos. Foram submetidos a cirurgia 45% dos pacientes e 80% desses tiveram ressecção R0. Quimioterapia (QT) adjuvante foi realizada em 33% da amostra total, e 68% desses pacientes completaram a adjuvância planejada. O esquema mais usado nessa fase foi o Folfirinox. Menos de 10% dos pacientes fizeram neoadjuvancia. Receberam QT paliativa em algum momento 79% dos pacientes, sendo que 44,9% somente a primeira linha, e 40,8% submetidos a duas linhas de QT. Folfirinox também foi o regime mais usado na primeira linha, em 73,2% dos pacientes. O tempo de seguimento mediano foi de 38 meses. A SG mediana foi de 17 meses para toda a amostra e de 9,47 meses para os pacientes com doença metastática ao diagnóstico. A sobrevida livre de progressão (SLP) foi de 9,5 meses. Análises uni e multivariadas mostraram associação de risco de óbito com a idade, com o PS ECOG, e com estadio avançado. Marcadores moleculares somáticos e ou germinativos foram avaliados em 49,2% da amostra. CONCLUSÃO. Esse estudo retrospectivo traz uma análise global das características clínicas, patológicas e moleculares, com uma ampla avaliação dos tratamentos empregados em todas as fases e diversas modalidades, e correlaciona as variáveis com SG e SLP, com o retrato de uma população específica. 

Palavras-chaves: Câncer de Pâncreas, Perfil epidemiológico, Sobrevida

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Dissertação avalia a função prognóstica da citometria de fluxo na Leucemia Mieloide Aguda.

Autoria: Marianna Batista Vieira Lima
Orientação: Eugênia Terra Granado Pina
Título da dissertação: “AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA DO PERFIL DE MARCAÇÃO IMUNOFENOTÍPICA DE PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA, AO DIAGNÓSTICO, TRATADOS EM UMA UNIDADE DE ASSISTÊNCIA ONCOHEMATOLÓGICA NO ESTADO DA BAHIA”.
Programa: Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional
Data de defesa: 30/11/2022
Horário: 14h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 885 1284 0699
Senha de acesso: marianna

Resumo

INTRODUÇÃO: A imunofenotipagem por citometria de fluxo desempenha um papel importante no diagnóstico, classificação e acompanhamento das Leucemias Mielóides Agudas (LMA). A sua utilização com finalidade prognóstica ainda é algo controverso, apesar de já ter sido identificado perfis imunofenotípicos específicos associados a alterações citogenéticas e moleculares subjacentes. OBJETIVO: Este trabalho teve como objetivo principal avaliar a função prognóstica da citometria de fluxo, através da análise de associação das marcações imunofenotípicas com características clínico-demográficas; laboratoriais; taxas de resposta; sobrevida livre de doença e sobrevida global, de pacientes adultos com LMA. MATERIAIS E MÉTODOS: Foram analisados retrospectivamente 102 casos de LMA diagnosticados, em um dos centros de referência para o tratamento das Leucemias Agudas, no Estado da Bahia, no período de 2015-2021. RESULTADO: Os pacientes submetidos a terapia quimioterápica intensiva, apresentaram taxas de resposta completa (70,6%) e taxa de sobrevida global (SG) em 5 anos (36,5%) semelhantes aos desfechos clínicos reportado na literatura. Foi observado uma frequência elevada de fenótipos aberrantes em torno de 71,6%. Dentre os antígenos anômalos expressos, o mais frequente foi o CD7 (52,6%), seguido pelo o CD19 (12,2%). Avaliando pacientes submetidos à quimioterapia intensiva, a expressão positiva do CD7 foi associada a uma probabilidade aumentada de recidiva e refratariedade, assim como redução significativa da sobrevida livre de doença. Por outro lado, a expressão positiva do MPO foi associada de forma significativa a uma maior taxa de resposta completa e maior sobrevida global. A coexpressão dos marcadores CD34pos/CD7pos foi associada com refratariedade/recidiva, enquanto CD7pos/CD56pos foi associada com baixa taxa de resposta completa. Enquanto, a co-expressão positiva dos 4 marcadores pan-mieloides CD13/CD33/CD117/MPO foi associada a uma maior frequência de resposta completa. CONCLUSÕES: Este estudo confirma a associação de alguns importantes marcadores imunofenotípicos com a resposta terapêutica e desfecho de pacientes com LMA, indicando a relevância da utilização da imunofenotipagem na definição de prognóstico. Além disso, foi observado taxas de resposta e sobrevida consistentes com as já reportadas na literatura. Para confirmar alguns achados e avaliar as correlações entre alterações citogenéticas ou moleculares com perfis imunofenotípicos e sua associação prognóstica, será necessário avaliar um número maior de pacientes Palavras-chaves : Leucemia mieloide aguda. Fatores prognósticos. Citometria de fluxo. Imunofenotipagem . Marcadores antigênicos .

