Dissertação descreve as manifestações clínicas em gestantes com suspeita de Covid-19.

Autoria: Danielle Palma Silva Barreto
Orientação: Isadora Cristina de Siqueira
Título da dissertação: “CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DA COVID-19 EM GESTANTES E NEONATOS: ESTUDO TRANSVERSAL”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 06/12/2022
Horário: 09h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 889 9588 2642
Senha de acesso: 718401

Resumo

INTRODUÇÃO: O novo coronavírus, nomeado SARS-CoV-2, tornou-se conhecido ao gerar o surto de casos de pneumonia atípica na cidade de Wuhan, China, em dezembro de 2019. Em poucos meses, a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia da COVID-19, ao ultrapassar a marca de 240 mil pessoas infectadas pela doença em todo o mundo. Além de idosos e pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas foram identificadas como grupo de risco para a doença, sendo a COVID-19 uma importante causa de morbimortalidade materna nos últimos dois anos. OBJETIVO: Descrever as manifestações clínicas e obstétricas de gestantes e seus conceptos, notificados como casos suspeitos para COVID-19, em uma maternidade de referência do estado da Bahia. MÉTODO: Este projeto é um estudo descritivo transversal, realizado na Maternidade de Referência Prof. José Maria de Magalhães Neto, em Salvador-BA. Serão estudadas gestantes e neonatos notificados como COVID-19 e os com
diagnóstico confirmado de COVID-19, no período de abril de 2020 até abril de 2022, atendidos na maternidade. Os participantes foram incluídos mediante assinatura do TCLE. Após recrutamento de participantes, os dados clínicos, obstétricos e sociodemográficos foram coletados a partir da revisão de prontuários e das fichas de notificação em formulários padronizados por meio do aplicativo móvel REDCap(RedCap móvel v4.9.9 © 2020 Vanderbilt University) e gerenciados na plataforma online REDCap (REDCap 9.3.1 – © 2020 Vanderbilt University). RESULTADOS: 470 gestantes foram incluídas no estudo. Destas, 253 tiveram resultado positivo para SARS-CoV-2. A média de idade das gestantes com COVID-19 foi de 29 anos, autodeclaradas pardas, com nível médio de escolaridade, no terceiro trimestre gestacional. Os sintomas mais referidos foram tosse, febre e dispneia. As pacientes infectadas pelo novo coronavírus necessitaram de mais oxigenioterapia e foram mais internadas em unidades de terapia intensiva (UTI). 16 pacientes (6.3%) foram transferidas para outras unidades de saúde e 2 (0.8%) evoluíram a óbito na maternidade. Dos 310 neonatos nascidos na maternidade, 161 (64%) foram de mães com COVID-19. Destes, 63 (39.1%) foram prematuros, 114 (70.8%) nasceram via cesareana, 74 (46%) necessitou de medidas de reanimação neonatal em sala de parto, porém seus scores de APGAR no primeiro e quinto
minuto não tiveram diferença significativa com os recém-nascidos de mães sem COVID-19. DISCUSSÃO: O perfil das gestantes infectadas pelo novo coronavírus ratifica os determinantes sociais como componente no processo de saúde e doença. A manifestação significativa dos sintomas respiratórios se relaciona com a maior necessidade de oxigenioterapia, a exemplo da ventilação mecânica, e o internamento das gestantes em UTI. A necessidade de transferência das gestantes com COVID-19 indicam a gravidade dos casos e a necessidade de serviços especializados, que extrapolem a assistência obstétrica. Além dos óbitos verificados na maternidade, vale considerar a possibilidade de outros óbitos nos casos das transferências. A prematuridade, via de parto cirúrgica e descompensações clínicas estão diretamente relacionadas à saúde neonatal. CONCLUSÃO: A COVID-19 é uma doença de maior risco para as gestantes, com repercussões clínicas e obstétricas que impactam a saúde neonatal. Aspectos socioeconômicos também devem ser considerados para um melhor entendimento da doença entre as gestantes. Serviços de saúde de alta complexidade são essenciais para o tratamento da COVID-19 durante a gestação, com leitos de UTI disponíveis e ação multidisciplinar. Descritores: COVID-19, Gravidez, Mortalidade Materna, Neonatologia.

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Perfil clínico-patológico de pacientes com câncer de pâncreas é tema de dissertação.

Autoria: Anelisa Kruschewsky Coutinho Araujo
Orientação: Cinthya Sternberg
Título da dissertação: “PERFIL CLÍNICO-PATOLÓGICO EM PACIENTES COM CÂNCER DO PÂNCREAS EM UMA INSTITUIÇÃO PRIVADA, NOS ÚLTIMOS 6 ANOS (2015-2021)”. 
Programa: Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional
Data de defesa: 30/11/2022
Horário: 16h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 857 8768 9993
Senha de acesso: anelisa

Resumo

RESUMO INTRODUÇÃO. O câncer de pâncreas é uma das neoplasias malignas mais letais, com taxas de incidência e mortalidade sempre muito próximas. Ocupa a sexta posição em incidência dentre os tumores gastrointestinais no mundo, e a segunda posição nas estimativas americanas para 2022. Os protocolos de tratamento são bem estabelecidos, o que deveria traduzir homogeneidade de condutas e resultados. Entretanto fatores diversos podem afetar a condução e desfechos nessa doença. OBJETIVO. Avaliar o perfil clínico-patológico de pacientes com câncer de pâncreas em uma instituição privada de Salvador, nos últimos 6 anos (2015-2021) e suas associações com a sobrevida global. MÉTODO. Estudo observacional analítico, do tipo coorte retrospectiva, em pacientes portadores de CID C25, exceto histologia de tumor neuroendócrino (TNE) ou carcinoma neuroendócrino (CNE). Avaliadas variáveis epidemiológicas e clínicas como idade, sexo, performance status (PS), estadiamento, dados de tratamento e dados moleculares. O desfecho principal foi sobrevida global (SG). RESULTADOS. Foram revisados 289 prontuários e incluidos 124 pacientes, sendo 57% do sexo feminino. Idade média de 69 anos. Doença ressecável ao diagnóstico em 33,9%, doença localmente avançada em 27,4% e doença metastática em 38,7%. O sítio de metástase mais frequente foi o fígado, em 75% dos casos. Foram submetidos a cirurgia 45% dos pacientes e 80% desses tiveram ressecção R0. Quimioterapia (QT) adjuvante foi realizada em 33% da amostra total, e 68% desses pacientes completaram a adjuvância planejada. O esquema mais usado nessa fase foi o Folfirinox. Menos de 10% dos pacientes fizeram neoadjuvancia. Receberam QT paliativa em algum momento 79% dos pacientes, sendo que 44,9% somente a primeira linha, e 40,8% submetidos a duas linhas de QT. Folfirinox também foi o regime mais usado na primeira linha, em 73,2% dos pacientes. O tempo de seguimento mediano foi de 38 meses. A SG mediana foi de 17 meses para toda a amostra e de 9,47 meses para os pacientes com doença metastática ao diagnóstico. A sobrevida livre de progressão (SLP) foi de 9,5 meses. Análises uni e multivariadas mostraram associação de risco de óbito com a idade, com o PS ECOG, e com estadio avançado. Marcadores moleculares somáticos e ou germinativos foram avaliados em 49,2% da amostra. CONCLUSÃO. Esse estudo retrospectivo traz uma análise global das características clínicas, patológicas e moleculares, com uma ampla avaliação dos tratamentos empregados em todas as fases e diversas modalidades, e correlaciona as variáveis com SG e SLP, com o retrato de uma população específica. 

Palavras-chaves: Câncer de Pâncreas, Perfil epidemiológico, Sobrevida

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Dissertação avalia a função prognóstica da citometria de fluxo na Leucemia Mieloide Aguda.

Autoria: Marianna Batista Vieira Lima
Orientação: Eugênia Terra Granado Pina
Título da dissertação: “AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA DO PERFIL DE MARCAÇÃO IMUNOFENOTÍPICA DE PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA, AO DIAGNÓSTICO, TRATADOS EM UMA UNIDADE DE ASSISTÊNCIA ONCOHEMATOLÓGICA NO ESTADO DA BAHIA”.
Programa: Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional
Data de defesa: 30/11/2022
Horário: 14h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 885 1284 0699
Senha de acesso: marianna

Resumo

INTRODUÇÃO: A imunofenotipagem por citometria de fluxo desempenha um papel importante no diagnóstico, classificação e acompanhamento das Leucemias Mielóides Agudas (LMA). A sua utilização com finalidade prognóstica ainda é algo controverso, apesar de já ter sido identificado perfis imunofenotípicos específicos associados a alterações citogenéticas e moleculares subjacentes. OBJETIVO: Este trabalho teve como objetivo principal avaliar a função prognóstica da citometria de fluxo, através da análise de associação das marcações imunofenotípicas com características clínico-demográficas; laboratoriais; taxas de resposta; sobrevida livre de doença e sobrevida global, de pacientes adultos com LMA. MATERIAIS E MÉTODOS: Foram analisados retrospectivamente 102 casos de LMA diagnosticados, em um dos centros de referência para o tratamento das Leucemias Agudas, no Estado da Bahia, no período de 2015-2021. RESULTADO: Os pacientes submetidos a terapia quimioterápica intensiva, apresentaram taxas de resposta completa (70,6%) e taxa de sobrevida global (SG) em 5 anos (36,5%) semelhantes aos desfechos clínicos reportado na literatura. Foi observado uma frequência elevada de fenótipos aberrantes em torno de 71,6%. Dentre os antígenos anômalos expressos, o mais frequente foi o CD7 (52,6%), seguido pelo o CD19 (12,2%). Avaliando pacientes submetidos à quimioterapia intensiva, a expressão positiva do CD7 foi associada a uma probabilidade aumentada de recidiva e refratariedade, assim como redução significativa da sobrevida livre de doença. Por outro lado, a expressão positiva do MPO foi associada de forma significativa a uma maior taxa de resposta completa e maior sobrevida global. A coexpressão dos marcadores CD34pos/CD7pos foi associada com refratariedade/recidiva, enquanto CD7pos/CD56pos foi associada com baixa taxa de resposta completa. Enquanto, a co-expressão positiva dos 4 marcadores pan-mieloides CD13/CD33/CD117/MPO foi associada a uma maior frequência de resposta completa. CONCLUSÕES: Este estudo confirma a associação de alguns importantes marcadores imunofenotípicos com a resposta terapêutica e desfecho de pacientes com LMA, indicando a relevância da utilização da imunofenotipagem na definição de prognóstico. Além disso, foi observado taxas de resposta e sobrevida consistentes com as já reportadas na literatura. Para confirmar alguns achados e avaliar as correlações entre alterações citogenéticas ou moleculares com perfis imunofenotípicos e sua associação prognóstica, será necessário avaliar um número maior de pacientes Palavras-chaves : Leucemia mieloide aguda. Fatores prognósticos. Citometria de fluxo. Imunofenotipagem . Marcadores antigênicos .

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Pesquisadores participam de eventos internacionais sobre medicina personalizada

Com o objetivo de incentivar a colaboração internacional e desenvolver a pesquisa no âmbito da medicina personalizada, o projeto internacional EULAC PerMed realizou, nos dias 15 a 18 de novembro, dois eventos que reuniram pesquisadores da área, na Cidade do Panamá. A Fiocruz é uma das instituições participantes deste projeto, representada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral Netto.

Participaram a pesquisadora Clarissa Gurgel, os doutorandos da Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia), Leonardo Siquara e Bruno Cavalcante, e a assessora de Cooperação Internacional, Flávia Paixão, da Fiocruz Bahia. Os pesquisadores Patricia Shigunov e Mateus Aoki, da Fiocruz Paraná, também estiveram presentes. A Fiocruz convidou o pesquisador Rodrigo Santa Cruz Guindalini, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), e Alexandre Biasi, diretor de Educação e Pesquisa da Associação HCor, para ministrarem palestras no evento.

Manoel Barral-Netto que, juntamente com Flávia Paixão, representa a Fiocruz (única instituição do Brasil na coordenação deste projeto), faz uma reflexão sobre o uso da terminologia, considerando mais adequado a utilização do termo Saúde de Precisão ao que os europeus denominam como Medicina Personalizada. “As duas designações confluem para o uso de vários dados genômicos, ambientais, comportamentais etc. para melhorar a prevenção e cuidado da saúde. Na perspectiva da Fiocruz, este campo é um elemento importante no futuro da saúde e sua inserção no SUS, racionalmente planejada, é fundamental para garantir a equidade”, pontua.

