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No dia 09 de março, ocorreu a aula inaugural dos Programas de Pós-Graduação da Fiocruz Bahia, com o tema “Desafios da pós-graduação em saúde no Brasil”, ministrada pela vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado. Além da apresentação, o evento contou com um momento de interação com os alunos presentes, com participação da vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn.
A abertura do evento foi realizada pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, que apresentou o currículo da palestrante e disse ser uma honra muito grande receber Cristiani no instituto. A apresentação abordou os desafios da pós-graduação em saúde no Brasil diante das atuais transformações globais. Como aspecto inicial da discussão, Machado mencionou que o objetivo da pós-graduação para a ciência brasileira vai além do título. “Sempre afirmo que o principal produto de um mestrado e doutorado não é somente uma dissertação e tese, mas também, a construção da trajetória do cientista, professor e profissional formado e qualificado para atuar na construção de uma ciência voltada para dar respostas atualizadas às constantes necessidades da sociedade”, comentou.
Durante a aula, foram apresentados os últimos dados levantados pelo Relatório de Ciências da UNESCO, que aponta a média de cerca de 700 pesquisadores por milhão de habitantes no Brasil, uma baixa densidade quando comparada com a de países da América do Norte e Europa. “A análise da porcentagem do PIB que é destinada para o investimento em pesquisa e desenvolvimento no Brasil evidencia que o país está bastante atrás dos países europeus e norte-americanos na priorização do desenvolvimento da ciência”, argumentou a vice-presidente.
Machado também pontuou que apesar do baixo investimento, as universidades brasileiras apresentam um alto grau de produtividade, o que reforça a importância da pós-graduação no processo de desenvolvimento da ciência brasileira. “Apesar das dificuldades, houve nos últimos vinte anos um grande aumento no número de programas de pós-graduação e a formação de mestres e doutores no Brasil. A estruturação histórica de instituições como a CAPES e o CNPQ foram fundamentais na trajetória da educação superior nacional”, completou.
A vice-presidente discutiu a pós-graduação como ferramenta de ascensão no mercado profissional. Segundo dados do último relatório da UNESCO, profissionais com pós-graduação têm uma média salarial cinco vezes maior comparado aos trabalhadores com apenas o nível médio. Nesse viés, a Fiocruz Bahia fornece uma gama de mestrados e doutorados profissionais voltados para o desenvolvimento de tecnologias de serviço, inovações e produção, como estudos voltados à elaboração de vacinas e atenção à saúde primária.
As resoluções sobre os valores fundamentais para a pós-graduação em Saúde também foram discutidas. Machado ressaltou o comprometimento institucional da Fiocruz Bahia com as suas políticas de inclusão, a importância das ações afirmativas para o fomento da diversidade nas universidades brasileiras, além da necessidade da promoção da interdisciplinaridade e temas transversais. “Desde o ano passado, a Fiocruz realiza um edital para auxílio de permanência para estudantes. O programa não tem precedentes para alunos da pós-graduação no ensino superior brasileiro, mas foi criado aqui com o intuito de fornecer suporte para estudantes de baixa renda familiar. Com a intenção de oferecer apoio aos alunos, a instituição disponibiliza também programas de inclusão digital e introdução básica e intermediária em línguas estrangeiras”, afirmou.
A importância da compreensão dos novos métodos e dados para a pesquisa na saúde pública, assim como a atualização das metodologias de ensino foram apontadas como algumas das inovações importantes para o futuro dos programas de pós-graduação da Fiocruz Bahia. “A pandemia e os avanços tecnológicos evidenciaram como a expansão da mobilidade híbrida de nossos programas pode ser um fator de flexibilização do acesso ao ensino, viabilizando a cooperação entre pessoas em locais diferentes e permitindo o enriquecimento do processo de aprendizagem”, comentou a vice-presidente.
Com o rápido processo de globalização da ciência, a vice-presidente chamou atenção dos estudantes presentes para a importância da internacionalização dos estudos, que são promovidos pelos programas de pós-graduação através de programas de bolsas de estudo. “A internacionalização precisa ir além da movimentação do intercâmbio de estudantes e professores, precisa ser utilizada como um instrumento de cooperação entre a ciência produzida entre os países, utilizando das ferramentas de conhecimento adquiridas em uma realidade para a incrementação e atualização dos métodos científicos no outro local”.
Cristiani Vieira Machado finalizou reforçando que os pesquisadores precisam promover o acesso ao conhecimento, ressaltando que o fazer científico precisa ir além da conversa entre pares. “A ciência precisa ser feita de forma colaborativa e com o intuito de trazer respostas para a sociedade, sempre compreendendo os contextos socioeconômicos e culturais que a saúde pública local está inserida”, concluiu.