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Pesquisadores participam de eventos internacionais sobre medicina personalizada

Com o objetivo de incentivar a colaboração internacional e desenvolver a pesquisa no âmbito da medicina personalizada, o projeto internacional EULAC PerMed realizou, nos dias 15 a 18 de novembro, dois eventos que reuniram pesquisadores da área, na Cidade do Panamá. A Fiocruz é uma das instituições participantes deste projeto, representada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto.

Participaram a pesquisadora Clarissa Gurgel, os doutorandos da Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia), Leonardo Siquara e Bruno Cavalcante, e a assessora de Cooperação Internacional, Flávia Paixão, da Fiocruz Bahia. Os pesquisadores Patricia Shigunov e Mateus Aoki, da Fiocruz Paraná, também estiveram presentes. A Fiocruz convidou o pesquisador Rodrigo Santa Cruz Guindalini, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), e Alexandre Biasi, diretor de Educação e Pesquisa da Associação HCor, para ministrarem palestras no evento.

Manoel Barral-Netto que, juntamente com Flávia Paixão, representa a Fiocruz (única instituição do Brasil na coordenação deste projeto), faz uma reflexão sobre o uso da terminologia, considerando mais adequado a utilização do termo Saúde de Precisão ao que os europeus denominam como Medicina Personalizada. “As duas designações confluem para o uso de vários dados genômicos, ambientais, comportamentais etc. para melhorar a prevenção e cuidado da saúde. Na perspectiva da Fiocruz, este campo é um elemento importante no futuro da saúde e sua inserção no SUS, racionalmente planejada, é fundamental para garantir a equidade”, pontua.

O EULAC PerMed é um projeto com o objetivo de fortalecer os esforços pela implementação das práticas da medicina personalizada entre a Europa, a América Latina e o Caribe. A iniciativa foi implementada por meio de um projeto birregional entre 11 organizações de 10 países: Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Panamá, Espanha, Alemanha, Itália, França e Israel. Neste ano, o projeto organizou dois eventos, a 4ª edição da Escola de Verão dos estudos clínicos em medicina personalizada e um workshop técnico sobre testes clínicos conduzidos na área.

“Esta foi uma excelente oportunidade para conhecer outros pares de diferentes países da Europa e da América Latina que também estão nesse esforço de fomento da medicina personalizada”, afirma Clarissa Gurgel. A pesquisadora reitera que o evento representou para a delegação da Fiocruz Bahia uma chance de discutir a aplicação da área em relação a atuação do seu grupo de trabalho, voltado para a oncologia.

Leonardo Siquara participou pela primeira vez do evento. O discente afirmou que iniciativas de colaboração internacional como o EULAC fazem toda a diferença. “Nós trabalhamos com oncologia translacional na Fiocruz Bahia. Fico muito feliz em estar aqui e perceber como o trabalho que nós fazemos tem aplicabilidade, como ele pode chegar para o paciente. É muito emocionante ver o que está sendo feito e como a estamos contribuindo”.