O EULAC PerMed é um projeto com o objetivo de fortalecer os esforços pela implementação das práticas da medicina personalizada entre a Europa, a América Latina e o Caribe. A iniciativa foi implementada por meio de um projeto birregional entre 11 organizações de 10 países: Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Panamá, Espanha, Alemanha, Itália, França e Israel. Neste ano, o projeto organizou dois eventos, a 4ª edição da Escola de Verão dos estudos clínicos em medicina personalizada e um workshop técnico sobre testes clínicos conduzidos na área.

“Esta foi uma excelente oportunidade para conhecer outros pares de diferentes países da Europa e da América Latina que também estão nesse esforço de fomento da medicina personalizada”, afirma Clarissa Gurgel. A pesquisadora reitera que o evento representou para a delegação da Fiocruz Bahia uma chance de discutir a aplicação da área em relação a atuação do seu grupo de trabalho, voltado para a oncologia.

Leonardo Siquara participou pela primeira vez do evento. O discente afirmou que iniciativas de colaboração internacional como o EULAC fazem toda a diferença. “Nós trabalhamos com oncologia translacional na Fiocruz Bahia. Fico muito feliz em estar aqui e perceber como o trabalho que nós fazemos tem aplicabilidade, como ele pode chegar para o paciente. É muito emocionante ver o que está sendo feito e como a estamos contribuindo”.

Já Bruno Cavalcante participa pela segunda vez do EULAC. O doutorando comenta que o conteúdo do workshop era atualizado e pode ter aplicação direta no seu trabalho. “Também é importante ver como o Brasil tem se destacado em meio a América Latina. Nós estamos chamando a atenção e, mesmo em tantos desafios, temos assumido o protagonismo”, declara.

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Diretora da Fiocruz Bahia é homenageada em pré-congresso do 13º Abrasco

A diretora do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Marilda de Souza Gonçalves, foi uma das mulheres homenageadas no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, em evento que antecedeu as atividades do 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o Abrascão, que ocorre no Centro de Convenções Salvador. O congresso acontece entre os dias 19 e 24 de novembro e tem como tema “Saúde é democracia: diversidade, equidade e justiça social”.

Marilda Gonçalves foi reconhecida por sua trajetória como mulher negra, pesquisadora e diretora da Fiocruz Bahia, durante a reunião “Cidacs: ciência, tecnologia e inovação na avaliação de políticas públicas e no fortalecimento do sistema único de saúde”, organizada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos (Cidacs/Fiocruz Bahia). A homenagem foi entregue por Maurício Barreto, coordenador do Cidacs e presidente de honra do evento; Rosana Onocko Campos, presidente da Abrasco, e Isabela Cardoso Pinto, presidente do Abrascão 2022.

Para mim foi uma grande honra receber esta homenagem em um evento tão importante para a saúde pública brasileira, o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Eu agradeço e dedico esta homenagem a população negra brasileira, que necessita de um olhar humanizado, com políticas e cuidados efetivos para a saúde, educação e bem-estar social. Nós precisamos transformar o futuro das crianças e de suas famílias, para que tenham acesso digno e adequado ao trabalho, moradia, saúde e alimentação, com uma vida sem desigualdades sociais, amparada pela justiça em reconhecimento a atuação histórica que tivemos na construção da sociedade brasileira.

A homenageada

Marilda de Souza Gonçalves possui graduação em Farmácia Bioquímica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mestrado em Genética e Biologia Molecular e Doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Campinas, com doutorado Sanduíche na Medical College of Georgia (EUA). Fez pós-doutorado na Universidade da Pensilvânia (EUA). Atualmente, é Pesquisadora Titular e Diretora da Fiocruz Bahia, professora Titular da Faculdade de Farmácia da UFBA e pesquisadora de produtividade em pesquisa do CNPq.

Na pós-graduação, ensina nos cursos de Farmácia da Faculdade de Farmácia da UFBA; de Patologia da Faculdade de Medicina da UFBA realizado em Ampla Associação com a Fiocruz Bahia; de Biotecnologia e Medicina Investigativa da Fiocruz Bahia; e de Imunologia do Instituto de Ciências da Saúde da UFBA. Possui experiência na área de Hematologia e Genética, com ênfase em Biologia Molecular, atuando na área de interação da genética com marcadores hematológicos, bioquímicos e imunológicos, principalmente nos seguintes temas: doença falciforme, hemoglobina fetal, anemias, leucemias e saúde materno-fetal.

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Fiocruz Bahia promove evento em celebração ao Novembro Negro 

Com o tema “Novembro Negro: Consciência, Equidade e Diversidade” a Fiocruz Bahia promoveu um seminário para marcar o mês em que se celebra o Dia da Consciência Negra (20 de novembro). Realizado pelo Núcleo Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz Bahia, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc), o evento ocorreu na última quinta-feira (17/11), e contou com palestras e um momento cultural.  

Abrangendo assuntos diversos, o dia teve palestras ministradas pela diretora da instituição, Marilda Gonçalves, pela professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Denize Ribeiro, e pela professora de Sociologia e diretora de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis do Instituto Federal da Bahia (IFBA) Marcilene Garcia. A mediação das apresentações ficou por conta do coordenador da Gestão da Comunicação e Divulgação Científica da Fiocruz Bahia, Antonio Brotas.  

Como a primeira cientista negra eleita para a diretoria do instituto, em 65 anos de história, Marilda Gonçalves conhece os obstáculos que enfrentou, mas reitera a importância de ter ocupado o cargo. “É uma carreira difícil, mas, de alguma forma, nós temos que quebrar essas barreiras. Quero que as mulheres negras tenham essa perseverança, e que não desistam dos seus sonhos”.  

“Precisamos fazer essa discussão em nossa instituição, principalmente estando na Bahia, que é uma federação com forte origem africana. Nós temos ainda um número muito reduzido de pessoas afrodescendentes dentro do instituto. Essa participação da população negra tem que ser ampliada”, reconhece. 

A responsabilidade social das instituições brasileiras foi reforçada por Denize Ribeiro. A professora recordou que as dificuldades enfrentadas por Marilda Gonçalves e outras pessoas negras em espaços institucionais são classificadas como racismo institucional. “Fazer pesquisa, fazer ciência no Brasil também é passar por vários níveis de racismo institucional, desde o acesso às universidades, até o acesso a pós-graduação e às bolsas. As instituições têm um trabalho muito grande de abrir suas portas para que essa comunidade também possa acessar esse espaço”, considera.  

Refletindo sobre o tema da saúde da população negra, a pesquisadora considera importante pensar no impacto do racismo sobre a saúde. “Para nós, mulheres negras, essa posição que ocupamos em uma sociedade racista pesa na nossa vida. Falar sobre saúde da população negra é falar sobre os impactos do racismo na qualidade de vida da população negra. A existência de uma sociedade racista faz com que uma mulher negra perambule seis vezes mais atrás de atendimento em maternidades do que as mulheres brancas”, afirma, citando dados de uma pesquisa da Fiocruz.  

“É preciso que nós pensemos nas razões que levam uma instituição de 65 anos a ter, pela primeira vez, uma mulher negra como diretora. Quais foram os obstáculos que impediram outras mulheres negras de estarem nesse lugar? Precisamos fazer essa reflexão o ano inteiro, não somente em novembro, e não compete apenas aos negros e negras fazerem isso”, declara Denize.  

A professora Marcilene Garcia abordou a temática das Ações Afirmativas em sua fala, reiterando o papel dessas ações, como a lei de cotas, para contornar as desigualdades que afetam os negros brasileiros. “Estamos falando de políticas para promover igualdade de oportunidades. Por isso as Ações Afirmativas, por meio das cotas, são extremamente importantes. Elas são revolucionárias”, assegura.  

“A valorização da sociedade é fundamental para a ciência. Precisamos de gente nova. A possibilidade de que negros acessem mais a universidade, principalmente na área da saúde, possibilitou maiores avanços para a saúde da população negra”. De acordo com Garcia, é preciso contornar a ideia de meritocracia e mudar a imagem que as instituições projetam para a população. 

“A mudança, sobretudo as institucionais, tem a ver com responsabilidade pública. Responsabilidade da administração pública, mas também de seus gestores e gestoras. A história que temos é de pactuação desses gestores com a manutenção do status quo. Mas não podemos passar décadas e mais décadas excluindo a população negra. Somos o foco das pesquisas, mas não usufruímos delas, não temos acesso às tecnologias”.  

Momento cultural 

O nosso objetivo foi celebrar o novembro negro, viabilizar pautas pertinentes a nossa causa”, conta a presidente do Comitê Pró-Equidade Lorena Magalhães, uma das organizadoras do Novembro Negro no instituto. “Entretanto, acho importante, que essas discussões permaneçam durante todo o ano e não somente em novembro”. 

Para celebrar a cultura negra no país, o evento contou com um momento cultural do evento, com uma feira de microempreendedores, oficina de turbantes e produção de penteados com tranças, e a degustação de acarajé e de cocada. A empreendedora Fabiana Pontes, CEO da Ouromim Ancestralidade Afro Brasileira, foi uma das expositoras, levando para a Fiocruz Bahia semijoias inspiradas nos Orixás.  

“Estou muito feliz por participar desse evento na Fiocruz Bahia. Nossa meta é a partir da nossa historicidade entender que temos potencial suficiente para ocupar qualquer espaço. É muito importante estarmos aqui dialogando acerca do que o empreendimento representa para a gente. É como se fosse um gatilho para a identificação”, julga Fabiana. 

A servidora do setor administrativo, Rafaela Correia, enfeitou seus cabelos com as tranças nagô que estavam sendo elaboradas pelas trancistas convidadas. Ela ressaltou a importância do evento. “Acho o evento massa porque valoriza nossa cultura negra e a diversidade do nosso país. Eu como uma mulher negra me sinto orgulhosa de ter um evento desse porte aqui no Instituto”.  

Priscila Dias, secretária do Setor de Gestão do Trabalho e também uma mulher negra, ressalta a importância de o evento ter sido idealizado por pessoas negras. “Foi muito bonito podermos apresentar elementos da cultura africana”, diz.  

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Estudo analisa surtos da Covid-19 em embarcações ancoradas na Baía de Todos os Santos

Um estudo, liderado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador em colaboração com o pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Sousa Ribeiro, investigou surtos da Covid-19 ocorridos entre a tripulação de embarcações ancoradas na área de quarentena da Baía de Todos os Santos. O trabalho de investigação também contou com a parceria dos técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos Laboratórios Centrais do Município e do Estado da Bahia (Lacens).

Considerando que o setor marítimo foi mais um dos afetados pela pandemia do coronavírus e que a maioria dos relatos publicados referem-se a surtos ocorridos em navios de cruzeiro, a pesquisa teve como objetivo relatar os casos ocorridos em embarcações que não eram cruzeiros e discutir medidas de prevenção e controle da transmissão do SARS-COV-2. Estudos como este podem colaborar para melhores estratégias de enfrentamento de surtos e epidemias no referido setor.  

Os surtos investigados ocorreram em oito embarcações e as tripulações variaram entre 22 e 63 membros. Dentre os resultados obtidos, foi possível identificar que a taxa de ataque (risco de infecção pelo SARS-CoV-2 entre os tripulantes) variou de 9,7% a 88,9% entre os surtos ocorridos em cada embarcação e que o risco de apresentar sintomas da doença também foi distinto entre a tripulação de cada embarcação (0% a 91.6%). Outros achados que merecem destaque foi que o risco de desenvolver sinais e sintomas da Covid-19 foi menor nos tripulantes vacinados e que 3 variantes do vírus SARS-CoV-2 que ainda não circulavam em Salvador foram identificadas (variantes: C.14, B.1.617.2 e B.1.351).  

Em 2021, as vacinas contra Covid-19 foram introduzidas e ainda estavam em processo de distribuição entre os países. Nos primeiros quatro navios ancorados nenhum membro da tripulação ainda havia sido vacinado e suas tripulações apresentaram as maiores taxas de infecções sintomáticas. As últimas quatro embarcações, ancoradas em maio, julho, agosto e novembro, apresentaram taxas de cobertura vacinal de 3,7%, 40,7%, 80,6% e 58,3%, respectivamente. A menor taxa de infecção sintomática e de contágio foi encontrada entre a população da embarcação ancorada em agosto, que possuía a maior cobertura vacinal.

