Estudante: Larissa de Carvalho Medrado Vasconcelos Orientação: Fred Luciano Neves Santos Co-orientação: Isadora Cristina de Siqueira Título da Dissertação: “AVALIAÇÃO E VALIDAÇÃO DA FRAÇÃO RBD DA PROTEÍNA SPIKE DO SARS-COV-2 PARA O IMUNODIAGNÓSTICO DA COVID-19” Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa Data de defesa: 13/07/2023 Horário: 14h00 Local: Sala de Vídeoconferência e Zoom ID da reunião: 893 9206 5744 Senha de acesso: larissa
Resumo
INTRODUÇÃO: O SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2) é um betacoronavírus pertencente à família Coronaviridae. A COVID-19, doença causada pelo vírus, apresenta quadro clínico inespecífico e de gravidade variada. O diagnóstico padrão da fase aguda é através de ensaios moleculares, no entanto imunoensaios são utilizados para fornecer informações complementares. Dentre as proteínas do SARS-CoV-2, a fração RBD da proteína Spike consiste em um potencial candidato para ser usado como matriz antigênica em ensaios sorológicos indiretos. OBJETIVO: Avaliar o desempenho diagnóstico da fração RBD da proteína Spike do SARS-CoV-2 para o imunodiagnóstico da COVID-19. MATERIAL E MÉTODOS: A fração recombinante RBD foi cedida pelo Instituto de Desenho de Proteínas (Institute for Protein Design, Seattle-WA, EUA). O ELISA indireto foi padronizado para determinação da melhor quantidade do antígeno RBD, e a melhor titulação do anticorpo secundário IgG e IgM e das amostras séricas. A avaliação do potencial diagnóstico da RBD foi realizada utilizando 705 amostras séricas caracterizadas através de testes comerciais para detecção do SARS-CoV-2, sendo 354 amostras positivas para COVID19 e 351 negativas, obtidas de doadores de sangue antes do início da pandemia. Para a avaliação da reatividade cruzada foram utilizadas 135 amostras pré-pandemia positivas para outras doenças infecto-parasitárias. RESULTADOS: Após a definição das melhores condições para realização dos imunoensaios, o RBD-ELISA IgG apresentou boa capacidade diagnóstica com AUC de 84,6%, sensibilidade de 48%, especificidade de 99,1% e acurácia de 73,5%. Já o RBD-ELISA IgM demostrou capacidade diagnóstica razoável com AUC de 76,5%, sensibilidade de 51,1%, especificidade de 94,6%, e acurácia de 72,8%. Ao estratificar as amostras pelo intervalo de coleta após início dos sintomas, foram observadas diferenças nos parâmetros de desempenho para ambos os testes, os quais mostraram-se maiores para amostras coletadas no intervalo de 15-21 dias. Ao avaliar a reatividade cruzada, o RBDELISA IgG obteve uma taxa de 4,4% (6/135) de reatividade, enquanto o RBD-ELISA IgM teve apresentou taxa de 3,7% (5/135). CONCLUSÃO: O RBD-ELISA IgG e IgM são capazes de diferenciar amostras positivas de negativas, apresentando boa capacidade diagnóstica. Quando realizada a estratificação dos resultados por data da coleta após a data do início dos sintomas, ambos os testes apresentaram elevado desempenho no intervalo de 15-21 dias. Todavia, o uso dos testes em paralelo possibilitou o aumento nos parâmetros de desempenho independente do período em que a coleta da amostra foi realizada. Palavras-chave: Sorodiagnóstico da COVID-19; RBD; Spike, SARS-CoV-2.
O curso de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PGPCT) inicia o credenciamento de novos professores permanentes e colaboradores com critérios baseados no documento de área, publicado no site da CAPES.
Os professores que possuem interesse devem manifestar-se através do preenchimento deste formulário, com devolução em PDF, até o dia 12/07/2023, conforme cronograma abaixo, para o e-mail pgpct@fiocruz.br. Os currículos na plataforma Lattes devem estar atualizados, pois serão utilizados pela Comissão avaliadora.
A coordenação do Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PGPCT) torna pública a Chamada 03/2023 para a seleção de bolsista de pós-doutorado, concedida pela CAPES, por meio Acordo de Cooperação técnica nº 1116/2022. O objetivo é fomentar a Rede Brasileira de Pesquisa Clínica (RBP Clin), através do Programa Piloto em Pesquisa Clínica.
Para conhecer os docentes do programa, clique aqui.
Qual o valor e duração da bolsa? Trata-se de bolsa concedida pela CAPES no valor de R$ 5200,00 pelo período de 12 meses, prorrogável a critério do colegiado do curso.
Quem pode se candidatar? Podem se candidatar portadores de título de doutorado com atuação nas áreas: Pesquisa Clínica, Oncologia ou Vigilância Sanitária e que atendam aos requisitos do item 2 da Chamada Pública 03/2023.
Como e quando será o processo seletivo? Os candidatos serão avaliados pelo seu currículo, carta de interesse e entrevistas que ocorrerão nos dias 18 e 19 de julho.
Como se inscrever? As inscrições deverão ser encaminhadas, até o dia 12 de julho, para o e-mail pgpct@fiocruz.br, em único arquivo PDF, identificado com o nome do candidato. Os documentos deverão ser salvos na seguinte ordem:
-Ficha de inscrição (Anexo I) -Identidade -CPF -Comprovante de endereço -Diploma de Doutorado frente e verso -Carta de recomendação. -Carta de interesse do candidato, incluindo o link do Currículo Lattes.
Criado pela Organização das Nações Unidas, em 2008, o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, celebrado em 19 de junho, tem como principal objetivo chamar atenção de toda a sociedade para a existência e as complicações causadas pela enfermidade. A Doença Falciforme é uma condição genética e hereditária, que causa alteração nos glóbulos vermelhos do sangue, os fazendo assumir o formato de foice.
A enfermidade, que não tem cura, é a doença genética de maior prevalência no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, entre 2014 e 2020, a média anual de novos casos de crianças diagnosticadas com Doença Falciforme no Programa Nacional de Triagem Neonatal foi de 1.087, em uma incidência de 3,78 a cada 10 mil nascidos vivos. Estima-se que, atualmente, há entre 60 mil e 100 mil pacientes com Doença Falciforme no país. A distribuição no Brasil é bastante heterogênea, sendo a Bahia, o Distrito Federal e o Piauí as unidades federadas de maior incidência.
O diagnóstico da doença pode ser feito através do Teste do Pezinho, que é obrigatório e deve ser realizado em todos os recém-nascidos, preferencialmente entre o 2º e o 7º dia de vida, a partir de gotas de sangue coletadas do calcanhar do bebê. Outra forma de detecção é do exame de eletroforese de hemoglobina.
Dentre as principais complicações causadas pela hemoglobinopatia estão as crises vaso-oclusivas, infecções por microorganismos encapsulados, principalmente do trato respiratório e septicemia, síndrome torácica aguda, sequestro esplênico, priapismo, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e crise aplástica. Por isso, o acompanhamento por uma equipe multiprofissional é indispensável, garantindo melhor qualidade de vida para as pessoas nesta condição.
Na Fiocruz Bahia, a Doença Falciforme é tema dos estudos científicos desenvolvidos pela equipe do Laboratório de Investigação em Genética e Hematologia Translacional (LIGHT), coordenado pela pesquisadora Marilda Gonçalves, abordando temas como diagnóstico, tratamentos e novos estudos capazes de contribuir para maior qualidade de vida para pessoas nesta condição, atuando para a geração e difusão de conhecimento científico e tecnológico.
Em celebração ao Dia Mundial de Conscientização da Doença Falciforme, a pesquisadora e diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, e o doutor em Patologia Experimental, pelo programa da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em ampla associação com a Fiocruz Bahia, Modeste Yahouedehou, falaram um pouco sobre a importância de chamar atenção para a DF, reforçando a sua condição de problema de saúde pública e gerando debate em diferentes esferas da sociedade.
A aula inaugural do Programa de Pós-graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PgPCT) ocorreu na sexta-feira (02/06), na Fiocruz Bahia. Esta é a segunda turma para o Mestrado Profissional que iniciou em 2020. Com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o PGPCT faz parte de um programa piloto em Pesquisa Clínica composto por três instituições além da Fiocruz Bahia: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho(UNESP), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (Fiocruz-INI) e Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
O evento contou com a presença do vice-diretor de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz Bahia Vadeyer Reis, representando a Diretoria que não pôde estar presente. O vice-diretor parabenizou os novos mestrandos. “Nos colocamos à disposição para o que necessitem em termos de apoio institucional. A Fiocruz é uma instituição singular, que atua desde a pesquisa até a disseminação de informação em saúde. Desejo a vocês sucesso”.