Já Bruno Cavalcante participa pela segunda vez do EULAC. O doutorando comenta que o conteúdo do workshop era atualizado e pode ter aplicação direta no seu trabalho. “Também é importante ver como o Brasil tem se destacado em meio a América Latina. Nós estamos chamando a atenção e, mesmo em tantos desafios, temos assumido o protagonismo”, declara.

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Diretora da Fiocruz Bahia é homenageada em pré-congresso do 13º Abrasco

A diretora do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Marilda de Souza Gonçalves, foi uma das mulheres homenageadas no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, em evento que antecedeu as atividades do 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o Abrascão, que ocorre no Centro de Convenções Salvador. O congresso acontece entre os dias 19 e 24 de novembro e tem como tema “Saúde é democracia: diversidade, equidade e justiça social”.

Marilda Gonçalves foi reconhecida por sua trajetória como mulher negra, pesquisadora e diretora da Fiocruz Bahia, durante a reunião “Cidacs: ciência, tecnologia e inovação na avaliação de políticas públicas e no fortalecimento do sistema único de saúde”, organizada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos (Cidacs/Fiocruz Bahia). A homenagem foi entregue por Maurício Barreto, coordenador do Cidacs e presidente de honra do evento; Rosana Onocko Campos, presidente da Abrasco, e Isabela Cardoso Pinto, presidente do Abrascão 2022.

Para mim foi uma grande honra receber esta homenagem em um evento tão importante para a saúde pública brasileira, o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Eu agradeço e dedico esta homenagem a população negra brasileira, que necessita de um olhar humanizado, com políticas e cuidados efetivos para a saúde, educação e bem-estar social. Nós precisamos transformar o futuro das crianças e de suas famílias, para que tenham acesso digno e adequado ao trabalho, moradia, saúde e alimentação, com uma vida sem desigualdades sociais, amparada pela justiça em reconhecimento a atuação histórica que tivemos na construção da sociedade brasileira.

A homenageada

Marilda de Souza Gonçalves possui graduação em Farmácia Bioquímica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mestrado em Genética e Biologia Molecular e Doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Campinas, com doutorado Sanduíche na Medical College of Georgia (EUA). Fez pós-doutorado na Universidade da Pensilvânia (EUA). Atualmente, é Pesquisadora Titular e Diretora da Fiocruz Bahia, professora Titular da Faculdade de Farmácia da UFBA e pesquisadora de produtividade em pesquisa do CNPq.

Na pós-graduação, ensina nos cursos de Farmácia da Faculdade de Farmácia da UFBA; de Patologia da Faculdade de Medicina da UFBA realizado em Ampla Associação com a Fiocruz Bahia; de Biotecnologia e Medicina Investigativa da Fiocruz Bahia; e de Imunologia do Instituto de Ciências da Saúde da UFBA. Possui experiência na área de Hematologia e Genética, com ênfase em Biologia Molecular, atuando na área de interação da genética com marcadores hematológicos, bioquímicos e imunológicos, principalmente nos seguintes temas: doença falciforme, hemoglobina fetal, anemias, leucemias e saúde materno-fetal.

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Fiocruz Bahia promove evento em celebração ao Novembro Negro 

Com o tema “Novembro Negro: Consciência, Equidade e Diversidade” a Fiocruz Bahia promoveu um seminário para marcar o mês em que se celebra o Dia da Consciência Negra (20 de novembro). Realizado pelo Núcleo Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz Bahia, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc), o evento ocorreu na última quinta-feira (17/11), e contou com palestras e um momento cultural.  

Abrangendo assuntos diversos, o dia teve palestras ministradas pela diretora da instituição, Marilda Gonçalves, pela professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Denize Ribeiro, e pela professora de Sociologia e diretora de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis do Instituto Federal da Bahia (IFBA) Marcilene Garcia. A mediação das apresentações ficou por conta do coordenador da Gestão da Comunicação e Divulgação Científica da Fiocruz Bahia, Antonio Brotas.  