Os pesquisadores estimam que a vacinação prévia com pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19 teve uma eficácia global de cerca de 80% na prevenção do desenvolvimento da doença entre os infectados. Esses resultados mostram que a garantia do esquema vacinal completo das tripulações antes do embarque, principalmente entre os membros provenientes de países com baixa cobertura vacinal, pode ser uma forte política de contenção de surtos em embarcações. Apesar deste dado reforçar a importância da vacinação, os autores apontam para as limitações do estudo, que não tinha como objetivo principal avaliar a eficácia das vacinas.

Entre as conclusões da investigação, é salientado a importância para o segmento marítimo do empenho conjunto entre as autoridades de saúde e a tripulação para a prevenção e controle de surtos em embarcações, que são ambientes cujos espaços restritos favorecem a propagação de doenças transmissíveis como a Covid-19. Esse esforço será sempre necessário para reduzir a transmissão do SARS-CoV-2 dentro de embarcações  e para conter a disseminação do vírus para cidades portuárias como Salvador.

O estudo, publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, também ressalta a importância das parcerias entre as instituições de ensino e pesquisa e as instituições públicas de saúde para a ampliação dos conhecimentos e enfrentamento das doenças emergentes no âmbito da saúde coletiva. 

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Tese investiga biomarcadores diagnósticos e prognósticos da SIRI em pacientes com tuberculose e HIV-1

Autoria: Rafael Teixeira Tibúrcio dos Santos
Orientação: Bruno de Bezerril Andrade
Título da dissertação: “Identificação de biomarcadores diagnósticos e prognósticos da síndrome inflamatória da reconstituição imune associada à tuberculose em pacientes coinfectados com HIV-1”
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 20/12/2022
Horário: 14h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 873 9090 9474
Senha de acesso: defesa

Resumo

INTRODUÇÃO: A síndrome inflamatória de reconstituição imune associada à tuberculose (TB-SIRI) é um agravamento clínico dos sintomas de tuberculose observados em uma fração de pacientes coinfectados com HIV logo após o início da terapia antirretroviral (TARV). É bem conhecido que a TBIRIS ocorre em função de inflamação exacerbada e dano tecidual em resposta à produção elevada de IFN-γ derivado de células T CD4+ . Concomitante a reconstituição linfócitaria, diversas alterações em diferentes camadas de organização biológicas são alteradas e dão suporte ao fenômenos patológicos associados a SIRI. Sabe-se que perturbações metabólicas subjacentes às alterações qualitativas das funções de diversas células imunológicas culminam na exacerbação da inflamação sistêmica e hiperativação celular. Além disso, vários estudos destacam o papel das células imunes adaptativas na patogênese da IRIS, mas até que ponto a ativação dos linfócitos T contribui para o desenvolvimento da SIRI ainda precisa ser esclarecido. OBJETIVO: Caracterizar a ativação e perfil de memória de linfócitos T CD4+ e CD8+ em indivíduos TB coinfectados com HIV mediante ao início do tratamento antirretroviral (TARV). Juntou-se a essa tese outro manuscrito que investigou a aplicação de técnicas de multi-ômicas para a bioprospecção de marcadores associados a TB-SIRI. MÉTODOS: Este foi um estudo retrospectivo de pacientes TB-HIV do sul da Índia antes e semanas após o início do TARV, em que houve a caracterização fenotípica dos linfócitos e determinação do grau de inflamação sistêmicas nestes pacientes. RESULTADOS: Observamos que a SIRI está relacionada com alterações no metabolismo de aminoácidos e lipídios. Tais vias metabólicas foram correlacionadas com mediadores pro-inflamatórios elevados durante a SIRI. O segundo manuscrito desta tese revelou que pacientes que desenvolveram SIRI possuíam uma linfopenia de células T CD4+ acentuada antes do início da TARV e possuíam elevadas frequências de células T CD8+ . Além disso, os episódios de IRIS foram associados às disfunções da dinâmica de ativação linfocitária, com elevação de linfócitos T CD4+ HLA-DR+ e células T CD4+ e CD8+ expressando granzima B. Desenvolvemos modelos baseados em algoritmos de aprendizado de máquinas que foram capazes de predizer e diagnosticar IRIS levando em consideração as frequências de linfócitos expressando moléculas associadas a ativação celular. No terceiro manuscrito, observamos que a reconstituição do compartimento de células T CD8+ de memória é predominada por células de memória efetora em pacientes que desenvolvem SIRI. Por sua vez, a magnitude da variação das frequências dessas células esta correlacionada positivamente com as abundancias de citocinas pro-inflamatórias. Em pacientes que manifestaram SIRI associada a TB, ocorre retenção de células T CD8+ expressando CXCR3 em sítios persistentemente inflamados e a frequência destas células foi capaz de distinguir os pacientes com grande acurácia. CONCLUSÃO: Os dados apresentados nesta tese ratificam o papel da ativação linfocitária na imunopatogênese da SIRI, sendo que os subconjuntos destas células e o perfil de alteração metabólicas são capazes de diagnosticar ou predizer a manifestação desta síndrome. Palavras-chave: SIRI, linfócitos T, inflamação sistêmica, ativação celular, metabolismo celular

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Dissertação avalia desempenho do método POC-CCA no diagnóstico da esquistossomose

Autoria: Lee Senhorinha de Almeida Andrade
Orientação: Mitermayer Galvão dos Reis
Título da dissertação: “VALIDAÇÃO DO MÉTODO POC-CCA PARA O DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO POR SCHISTOSOMA MANSONI EM UMA ÁREA URBANA”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 05/12/2022
Horário: 14h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 822 5856 6062
Senha de acesso: 164357

Resumo

INTRODUÇÃO: A esquistossomose é uma doença parasitária causada por espécies do gênero Schistosoma. O método diagnóstico mais utilizado no Brasil apresenta baixa sensibilidade em áreas de baixa endemicidade e intensidade de infecção. O POC-CCA é um teste rápido que identifica um importante biomarcador na urina de pacientes infectados pelo Schistosoma mansoni e possibilita a testagem fora do ambiente laboratorial. OBJETIVO: Avaliar o desempenho do método POC-CCA no diagnóstico da esquistossomose em uma área urbana. MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado na cidade de Itaquara nos bairros que não possuíam histórico de tratamento recente para esquistossomose e trata-se de um estudo de corte transversal. Foram incluídos indivíduos do ambos os sexos, residentes da cidade de Itaquara, com idade igual ou maior que 2 anos. Não foram incluídos aqueles indivíduos que tivessem realizado tratamento recente para esquistossomose. Foram coletadas amostras de fezes e urina, que foram utilizadas para o processamento pelos métodos Kato-Katz, Helmintex e POC-CCA. O desempenho dos métodos foi avaliado através de medidas de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e acurácia utilizando como diagnóstico de referência os resultados combinados dos métodos Kato-Katz e Helmintex. O coeficiente Kappa também foi calculado para avaliar a concordância entre os testes. RESULTADOS: Considerando os resultados combinados dos métodos Kato-Katz e Helmintex, 51/289 indivíduos foram identificados como positivos e a prevalência para esquistossomose no presente estudo foi de 18%. As prevalências encontradas com o método POC-CCA foram de 44% e 12% quando os resultados traço são considerados como positivos e negativos,
respectivamente. Considerando os resultados traços como positivos, a sensibilidade encontrada foi de 80%, especificidade 64%, VPP 32%, VPN 94% e acurácia de 67%. E com os resultados traço sendo considerados como negativos, a sensibilidade foi 23%, especificidade 90%, VPP 33%, VPN 85% e acurácia de 78%. O resultado do Kappa foi de 0,28 e 0,15 para os resultados do método POC-CCA com o traço sendo considerado positivo e negativo, respectivamente. Também foi avaliado a influência dos fatores confundidores do diagnóstico nos resultados e a frequência destes fatores foi maior nos casos falsos positivos com traço como positivo, principalmente participantes com infecção urinária e diabetes. CONCLUSÕES: O desempenho do método POC-CCA não apresentou o bom desempenho apresentado nos países africanos. A maior parte dos indivíduos com ovos nas fezes tiveram resultado traço no método
POC-CCA, o que torna a avaliação de desempenho do método de acordo com a utilização dos resultados tidos como traço muito discrepante. Quando os resultados traço foram considerados positivos houve maior frequência dos fatores confundidores investigados, principalmente diabetes e infecção urinária. O desenvolvimento de mais estudos para esclarecer os mecanismos que levam a ocorrência de reações cruzadas e a forma de solucioná-las tornam-se necessários. Tendo em vista que o método POC-CCA tem uma baixa sensibilidade e acurácia, entendemos que este não pode ser recomendado para uso no diagnóstico individual tampouco para inquéritos epidemiológicos de vigilância.
Palavras-chave: Esquistossomose, POC-CCA, Kato-Katz

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Caracterização da expressão de VCAN em câncer de mama é tema de dissertação

Autoria: Marília Sampaio Lemos Costa
Orientação: Karine Araújo Damasceno
Título da dissertação: “CARACTERIZAÇÃO DA EXPRESSÃO DE VERSICAN E SEU PROTEÓLITONOS SUBTIPOS MOLECULARES DE CÂNCER DE MAMA”.
Programa: Pós-Graduação em Pesquisa Clínicae Translacional
Data de defesa: 21/11/2022
Horário: 09h00
Local: Sala do Zoom
ID da reunião: 816 9953 5097
Senha de acesso: marilia

Resumo

A desregulação da matriz extracelular tem sido alvo de estudos para identificação de novos biomarcadores que estejam associados na carcinogênese. Nesse contexto, o versican (VCAN) tem sido estudado e associado com aumento de recidiva em pacientes com câncer de mama. No entanto, a literatura é escassa e não se estabeleceu correlação entre sua expressão e fatores prognósticos conhecidos. Em modelos experimentais observou-se que o produto da proteólise de VCAN, denominada versikina (VKINA), está correlacionada a infiltração tumoral de linfócito TCD8+. No câncer de mama, não há dados sobre sua expressão e correlação com infiltrado linfocitário (TILs), que é fator prognóstico e preditivo conhecido. O presente estudo investigou a expressão deste proteoglicano e seu proteólito nos subtipos moleculares de carcinomas de mama e buscou estabelecer correlação fatores clínico-patológicos e desfechos oncológicos. OBJETIVO: Avaliar a expressão e correlação de VCAN e VKINA com subtipos moleculares, com fatores clínico patológicos e desfechos de sobrevida em câncer de mama. MÉTODOS: Este estudo de coorte retrospectiva foi composto por pacientes diagnosticadas com câncer de mama invasivo de tipo não especial, submetidas a tratamento cirúrgico primário, acompanhadas em clínica privada, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2020. Foram coletados dados clínicos, patológicos e de tratamento. Foi realizado avaliação anatomopatológica e imuno-histoquímica (versican, versikina, CD4 e CD8) dos casos selecionados, sob técnica específica. Os valores de escore de VCAN e VKINA foram divididos em 3 categorias (baixa, intermediária e alta) para verificar seu comportamento nos subtipos moleculares. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da FIOCRUZ/ CPqGM. A voluntariedade na participação se fez mediante a assinatura do TCLE. RESULTADOS: Setenta e duas pacientes foram elegíveis para participar do estudo. A idade média foi 59 anos. O estadiamento patológico mais frequente foi o I (48,6%). O subtipo luminal foi o mais comum (68,1%), seguida do HER2 (19,4%) e triplo negativo (12,5%). Na análise imuno-histoquímica, a expressão de VCAN revelou-se aumentado em todos os casos de câncer de mama. O escore final de VCAN foi maior nos subgrupos tumorais em relação ao grupo controle, especialmente os subtipos luminal e HER-2, com significância estatística. Na comparação entre as categorias de expressão do VCAN e as características clínicas e anatomopatológicas não foram identificadas associações significantes. Quanto a análise de VKINA, verificou-se diferença com significância estatística na expressão de CD8+ entre os escores categorizados de VKINA, sendo que o grupo com escore de VKINA superior ou igual a 142,5 apresentou maior infiltrado de CD8+ quando comparado ao VKINA inferior a 37,5. Contudo, VCAN e seu proteólito VKINA não apresentaram correlação com TILs, sobrevida global e sobrevida livre de recorrência. Conclusão: VCAN encontra-se superexpresso nas amostras de câncer de mama avaliadas comparadas as mamas normais, no entanto não foram observadas diferenças entre os subtipos moleculares. Além disso, os casos que apresentaram maior expressão de VKINA foram correlacionados a maior infiltrado de células CD8+, sugerindo um possível papel imunomodulador deste proteólito. Palavras – Chave: versican; verskina; matriz extracelular; câncer de mama.