A coordenadora do curso, Conceição Almeida, também enalteceu a turma que, diante da qualidade do currículo dos inscritos, ampliou o número de vagas. A pesquisadora recordou que um dos objetivos do curso é qualificar os estudantes para conduzirem pesquisas clínicas e translacionais e em vigilância em saúde para que possam atuar como multiplicadores de conhecimento. “Na Fiocruz Bahia, os estudantes têm uma experiência produtiva e enriquecedora. Nós queremos convidar vocês a viver isso conosco”, comentou.
Já o vice-coordenador do curso, Edson Duarte Moreira, mencionou as possibilidades de trabalho final do curso. “Gostaria de destacar que o produto final não é tão rígido quanto em um mestrado acadêmico. Há um leque de produtos que pode ser explorado e alinhado ao trabalho de vocês”. A coordenadora de Ensino, Clara Mutti, e as pesquisadoras Patrícia Veras e Deborah Bittencourt, que irão lecionar no curso, também participaram do encontro.
Novos discentes
Ao todo são 36 novos estudantes, sendo 28 profissionais de instituições públicas de saúde e 8 de instituições privadas. Além disso, o programa abrangeu profissionais de áreas diversas. São 13 médicos, 12 profissionais de Enfermagem, 3 de Farmácia e 3 fisioterapeutas; as outras vagas foram distribuídas entre profissionais de Odontologia, Nutrição, Ciências Biológicas, Psicologia e Sistemas de Informação. A seleção contemplou ainda candidatos de Salvador e de municípios do interior da Bahia.
Daniela Almeida se dedica ao exercício da profissão como nutricionista oncológica há 11 anos. Com o ingresso no Mestrado Profissional, ela espera que o estudo acadêmico seja alinhado à prática clínica. “Espero desenvolver ferramentas de aplicação efetiva do conhecimento adquirido e habilidades que favoreçam importante ligação do ambiente acadêmico com o serviço de saúde do qual participo, aprimorando as práticas assistenciais e favorecendo condutas clínicas mais assertivas”, afirma. Para Daniela, outro forte motivo para essa escolha foi a possibilidade de trocas em uma turma multiprofissional.
Já Patrícia Alessandra França, enfermeira sanitarista no Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Bahia), buscou a especialização no eixo temático de Vigilância em Saúde. Ela conta ter boas expectativas quanto a formação e que espera poder causar impacto com os estudos. “As minhas expectativas vão no sentido de crescimento pessoal e profissional. Quero ter novas perspectivas de conhecimento e experiências na área da pesquisa e desenvolvimento de projeto que ao ser implementado no meu serviço, venha a impactar positivamente na saúde da população”, compartilha.
Primeira turma
Em 2022, o PgPCT formou a primeira turma de mestres. A docente do curso Theolis Bessa destaca que os ensinamentos da primeira edição ajudaram a ampliar o escopo do programa. “A primeira edição trouxe-nos bastante aprendizado com a orientação de estudantes que traziam suas questões a partir de sua prática profissional. Juntos, propusemos soluções que estavam ao seu alcance investigar e implementar. Temos uma excelente expectativa de continuarmos com essa proposta, crescendo com as sugestões, além da ampliação para a área de Vigilância em Saúde”.
Eugênia Gramado, docente do PgPCT, conta que alguns dos alunos tiveram seu primeiro contato com a pesquisa no mestrado. “O curso promove a aproximação entre o profissional que está no atendimento direto ao paciente e os pesquisadores que podem ajudar a entender questões desse profissional”, avalia.
Os mestres formados pelo PgPCT recomendam a experiência para outros profissionais. “O curso abriu meus horizontes, pretendo continuar pesquisando”, comenta a fisioterapeuta Ivana Espínola Cedraz, que atua no Centro Estadual de Oncologia (Cican), órgão ligado à Secretaria de Saúde do Estado. Cedraz realizou uma pesquisa sobre o grupo de apoio Sakura para mulheres com câncer de mama.
Para a médica oncologista Vanessa Dybal um dos benefícios do Metrado Profissional foi poder pesquisar enquanto seguia com suas atividades. “O mestrado profissional é uma oportunidade bastante importante para os profissionais da saúde que desejam adquirir conhecimento científico. Até mais do que isso, é também uma chance de despertar o raciocínio científico na nossa prática”, opina.
A 31ª Reunião Anual de Iniciação Científica (RAIC) da Fiocruz Bahia premiou os melhores trabalhos apresentados pelos estudantes de Iniciação Científica e Tecnológica da unidade, entre os dias 31 de maio a 2 de junho. O evento é realizado pelo Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC), com o objetivo de acompanhar o progresso dos bolsistas. Os estudantes vencedores são indicados para a competição nacional da Fiocruz.
Com mais de 70 apresentações, a vice-diretora de Ensino e Informação da Fiocruz Bahia Claudia Brodskyn agradeceu a todos os estudantes que participaram. Para ela, todos os participantes são vitoriosos. “A RAIC é um acontecimento único dentro da nossa instituição, uma vez que todos os estudantes de Iniciação Científica apresentam seus projetos e resultados para diferentes bancas de avaliação para demonstrar seu conhecimento e maturidade em relação ao projeto”, afirma. “Na Fiocruz Bahia, a Iniciação Científica representa uma das portas de entrada dos estudantes de graduação para a pesquisa e inovação. Nossos pesquisadores estão com as portas abertas para receber essa nova geração”.
Na Fiocruz Bahia, a Iniciação Científica (IC) abarca estudantes desde o nível médio, com o Programa de Vocação Científica (Provoc), passando pela graduação até a pós-graduação. Para o coordenador do PROIIC, Jorge Clarêncio, isto mostra a abrangência e o interesse que há por essas iniciativas. Ele considera este um momento de grande importância na vida do pesquisador. “O jovem cientista está apresentando os dados coletados e isso, no mundo científico, é de extrema importância, pois é nesse momento que os dados são validados. Esse momento de apresentação e de estar a frente da comunidade científica é um exercício importante para o estudante”.
O evento também contou com a sessão científica ministrada pelo pesquisador Marcelo Bozza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o tema “Infecção x doenças: carreadores oligossintomáticos de patobiontes e patógenos”.
Premiação
Os estudantes premiados foram Luana Aragão, Amanda Mota Coelho, Julio Cesar Queiroz e Carla Polyana Oliveira. Iane Kathleen Silva foi escolhida para o prêmio de Melhor Trabalho pelo PROVOC. Receberam menção honrosa Luma Bahia Figueiredo, Gabriel Alves, Bruno Sousa e Márcio Andrade, e, pelo Provoc, a estudante Agatha Raissa Silva.
A estudante de Biomedicina, da UNIME, e do bacharelado interdisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Luana Aragão afirmou que o prêmio é a realização de um sonho. “É uma honra fazer parte da Iniciação Científica na Fiocruz, uma instituição de extrema relevância para o país. Me sinto imensamente grata e feliz pelo prêmio, e o vejo como reconhecimento da minha dedicação e da importância do projeto que estou desenvolvendo”, declara.
Julio Queiroz, estudante de Biomedicina na Unifacs, aproveitou a oportunidade para também agradecer ao orientador Bruno Solano e aos outros pesquisadores do laboratório que realizaram a pesquisa em conjunto com ele. O trabalho do estudante analisou o efeito de células do cordão umbilical humano em um modelo de depressão. De acordo com ele, a premiação serve como incentivo para a equipe de pesquisa. “Eu fiquei muito feliz, honrado e surpreso. Esse projeto é lindo e fazer jus a grandeza dele me deixou orgulhoso. Além disso, gostei muito da RAIC, porque durante esse período eu consegui acompanhar diversos trabalhos e conhecer outros estudantes”.
“Pra mim, é muito gratificante ver meu esforço sendo reconhecido, porque eu vim de longe pra fazer faculdade e saber que estou no caminho certo me deixa extremamente feliz e grata pelo curso que escolhi fazer”, afirma Amanda Coelho. A estudante de Biotecnologia aproveitou a ocasião para agradecer aos orientadores da sua pesquisa, Daniel Bezerra e Larissa Mendes, do Laboratório de Engenharia Tecidual e Imunofarmacologia (LETI).