Como a primeira cientista negra eleita para a diretoria do instituto, em 65 anos de história, Marilda Gonçalves conhece os obstáculos que enfrentou, mas reitera a importância de ter ocupado o cargo. “É uma carreira difícil, mas, de alguma forma, nós temos que quebrar essas barreiras. Quero que as mulheres negras tenham essa perseverança, e que não desistam dos seus sonhos”.  

“Precisamos fazer essa discussão em nossa instituição, principalmente estando na Bahia, que é uma federação com forte origem africana. Nós temos ainda um número muito reduzido de pessoas afrodescendentes dentro do instituto. Essa participação da população negra tem que ser ampliada”, reconhece. 

A responsabilidade social das instituições brasileiras foi reforçada por Denize Ribeiro. A professora recordou que as dificuldades enfrentadas por Marilda Gonçalves e outras pessoas negras em espaços institucionais são classificadas como racismo institucional. “Fazer pesquisa, fazer ciência no Brasil também é passar por vários níveis de racismo institucional, desde o acesso às universidades, até o acesso a pós-graduação e às bolsas. As instituições têm um trabalho muito grande de abrir suas portas para que essa comunidade também possa acessar esse espaço”, considera.  

Refletindo sobre o tema da saúde da população negra, a pesquisadora considera importante pensar no impacto do racismo sobre a saúde. “Para nós, mulheres negras, essa posição que ocupamos em uma sociedade racista pesa na nossa vida. Falar sobre saúde da população negra é falar sobre os impactos do racismo na qualidade de vida da população negra. A existência de uma sociedade racista faz com que uma mulher negra perambule seis vezes mais atrás de atendimento em maternidades do que as mulheres brancas”, afirma, citando dados de uma pesquisa da Fiocruz.  

“É preciso que nós pensemos nas razões que levam uma instituição de 65 anos a ter, pela primeira vez, uma mulher negra como diretora. Quais foram os obstáculos que impediram outras mulheres negras de estarem nesse lugar? Precisamos fazer essa reflexão o ano inteiro, não somente em novembro, e não compete apenas aos negros e negras fazerem isso”, declara Denize.  

A professora Marcilene Garcia abordou a temática das Ações Afirmativas em sua fala, reiterando o papel dessas ações, como a lei de cotas, para contornar as desigualdades que afetam os negros brasileiros. “Estamos falando de políticas para promover igualdade de oportunidades. Por isso as Ações Afirmativas, por meio das cotas, são extremamente importantes. Elas são revolucionárias”, assegura.  

“A valorização da sociedade é fundamental para a ciência. Precisamos de gente nova. A possibilidade de que negros acessem mais a universidade, principalmente na área da saúde, possibilitou maiores avanços para a saúde da população negra”. De acordo com Garcia, é preciso contornar a ideia de meritocracia e mudar a imagem que as instituições projetam para a população. 

“A mudança, sobretudo as institucionais, tem a ver com responsabilidade pública. Responsabilidade da administração pública, mas também de seus gestores e gestoras. A história que temos é de pactuação desses gestores com a manutenção do status quo. Mas não podemos passar décadas e mais décadas excluindo a população negra. Somos o foco das pesquisas, mas não usufruímos delas, não temos acesso às tecnologias”.  

Momento cultural 

O nosso objetivo foi celebrar o novembro negro, viabilizar pautas pertinentes a nossa causa”, conta a presidente do Comitê Pró-Equidade Lorena Magalhães, uma das organizadoras do Novembro Negro no instituto. “Entretanto, acho importante, que essas discussões permaneçam durante todo o ano e não somente em novembro”. 

Para celebrar a cultura negra no país, o evento contou com um momento cultural do evento, com uma feira de microempreendedores, oficina de turbantes e produção de penteados com tranças, e a degustação de acarajé e de cocada. A empreendedora Fabiana Pontes, CEO da Ouromim Ancestralidade Afro Brasileira, foi uma das expositoras, levando para a Fiocruz Bahia semijoias inspiradas nos Orixás.  

“Estou muito feliz por participar desse evento na Fiocruz Bahia. Nossa meta é a partir da nossa historicidade entender que temos potencial suficiente para ocupar qualquer espaço. É muito importante estarmos aqui dialogando acerca do que o empreendimento representa para a gente. É como se fosse um gatilho para a identificação”, julga Fabiana. 