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Projeto da Fiocruz é finalista do desafio Solve MIT 2022

Por Isabela Schincariol

O projeto Painel da Atenção Primária à Saúde da Fiocruz é um dos 12 finalistas entre 315 soluções concorrentes do Programa Solve MIT (Massachusetts Institute of Technology), oferecido em colaboração com a Fundação Bill & Melinda Gates. A iniciativa global anual busca soluções promissoras para resolver desafios mundiais prementes, e é a primeira vez que um time brasileiro na área da saúde é selecionado. O Painel Fiocruz foi selecionado na categoria “Desafio: Novos métodos para a melhoria de desempenho da APS”. O resultado final será divulgado ainda no mês de novembro. 

+Conheça aqui o Painel da Atenção Primária à Saúde da Fiocruz 

A pergunta balizadora da edição foi: Como usar métodos não convencionais para medir a melhoria do desempenho da atenção primária à saúde em países de baixa e média renda? A Fiocruz concorreu com a solução “Painel Saúde Fiocruz”, um software que fornece um dashboard com as informações que os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) precisam para melhor organizar o agendamento e priorização dos atendimentos.

O desenvolvimento deste software livre contou com a colaboração de profissionais do Campus Virtual Fiocruz e está depositado em nosso repositório Educare como um recurso educacional aberto (REA). O coordenador da iniciativa é o pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde, ligado ao Instituto Gonçalo Moniz (Cidacs/Fiocruz Bahia), Vinícius Oliveira. O desenvolvimento do software e a pesquisa de campo foram parcialmente executados como atividade do Projeto Monitoramento e Avaliação das ações estratégicas dos Programas de Provimento e Formação em Saúde do Ministério da Saúde (TED 09/2018) com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde. 

Painel Saúde Fiocruz

Raramente os profissionais de saúde têm à mão uma planilha organizada para a visão consolidada e clara sobre seu atendimento diário na prestação de cuidados continuados à população a que se destinam. Pensando em facilitar e potencializar o acompanhamento cotidiano sobre o que está acontecendo com essa população pela qual são responsáveis, os pesquisadores desenvolveram uma solução para integrar tais informações e oferecer um feedback diário a esses profissionais. 

Para a coautora do software e coordenadora de pesquisa do projeto (experiência do usuário e tradução do conhecimento), Renata David, tanto os profissionais de saúde como os gestores enfrentam enormes obstáculos na priorização da logística de recursos, o que prejudica a integração, a coordenação e a continuidade longitudinal do cuidado, fragilizando a sua qualidade. 

“Uma mulher grávida pode faltar a uma consulta ou esquecer de levar os resultados do teste de sífilis ou HIV na consulta de rotina. Um homem idoso com hipertensão e diabetes pode interromper seu acompanhamento mensal, o que favorece a descontinuidade do tratamento, o surgimento de agravos e aumento de morbidade. Tais exemplos representam desafios diários para os profissionais de saúde da linha de frente, bem como para os formuladores de políticas no planejamento de intervenções individuais e comunitárias que possam melhorar a saúde das populações”, justificou ela. 

Durante alguns anos, Renata — que é fisioterapeuta e pesquisadora em saúde pública — trabalhou na Atenção Primária à Saúde e vivenciou na prática as dificuldades e estratégias utilizadas pelos profissionais para acompanhar o que está acontecendo com toda a população que assiste, como, por exemplo, os tradicionais caderninhos de anotação. “Geralmente, as informações não são integradas e acessíveis, mas essa realidade pode ser mudada se eles puderem ver os dados que produzem apresentados em um formato amigável, projetado para apoiar a tomada de decisões e melhorar a qualidade dos cuidados de saúde”, explicou ela, apontando ainda que com esse software os profissionais da ponta e gestores podem “analisar e entender melhor quais de seus pacientes precisam de mais atenção e o ponto do cuidado em saúde que foi perdido: uma visita, um exame laboratorial, um medicamento ou apenas um acompanhamento de rotina. 

Painel Saúde Fiocruz: aplicação e funcionamento adaptados às necessidades locais 

O Painel oferece feedback de desempenho para profissionais de saúde na APS usando dados locais, e conecta-se aos arquivos e bancos de dados locais para extrair essas informações e entregá-las de forma fácil de usar e que faça sentido para os profissionais e gestores de saúde. O coordenador do projeto, Vinícius Oliveira, enfatizou que toda equipe ou secretaria de saúde interessada pode implementar essa solução, que “tem potencial de aplicação em todo Brasil, em qualquer um de seus mais de cinco mil municípios”. 

“O dashboard acessa informações que já estão nos computadores nos quais eles trabalham diariamente registrando os atendimentos – apenas não estavam tão acessíveis para eles mesmos antes. O painel pode ser executado em computadores Windows ou Linux criando um ambiente local de ciência de dados baseado em Python, Pandas e Flask, podendo, assim, ser facilmente adaptado a outros cenários por cientistas de dados locais. Os painéis também são pré-renderizados e têm design profissional para serem visualmente atraentes e amigáveis, responsivos e entregar dados instantaneamente. Outro ponto relevante é que a iniciativa foi testada para avaliar seu funcionamento em computadores antigos, com pouca ou nenhuma conectividade com a internet, em cidades de diferentes portes. É uma abordagem inovadora que combina dados específicos para a melhoria da qualidade das informações do sistema nacional de saúde”, detalhou. 

O processo de concepção e validação do software foi resultado de dois anos de entrevistas, visitas de campo e testes de usabilidade juntamente com profissionais da APS, gestores e autoridades locais de saúde. Foram estudadas e testadas quatro cidades de diferentes portes populacionais, de regiões do Brasil distintas e com diversidade de cenários de informatização: apenas registros em papel, executando o RES padrão fornecido pelo Ministério da Saúde (MS), e executando soluções proprietárias, ou ainda uma mistura entre eles.

“O software tem se mostrado mais proveitoso e completo do que os métodos atualmente existentes ou utilizados, pois lança mão de informações que são frequentemente descartadas ou enviadas ao MS para nunca mais retornar ao nível local”, enfatizou Vinícius, apontando ainda que a solução submetida ao Solve MIT transforma dados diversos em informações sobre a continuidade do cuidado, vinculando diversos tipos de registros: cadastro familiar e habitacional, anotações de ACS e relatórios de visitas, consultas médicas, fichas de enfermagem, consultas odontológicas, ações educativas em saúde coletiva, entre outras iniciativas. “O elo é o paciente e sua família, o foco é o histórico de saúde. Assim buscamos aqueles que faltaram a consultas importantes ou ainda não ingressaram em grupos operacionais organizados para prevenção e promoção da saúde. A missão é não deixar ninguém para trás”. 

O MIT Solve – Novel measurement for performance improvement Challenge

MIT Solve, em colaboração com a Fundação Bill & Melinda Gates, procurou soluções que ofereçam novas maneiras de medir a melhoria do desempenho da Atenção Primária à Saúde em países de baixa e média renda. A premissa é que a APS é uma pedra angular dos sistemas de saúde em todo o mundo. Portanto, a maioria das necessidades de saúde de uma pessoa – física, mental e social – são atendidas nessa esfera, pois em seu escopo atende não apenas aos indivíduos e famílias, mas também ao bem-estar geral das comunidades e suas populações.

Apesar de seu papel fundamental nas comunidades, a atenção primária à saúde continua fora do alcance de milhões de pessoas, principalmente em países de baixa e média renda. Barreiras como alto custo, falta de acesso, disponibilidade insuficiente e qualidade inconsistente do atendimento impedem as pessoas de viver vidas saudáveis ​​e produtivas. Além disso, melhorias nessa área já estão acontecendo de forma transformacional: as pessoas estão vivendo mais; o financiamento e os incentivos para cuidados de alta qualidade estão aumentando; treinamento e desenvolvimento para profissionais de saúde tem foco renovado; e o acesso a cuidados de saúde preventivos e imunizações estão melhorando os resultados de saúde dos pacientes.

Para tanto, o desafio deste ano buscou métodos novos e aprimorados que empreguem fontes de dados não convencionais ou proxy para informar a melhoria do desempenho da atenção primária à saúde; forneçam métodos de medição aprimorados de baixo custo, adequados à finalidade, compartilháveis ​​entre sistemas de informação e simplificados para coletores de dados; aproveite os sistemas, redes e fluxos de trabalho existentes para agilizar a coleta e interpretação de dados para dar suporte ao uso significativo de dados de cuidados primários de saúde; forneça insights acionáveis, responsáveis ​​e acessíveis para prestadores de serviços de saúde, administradores e/ou financiadores que podem ser usados ​​para otimizar o desempenho da atenção primária à saúde; e equilibre a oportunidade de os profissionais de saúde da linha de frente participarem dos esforços de melhoria de desempenho com sua principal responsabilidade como prestadores de cuidados.

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Predisposição a doenças renais pode ser identificada por testagem da mucosa bucal

A testagem genética dos alelos responsáveis pela predisposição de pacientes afrodescendentes às doenças renais é realizada através de uma amostra de sangue, que requer cuidados especiais para o transporte e armazenamento. Buscando uma alternativa ao uso de amostras de sangue, um estudo foi realizado para avaliar a utilidade de amostras de mucosa bucal coletadas pelo uso de “swab flocado” na definição de variantes genéticas relacionadas a predisposição a estas enfermidades. Essas amostras são mais fáceis de serem coletadas, transportadas e armazenadas.

O estudo, coordenado pelo pesquisador Geraldo Gileno de Sá Oliveira foi publicado no BMC Nephrology. No trabalho, foram comparadas amostras pareadas de mucosa bucal e de sangue de 23 pacientes. Os participantes tinham entre 15 e 62 anos, destes 19 (83%) eram do sexo feminino, e a maioria tinha diagnóstico de lupus eritematoso sistêmico ou glomeruloesclerose segmentar focal, doenças renais que podem resultar em síndrome nefrótica, com frequente progressão para insuficiência renal terminal. Cerca de 12 (52%) se autodeclaram negros; 10 (44%) pardos e 1 (4%) branco. Os alelos genotipados neste estudo foram G0 (selvagem), G1 e G2 do apolipoproteína A1 (codificados pelo gene APOL A1).

Os resultados mostraram sucesso na identificação dos alelos da APOL A1 em todas as amostras de células de mucosa bucal e de sangue, e concordância entre as amostras pareadas de células de mucosa bucal e de sangue, indicando que a obtenção de DNA de amostras de células de mucosa bucal através de “swab” pode ser usada para a genotipagem destes alelos.