A estudante do 2° ano do ensino médio do Colégio Estadual Professor Carlos Barros, Iane Kathleen, se emocionou com a premiação e quis receber o prêmio ao lado da professora do colégio. Orientada pela pesquisadora Nelzair Viana, Iane participa de uma pesquisa no âmbito das atividades do Laboratório de epidemiologia molecular e bioestatística Provoc. “Minha sensação é de dever cumprido. Eu sinto que consegui passar minhas experiências de uma forma que a banca pudesse entender. Pretendo continuar pesquisando, tendo minhas vivências fora do laboratório, com meus colegas do colégio”, coloca.
Abertura nacional
A abertura nacional do evento ocorreu no dia oito de maio, no Rio de Janeiro. Na cerimônia, que faz parte do calendário oficial do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foram destacadas a importância da Iniciação Científica na formação de novos pesquisadores e no incentivo de uma nova postura frente a ciência.
Participaram da mesa de abertura o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz Rodrigo Correia; a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação Cristiani Vieira Machado; a coordenadora do Laboratório de Iniciação Científica na Educação Básica da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPJV) Cristiane Nogueira Braga, também integrante da coordenação do Programa de Vocação Científica (Provoc) da Fiocruz; e Maria de Fátima Baptista, assessora da vice-presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas e colaboradora do Programa Inova Fiocruz. O evento contou com a mediação da jornalista Cristiane Boar, da vice-presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas.
Os integrantes da mesa ressaltaram a importância da Iniciação Científica na vida de jovens pesquisadores. Rodrigo Correia afirma que, mesmo aqueles que não seguirem na carreira acadêmica, encontram benefícios na experiência. “A IC possui um muito maior de educar, de ajudar a descobrir a ciência”. O vice-presidente recordou outras ações de incentivo ao ingresso na vida acadêmica, como o programa “Pibic nas Comunidades” e o Provoc, que está ativo em todas as unidades da instituição.
Cristiani Machado concorda com a visão exposta sobre a IC. “Muitas pessoas não seguem na trajetória científica, mas muda a sua visão sobre o papel da ciência na sociedade. Além disso, a formação interdisciplinar é muito importante. Quanto mais vocês experimentam na trajetória profissional, mais rica ela pode ser”, assegura. “A IC foi uma das coisas mais importantes que fiz na minha vida, porque condicionou várias escolhas, inclusive a escolha de trabalhar como pesquisadora”, compartilha Machado.
A programação foi encerrada por uma palestra conduzida pelo pesquisador da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca. O cientista foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do teste que indicava em tempo real as mutações do coronavírus.
A ciência saiu dos laboratórios e foi para as mesas de bares e restaurantes. Essa é a proposta do Pint of Science, evento onde pesquisadores discutem ciência e suas contribuições para a sociedade enquanto degustam um copo de cerveja. A edição de 2023 aconteceu nos dias 22, 23 e 24 de maio e, em Salvador, contou com a Fiocruz Bahia na sua organização, junto a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Realizado no Bar Tampinha, o primeiro dia do evento trouxe a sustentabilidade como tema central e contou com a participação do Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA e coordenador do INCT-Carne, Ronaldo Lopes, que compartilhou sua experiência na área de avaliação de alimentos e qualidade da carne. Já a pesquisadora Carolina Souza, também da UFBA, abordou o aproveitamento de resíduos para obtenção de bioprodutos e as iniciativas da startup “SuperBugs Alimentos Funcionais”, empresa voltada para a produção sustentável de insetos comestíveis, financiada pelo Programa Centelha Bahia.
A última participação da noite ficou por conta da pesquisadora da Fiocruz Bahia, Nelzair Vianna, com a palestra “Ciência e decisão”. A apresentação contou com o lançamento do gibi com o mesmo nome de sua fala com ilustrações de Pablito Aguiar, contando a história do projeto de monitoramento da qualidade do ar em Salvador. Nelzair falou sobre a necessidade de aproximar cientistas e a sociedade, reforçando a importância do fazer científico para a saúde da população. “Participar do Pint of Science foi uma oportunidade de interagir com o público em geral, trazendo a importância da ciência para as decisões que fazem parte do nosso dia a dia. Falamos sobre como as decisões políticas para gerenciar riscos sobre poluição do ar em Salvador foram baseadas em evidências científicas”, ponderou.
No dia 23, o Pint of Science aconteceu na cervejaria Art Malt, no bairro do Rio Vermelho. Antes da abertura oficial do evento, uma quebra de protocolo marcou o tom da temática da noite, “Sendo inspiração: Meninas e Meninos nas Ciências”: a estudante Giulia Victoria foi chamada ao palco para conhecer Jaqueline Góes, uma das palestrantes do evento. Giulia, que recentemente foi aprovada em primeiro lugar em Química, na UFBA, tem a pesquisadora como inspiração.
O exemplo da estudante casou com as três apresentações da noite. Abrindo o evento, Natália Tavares, da Fiocruz Bahia, trouxe dados sobre a presença feminina nos espaços científicos, desde a graduação até a profissionalização, dialogando com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como um dos objetivos a igualdade de gênero. A pesquisadora compõe a comissão do projeto Meninas Baianas na Ciência que faz parte do movimento pelo fim da discriminação de gênero da Fiocruz e busca mostrar a estudantes do ensino médio da rede pública que elas podem seguir a carreira científica, explicou Natália. As meninas selecionadas para o programa desenvolvem atividades dentro dos laboratórios do instituto e assim dão os primeiros passos nessa carreira, vivendo na prática o poder transformativo que essa iniciativa tem. “Quando elas vão na Fiocruz e colocam a mão na massa, percebem que não é algo distante, que elas podem fazer isso também” declarou a pesquisadora.
Jaqueline Góes foi a segunda palestrante do evento, levando para a mesa do bar sua trajetória como pesquisadora, ou melhor, cientista, como ela prefere ser chamada, para trazer mais aproximação com o público geral. “Cria” da Fiocruz Bahia, Jaqueline contou sua história desde quando decidiu estudar Biomedicina até seus projetos de mestrado e doutorado na fundação, para mostrar como cada passo foi importante para chegar ao estrelato, ao fazer parte da equipe que sequenciou o genoma do Sars-Cov-2 em tempo recorde em 2020, assim que o primeiro caso foi registrado no Brasil.
O reconhecimento internacional pelo seu feito e sua representatividade como mulher negra na ciência é um exemplo de como a igualdade de gênero e raça precisa ser alcançada para que Jaqueline não seja o único ponto fora da curva na área. A egressa da Fiocruz Bahia disse que enxergou todo o sucesso como um grande propósito, para dar oportunidade para as futuras cientistas da mesma forma que ela recebeu em pontos cruciais da carreira.
“Se não tiver oportunidade não adianta, você pode ser a pessoa mais talentosa do universo, seu talento vai ficar guardadinho na gaveta. A gente precisa ter oportunidade, a gente precisa oferecer plataformas para que esses talentos possam ser visibilizados” reafirmou Jaqueline, aproveitando a oportunidade para falar em primeira mão sobre o Instituto Jaqueline Góes, que futuramente irá potencializar as carreiras dessas meninas e mulheres negras e indígenas.
Finalizando o segundo dia, o doutorando da Fiocruz Bahia, Matheus de Jesus, falou sobre a Síndrome de Impostor tão presente na vida dos estudantes e pesquisadores já formados. Apesar de não ser considerado um transtorno mental pela Organização Mundial de Saúde (OMS), existe uma preocupação por parte dos psicólogos para tratar os transtornos que podem levar a essa síndrome, como ansiedade e depressão.
Discutir saúde mental é de extrema importância dentro da carreira acadêmica, para evitar que esses transtornos levem a uma autocobrança exacerbada e a síndrome se instale, piorando o quadro do indivíduo. Autossabotagem e crenças negativas foram alguns exemplos de fatos agravantes citados por Matheus em sua apresentação, trazendo seu relato pessoal para ajudar outras pessoas na mesma situação. O doutorando falou abertamente sobre precisar da ajuda profissional em dado momento da vida e a necessidade de normalizar tratamentos com psicólogo e psiquiatra, como se trata de outras doenças. “São questões que a gente precisa começar a conversar e a normalizar porque esse tipo de sentimento é uma questão recorrente entre os alunos” acrescentou Matheus.
O último dia de festival, realizado na quarta-feira, 24, na hamburgueria Red Burger, contou com palestras dos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Bruno Bezerril, Fred Santos e Clarissa Gurgel, além do professor do SENAI CIMATEC, Daniel Almeida Filho. Com o clima descontraído, os convidados abordaram temas como ciência e medicina, doença de Chagas, pesquisas sobre o câncer e inteligência artificial.