A servidora do setor administrativo, Rafaela Correia, enfeitou seus cabelos com as tranças nagô que estavam sendo elaboradas pelas trancistas convidadas. Ela ressaltou a importância do evento. “Acho o evento massa porque valoriza nossa cultura negra e a diversidade do nosso país. Eu como uma mulher negra me sinto orgulhosa de ter um evento desse porte aqui no Instituto”.  

Priscila Dias, secretária do Setor de Gestão do Trabalho e também uma mulher negra, ressalta a importância de o evento ter sido idealizado por pessoas negras. “Foi muito bonito podermos apresentar elementos da cultura africana”, diz.  

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Estudo analisa surtos da Covid-19 em embarcações ancoradas na Baía de Todos os Santos

Um estudo, liderado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador em colaboração com o pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Sousa Ribeiro, investigou surtos da Covid-19 ocorridos entre a tripulação de embarcações ancoradas na área de quarentena da Baía de Todos os Santos. O trabalho de investigação também contou com a parceria dos técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos Laboratórios Centrais do Município e do Estado da Bahia (Lacens).

Considerando que o setor marítimo foi mais um dos afetados pela pandemia do coronavírus e que a maioria dos relatos publicados referem-se a surtos ocorridos em navios de cruzeiro, a pesquisa teve como objetivo relatar os casos ocorridos em embarcações que não eram cruzeiros e discutir medidas de prevenção e controle da transmissão do SARS-COV-2. Estudos como este podem colaborar para melhores estratégias de enfrentamento de surtos e epidemias no referido setor.  

Os surtos investigados ocorreram em oito embarcações e as tripulações variaram entre 22 e 63 membros. Dentre os resultados obtidos, foi possível identificar que a taxa de ataque (risco de infecção pelo SARS-CoV-2 entre os tripulantes) variou de 9,7% a 88,9% entre os surtos ocorridos em cada embarcação e que o risco de apresentar sintomas da doença também foi distinto entre a tripulação de cada embarcação (0% a 91.6%). Outros achados que merecem destaque foi que o risco de desenvolver sinais e sintomas da Covid-19 foi menor nos tripulantes vacinados e que 3 variantes do vírus SARS-CoV-2 que ainda não circulavam em Salvador foram identificadas (variantes: C.14, B.1.617.2 e B.1.351).  

Em 2021, as vacinas contra Covid-19 foram introduzidas e ainda estavam em processo de distribuição entre os países. Nos primeiros quatro navios ancorados nenhum membro da tripulação ainda havia sido vacinado e suas tripulações apresentaram as maiores taxas de infecções sintomáticas. As últimas quatro embarcações, ancoradas em maio, julho, agosto e novembro, apresentaram taxas de cobertura vacinal de 3,7%, 40,7%, 80,6% e 58,3%, respectivamente. A menor taxa de infecção sintomática e de contágio foi encontrada entre a população da embarcação ancorada em agosto, que possuía a maior cobertura vacinal.

Os pesquisadores estimam que a vacinação prévia com pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19 teve uma eficácia global de cerca de 80% na prevenção do desenvolvimento da doença entre os infectados. Esses resultados mostram que a garantia do esquema vacinal completo das tripulações antes do embarque, principalmente entre os membros provenientes de países com baixa cobertura vacinal, pode ser uma forte política de contenção de surtos em embarcações. Apesar deste dado reforçar a importância da vacinação, os autores apontam para as limitações do estudo, que não tinha como objetivo principal avaliar a eficácia das vacinas.

Entre as conclusões da investigação, é salientado a importância para o segmento marítimo do empenho conjunto entre as autoridades de saúde e a tripulação para a prevenção e controle de surtos em embarcações, que são ambientes cujos espaços restritos favorecem a propagação de doenças transmissíveis como a Covid-19. Esse esforço será sempre necessário para reduzir a transmissão do SARS-CoV-2 dentro de embarcações  e para conter a disseminação do vírus para cidades portuárias como Salvador.