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Dissertação avalia função prognóstica nas Leucemias Mielóides Agudas

Autoria: Marianna Batista Vieira Lima
Orientação: Eugênia Terra Granado Pina
Título da tese: “AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA DO PERFIL DE MARCAÇÃO IMUNOFENOTÍPICA DE PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA, AO DIAGNÓSTICO, TRATADOS EM UMA UNIDADE DE ASSISTÊNCIA ONCOHEMATOLÓGICA NO ESTADO DA BAHIA”.
Programa: Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional
Data de defesa: 30/11/2022
Horário: 14h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 885 1284 0699
Senha de acesso: marianna

Resumo

INTRODUÇÃO: A imunofenotipagem por citometria de fluxo desempenha um papel importante no diagnóstico, classificação e acompanhamento das Leucemias Mielóides Agudas (LMA). A sua utilização com finalidade prognóstica ainda é algo controverso, apesar de já ter sido identificado perfis imunofenotípicos específicos associados a alterações citogenéticas e moleculares subjacentes. OBJETIVO: Este trabalho teve como objetivo principal avaliar a função prognóstica da citometria de fluxo, através da análise de associação das marcações imunofenotípicas com características clínico-demográficas; laboratoriais; taxas de resposta; sobrevida livre de doença e sobrevida global, de pacientes adultos com LMA. MATERIAIS E MÉTODOS: Foram analisados retrospectivamente 102 casos de LMA diagnosticados, em um dos centros de referência para o tratamento das Leucemias Agudas, no Estado da Bahia, no período de 2015-2021. RESULTADO: Os pacientes submetidos a terapia quimioterápica intensiva, apresentaram taxas de resposta completa (70,6%) e taxa de sobrevida global (SG) em 5 anos (36,5%) semelhantes aos desfechos clínicos reportado na literatura. Foi observado uma frequência elevada de fenótipos aberrantes em torno de 71,6%. Dentre os antígenos anômalos expressos, o mais frequente foi o CD7 (52,6%), seguido pelo o CD19 (12,2%). Avaliando pacientes submetidos à quimioterapia intensiva, a expressão positiva do CD7 foi associada a uma probabilidade aumentada de recidiva e refratariedade, assim como redução significativa da sobrevida livre de doença. Por outro lado, a expressão positiva do MPO foi associada de forma significativa a uma maior taxa de resposta completa e maior sobrevida global. A co-expressão dos marcadores CD34pos/CD7pos foi associada com refratariedade/recidiva, enquanto CD7pos/CD56pos foi associada com baixa taxa de resposta completa. Enquanto, a co-expressão positiva dos 4 marcadores pan-mieloides CD13/CD33/CD117/MPO foi associada a uma maior frequência de resposta completa. CONCLUSÕES: Este estudo confirma a associação de alguns importantes marcadores imunofenotípicos com a resposta terapêutica e desfecho de pacientes com LMA, indicando a relevância da utilização da imunofenotipagem na definição de prognóstico. Além disso, foi observado taxas de resposta e sobrevida consistentes com as já reportadas na literatura. Para confirmar alguns achados e avaliar as correlações entre alterações citogenéticas ou moleculares com perfis imunofenotípicos e sua associação prognóstica, será necessário avaliar um número maior de pacientes Palavras-chaves: Leucemia mieloide aguda. Fatores prognósticos. Citometria de fluxoImunofenotipagem. Marcadores antigênicos.

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Pesquisadores analisam efeitos da Covid-19 longa em pretos e pardos 

Um estudo analisou a sintomatologia e o impacto da Covid-19 longa na qualidade de vida em indivíduos pretos e pardos atendidos em um centro de referência para sintomas Pós-Covid-19 do estado da Bahia, localizado no Hospital Especializado Octávio Mangabeira (HEOM), em Salvador. A Covid-19 longa ainda é pouco investigada e a maioria dos trabalhos existentes analisa a síndrome em populações da Europa e América do Norte.

Publicado no periódico PLOS ONE, o estudo é resultado de uma colaboração entre a Fiocruz e a equipe do Centro Pós-Covid, do HEOM. Tem entre os integrantes do trabalho os pesquisadores da Fiocruz Bahia, Viviane Boaventura, Natália Machado e Manoel Barral, e o aluno de Iniciação Científica da instituição Marcio Barreto, que está entre os primeiros autores.

Os cientistas avaliaram, entre agosto de 2020 e setembro de 2021, 1.164 pacientes diagnosticados com Covid-19 longa (entre os quais 57% eram mulheres, 88% pardos e pretos e 72,6% apresentavam no mínimo uma comorbidade, em sua maioria hipertensão ou obesidade). Para a coleta de dados foi desenvolvida uma estrutura de pesquisa criada por meio do software Research Electronic Data Capture (REDCap), com provedor centrado na Fiocruz Bahia. A pesquisa avaliou tanto casos de Covid-19 leve (sem internamento), como moderada (hospitalizados sem UTI) e grave (hospitalizados em UTI).

Os resultados apontaram que alguns pacientes com Covid-19 longa necessitaram hospitalização após a fase aguda. O estudo também destacou a alta frequência de casos de diabetes mellitus nesse grupo, incluindo indivíduos sem diagnóstico prévio da doença, uma observação importante já que a Covid-19 tem sido relacionada como um fator de risco para o desenvolvimento da diabetes.

Com relação aos índices de qualidade de vida, o bem-estar de 88,9% dos pacientes foi afetado, principalmente no que tange à ansiedade, depressão, dor e desconforto. Os sintomas residuais mais frequentes foram falta de ar (67,8%), fadiga (63,4%), perda de memória (54,5%), insônia (52,7%) e dor no peito (42,8%). Os cientistas perceberam que os sintomas manifestados se apresentaram independente da gravidade do quadro de Covid-19 desenvolvido pelo paciente. 

Mulheres apresentaram maior queixa de sintomas de fadiga e dor de cabeça. As pacientes que desenvolveram casos moderados e severos na fase aguda da infecção apresentaram maior proporção de sintomas envolvendo dor (muscular, de cabeça e no peito), do que homens. No entanto, não foram observadas maiores diferenças nos sintomas da Covid-19 longa entre grupos étnicos/raciais daqueles já constatados em estudos realizados na Ásia ou em populações brancas.  

Também foram analisados parâmetros laboratoriais, como taxas de glicemia, de hemoglobina (HbA1c), ureia, creatinina, entre outros. Apesar da medição de HbA1c ter sido realizada em apenas parte dos pacientes selecionados (664), o total de 64,1% destes exibiram níveis alterados de HbA1c, o que indica o diagnóstico da diabetes mellitus. Como 40% dos pacientes afirmam não ter recebido diagnóstico prévio da doença, os pesquisadores especularam que a alteração na HbA1c pode apontar para uma possível relação entre a infecção da Covid-19 e disfunções metabólicas. No entanto, salientam que pode ser consequência de não detecção prévia da diabetes.

Outro dado importante foi o entendimento de que a apresentação do quadro clínico da Covid-19 longa variou de acordo com o período pandêmico. Disfunções no paladar e olfato foram detectados mais frequentemente durante a circulação da variante ancestral do coronavírus do que durante o período de circulação das variantes Gamma e da Delta.

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Pesquisa aponta nova droga com potencial efeito antimalárico

Um estudo testou a eficácia de uma classe de medicamentos com potencial antimalárico. As pesquisas, lideradas pelo pesquisador Diogo Moreira, da Fiocruz Bahia, foram realizadas em colaboração com cientistas da Universidade da Cidade do Cabo (África do Sul) e da Universidade de São Paulo. O artigo foi publicado na ACS Infectious Diseases, revista que destaca a química e seu papel no campo multidisciplinar e colaborativo da pesquisa de doenças infecciosas.

Durante a infecção, o Plasmodium, causador da malária, ataca os glóbulos vermelhos e consegue ingerir em pouco tempo boa parte da hemoglobina, composta pelas proteínas heme e globina, cuja função mais importante é fixar o oxigênio para ser transportado pelo sangue. Ao ser infectada, a heme se torna tóxica, mas o Plasmodium consegue convertê-la numa substância cristalina inofensiva, a hemozoína, e bloquear sua ação no combate ao parasita.

A doutoranda do programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PGBSMI) da Fiocruz Bahia, Caroline Sousa, primeira autora do trabalho, destaca que neste estudo foram testados os pirido benzimidazóis (PBIs), que interferem no processo de infecção pelo protozoário Plasmodium e são estruturalmente diferentes dos antimaláricos de referência usados atualmente no tratamento da doença, como a cloroquina e amodiaquina. “Esse medicamento conseguiu mostrar, em teste in vitro, que é capaz de subverter esse catabolismo tóxico que ocorre na proteína heme e é mais eficaz em cepas resistentes aos medicamentos já utilizados”, explica.

Os testes in vivo foram feitos em camundongos infectados e foi observado que a atividade antiplasmodium dos PBIs é devido à sua capacidade de matar o parasita da malária em culturas de células e destes camundongos infectados. Esta propriedade é resultado da capacidade dos compostos de se acumular dentro das células do parasita e ainda promover a toxicidade da heme. Outro ponto importante notado no estudo foi o prolongamento da vida do camundongo com o tratamento feito com PBIs em comparação com os tratados com cloroquina, por exemplo.

Os experimentos com PBIs se mostraram mais potentes nas fases iniciais do ciclo de infecção, similar ao ocorrido nos medicamentos tradicionais. A eficiência é acompanhada de uma forte supressão da desintoxicação da heme in vivo e são propriedades altamente esperadas em medicamentos antimaláricos.

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Reunião marca início de projeto ÆSOP para a detecção de surtos com potencial pandêmico

Uma reunião técnica entre pesquisadores da Fiocruz Bahia, representantes da Fundação Rockefeller e professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), marcou o início do Projeto AESOP – Sistema de Alerta Precoce para Surtos com Potencial Epi-Pandêmico. O encontro ocorreu no Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS/Fiocruz Bahia), na quarta-feira (26/10), localizado no Parque Tecnológico da Bahia. O projeto visa desenvolver um sistema de detecção de risco de epidemias de doenças virais respiratórias em municípios brasileiros, com base em informações continuamente registradas em base de dados governamentais.

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, mencionou a importância do projeto para o país. “Tenho certeza que essa vigilância dos sistemas de saúde proporcionará um aprendizado muito grande, principalmente depois do que vivemos, em todo mundo, com a pandemia da Covid-19″, afirma. O coordenador do projeto, o pesquisador Manoel Barral-Netto, explicou que o conceito do projeto se baseia no monitoramento constante de dados da atenção primária de saúde, nacionalmente.

“A detecção inicial de sinal de aumento de casos numa localidade direciona a realização de uma caracterização molecular do patógeno e da associação com dados de fatores que pode favorecer uma disseminação rápida do surto, como informações sociodemográficas, climatológicas, da rede de transporte etc. na região afetada. Com todas estas informações serão desenvolvidos modelos capazes de predizer o risco de espalhamento rápido e avaliar quais as estratégias de enfrentamento que poderão ser mais efetivas”, explica.

Inicialmente, o sistema será focado em análise de contágio por vírus respiratórios, porém, uma vez desenvolvido o conceito, também poderá ser aplicado na prevenção de diversas outras enfermidades, como a dengue, que é transmitida por vetores. O projeto será realizado em conjunto com a Fundação Rockefeller num prazo previsto de três anos para o desenvolvimento e pleno funcionamento do sistema.

“Uma das razões pelas quais nós fizemos essa visita é por que acreditamos nesse projeto. Estamos muito envolvidos na cocriação de modelos de uso de dados”, partilhou Ana Bento, diretora científica da Iniciativa de Prevenção à Pandemias (PPI, sigla em inglês) da Fundação Rockefeller, reafirmando a importância da parceria entre as instituições. “Temos uma vertente de colaboração e cocriação de projetos e modelos que, esperamos, vão eventualmente servir para informar políticas de saúde e de controle de doenças infecciosas”.

Kay Van Der Horst, diretor administrativo da PPI, disse que o projeto está sendo cuidadosamente desenhado a partir de uma abordagem interdisciplinar. “Nós temos trabalhado juntos por cerca de nove meses, discutindo sobre a coleta de dados e qual a melhor forma de agir se detectarmos uma emergência precocemente”, comenta. 

O desenvolvimento do sistema de análise de dados conta com a participação de professores titulares do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) da UFRJ. Coordenador do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia do Programa de Engenharia Civil (LAMCE), o professor Luiz Landau contou que esta é sua primeira atuação em um projeto voltado para a saúde. “É interessante colocar todo o conhecimento que tivemos nesses 40 anos de pesquisa na área da engenharia de simulação em um setor tão importante para o país quanto este”, avalia. Landau também comentou acerca dos grupos que estão trabalhando em diferentes camadas computacionais que deverão ser incluídas no sistema, como informações socioeconômicas e climatológicas das regiões acompanhadas.

Alvaro Coutinho, pesquisador do Núcleo Avançado de Computação de Alto Desempenho (NACAD), comentou acerca dos frutos que surgem da colaboração com a Fiocruz Bahia. “Com a emergência da pandemia, a Coppe fez um esforço muito grande para contribuir. Nós descobrimos que a nossa expertise em simulação vocacional, ciência de dados, computação de alto desempenho, Inteligência Artificial, tudo isso poderia ser utilizado na área da saúde com grande sucesso”, afirma.