Primeiro a se apresentar, Bruno Bezerril falou sobre a interação entre ciência e saúde, apresentando as diferenças e semelhanças das trajetórias do médico, do cientista e do médico cientista, ressaltando o constante aperfeiçoamento e avanços dos estudos científicos. “O fato da ciência estar sempre em mudança é o que faz com que ela seja fantástica”, afirmou. Em seguida, Fred Luciano fez um breve apanhado histórico sobre a doença de Chagas, passando pelas inovações e contribuições científicas para o diagnóstico e tratamento da doença, como é o caso do teste TR Chagas Bio-Manguinhos, com estudos conduzidos pelo pesquisador.
Na sequência, a pesquisadora Clarissa Gurgel apresentou um panorama das pesquisas realizadas sobre o câncer e as contribuições de profissionais de diferentes áreas na busca por respostas cada vez mais efetivas para a saúde pública. A cientista reforçou o importante papel do evento enquanto um espaço de provocação para futuros profissionais. “É um espaço de conexão da ciência com a sociedade e se, talvez, eu tenha inspirado uma única a mente jovem a seguir a trajetória científica e buscar soluções inovadoras para os desafios da pesquisa em câncer, isso ratifica o meu propósito enquanto cientista”.
A noite foi finalizada com a palestra de Daniel Almeida, que falou sobre a Inteligência Artificial e os seus impactos para a saúde e a ciência no futuro, abordando temas como a medicina personalizada e modelos promissores para o desenvolvimento de novos métodos e ferramentas de pesquisas, diagnósticos e tratamentos.
Para a pesquisadora da Fiocruz Bahia e coordenadora-adjunta do Núcleo Salvador do festival, Valéria Borges, a realização de um festival como o Pint of Science é um grande desafio e um trabalho em equipe intenso para a organização. “O evento reforça que precisamos criar mais espaços de interação de cientistas com a população. Despertar o interesse da sociedade pela pesquisa e fazer chegar à informação correta é o melhor caminho para se combater o dano causado pelas Fake News. Nada melhor do que o ambiente descontraído para brindar a Ciência”, afirmou.
Romero Nazaré, estudante do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa da Fiocruz Bahia (PgBSMI), também falou sobre a sua participação no evento. “Foi incrível! Aprendemos muito. Vimos o quanto a realização de um evento é desafiadora, mas as boas risadas, a alegria, o brilho no olhar e entusiasmo das pessoas é gratificante e recompensador”, disse.
O Pint of Science Salvador teve a coordenação geral por Denis Soares (UFBA) e contou com uma comissão local formada por Jailson Andrade (UFBA), Samuel Pita (UFBA), Rafael Short (UFBA) e Márcio Santos (Fiocruz Bahia), além de professores, alunos e demais colaboradores das instituições envolvidas.
Sobre o festival
O Festival Internacional de Divulgação Científica Pint of Science teve início no ano de 2013, em Londres, por iniciativa de estudantes que queriam contar sobre suas pesquisas e os seus resultados positivos utilizando ambientes descontraídos como bares e restaurantes. O Pint chegou ao Brasil em 2015 e, em Salvador, ocorre desde 2017 coordenado pelo Prof. Denis Soares, diretor da Faculdade de Farmácia da UFBA.
Em 2023, o evento aconteceu simultaneamente em 25 países, em mais de 400 cidades, 120 delas no Brasil. Esta versão tem um gosto especial por ser o primeiro evento presencial pós-pandemia após importantes contribuições da Ciência nas áreas de vacina e epidemiologia da COVID-19. Em 2024, o festival será realizado de 13 a 14 de maio, despertando o interesse de toda a comunidade científica e aproximando temas importantes de toda a sociedade. Próximo ano, o Pint of Science Salvador estará sob nova direção geral de Valéria Borges (Fiocruz Bahia).
O pesquisador emérito da Fiocruz Bahia, Bernardo Galvão, foi eleito como membro Correspondente Nacional, junto com outros profissionais e acadêmicos, pela Academia Nacional de Medicina (ANM). Integrantes da entidade se reuniram em Plenária para eleger novos membros e correspondentes, no dia 18 de maio. A escolha foi feita com base na significativa contribuição do cientista para a medicina. A diplomação dos novos membros ocorrerá no dia 8 de dezembro, na sede da ANM, no Rio de Janeiro.
Bernardo Galvão é um médico especialista nas áreas de Patologia e Imunologia. Entre suas maiores contribuições, Galvão tornou-se conhecido por ter sido o primeiro cientista a isolar o vírus HIV na América Latina, o que posteriormente foi utilizado em políticas públicas de prevenção de contágio do vírus pela transfusão de sangue. Atualmente, o pesquisador é um forte aliado no combate ao contágio do retrovírus HTLV-1, que possui altos índices de dispersão na Bahia.
Sobre a Academia
A ANM é uma instituição com mais de um século de história. Foi fundada ainda sob o império de Dom Pedro I, em 1829. Com o objetivo de contribuir para o estudo e desenvolvimento das práticas médicas do país, os membros da ANM se reúnem periodicamente para debates e trocas de conhecimento. A Academia promove ainda premiações, congressos e cursos abertos.
O Comitê Técnico Assessor do PROGRAMA DE FORMAÇÃO TÉCNICA EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE – PROFORTEC-SAÚDE promovido pelo IGM torna público o resultado final da seleção do programa de formação, nos perfis Laboratórios e Plataformas e Ciência de Dados, respectivamente, e convoca os candidatos para a matrícula.
O secretário André Joazeiro, a diretora Marilda Gonçalves, a ministra Luciana Santos e a vice-coordenadora do CIDACS da Fiocruz Bahia, Maria Yury.
A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, e outros representantes da instituição participaram da visita da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, ao Parque Tecnológico da Bahia, ontem (25/05). Também esteve presente o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, André Joazeiro. Eles se reuniram com os representantes da comunidade acadêmica, como os reitores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Na ocasião, Luciana Santos apresentou as propostas do ministério e se colocou à disposição da comunidade científica e acadêmica para colaborar com a recuperação e o avanço da ciência e tecnologia.
A ministra esteve em Salvador para anunciar, junto com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, R$ 25 milhões em investimentos em pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico na Bahia. Somente o Parque Tecnológico receberá de R$ 9 milhões em recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Pela manhã, a ministra também visitou o Senai Cimatec, um dos mais avançados centros de tecnologia e inovação do Brasil.
Investimentos
Os recursos serão destinados à construção do Centro de Inovação e Tecnologias Estratégicas, que vai atender demandas da indústria relacionadas à biotecnologia, além de pesquisas na área da Inteligência Artificial. Também, vai viabilizar a implementação do Programa de Interiorização do Parque Tecnológico e a criação da Estação Maker da Indústria Criativa.
Segundo a ministra, os anúncios fazem parte dos esforços do MCTI para descentralizar as políticas e os recursos para ciência, tecnologia e inovação. “Essa descentralização é fundamental para reduzir as assimetrias regionais e para o desenvolvimento de soluções tecnológicas que atendam às demandas específicas de cada região do país”, explicou a ministra.
Luciana Santos também anunciou a implementação de programas de qualificação profissional na área das Tecnologias da Informação e da Comunicação em parceria com a Softex. A estimativa é que o programa receba R$ 15 milhões em investimentos. “São três programas de Residência em TICs que estamos desenvolvendo para ampliar o acesso e as oportunidades de ingresso nas carreiras tecnológicas. Um deles voltado para o fortalecimento do setor de TICs no sul da Bahia”, afirmou.
“Nessa agenda aqui hoje, a ministra traz o alento do orçamento, mas traz também o diálogo com o setor produtivo”, disse o governador Jerônimo Rodrigues.
Saúde e desastres naturais
A ministra ainda anunciou a liberação de R$ 1 milhão em recursos do Fundo Nacional de Saúde no âmbito do edital de Doenças Negligenciadas para avaliação de um biomarcador e para o desenvolvimento de um teste diagnóstico de baixo custo para Doença de Chagas. Também foi assinado um acordo entre o Cemaden e o governo da Bahia para fortalecer as ações de prevenção, monitoramento e alertas de desastres naturais.
“Todos esses investimentos têm o objetivo de ampliar o acesso da população aos benefícios da ciência e tecnologia, gerando bem-estar e qualidade de vida para as brasileiras e os brasileiros.”