O estudo, publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, também ressalta a importância das parcerias entre as instituições de ensino e pesquisa e as instituições públicas de saúde para a ampliação dos conhecimentos e enfrentamento das doenças emergentes no âmbito da saúde coletiva. 

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Tese investiga biomarcadores diagnósticos e prognósticos da SIRI em pacientes com tuberculose e HIV-1

Autoria: Rafael Teixeira Tibúrcio dos Santos
Orientação: Bruno de Bezerril Andrade
Título da dissertação: “Identificação de biomarcadores diagnósticos e prognósticos da síndrome inflamatória da reconstituição imune associada à tuberculose em pacientes coinfectados com HIV-1”
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 20/12/2022
Horário: 14h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 873 9090 9474
Senha de acesso: defesa

Resumo

INTRODUÇÃO: A síndrome inflamatória de reconstituição imune associada à tuberculose (TB-SIRI) é um agravamento clínico dos sintomas de tuberculose observados em uma fração de pacientes coinfectados com HIV logo após o início da terapia antirretroviral (TARV). É bem conhecido que a TBIRIS ocorre em função de inflamação exacerbada e dano tecidual em resposta à produção elevada de IFN-γ derivado de células T CD4+ . Concomitante a reconstituição linfócitaria, diversas alterações em diferentes camadas de organização biológicas são alteradas e dão suporte ao fenômenos patológicos associados a SIRI. Sabe-se que perturbações metabólicas subjacentes às alterações qualitativas das funções de diversas células imunológicas culminam na exacerbação da inflamação sistêmica e hiperativação celular. Além disso, vários estudos destacam o papel das células imunes adaptativas na patogênese da IRIS, mas até que ponto a ativação dos linfócitos T contribui para o desenvolvimento da SIRI ainda precisa ser esclarecido. OBJETIVO: Caracterizar a ativação e perfil de memória de linfócitos T CD4+ e CD8+ em indivíduos TB coinfectados com HIV mediante ao início do tratamento antirretroviral (TARV). Juntou-se a essa tese outro manuscrito que investigou a aplicação de técnicas de multi-ômicas para a bioprospecção de marcadores associados a TB-SIRI. MÉTODOS: Este foi um estudo retrospectivo de pacientes TB-HIV do sul da Índia antes e semanas após o início do TARV, em que houve a caracterização fenotípica dos linfócitos e determinação do grau de inflamação sistêmicas nestes pacientes. RESULTADOS: Observamos que a SIRI está relacionada com alterações no metabolismo de aminoácidos e lipídios. Tais vias metabólicas foram correlacionadas com mediadores pro-inflamatórios elevados durante a SIRI. O segundo manuscrito desta tese revelou que pacientes que desenvolveram SIRI possuíam uma linfopenia de células T CD4+ acentuada antes do início da TARV e possuíam elevadas frequências de células T CD8+ . Além disso, os episódios de IRIS foram associados às disfunções da dinâmica de ativação linfocitária, com elevação de linfócitos T CD4+ HLA-DR+ e células T CD4+ e CD8+ expressando granzima B. Desenvolvemos modelos baseados em algoritmos de aprendizado de máquinas que foram capazes de predizer e diagnosticar IRIS levando em consideração as frequências de linfócitos expressando moléculas associadas a ativação celular. No terceiro manuscrito, observamos que a reconstituição do compartimento de células T CD8+ de memória é predominada por células de memória efetora em pacientes que desenvolvem SIRI. Por sua vez, a magnitude da variação das frequências dessas células esta correlacionada positivamente com as abundancias de citocinas pro-inflamatórias. Em pacientes que manifestaram SIRI associada a TB, ocorre retenção de células T CD8+ expressando CXCR3 em sítios persistentemente inflamados e a frequência destas células foi capaz de distinguir os pacientes com grande acurácia. CONCLUSÃO: Os dados apresentados nesta tese ratificam o papel da ativação linfocitária na imunopatogênese da SIRI, sendo que os subconjuntos destas células e o perfil de alteração metabólicas são capazes de diagnosticar ou predizer a manifestação desta síndrome. Palavras-chave: SIRI, linfócitos T, inflamação sistêmica, ativação celular, metabolismo celular