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Tese investiga tráfego intracelular de vesículas em hiPSCs de paciente com espectro autista

Autoria: Ingrid Santana de Souza
Orientação: Bruno Solano de Freitas Souza
Título da tese: “Caracterização do tráfego intracelular de vesículas em células-tronco pluripotentes induzidas de pacientes com transtorno do espectro autista e mutação no gene VPS13B”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 31/10/2022
Horário: 13h00
Local: Auditório Aluízio Prata

Resumo

INTRODUÇÃO: O transtorno do espectro autista (TEA) se relaciona com padrões de comportamento, estereotipias, déficits cognitivos e sociais. O tráfego endossomal e autofágico garantem o fluxo dinâmico de cargas citoplasmáticas e ambas as vias atuam de forma complementar, mas por mecanismos diferentes, evitando acúmulos de proteínas e organelas danificadas. O complexo de Golgi é uma interseção entre diversas vias intracelulares convergentes onde as proteínas Rab identificam e direcionam os compartimentos ao longo do tráfego intracelular. A proteína VPS13B está associada à membrana do Complexo de Golgi de forma interdependente às funções e estrutura. A proteína VPS13B transporta fosfolipídios diretamente entre endossomos, favorecendo a interação entre compartimentos endossomais e o complexo de Golgi no fluxo retrógrado. A mutação em VPS13B traz conexões entre distúrbios do neurodesenvolvimento, tais como Síndrome de Cohen e TEA com comorbidades como a microcefalia e a deficiência intelectual. Por isso, células tronco pluripotentes induzidas (hiPSC) de paciente doador, podem fornecer interpretações funcionais do gene VPS13B e sua relação com o TEA, favorecendo o desenvolvimento de alternativas que propiciam qualidade de vida para indivíduos acometidos ainda sem perspectivas terapêuticas específicas. OBJETIVO: Investigar o tráfego intracelular de vesículas em hiPSCs derivadas de paciente autista com mutação missense no gene VPS13B. MATERIAL E MÉTODOS: As hiPSC
foram obtidas de doador neurotiípico saudável (EA1) e de paciente com TEA (IM5). Duas variantes missense do gene VPS13B foram identificadas no exoma completo da paciente doadora com TEA, sendo N2968S confirmada por sequenciamento de Sanger. Para analisar os compartimentos, foram utilizadas técnicas de imunofluorescência, transfecção lentiviral, nuclaofecção plasmidial e microscopia eletrônica de transmissão (MET). RESULTADOS: As hiPSCs IM5 demonstraram alterações endocíticas, tais como aumento da atividade endossomal (RAB5 e RAB7), degradativa lisossomal (LAMP1) e autofágica (LC3) com redução no sistema de reciclagem (RAB11B). A linhagem IM5 também apresentou alterações ultraestruturais, revelando perda da morfologia normal do Complexo de Golgi e aumento da presença de
vacúolos autofágicos. CONCLUSÕES: Nossos resultados sugerem que o gene VPS13B é relevante para o transporte intracelular em hiPSCs de modo que a perda parcial danificou a estrutura do complexo de Golgi, reduziu o sistema de reciclagem mediado por Rab11b, estimulando a degradação lisossomal e atividade autofágica.

Palavras-chave: Neurodesenvolvimento, hiPSC, TEA, Tráfego intracelular, Vesículas, Endossomos, Autofagia, Reciclagem, Rab, complexo de Golgi, VPS13B.

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Evento comemora Dia do Servidor Público 

Comemorado no dia 28 de outubro, o Dia do Servidor Público é um marco para valorizar o trabalho dos funcionários públicos que atuam no setor público brasileiro. Nos dias 24 e 25 de outubro, a Fiocruz Bahia promoveu uma série de atividades em comemoração aos servidores públicos da instituição. Entre os dias 24 e 25 de outubro, foram realizadas homenagens, sessão de cinema e ofertas de serviços de saúde e bem-estar para toda a comunidade Fiocruz Bahia.  

O evento foi organizado pela servidora Daniela Cerqueira, analista de gestão no Serviço de Gestão do Trabalho (SGT). Ela explicou que o objetivo do evento “é reconhecer a importância dos servidores, através do seu trabalho, para manutenção e melhoria a saúde pública da população”, afirmou.  

O primeiro dia do evento iniciou com um quiz com curiosidades sobre a história da Fiocruz e do Instituto Gonçalo Moniz (IGM), unidade da Fundação na Bahia, e um vídeo que exibiu em fotos o histórico dos servidores do instituto. Os ganhadores do quiz foram Eduardo Albuquerque, servidor do setor de Tecnologia da Informação (TI), e a diretora da Fiocruz Bahia Marilda Gonçalves.  

“Eu sempre me emociono quando falo da Fiocruz e do IGM. Todos nós estamos juntos com um único objetivo: ver a nossa instituição sendo reconhecida e desenvolver bem o nosso trabalho”, iniciou Marilda Gonçalves.  A diretora frisou que considera todos os membros que integram o instituto como parceiros. “A coisa que mais me orgulha é quando meu pai, que tem 97 anos, ouve falar da Fiocruz e, em qualquer lugar, ele me diz: ‘Olha a Fiocruz, minha filha’. Meu maior orgulho é ser reconhecida pelo meu pai”, completou.  

Eduardo Albuquerque recordou como durante a pandemia os esforços do instituto tornaram-se mais amplamente conhecidos pelo público. “A vez em que me senti mais reconhecido foi no final de 2020, quando estivemos em maior evidência. Vizinhos me viam com a camisa da Fiocruz e me agradeciam. Ali eu vi a Fiocruz sendo importante”.  

Houve a oferta de serviços de Enfermagem, Nutrição, Oftalmologia, Odontologia e de uma roda de Terapia Comunitária. O acolhimento de saúde foi realizado por meio de parceria entre o Núcleo de Saúde do Trabalhador (NUST), o Centro de Promoção à Saúde Universitária Rubens Brasil (Smurb) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e com a Clínica Olhar Bem.  

Para promover o bem-estar, também foram ofertadas terapias integrativas de Massagem Relaxante, Limpeza de Pele e Auriculoterapia, este último ofertado por Paula Barbosa, secretária do Setor de Compras e Licitações. Para ela, a programação do Dia do Servidor Público só reforça o quanto a Fiocruz Bahia se preocupa com seus colaboradores. “Eu apoio muito atividades que visem melhorias para preservar a saúde e bem-estar dos profissionais, pois isso traz benefícios não só a nível profissional, mas principalmente pessoal. Ao se sentirem valorizados, os colaboradores tendem a ficar mais felizes e motivados”, opinou. 

Fernanda de Souza, servidora no Biotério do IGM, pôde participar de três dos serviços de saúde ofertados. “Eu fiquei muito satisfeita com tudo. Cuidar de si é algo muito importante. Esse é um evento muito interessante”, avaliou. As atividades de bem-estar também foram facilitadas por Esmeralda Lisboa, gestora de plano de saúde da Fiocruz Bahia, e pela consultora de beleza independente Izabel de Souza. 

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Tese analisa relação entre anemia e desfechos clínicos desfavoráveis em pessoas com HIV

Autoria: Mariana Araújo Pereira
Orientação: Bruno de Bezerril Andrade
Título da tese: “Determinantes da relação entre anemia e desfechos clínicos desfavoráveis em pessoas com HIV”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 18/11/2022
Horário: 15h00
Local: Sala Virtual do Zoom

ID da reunião: 852 2359 4218
Senha de acesso: defesa

Resumo

INTRODUÇÃO: Pessoas vivendo com HIV (PVHIV) frequentemente apresentam anemia como complicação. A anemia em pacientes com HIV pode ser associada a uma exacerbação do perfil inflamatório, com aumento de citocinas no sangue e progressão da doença mais acelerada. Entretanto pouco se tem relatado sobre o impacto da gravidade da anemia nos desfechos clínicos desfavoráveis durante tratamento desses pacientes com antirretrovirais, como tuberculose (TB) incidente, síndrome de imunorreconstituição inflamatória (SIRI) e morte. OBJETIVO: Caracterizar o perfil inflamatório de pacientes anêmicos com HIV, bem como identificar as associações entre a presença de anemia e sua gravidade com os desfechos desfavoráveis de tratamento desses pacientes. METODOLOGIA: Esta tese reúne um conjunto de seis manuscritos que visam caracterizar e associar a anemia aos desfechos clínicos de PVHIV. Ao todo, foram avaliados dados de 1617 PVHIV. Anemia e sua gravidade foram definidos de acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde. Para cada manuscrito foi utilizada uma diferente coorte de PVHIV, e em cada uma delas foram analisados os níveis plasmáticos de marcadores inflamatórios, tal como dados clínicos, socioeconômicos e laboratoriais. Foram aplicados métodos de estatística descritiva e um conjunto de técnicas multidimensionais, incluindo análises de rede, análises integrativas, regressões logísticas e cálculo de grau de perturbação inflamatória (GPI). RESULTADOS: No primeiro estudo, concluímos que PVHIV anêmicos têm maior risco de desenvolver TB incidente após o início do tratamento antirretroviral(TARV)se comparado os não-anêmicos. No segundo, foi constatado que a anemia grave aumenta o risco de SIRI, principalmente por TB, em PVHIV durante o TARV. No terceiro estudo, foi observado que a anemia está associada a uma maior disseminação da TB em PVHIV. Nos três estudos supracitados, anemia moderada/grave são fatores de risco para óbito. O quarto estudo demonstrou que baixos níveis de hemoglobina estavam associados a um maior GPI em pacientes com HIV-TB. Em seguida, observamos que pacientes HIV-TB com anemia persistente possuem maior risco de vir a óbito que aqueles não-anêmicos durante o tratamento anti-TB (TAT).Esse último resultado foi reforçado pelo sexto estudo, onde a anemia moderada/grave pré-TAT foi um fator de risco para óbito. CONCLUSÕES: Em conjunto, os manuscritos desta tese adicionam importantes informações quanto à importância da anemia no contexto da coinfecção por HIV-TB. Ao identificar a anemia moderada e grave como fator de risco para TB incidente, SIRI, TB disseminada, perturbação inflamatória e óbito, demonstramos que PVHIV devem ser cuidadosamente monitorados e, se possível, a anemia deve ser cuidadosamente avaliada como um marcador de possível infecção oportunista e pior prognóstico. Nesse contexto, essas informações são úteis no direcionamento de novas abordagens para otimizar o manejo clínicos e melhorar a qualidade e expectativa de vida de PVHIV. Palavras-chave: HIV; anemia; inflamação sistêmica; desfecho; tuberculose.

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Confira a cobertura da 19ª SNCT na Fiocruz Bahia

A 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia foi voltada ao “Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil”, tema escolhido para integrar o evento às comemorações do bicentenário da independência brasileira. De 18 a 21 de outubro, a Fiocruz Bahia realizou uma programação com palestras que abordaram a história da ciência e da Fiocruz, exposição de insetos e de pôsteres, visitas às dependências da instituição, participação em experimentos e exibição de filme. Além do público geral e da comunidade da Fiocruz Bahia, a instituição recebeu, durante o evento, 127 estudantes do Ensino Médio e Fundamental.

Confira a cobertura de cada dia:

Palestras com foco em história da ciência são destaques do primeiro dia da 19ª SNCT

O primeiro dia de atividades da Fiocruz Bahia na 19ª SNCT ocorreu em 18 de outubro e contou com a presença de alunos do Ensino Médio, do Colégio Bom Pastor e do Centro Estadual de Educação Profissional em Saúde Professor Anísio Teixeira. Aos estudantes foram ofertadas demonstrações de experimentos, exposições, visitação ao Serviço de Histotecnologia e uma série de palestras com Simone Kropf (pesquisadora da COC/ Fiocruz), Bernardo Galvão (pesquisador emérito da Fiocruz Bahia), Marilda Gonçalves (diretora da Fiocruz Bahia) e Luis Fernando Adan (diretor da FAMED/UFBA), mediadas pela vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn. 

Projeto Meninas Baianas na Ciência marca segundo dia da 19ª SNCT 

A Fiocruz Bahia dedicou as atividades do segundo dia da programação, quarta-feira (19/10), ao projeto Meninas Baianas na Ciência. Com a participação de alunas de oito colégios da rede pública estadual, foi realizada uma palestra de Mariane Orsolan, representante da organização British Council e analista de engajamento cultural, um bate-papo com a coordenadora de Ensino e Informação da Fiocruz Bahia Clara Mutti e exposições de pôsteres e experimentos científicos. As palestras foram mediadas pela pesquisadora Karine Damasceno que, junto às cientistas Isadora Siqueira e Natália Machado, coordena o projeto Meninas Baianas na Ciência.  