Luciana Santos acrescentou que pretende fortalecer as parcerias com estados e municípios. Na Bahia, o MCTI deve apoiar dois projetos da Secretaria do Trabalho para criar um Centro Público de Economia Solidária e de um Centro Vocacional Tecnológico para games e aplicativos, que terá o potencial de atrair jovens em situação de vulnerabilidade social e oferecer uma oportunidade de emprego e renda.
Estudante: Monique Almeida da Costa Orientação: Darizy Flávia Silva Amorim de Vasconcelos Título da Dissertação: “PERFIL FARMACOEPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM MIELOMA MÚLTIPLO (MM) ATENDIDOS EM CLÍNICA ESPECIALIZADA PARA TRATAMENTO ONCOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE SALVADOR”. Programa: Pós-Graduação em em Pesquisa Clínica e Translacional Data de defesa: 14/06/2023 Horário: 14h00 Local: Sala Virtual do Zoom ID da reunião: 883 7307 8604 Senha de acesso: monique
Resumo
INTRODUÇÃO: O mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica maligna caracterizada pela proliferação de células plasmáticas. É mais comum em idosos e seu tratamento envolve várias opções farmacológicas, sem um padrão bem definido. Nesse contexto, a farmacoepidemiologia é uma importante ferramenta para avaliar o uso desses medicamentos na prática clínica, identificar padrões de prescrição e avaliar a eficácia e segurança dessas terapias, além de fornecer informações importantes para melhorar a qualidade do tratamento e a gestão dos recursos de saúde. OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico, sociodemográfico e terapêutico de pacientes com diagnóstico de MM em um ambulatório especializado no tratamento oncológico no município de Salvador, caracterizando os pacientes segundo aspectos sociais e demográficos descrevendo a farmacoterapia, enfatizando os possíveis sinais de toxicidade e efeitos adversos apresentados para fornecer informações clínicas para cooperação técnica dentro da equipe multidisciplinar. DESENHO DO ESTUDO: Estudo observacional, descritivo, de corte transversal, de pacientes com diagnóstico de Mieloma Múltiplo atendidos entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2022, em uma clínica privada e especializada em tratamento oncológico no município de Salvador, Bahia, Brasil. RESULTADOS: A análise dos dados indicou que a maioria dos pacientes era do sexo feminino (60,5%) e tinha idade média de 69 anos. A maior parte dos pacientes autodeclaram a cor parda (83,9%) e apresentava comorbidades, como hipertensão arterial (67,6%), dislipidemia (29,4%) e diabetes mellitus (20,6%). A terapia de primeira linha mais comum foi o esquema terapêutico com associação de bortezomibe, ciclofosfamida e dexametasona (37,2%), chamado de VCD, e o uso de bisfosfonatos também foi comum (53,5%). O uso de VCD foi associado a um maior risco de anemia grau 3, enquanto a lenalidomida foi associado a um maior risco de evento neutropênico grave. No geral, esses resultados fornecem informações importantes sobre o perfil farmacoepidemiológico dos pacientes com MM, destacando a importância da escolha adequada do tratamento e da avaliação cuidadosa do perfil de risco dos pacientes. CONCLUSÃO: O presente estudo contribui para a compreensão da farmacoepidemiologia do mieloma múltiplo, identificando as terapias mais comuns e os possíveis efeitos adversos associados. Isso pode auxiliar na tomada de decisão clínica e no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com MM. No entanto, é importante considerar as limitações do estudo, como o tamanho da amostra e a seleção por conveniência dos pacientes. Palavras-Chave: mieloma múltiplo; farmacoepidemiologia; efeitos adversos.
Uma audiência pública da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) contou com a participação de diversas instituições da área da saúde para debater o tema “Acesso aos Medicamentos em Defesa da Vida”. A sessão faz parte das ações preparatórias para a 17ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorrerá entre os dias 3 a 5 de julho, em Brasília (DF). O vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Serviço de Referência da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio, representou a unidade baiana da Fiocruz na audiência realizada no dia 08 de maio.
A Audiência ocorreu também por iniciativa do “Projeto Integra – articular políticas públicas para fortalecer o direito à Saúde”, uma mobilização social entre a Fiocruz, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), a Escola Nacional dos Farmacêuticos (ENF), com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Esta é a terceira das cinco audiências que ocorrem no país antes da 17ª Conferência.
As discussões encaminharam uma série de pontos tratando do tema, com o objetivo principal de levantar as necessidades locais e mobilizar as instituições nesse debate. Foram abordados tópicos como o acesso da população tratamentos de doenças crônicas, o papel da Sesab no planejamento da distribuição de medicamentos nos municípios, as problemáticas envolvendo a necessidade de alguns pacientes de recorrer à Justiça para acessar medicamentos. Com base na própria experiência de pesquisa e no trabalho da Fiocruz Bahia, Riccio contribuiu com as discussões trazendo o olhar do papel da ciência nesta questão do direito à saúde.
“Quando falamos no acesso a medicamentos, podemos ter uma ideia muito fechada na questão da assistência farmacêutica. Mas precisamos pensar que existem populações negligenciadas na capital e no interior do estado. Muitas vezes não há acesso aos medicamentos por conta da ausência de investimentos e de médicos na região. Então, como podemos trazer a ciência para perto, para contribuir nessa questão”, declara.
O pesquisador exemplifica essa questão com o tratamento da esquistossomose, uma das doenças negligenciadas que mais atinge populações empobrecidas em todo o mundo. “O tratamento para a esquistossomose é um medicamento chamado Praziquantel, que só é indicado em bula para crianças a partir de 4 anos de idade. Abaixo dessa faixa etária não existe medicamento. Mas não pela falta de assistência farmacêutica, mas pela falta de investimentos em ciência e saúde pública”, explica Riccio.
Além das parlamentares comunistas Alice Portugal (PCdoB) e Olivia Santana (PCdoB), que conduziu a audiência, também estiveram presentes o presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos Fábio Basílio; o representante da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) Luiz Henrique Dutra, superintendente de Assistência Farmacêutica, Ciência e Tecnologia (Saftec); a diretor-presidente da Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos (Bahiafarma) Ceuci Nunes; o presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia (CES/Sesab) Marcos Sampaio; a diretora do Sindicato dos Farmacêuticos da Bahia (Sindifarma) Soraya Amorim, entre outros.
Pesquisadores realizaram sequenciamento genético do vírus da dengue de pacientes residentes da cidade de Feira de Santana, na Bahia, e identificaram um novo agrupamento do vírus dengue tipo 1, do genótipo V, na região. No estudo, foram obtidos 19 genomas de dois tipos do vírus da dengue: tipo 1 (17) e tipo 2 (2). As análises filodinâmicas e epidemiológicas também revelaram a persistência do genótipo III do tipo 2.
Esses achados reforçam o papel crucial da vigilância genômica para acompanhar a evolução das cepas circulantes de dengue e entender sua disseminação pela região por meio de eventos de importação inter-regional, provavelmente causados pela mobilidade humana, e os possíveis impactos sobre saúde pública e gestão de surtos. Os resultados do trabalho, coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, foram publicados na “Viruses“, importante revista de virologia.
Entre 2017 e 2022, o Brasil registrou mais de 3 milhões de casos de dengue, com concentração maior na região do Nordeste. A dengue é uma doença complexa, que apresenta desde quadros assintomáticos até hemorrágicos, com risco de morte. Trata-se de uma doença endêmica em países tropicais, colocando quase metade da população global em risco de contrair a enfermidade. Devido ao cenário epidemiológico alarmante, promover a vigilância genômica de cepas virais circulantes é fundamental para antecipar possíveis impactos na saúde da população e orientar a resposta a surtos.
Como o uso em larga escala de uma vacina contra o vírus da dengue se torna cada vez mais iminente, é vital fornecer dados genômicos sobre a diversidade viral em uma determinada localidade, bem como descrever sua distribuição espacial e identificar áreas de risco. Essas informações são essenciais para a tomada de decisões em saúde pública e para a identificação de áreas de risco, bem como de grupos vulneráveis, além de ser fundamental para o desenvolvimento de medidas preventivas e campanhas de conscientização.
O prêmio busca reconhecer os profissionais que fazem contribuições significativas para o avanço da Medicina Farmacêutica.
Edson Duarte Moreira Jr, pesquisador da Fiocruz Bahia, recebeu o Prêmio Global Fellow in Medicines Development, em cerimônia realizada no King’s College, em Londres (Reino Unido), ontem, dia 22 de maio, por suas contribuições significativas para o avanço da Medicina Farmacêutica. O prêmio foi instituído pela International Federation of Associations of Pharmaceutical Physicians and Pharmaceutical Medicine (IFAPP), atualmente chamada Global Medicines Development Professional.