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Dissertação avalia desempenho do método POC-CCA no diagnóstico da esquistossomose

Autoria: Lee Senhorinha de Almeida Andrade
Orientação: Mitermayer Galvão dos Reis
Título da dissertação: “VALIDAÇÃO DO MÉTODO POC-CCA PARA O DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO POR SCHISTOSOMA MANSONI EM UMA ÁREA URBANA”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 05/12/2022
Horário: 14h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 822 5856 6062
Senha de acesso: 164357

Resumo

INTRODUÇÃO: A esquistossomose é uma doença parasitária causada por espécies do gênero Schistosoma. O método diagnóstico mais utilizado no Brasil apresenta baixa sensibilidade em áreas de baixa endemicidade e intensidade de infecção. O POC-CCA é um teste rápido que identifica um importante biomarcador na urina de pacientes infectados pelo Schistosoma mansoni e possibilita a testagem fora do ambiente laboratorial. OBJETIVO: Avaliar o desempenho do método POC-CCA no diagnóstico da esquistossomose em uma área urbana. MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado na cidade de Itaquara nos bairros que não possuíam histórico de tratamento recente para esquistossomose e trata-se de um estudo de corte transversal. Foram incluídos indivíduos do ambos os sexos, residentes da cidade de Itaquara, com idade igual ou maior que 2 anos. Não foram incluídos aqueles indivíduos que tivessem realizado tratamento recente para esquistossomose. Foram coletadas amostras de fezes e urina, que foram utilizadas para o processamento pelos métodos Kato-Katz, Helmintex e POC-CCA. O desempenho dos métodos foi avaliado através de medidas de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e acurácia utilizando como diagnóstico de referência os resultados combinados dos métodos Kato-Katz e Helmintex. O coeficiente Kappa também foi calculado para avaliar a concordância entre os testes. RESULTADOS: Considerando os resultados combinados dos métodos Kato-Katz e Helmintex, 51/289 indivíduos foram identificados como positivos e a prevalência para esquistossomose no presente estudo foi de 18%. As prevalências encontradas com o método POC-CCA foram de 44% e 12% quando os resultados traço são considerados como positivos e negativos,
respectivamente. Considerando os resultados traços como positivos, a sensibilidade encontrada foi de 80%, especificidade 64%, VPP 32%, VPN 94% e acurácia de 67%. E com os resultados traço sendo considerados como negativos, a sensibilidade foi 23%, especificidade 90%, VPP 33%, VPN 85% e acurácia de 78%. O resultado do Kappa foi de 0,28 e 0,15 para os resultados do método POC-CCA com o traço sendo considerado positivo e negativo, respectivamente. Também foi avaliado a influência dos fatores confundidores do diagnóstico nos resultados e a frequência destes fatores foi maior nos casos falsos positivos com traço como positivo, principalmente participantes com infecção urinária e diabetes. CONCLUSÕES: O desempenho do método POC-CCA não apresentou o bom desempenho apresentado nos países africanos. A maior parte dos indivíduos com ovos nas fezes tiveram resultado traço no método
POC-CCA, o que torna a avaliação de desempenho do método de acordo com a utilização dos resultados tidos como traço muito discrepante. Quando os resultados traço foram considerados positivos houve maior frequência dos fatores confundidores investigados, principalmente diabetes e infecção urinária. O desenvolvimento de mais estudos para esclarecer os mecanismos que levam a ocorrência de reações cruzadas e a forma de solucioná-las tornam-se necessários. Tendo em vista que o método POC-CCA tem uma baixa sensibilidade e acurácia, entendemos que este não pode ser recomendado para uso no diagnóstico individual tampouco para inquéritos epidemiológicos de vigilância.
Palavras-chave: Esquistossomose, POC-CCA, Kato-Katz