Documentário sobre casal de cientistas Sonia e Zilton Andrade é exibido na 19ª SNCT

Em homenagem ao casal de cientistas Sônia e Zilton Andrade, a Fiocruz Bahia realizou na quinta-feira (20), a exibição pública do documentário “Sônia e Zilton: ciência, saúde e amor”, no auditório do Pavilhão Aluízio Prata, na sede da instituição. A exibição foi sucedida por um debate entre os pesquisadores e ex-alunos do casal e atuais pesquisadores da Fiocruz Bahia, Luiz Antonio Rodrigues de Freitas e Mitermayer Galvão dos Reis. O debate contou com mediação da diretora do filme, Ulla Macedo. 

Fiocruz Bahia recebe estudantes no encerramento da 19ª SNCT

Na sexta-feira (21/10), ocorreu o encerramento da programação. A primeira atividade foi a apresentação da sessão científica intitulada “Inovações no uso de grande volume de dados integrados na pesquisa em saúde”, ministrada por Maria Yury Ichihara, vice-coordenadora do Cidacs da Fiocruz Bahia. A instituição também recebeu estudantes do Colégio Estadual Luiz Viana e do Colégio Bom Pastor para uma palestra sobre a história da Fiocruz e do Instituto Gonçalo Moniz e a exibição de um vídeo em homenagem a cientista Sonia Gumes de Andrade, mediada pelo coordenador da Gestão da Comunicação e Divulgação Científica, Antonio Brotas. Além disso, os estudantes assistiram a apresentações de pôsteres e de experimentos realizadas pelos discentes de iniciação científica e de pós-graduação da instituição, e visitaram o Serviço de Histotecnologia e as Plataformas Tecnológicas. O evento também disponibilizou um espaço para fotografia instantânea impressa com o tema da SNCT.  

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Fiocruz Bahia recebe estudantes no encerramento da 19ª SNCT

Na sexta-feira (21/10) ocorreu o encerramento da programação da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no Instituto Gonçalo Moniz (IGM), sede da Fiocruz Bahia. A primeira atividade foi a apresentação da sessão científica intitulada “Inovações no uso de grande volume de dados integrados na pesquisa em saúde”, ministrada por Maria Yury Ichihara, vice-coordenadora do Cidacs da Fiocruz Bahia.

A instituição também recebeu estudantes do Colégio Estadual Luiz Viana e do Colégio Bom Pastor para uma palestra sobre a história da Fiocruz e do Instituto Gonçalo Moniz e a exibição de um vídeo em homenagem a cientista Sonia Gumes de Andrade, mediada pelo coordenador da Gestão da Comunicação e Divulgação Científica, Antonio Brotas. Além disso, os estudantes também assistiram a apresentações de pôsteres e de experimentos realizadas pelos discentes de iniciação científica e de pós-graduação da instituição, e visitaram o Serviço de Histotecnologia e as Plataformas Tecnológicas. O evento também disponibilizou um espaço para fotografia instantânea impressa com o tema da SNCT.  

Na abertura do encontro, Antonio Brotas recordou que a SNCT deste ano se soma às comemorações do bicentenário da independência brasileira. Ele afirmou que as atividades ofertadas na Fiocruz Bahia buscaram ressaltar desse caráter histórico, partilhando as memórias do instituto e as formas como a ciência contribui com o estado e com o país.  

“Vocês podem passar aqui e se questionar sobre como nós funcionamos, e essa semana serve para matar essa curiosidade, para conhecer os profissionais e a nossa estrutura”, explica o coordenador. “Essa é uma casa de jovens também. Podemos pensar que a ciência é um lugar só para pesquisadores consolidados, mas não. Essa lógica de abertura não está circunscrita apenas à SNCT. As escolas podem organizar visitas e sempre temos atividades aqui para vocês”, completou. 

Seguindo a apresentação, foi exibido um trecho do documentário “Sonia e Zilton: ciência, saúde e amor”, editado em homenagem a pesquisadora Sonia Andrade. Falecida no dia 11 de outubro, a pesquisadora teve grande influência nos estudos sobre a doença de Chagas e no desenvolvimento do curso de Pós-Graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PgPAT), realizado em ampla associação entre a Fiocruz Bahia e a Universidade Federal da Bahia (UFBA).  

“Eu gostei muito de conhecer a história de Sonia e Zilton”, revelou Gabriela de Jesus, 18, do Colégio Bom Pastor. A aluna contou que se interessou pelo pioneirismo da cientista e pela importância que ela teve dentro do IGM. “Outra coisa é que foi muito bom ver a história da instituição, desde que ela surgiu lá no Rio de Janeiro. E ver também como ela se espalhou pelo Brasil”. Estudante no mesmo colégio, Alice Marota, 17, passou a vislumbrar novas possibilidades com a visita. “Eu conheci muitas coisas que e me ajudaram a pensar em ter uma carreira na área de saúde”.  

Acompanhando os estudantes do Colégio Bom Pastor, a coordenadora pedagógica do Ensino Médio e Fundamental Aline Lopes relatou que esta não é a primeira atividade que o Colégio é convidado a participar. E reitera: os encontros são sempre interessantes. “Acho extremamente interessante e importante, porque nós desenvolvemos nos alunos não só a questão do senso crítico, mas incentiva também o interesse pela ciência e pela pesquisa. A Fiocruz Bahia precisa continuar esse tipo de trabalho”. 

“O Colégio Luiz Viana está sempre aqui presente com a Fiocruz”, assinalou a professora de Educação Física Elza Rosana Malhado. Ela declarou que espera ter mais alunos envolvidos nas atividades do IGM e se orgulha dos estudantes que chegaram à Iniciação Científica e ao Mestrado na instituição. Em conjunto com o professor de Português e Artes, Antônio Fernando dos Santos, os docentes observaram o entusiasmo dos estudantes. “O que é ensinado aqui é uma complementação do que damos em sala de aula. Acho de fundamental importância que eles tenham essa referência de um instituto de ciência e tecnologia próximo deles, ainda mais nesse período de formação. E muitos ficam logo apaixonados”, confessou o professor.  

O estudante do Colégio Luiz Viana Isaac Gonçalves, 17, sabe qual foi a parte que mais o deixou apaixonado. “A parte dos experimentos químicos”, afirmou, prontamente. Aficcionado por biologia na escola, ele coloca que o encontro o fez respeitar mais o trabalho desempenhado no IGM. “Podemos aprender mais como funcionam as coisas. Muitas pessoas acham que a pesquisa é fácil de fazer. Mas é muito mais difícil e requer tempo”.  

Já sua colega Graziele Araújo, 16, não consegue decidir qual momento do dia ela mais apreciou. “Eu gostei de todos os momentos. Foi uma chance para a descoberta, para me aprofundar mais nas coisas. Na escola a gente não tem uma experiência como tem aqui dentro”.  

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Documentário sobre casal de cientistas Sonia e Zilton Andrade é exibido na 19ª SNCT

Em homenagem ao casal de cientistas Sônia e Zilton Andrade, a Fiocruz Bahia realizou na quinta-feira (20), a exibição pública do documentário “Sônia e Zilton: ciência, saúde e amor”, no auditório do Pavilhão Aluízio Prata, na sede da instituição. A exibição foi sucedida por um debate entre os pesquisadores e ex-alunos do casal e atuais pesquisadores da Fiocruz Bahia, Luiz Antonio Rodrigues de Freitas e Mitermayer Galvão dos Reis. O debate contou com mediação da diretora do filme, Ulla Macedo. 

“É um filme que rende essa homenagem a dois grandes pesquisadores do Instituto Gonçalo Moniz. Dois pesquisadores de contribuição muito relevante para a Bahia, para o Brasil e para o mundo”, comentou Ulla na abertura do evento. Cientistas renomados nacional e internacionalmente por sua pesquisa na área de patologia das doenças tropicais, Sônia Gumes Andrade e Zilton Araújo de Andrade realizaram importantes descobertas sobre a doença de Chagas.  

Os cientistas também foram pesquisadores com grande importância acadêmica na implantação do curso de Pós-Graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PgPAT), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em Ampla Associação com a Fiocruz Bahia. Sonia Andrade coordenou o PGPAT, que hoje possui conceito 6, a maior nota da Capes, por 20 anos. 

A homenagem tornou-se mais comovente devido ao recente falecimento de Sonia Andrade, no dia 11 de outubro, aos 94 anos. O pesquisador Mitermayer Reis frisou este fato ao falar sobre as emoções que sente ao assistir ao documentário. “Eu vi o filme pela primeira vez e achei maravilhoso. Sempre me emociona e agora me machuca. Estou um pouco mais triste com a perda de Dra. Sonia”, afirmou. 

Mitermayer conheceu Zilton Andrade na UFBA. Quando ainda era graduando, seu desejo em realizar pesquisa o levou a buscar os melhores professores disponíveis para orientá-lo. “Quanto mais eu procurava, mais as pessoas o enalteciam. Elas diziam: ‘realmente, o Dr. Zilton é o grande cientista, o nosso cientista’”, recorda. “Eu vi a diferença que pode fazer um professor. Na época pensei que esse era um professor capaz de dar uma aula sobre o mesmo assunto para médicos e também explicar para pessoas na rua”, declara o pesquisador. “Nunca vi ninguém mais didático que o professor Zilton”.  

O pesquisador Luiz Freitas refletiu sobre a importância do filme para a instituição. “Acho esse trabalho um marco no sentido de preservação da memória. É um documentário muito vivo e que me toca profundamente. Para a memória da fundação, para a memória da Bahia e do Brasil. Isso é extremamente importante”, avalia Freitas. “Vivemos em um país que preserva pouco a memória. Cultuar a memória é cultuar o lado positivo de um país”. 

Antigo aluno do casal de cientistas, Luiz Freitas classifica Sônia e Zilton como dois importantes exemplos de cidadãos. Ele ressaltou ainda a importância do retrato do amor deles como um “amor sem submissão” e reforça o quão progressista eles foram para sua época. “Isso é muito importante. Dra. Sônia teve uma vida científica independente da de Zilton. Ela trilhou a carreira delas, em uma sociedade muito misógina e onde mulheres têm graves dificuldades ainda hoje”.  

O documentário teve o apoio do edital interno de Memória Institucional da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). O filme está disponível online, no canal de Youtube da Fiocruz Bahia.  

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Projeto Meninas Baianas na Ciência marca segundo dia da 19ª SNCT 

A Fiocruz Bahia dedicou as atividades do segundo dia da programação da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), quarta-feira (19/10), ao projeto Meninas Baianas na Ciência. Com a participação de alunas de oito colégios da rede pública estadual, foi realizada uma palestra de Mariane Orsolan, representante da organização British Council e analista de engajamento cultural, um bate-papo com a coordenadora de Ensino e Informação da Fiocruz Bahia Clara Mutti e exposições de pôsteres e experimentos científicos. As palestras foram mediadas pela pesquisadora Karine Damasceno que, junto às cientistas Isadora Siqueira e Natália Machado, coordena o projeto Meninas Baianas na Ciência.  

Realizado por meio do apoio da 2ª chamada Garotas STEM, do British Council e Fundação Carlos Chagas, o projeto ocorre desde agosto, ofertando a estudantes visitações nas instalações do Instituto Gonçalo Moniz, sede da Fiocruz Bahia, e encontros com diversas pesquisadoras, apresentando oportunidades no campo da ciência.  A vice-coordenadora de Ensino e Informação da instituição, Claudia Brodskyn, saudou as alunas presentes na abertura do evento. “A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é um evento bastante importante para todos nós e é principalmente realizado para vocês, estudantes do ensino médio e fundamental. Serve também para despertar a curiosidade, amor e carinho que a nós temos pela ciência em vocês”, declara. 

Clara Mutti apresentou os programas de iniciação científica e de pós-graduação da Fiocruz Bahia. Além do Meninas Baianas na Ciência, o instituto conta com o Programa de Vocação Científica (Provoc). A coordenadora destaca que o diferencial desses projetos é oportunizar aos estudantes, já no ensino médio, a possibilidade de adentrar a carreira acadêmica. “Esses programas permitem a vocês enxergarem possibilidades que antes não viam na carreira científica”, comenta. Na ocasião, ex-alunos da iniciação científica (IC) que seguiram na carreira acadêmica também deram depoimentos. Atualmente, a Fiocruz Bahia possui 95 estudantes de IC, destes 36 recebem bolsa da FAPESB e 42 do CNPq. Cinco alunos são do Provoc e o Meninas Baianas na Ciência convidou mais cinco alunas para a IC. 