“Não se faz pesquisa individualmente, mas com o esforço coletivo de muitos talentos. Portanto, divido esse prêmio com minha equipe, sem o trabalho árduo e a dedicação de cada membro, isso não teria sido possível”, declarou o cientista. E mencionou a importância das instituições das quais faz parte. “Só tenho a agradecer à Fiocruz e às Obras Sociais Irmã Dulce que me deram régua e compasso para traçar essa trajetória”, acrescentou.
A seleção para a premiação é feita por um comitê formado por representantes da IFAPP; da Faculdade de Medicina Farmacêutica, pertencente aos Royal Colleges of Physicians de Londres, Edimburgo e Glasgow (UK), e de uma rede de parceiros públicos e privados da Europa, voltada à inovação em medicamentos. Os premiados recebem o título de Global Fellow in Medicines Development e tornam-se membros do comitê global de especialistas para ajudar no avanço das disciplinas envolvidas no Desenvolvimento de Medicamentos/Medicina Farmacêutica.
O pesquisador
Formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Edson Moreira tem mestrado em Saúde Pública e doutorado em Epidemiologia pela Universidade de Columbia, em Nova York, e pós-doutorado pela Universidade McGill, em Montreal. Atualmente, é pesquisador titular da Fiocruz Bahia, vice-coordenador do Programa de Mestrado Profissional em Pesquisa Clínica e Translacional (PGPCT) e docente do Curso de Pós-graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI), ambos da Fiocruz Bahia. É Líder do CPEC – Centro de Pesquisa Clínica da Obras Sociais Irmã Dulce.
Dr. Edson foi coordenador dos estudos da vacina para COVID-19 da Pfizer no Brasil. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq (1D) e membro titular da Academia de Ciências da Bahia.
O Comitê Técnico Assessor do PROGRAMA DE FORMAÇÃO TÉCNICA EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE – PROFORTEC-SAÚDE promovido pelo IGM torna público o resultado da Entrevista com a Comissão de Heteroidentificação Racial, da seleção do programa de formação, nos perfis Laboratórios e Plataformas e Ciência de Dados.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, esteve em Salvador, na sexta-feira (19/5), para cumprir agenda de reuniões e visitas com a participação da diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, além de parlamentares, gestores estaduais e autoridades. Em evento realizado no auditório da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), a ministra anunciou o aumento no repasse de recursos federais, que será incorporado ao Fundo Estadual de Saúde. Estiveram presentes o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e a secretária de Saúde da Bahia, Roberta Santana.
Os recursos são destinados para complementar o custeio de procedimentos em unidades como hospitais e policlínicas, aumentando o teto financeiro para a média e alta complexidade no estado. Na ocasião, também foi assinado o Protocolo de Intenções para Constituição do Consórcio Público de Saúde da Região de Ilhéus. Nísia Trindade falou sobre avanços do Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia, citando, dentre diversas instituições, o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia e ressaltou o momento de grandes desafios após a pandemia da Covid-19.
“Aceitei o convite para o ministério, como reconhecimento de um trabalho de dirigente de uma das instituições, que ao lado de outras, lutou no enfrentamento à pandemia. Como dirigente da Fiocruz, tive a total compreensão de que naquele momento nos tínhamos que mobilizar todas as forças e instituições científicas. Nós ainda vivemos o efeito dessa pandemia no mundo e de todas as políticas equivocadas dos últimos 4 anos, por isso o lema da união e reconstrução é absolutamente importante”.
O governador Jerônimo Rodrigues destacou a importância dos recursos federais e da criação de consórcios para o fortalecimento da parceria entre o Estado e municípios no cuidado à saúde dos baianos. Durante o evento, Roberta Santana anunciou as diversas ações e registrou o reconhecimento ao governo federal. “Oferece cada vez mais melhoria para o nosso estado”, concluiu.
Em sua passagem por Salvador, Nísia Trindade participou de uma audiência com membros da diretoria do Hospital Aristides Maltez e da inauguração do Centro Estadual de Educação Profissional em Tecnologia, Informação e Comunicação. A última atividade da ministra em Salvador, que também contou com a presença da diretora Marilda Gonçalves, foi a inauguração Serviço de Ressonância Magnética do Obras Sociais de Irmã Dulce (OSID). A iniciativa vai possibilitar a ampliação do atendimento oferecido pela OSID. A expectativa da instituição é realizar em torno de 400 exames gratuitos de ressonância magnética por mês, para pacientes internados e o público externo.
A coordenação do Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC) do Instituto Gonçalo Moniz (IGM) divulga o resultado da 1ª Etapa do Edital PIBIC FAPESB – 2023 do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) através do sistema de cotas institucionais.
Lembramos a todos que os orientadores aprovados deverão proceder com a indicação do estudante bolsista conforme descrito no Edital, entre os dias 22 a 26 de maio de 2023. Para a implementação da bolsa na FAPESB é necessário encaminhar os documentos solicitados para o e-mail proiic@fiocruz.br. Os documentos devem ser em formato PDF, sendo cada documento um arquivo, nomeados conforme descrito no Edital.
A Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB), por meio da Coordenação de Fomento à Pesquisa, informa que as inscrições para os editais para solicitação de bolsa nova de Iniciação Científica (Pibic) e de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico (Pibiti) foram prorrogadas até o dia 22 de maio.
As inscrições podem ser feitas nas páginas do Pibic e do Pibiti. O suporte ficará disponível até as 17h do dia 22/5. As bolsas são destinadas a doutores que estejam exercendo atividade de pesquisa, com vínculo comprovado com a Fiocruz, em regime integral.
Estudante: Rana Pereira dos Santos Bastos Orientação: Natália Machado Tavares Título da Dissertação: “Caracterização do perfil inflamatório de pacientes diabéticos com a complicação do pé diabético” Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana Data de defesa: 25/05/2023 Horário: 14h00 Local: Auditório Aluízio Prata – Fiocruz Bahia
Resumo
INTRODUÇÃO: O diabetes é uma síndrome crônica caracterizada pelo aumento nos níveis de glicose circulante. Alterações metabólicas e doenças cutâneas estão entre suas complicações. A úlcera de pé diabético é causada pelo comprometimento de nervos e vasos periféricos, e apresenta dificuldade de cicatrização pela inflamação crônica de baixo grau sistêmica. OBJETIVO: Investigar mediadores inflamatórios na úlcera de pé diabético. MÉTODOS: O estudo inclui pacientes sem diabetes, diabéticos e diabéticos com lesão, além de pacientes com lesão ativa e em processo de cicatrização. A coleta do sangue foi realizada para obtenção de plasma e células mononucleares. Amostras da lesão foram coletadas na rotina de atendimento. A dosagem sérica de mediadores inflamatórios foi realizada por ELISA e Luminex. A expressão de genes-alvo de interesse foi avaliada nas biópsias da lesão. RESULTADOS: Diabéticos com úlcera de pé apresentam níveis séricos de IFN-ɣ significativamente maiores em comparação aos demais grupos. Subgrupos de diabéticos alto produtores de IL-1ꞵ, IL-6, IL-8 e LTB4 foram identificados, além de TNFα e IFN-ɣ para diabéticos com lesão. A avaliação de mediadores por Luminex mostrou que os níveis de IL-21, IL-31 e IL-33 são maiores em diabéticos cuja lesão está em cicatrização. Além disso, a expressão do gene PGE2 sintase é maior nas lesões, enquanto o gene do receptor para LTB4 encontra-se reduzido. CONCLUSÃO: Os pacientes com úlcera de pé diabético possuem níveis circulantes de IFN-ɣ elevados, o que pode estar relacionado com o direcionamento inflamatório de macrófagos no diabetes para a lesão. A modulação positiva de PTGS2 na lesão evidencia a participação de PGE2 na inflamação. Além disso, os níveis elevados de IL-21, IL-31 e IL-33 em pacientes com lesão em cicatrização podem estar relacionados com a mudança de fase do reparo tecidual. Palavras-chave: Diabetes; Inflamação; Úlcera de pé diabético; Cicatrização.
O Comitê Técnico Assessor do PROGRAMA DE FORMAÇÃO TÉCNICA EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE – PROFORTEC-SAÚDE, promovido pelo IGM, torna público o resultado preliminar e convocação para entrevista de heteroidentificação do processo seletivo da segunda turma, nos perfis Laboratórios e Plataformas e Ciência de Dados.