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Caracterização da expressão de VCAN em câncer de mama é tema de dissertação

Autoria: Marília Sampaio Lemos Costa
Orientação: Karine Araújo Damasceno
Título da dissertação: “CARACTERIZAÇÃO DA EXPRESSÃO DE VERSICAN E SEU PROTEÓLITONOS SUBTIPOS MOLECULARES DE CÂNCER DE MAMA”.
Programa: Pós-Graduação em Pesquisa Clínicae Translacional
Data de defesa: 21/11/2022
Horário: 09h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 816 9953 5097
Senha de acesso: marilia

Resumo

A desregulação da matriz extracelular tem sido alvo de estudos para identificação de novos biomarcadores que estejam associados na carcinogênese. Nesse contexto, o versican (VCAN) tem sido estudado e associado com aumento de recidiva em pacientes com câncer de mama. No entanto, a literatura é escassa e não se estabeleceu correlação entre sua expressão e fatores prognósticos conhecidos. Em modelos experimentais observou-se que o produto da proteólise de VCAN, denominada versikina (VKINA), está correlacionada a infiltração tumoral de linfócito TCD8+. No câncer de mama, não há dados sobre sua expressão e correlação com infiltrado linfocitário (TILs), que é fator prognóstico e preditivo conhecido. O presente estudo investigou a expressão deste proteoglicano e seu proteólito nos subtipos moleculares de carcinomas de mama e buscou estabelecer correlação fatores clínico-patológicos e desfechos oncológicos. OBJETIVO: Avaliar a expressão e correlação de VCAN e VKINA com subtipos moleculares, com fatores clínico patológicos e desfechos de sobrevida em câncer de mama. MÉTODOS: Este estudo de coorte retrospectiva foi composto por pacientes diagnosticadas com câncer de mama invasivo de tipo não especial, submetidas a tratamento cirúrgico primário, acompanhadas em clínica privada, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2020. Foram coletados dados clínicos, patológicos e de tratamento. Foi realizado avaliação anatomopatológica e imuno-histoquímica (versican, versikina, CD4 e CD8) dos casos selecionados, sob técnica específica. Os valores de escore de VCAN e VKINA foram divididos em 3 categorias (baixa, intermediária e alta) para verificar seu comportamento nos subtipos moleculares. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da FIOCRUZ/ CPqGM. A voluntariedade na participação se fez mediante a assinatura do TCLE. RESULTADOS: Setenta e duas pacientes foram elegíveis para participar do estudo. A idade média foi 59 anos. O estadiamento patológico mais frequente foi o I (48,6%). O subtipo luminal foi o mais comum (68,1%), seguida do HER2 (19,4%) e triplo negativo (12,5%). Na análise imuno-histoquímica, a expressão de VCAN revelou-se aumentado em todos os casos de câncer de mama. O escore final de VCAN foi maior nos subgrupos tumorais em relação ao grupo controle, especialmente os subtipos luminal e HER-2, com significância estatística. Na comparação entre as categorias de expressão do VCAN e as características clínicas e anatomopatológicas não foram identificadas associações significantes. Quanto a análise de VKINA, verificou-se diferença com significância estatística na expressão de CD8+ entre os escores categorizados de VKINA, sendo que o grupo com escore de VKINA superior ou igual a 142,5 apresentou maior infiltrado de CD8+ quando comparado ao VKINA inferior a 37,5. Contudo, VCAN e seu proteólito VKINA não apresentaram correlação com TILs, sobrevida global e sobrevida livre de recorrência. Conclusão: VCAN encontra-se superexpresso nas amostras de câncer de mama avaliadas comparadas as mamas normais, no entanto não foram observadas diferenças entre os subtipos moleculares. Além disso, os casos que apresentaram maior expressão de VKINA foram correlacionados a maior infiltrado de células CD8+, sugerindo um possível papel imunomodulador deste proteólito. Palavras – Chave: versican; verskina; matriz extracelular; câncer de mama.

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