Já Mariane Orsolan apresentou a instituição parceira no projeto, o British Council, que, como explicou, é uma organização internacional, do Reino Unido com atuação em mais de 100 países fortalecendo relações culturais e disponibilizando oportunidades educacionais. O Meninas Baianas na Ciência faz parte de uma das iniciativas focadas em educação da organização, o programa Mulheres na Ciência. 

“Esse programa surgiu da identificação de um gap de participação das mulheres e meninas nessas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, que são as ciências mais exatas”, explicou. Utilizando a sigla em inglês para essas áreas, STEM, a organização idealizou o edital de apoio a projetos que possibilita iniciativas voltadas para inspirar meninas para seguirem carreira científica, o Garotas STEM. 

Mariane citou, na palestra, uma série de estudos que buscaram entender quais são os obstáculos colocados na carreira científica para mulheres. “Foram identificados uma série de casos, que mostram que desde a infância a gente tem a falta de um modelo inspirador, a má qualidade de ensino. Foi afirmado em uma pesquisa que as meninas, já a partir de seis anos de idade, começam a acreditar que são menos inteligentes que os meninos”, relata. “Não é que a gente não tenha mulheres na ciência, nós temos. Mas nós temos que exaltar essas histórias, trocar essas experiências e colocar em evidência esses modelos para as meninas”, completa.  

Meninas Baianas na Ciência 

Há três meses participando das rodas de conversa e experimentações, as alunas começam a demonstrar outra visão do papel da ciência na sociedade.  “Se não fosse a ciência várias coisas que nos ajudam muito não teriam existido. A vacina da Covid-19, por exemplo. É importante a gente lembrar disso e até mesmo prestar essas homenagens para as cientistas que dão duro”, afirma Estefane Santos da Silva, 16, do Colégio Estadual Deputado Rogerio Rego.  

Estudante do Colégio Estadual Eduardo Bahiana, Xaiana da Paixão, 19, também recordou das aulas ofertadas no instituto, que ensinaram a importância das vacinas às alunas. Para ela, o maior ganho que vem tendo com o projeto é o convívio aproximado com a pesquisa. “Eu acho um processo muito interessante, porque não temos tanto convívio com a ciência nas escolas. O que eu achei mais interessante foram os experimentos nas oficinas, gosto muito de tocar, de aprender e observar as células”.  

Ludmila Souza, 16, aluna do Colégio da Polícia Militar – Unidade I/Dendezeiros, elogiou as pesquisadoras pela iniciativa de levar a ciência aplicada até as escolas. A estudante destaca a importância da SNCT. “Acho que nem sempre a gente dá valor ao cientista, que trabalha gerando medicamentos, vacinas. Eu acho que a gente tem que dar mais importância para elas e reconhecer que, quando nós avançamos, também é graças aos cientistas”, declara.  

Também participam do projeto estudantes do Colégio Estadual Heitor Villa Lobos; Colégio Estadual Mãe Stella; Colégio Estadual Cosme de Farias; Colégio Estadual da Bahia Central; e Escola Estadual Deputado Naomar Alcântara. 

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Palestras com foco em história da ciência são destaques do primeiro dia da 19ª SNCT

O primeiro dia de atividades da Fiocruz Bahia na 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) ocorreu em 18 de outubro e contou com a presença de alunos do Ensino Médio, do Colégio Bom Pastor e do Centro Estadual de Educação Profissional em Saúde Professor Anísio Teixeira. Aos estudantes foram ofertadas demonstrações de experimentos, exposições, visitação ao Serviço de Histotecnologia e uma série de palestras com Simone Kropf (pesquisadora da COC/ Fiocruz), Bernardo Galvão (pesquisador emérito da Fiocruz Bahia), Marilda Gonçalves (diretora da Fiocruz Bahia) e Luis Fernando Adan (diretor da FAMED/UFBA), mediadas pela vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn. 

Marilda Gonçalves abordou a história do Instituto Gonçalo Moniz, mais conhecido como Fiocruz Bahia. Na abertura do evento, a pesquisadora ressaltou o prazer que sente em receber jovens. “Desejo que vocês entendam a necessidade que há em fazer ciência e em educar. Esses são os pilares de uma nação e é o que nós fazemos no nosso instituto”. Ela afirmou desejar que a “viagem histórica” feita através das palestras ajudassem a demonstrar a importância do trabalho da instituição. “Nossa Fiocruz tem tido um desempenho muito importante, principalmente nos tempos atuais, quando estamos passando pela pandemia da Covid-19, em que se minimiza a necessidade de se vacinar”. 

O médico patologista e pesquisador emérito da Fiocruz que liderou a primeira equipe a isolar o HIV no Brasil, Bernardo Galvão, apresentou aos alunos a história da Fiocruz Bahia através dos estudos sobre a AIDS e da busca por um tratamento adequado para os pacientes. “Embora permaneça como uma ameaça, a AIDS está esquecida. Acredita-se que tem cura, mas na verdade o que se tem é tratamento”, alerta. Ele expôs o papel do fomento à pesquisa para o fortalecimento do estudo das endemias e pandemias.  

Galvão deu dicas aos estudantes para ter sucesso na carreira acadêmica. “Há critérios que são subjetivos, então você precisa ter confiança e empatia com quem vai colaborar. Tem também os critérios objetivos, como ter projetos muito bem definidos, com relevância para o país, transparência no estudo e desenvolvimento rápido”, partilha. 

Simone Kropf compartilhou os conhecimentos adquiridos em sua pesquisa sobre a memória institucional da Fiocruz, realizada desde 2020. Para a pesquisadora, a história do desenvolvimento científico é a história das respostas dadas no âmbito institucional às crises de saúde. “Existe essa tradição que vem desde os primeiros anos da Fiocruz, de se preocupar em atender os problemas de saúde pública da população”, afirma.  

A pesquisadora apresentou uma segunda palestra sobre a História das Ciências no Brasil, no período da tarde. Nesse momento, Kropf explicou mais sobre a mudança da visão que se tinha sobre as ciências antes do século XX, passando-se da ideia de que a pesquisa só serviria para sanar problemas urgentes ao fomento à inovação e às ciências puras.  “A criação de Manguinhos [sede da Fiocruz no Rio de Janeiro] surge como uma resposta à epidemia de peste bubônica. Mas Oswaldo Cruz, desde o início, se preocupou em criar uma instituição que tivesse continuidade no tempo, tanto na área de pesquisa, quanto na de ensino”, conta. 

A tarde foi encerrada com uma palestra sobre os 214 anos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, apresentada pelo médico Luis Fernando Adan, diretor da instituição. O professor falou sobre o memorial da faculdade, que conta atualmente com 250 metros de arquivo e obras raras e que mantém a história da instituição preservada. O médico reconhece a grandeza dessa história, mas afirma que também houve erros, como a exclusão de mulheres e negros em parte de sua trajetória. “Se me perguntarem qual a energia da Faculdade, eu digo que é uma energia de construção, senão ela não teria sobrevivido. Não podemos reescrever a história, mas podemos escrever novos capítulos”, declara.  

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Coordenador do Cidacs ministrará palestra de abertura da TropMed22

O coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, Maurício Lima Barreto, vai ministrar a palestra de abertura da reunião anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene (ASTMH, sigla em inglês), no dia 30 de outubro. A #TropMed22, que acontece em Seattle (EUA), é o primeiro encontro presencial da ASTMH em dois anos, devido à pandemia de Covid-19. 

Com duração de cinco dias, o fórum é considerado um dos principais eventos internacionais para o intercâmbio de conhecimentos em avanços científicos em medicina tropical, higiene e saúde global, reunindo profissionais de medicina que representam a academia, fundações, governo, organizações sem fins lucrativos, organizações não governamentais e setor privado. 

Sobre o palestrante

Maurício Barreto é Pesquisador Sênior da Fiocruz Bahia e Professor Emérito da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua nas áreas de epidemiologia e saúde coletiva, abrangendo diferentes temas com foco nos determinantes sociais e ambientais da saúde, desigualdades em saúde e impacto das intervenções sociais na saúde. Atualmente, coordena o Cidacs e sua principal linha de pesquisa envolve a Coorte dos 100 milhões de brasileiros, investigando determinantes sociais e ambientais da saúde, particularmente o impacto das políticas de redução da pobreza na saúde, usando informações de grandes bancos de dados administrativos brasileiros.

Barreto publicou mais de 600 artigos revisados ​​por pares em revistas científicas; ensinou, supervisionou e orientou cursos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado ao longo de sua vida; foi vice-diretor da Unidade de Pesquisa em Saúde Global sobre Determinantes Sociais e Ambientais das Desigualdades em Saúde (NIHR) da National Health and Care Research (NIHR). É membro eleito da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mundial de Ciências e Professor Honorário da London School of Hygiene and Tropical Medicine. Coordena a Rede CoVida, é membro do Comitê Científico que assessora os Governadores da Região Nordeste do Brasil na pandemia de Covid-19 e é membro do Grupo de Especialistas em COVID-19 do Painel Interacadêmico: The Global Network of Science Academies.

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Vacinação com BCG e modulação do gene RAB11A na tuberculose é tema de dissertação

Autoria: Scarlet Torres Moares Mota
Orientação: Theolis Costa Barbosa Bessa
Título da tese: “Assinaturas transcricionais associadas a vacinação com a BCG e modulação do gene RAB11A na tuberculose”.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana
Data de defesa: 28/10/2022
Horário: 14h00
Local: Sala Virtual do Zoom

ID da reunião: 895 0865 0888
Senha de acesso: defesa

Resumo

A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa de difícil controle e os mecanismos envolvidos na progressão da doença não são totalmente estabelecidos. O perfil de expressão gênica vem sendo estudado com o objetivo de validar potenciais biomarcadores que auxiliem no entendimento dos processos envolvidos na TB e no desenvolvimento de estratégias para o combate da doença. A vacinação com a BCG vem sendo apontada com a capacidade de modular a resposta do hospedeiro e sua eficácia contra a TB têm sido amplamente discutida, porém ainda não se sabe totalmente sobre quais seriam esses efeitos e a sua duração no organismo. Por meio de uma metanálise de dados de transcriptoma utilizando o repositório GEO, conseguimos demonstrar que a vacinação com a BCG é capaz de gerar efeitos duradouros no hospedeiro, afetando a modulação de genes específicos. Ao comparar os grupos de não infectados, infectados e doentes que não foram vacinados, observamos 100 genes (92 modulados negativamente e 8 modulados positivamente), associados principalmente com vias e funções ligadas ao metabolismo. Já entre os indivíduos vacinados, comparando-se os mesmos grupos, foram observados 53 genes, sendo 18 superexpressos e 35 subexpressos, associados principalmente aos processos de imunidade. Em uma metanálise secundária, verificamos também assinaturas distintas ligadas à vacina, com 5 genes subexpressos identificados para os vacinados e 2 genes (1 super e 1 subexpresso) para os não vacinados. Nossos resultados ainda apontaram que um gene da subfamília Rab11 (composta por outros dois membros de elevada homologia, o RAB11A e RAB11B), o RAB25, apresentou-se superexpresso em indivíduos doentes e não vacinados com a BCG, quando comparados também com os doentes, porém vacinados. Identificamos durante as nossas avaliações o RAB11A como o gene-alvo do nosso estudo. Em amostras de sangue total de uma coorte de pacientes com tuberculose ativa da nossa população, observamos valores médios de expressão maiores para o gene RAB11A em indivíduos doentes e não vacinados, quando comparados aos indivíduos vacinados, corroborando com os dados da metanálise. Vimos também que os valores de expressão deste gene são menores em células THP-1 infectadas com a cepa vacinal BCG em comparação com as não infectadas. Para investigação futura do papel deste gene, realizamos com sucesso o silenciamento gênico em células THP-1 através da metodologia de RNA de interferência. Com este trabalho, conseguimos então identificar as assinaturas transcricionais associadas à vacinação com a BCG e apontar um alvo que merece ser melhor estudado na tuberculose.

Palavras-chave: tuberculose; BCG, expressão gênica, RAB11.

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