A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI) divulgou a convocação dos candidatos com as inscrições homologadas, para a realização da Prova escrita de conhecimentos gerais e interpretação de artigos científicos em língua inglesa.
O novo presidente da Fiocruz, Mario Moreira, tomou posse nesta sexta-feira (12/5), em uma cerimônia marcada pela emoção e pela ênfase no processo democrático da Fundação, que coroou a eleição, pelos servidores da instituição, de mais um dirigente eleito diretamente. A solenidade contou com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, de três ex-ministros (José Gomes Temporão, Arthur Chioro e Agenor Álvares) e do reitor eleito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho. Também estiveram presentes representantes de instituições das áreas de Saúde, Ciência e Tecnologia, de sindicatos, consulados e universidades, e parlamentares, além de secretários do Ministério da Saúde (MS). Moreira disse que o Brasil, depois de passar por difíceis anos recentes, precisa ser reconstruído e que esse processo levará ao fortalecimento da Fiocruz. O presidente aproveitou o momento para anunciar os integrantes da nova equipe da Presidência da Fundação.
Eleito pelos servidores púbicos ativos da instituição com 91,68% do total de votos válidos, Mario Moreira reforça o papel da democracia na instituição (foto: Peter Ilicciev)
“Enfrentamos o desafio que foi manter a Fiocruz em condições adversas, fruto do negacionismo científico e do descaso com a saúde. Mas superamos, com união e responsabilidade em uma Fiocruz unida e altiva. Por isso, hoje vivemos mais que uma posse de dirigente. Vivemos a celebração do projeto democrático desta instituição, que está sempre se renovando e que lhe deu condições de resistir em tempos de crise. A Fundação é uma instituição estratégica do Estado brasileiro e foi desafiada ao extremo na pandemia. Posso dizer que esta instituição politicamente amadureceu ainda mais, ocupou espaços que o governo anterior deixou vagos e assumiu responsabilidades. A Fiocruz foi exuberante”, avaliou Moreira.
A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, esteve presente na cerimônia. Ela ressalta a carreira de Moreira como servidor da Fundação, a atuação como Vice-presidente de Gestão durante a pandemia e a importância do processo eleitoral democrático institucional. “Elegemos Dr. Mário Moreira, o vigésimo nono presidente da Fiocruz, legitimamente, com ampla maioria dos votos, e que tem uma trajetória institucional de dedicação, de atenção aos servidores, colaboradores e à sociedade, e em prol do SUS. Desejamos sucesso e assumimos o compromisso de apoiá-lo e de cuidar para que a sua gestão à frente da nossa Fiocruz seja sempre vitoriosa, sensível, equânime e justa, e que reflita os ideais que ele tem nos reafirmado ao longo da sua vida na instituição”.
A cerimônia começou com a exibição de um vídeo institucional da Fiocruz e em seguida a plateia ouviu o Hino Nacional, tocado por uma flautista. Após o hino, a atriz Sara Hanna leu Os Estatutos do Homem(Ato Institucional Permanente), escrito pelo poeta Thiago de Mello e dedicado ao jornalista e escritor Carlos Heitor Cony. Em seguida, o ex-coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, narrou a trajetória profissional e acadêmica do novo presidente. O representante do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Paulo Garrido, fez uma breve intervenção e leu uma mensagem do presidente do órgão saudando a Fiocruz.
A solenidade contou com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, e representantes de instituições das áreas de Saúde, Ciência e Tecnologia (foto: Peter Ilicciev)
A pesquisadora Valdiléa Veloso, representando o Conselho Deliberativo da Fiocruz, disse que a votação expressiva que o novo presidente recebeu na eleição – mais de 90% dos votos – revela uma Fundação unida em torno de seu dirigente máximo. Ela afirmou que no período entre 2016 e 2022 ocorreu um desmonte das instituições de ciência e tecnologia no Brasil, mas que a Fiocruz resistiu.
“A resposta da Fiocruz à emergência sanitária foi espetacular e fruto de muito trabalho e esforço. Tudo isso permitiu que o [Sistem Único de Saúde] SUS passasse a ser mais conhecido e admirado, embora lamentemos profundamente as muitas mortes que poderiam ter sido evitadas não fosse a omissão do governo anterior. No entanto, apesar da boa resposta que demos, é fundamental que haja mais investimentos em pesquisa, já que a intensidade e a diversidade dos desafios de saúde pública são imensos. Os sistemas de saúde precisam estar mais bem preparados para as emergências, pois a Covid-19 não será a última. Temos que investir em vigilância sanitária e no conhecimento e enfrentamento das doenças emergentes e infecciosas”. Valdiléa encerrou sua participação citando o início do poema O outro Brasil que vem aí, do sociólogo e escritor Gilberto Freyre: “Eu ouço as vozes/ eu vejo as cores/ eu sinto os passos/ de outro Brasil que vem aí/ mais tropical/ mais fraternal/ mais brasileiro”.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc), Mychelle Alves, lembrou que Mario Moreira teve atuação ativa no sindicato e participou de diversas campanhas dos trabalhadores. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, membro do Conselho Consultivo da Fiocruz, disse que a Fundação mostra diariamente que o trabalho árduo dos pesquisadores muda para melhor a vida dos brasileiros. O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Fábio Baccheretti, observou que a Fiocruz trouxe esperança aos brasileiros durante a pandemia e que a instituição é muito mais que as vacinas que produz e salvam tantas vidas.
O secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luis Manuel Rebelo Fernandes, destacou que a Fiocruz é “uma das joias da coroa do sistema nacional de ciência e tecnologia e uma das principais trincheiras de defesa da ciência no país. A pandemia foi vencida, a democracia voltou, a ciência voltou, o Brasil voltou. Mas a batalha contra os negacionismos continua. Fiocruz e MCTI são parceiros na construção de um mesmo ideal”. O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, comentou que a eleição de Mario Moreira significa esperança. “A esperança de retomarmos a reforma sanitária e a luta por um SUS mais equânime”.
Após as intervenções houve a leitura do termo de posse e em seguida o discurso do novo presidente. Moreira saudou os presentes, os representantes do CD Fiocruz, os trabalhadores e os estudantes e disse sentir “grande orgulho e alegria, além de um imenso senso de responsabilidade”. Ele se emocionou ao recordar o pai, falecido recentemente, e citou filhos, genro, nora, neta, esposa e ex-esposa presentes à cerimônia. Homenageou ainda os ex-presidentes da Fiocruz que compareceram ao evento, Akira Homma, Carlos Morel, Paulo Buss e Paulo Gadelha. E agradeceu à ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, a quem sucedeu na Presidência da Fiocruz, pelo aprendizado nos seis anos do mandato dela em que ele atuou como vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional.
Mario agradeceu à ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, a quem sucedeu na Presidência da Fiocruz, pelo aprendizado nos seis anos do mandato dela em que ele atuou como vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional (foto: Peter Ilicciev)
Moreira disse que o projeto de gestão democrática da Fiocruz gera divergências, mas também muitos consensos, como aqueles explicitados nas diretrizes e teses do Congresso Interno (CI) da Fundação. “As duas últimas edições do Congresso Interno, de 2017 a 2021, são como uma bússola que ajudam bastante na gestão e projetam a Fiocruz para a frente”. Ele afirmou que, diferentemente do que ocorreu em outras posses de presidentes da Fiocruz, agora não será necessária a convocação de um novo CI.
O novo mandatário lembrou que as desigualdades nacionais ficaram ainda mais expostas com a Covid-19. “O Brasil tem menos de 3% da população mundial e teve mais de 11% das mortes na pandemia. Precisamos apurar essas responsabilidades, para que nunca mais se repitam. Não há dúvidas de que sem o SUS o cenário seria ainda muito pior”. O presidente comentou que a pandemia trouxe muitos ensinamentos. “A Fiocruz construiu uma nova base tecnológica e científica a partir da Covid-19. Atingimos um novo padrão de assimilação tecnológica em seis meses, como no caso da vacina contra o coronavírus”.
Dentre as prioridades, Mario listou a necessidade de recomposição do orçamento da Fiocruz, a partir de entendimentos com o governo federal, a realização de concursos públicos e a adequação das instalações prediais da Fundação (foto: Peter Ilicciev)
Ele também citou a importância nacional da Fundação, presente hoje em 11 unidades da Federação e em todas as cinco regiões. E acrescentou que a Fiocruz, mesmo nos estados em que não conta com unidades, se faz presente por meio de colaborações com sistemas estaduais e municipais de Saúde. “Além disso, é importante ampliarmos nossas parcerias com o Butantan, com o Instituto Vital Brazil, com o Tecpar e outros”.
Moreira citou algumas das parcerias internacionais da Fiocruz e afirmou que a instituição também tem que se inserir em ambientes mais maduros, como a participação, por decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS), no desenvolvimento e produção de vacinas com tecnologia de RNA mensageiro. Segundo o presidente, questões como as mudanças climáticas – “um desafio que a Fiocruz tem que encarar em todos os níveis” – e a transição demográfica brasileira precisam estar entre as prioridades dos próximos anos. “A miséria, com a volta do Brasil ao Mapa da Fome, é outro problema que urge respostas nossas”.
Ele listou ainda outras prioridades. Entre elas, a necessidade de recomposição do orçamento da Fiocruz, a partir de entendimentos com o governo federal, o que permitirá recuperar a capacidade de investimento, a realização de concursos públicos e a adequação das instalações prediais da Fundação, em alguns casos bastante defasadas por serem construções de décadas atrás.
“Vivemos a celebração do projeto democrático desta instituição, que está sempre se renovando e que lhe deu condições de resistir em tempos de crise”, afirmou Mario Moreira (foto: Peter Ilicciev)
Moreira apresentou a equipe da Presidência, formada por Cristiani Vieira Machado (vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação), Marco Krieger (vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde), Maria de Lourdes Aguiar Oliveira (vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas), Hermano Casto (vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde), Juliano Lima (diretor-executivo), Priscila Ferraz (diretora-executiva adjunta), Zélia Profeta (chefe de Gabinete), Liene Wegner (coordenadora da Secretaria da Presidência), Fabiana Damásio (diretora da Fiocruz Brasília), Hilda da Silva Gomes (coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas), Marília Santini (coordenadora de Vigilância e Laboratórios de Referência), Pamela Lang (coordenadora de Comunicação Social), Paulo Buss (Centro de Relações Internacionais em Saúde), Paulo Gadelha (Agenda Fiocruz 2030) e Valber Frutuoso (coordenador de Relações Interinstitucionais). Ele também apresentou os assessores especiais da Presidência: Wilson Savino, Carlos Maciel, Rivaldo Venâncio e Rodrigo de Oliveira. A Vice-Presidência de Gestão e Desenvolvimento Institucional passou a se chamar Diretoria-Executiva.
Ao encerrar a solenidade, a ministra Nísia Trindade Lima disse querer celebrar a democracia, no Brasil e na Fiocruz. Ela disse que a posse é um dia de festa e lembrou o poema Rápido e rasteiro, de Chacal: “Vai ter uma festa/ que eu vou dançar/ até o sapato pedir pra parar/ aí eu paro/ tiro o sapato/ e danço o resto da vida”.
“Teremos tempos duros daqui para a frente, teremos percalços. Mas não serão tempos sombrios, já que é tempo de esperança e de saudar a democracia. A ciência está de volta ao Ministério da Saúde e a Fiocruz é fundamental, e será ainda mais, para os desafios sanitários, ambientais, científicos e sociais que enfrentaremos”, sublinhou Nísia.
Ela fez um breve resumo de sua trajetória na Fundação, citou a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e a Editora Fiocruz. Nísia afirmou que sempre verá a instituição como uma grande escola. A ministra acrescentou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma mensagem de apoio e agradecimento à Fiocruz pelo papel desempenhado na pandemia.
O novo presidente
Na Fiocruz desde 1994, Mario Moreira é doutor em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Paraná, com estágio doutoral na Universidade de Coimbra, em Portugal, mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e em Gestão de Tecnologias e Inovação pela Universidade de Sussex, no Reino Unido. Ele também é especialista em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Em 2017, tornou-se vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, cargo que passou a ser de diretor-executivo no ano passado. Ele foi eleito em 24 de março pelos servidores públicos ativos da Fundação com 3.405 votos – 91,68% do total de 3.714 votos válidos.
Fonte: Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
Estudante: Beatriz Vasconcelos Souza Orientação: Antonio Ricardo Khouri Cunha Título da Dissertação: “Caracterização da resposta imune sistêmica e in situ na leishmaniose cutânea localizada humana” Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana Data de defesa: 23/05/2023 Horário: 09h00 Local: Sala Virtual do Zoom ID da reunião: 837 5637 5532 Senha de acesso: defesa
Resumo
INTRODUÇÃO: As leishmanioses são doenças de importância para a saúde pública, endêmicas em cerca de 98 países, afeta 12 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a forma clínica prevalente é LCL, e o principal agente etiológico é a Leishmania braziliensis. O controle e a patologia na LCL são determinados por uma complexa interação entre uma variedade de tipos celulares e fatores solúveis, associados as respostas celulares Th1/Th2/Th17, que é pouco compreendida. Nesse sentido, análise e comparação dos perfis imunológicos de diferentes compartimentos biológicos, pode ser útil para entender a interação e a ativação do sistema imune, e os mecanismos associados à resposta sistêmica e in situ. OBJETIVO: Caracterizar e identificar a resposta imune predominante na Leishmaniose Cutânea Localizada Humana causada por L. braziliensis. MÉTODO: Avaliamos a resposta imune sistêmica e in situ de pacientes com LCL recrutados em uma clínica de referência de Jiquiriçá, área endêmica da Bahia. Amostras de plasma e biópsia de lesões, foram utilizadas para realização de imunoensaios por Luminex™ para identificação dos níveis de citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento e receptores solúveis. RESULTADOS: Os resultados mostraram uma predominância do perfil Th1 em pacientes com LCL, com altos níveis de moléculas pró-inflamatórias e regulatórias. O plasma de pacientes com LCL apresentaram um aumento significativo de IL-8, IL-1β, TNF-α, IL-6, MIP-1α, MIP-1β, GMCSF, VEGF e TGFβ-1. Na lesão encontramos um aumento significativo de IL-8, IL-6, TNF-α, IL-1β, IFN-γ, IL-12(P40), IL-17A, IL-2, IL-7, MCP-1, MIP-1α, MIP-1β, IP-10, Eotaxina, G-CSF, GM-CSF e VEGF e IL-10. Apenas os receptores sIL-2Rα e sTNFRII apresentaram níveis significativamente aumentados na biópsia da lesão. CONCLUSÃO: Foi possível evidenciar que os perfis de resposta imune sistêmica e local da LCL são convergentes, entretanto a resposta imune local é mais expressiva. A resposta imune predominante, na fase tardia, é do tipo Th1, mediada por moléculas inflamatórias, porém elementos regulatórios e receptores solúveis podem modular o possível dano causado pela inflamação.
Palavras-Chaves: Leishmaniose Cutânea Localizada; L. braziliensis, Resposta Imune; Sistêmica; In situ.
Bernardo Galvão e a Ministra da Saúde e Acadêmica, Nísia Trindade. Foto: Cristina Lacerda
Em cerimônia realizada nesta quarta-feira (10/05), o pesquisador emérito da Fiocruz Bahia, Bernardo Galvão Castro Filho, junto com outros 16 nomes, foi apresentado como membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). A solenidade marca a participação formal dos pesquisadores junto à entidade. O pesquisador foi eleito para integrar a ABC, como membro na área de Ciências da Saúde, em Assembleia ocorrida no dia 1° de dezembro de 2022, em função de sua importante contribuição na área de Imunologia.
Dentre os que participaram da cerimônia, estavam a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; a ministra de Estado da Saúde, Acadêmica Nísia Trindade; a presidente da ABC, Helena B. Nader – ineditamente, três mulheres nos postos de mais alto grau; e o presidente do CNPq, Acadêmico Ricardo Galvão.
Bernardo Galvão é reconhecido como o primeiro cientista a isolar o vírus HIV na América Latina. A partir de seus estudos, foi possível elencar uma série de políticas públicas de contenção da disseminação do vírus, como a triagem na doação sanguínea e a fundamentação do Programa Nacional de Controle do HIV do Ministério da Saúde.
Galvão ingressou na Fiocruz em 1977, onde auxiliou a implantação de um Centro de Imunologia Parasitária, no Rio de Janeiro. Na Fiocruz Bahia, o pesquisador foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Laboratório Avançado de Saúde Pública (Lasp). Atualmente, ele se dedica ao estudo do retrovírus HTLV-1, que possui na Bahia um dos seus grandes focos de contágio.