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Os macrófagos de camundongos controlam a infecção por Leishmania major e são mais suscetíveis a Leishmania amazonensis, sugerindo que ambas as espécies de parasitas induzem respostas que desempenham papéis importantes no resultado da infecção.
Em um estudo recente, foi realizada uma análise de proteoma de macrófagos de camundongos à infecção decorrente de cada uma dessas espécies de Leishmania. Proteomas é o conjunto de proteínas que pode ser encontrado em um tipo celular específico. A pesquisa foi publicada na revista científica Frontiers in Immunology.
O estudo foi feito em parceria, por pesquisadores do Laboratório de Interação Parasito-Hospedeiro e Epidemiologia (LaIPHE), Laboratório de Inflamação e Biomarcadores (LIB), do Laboratório de Enfermidades Infecciosas Transmitidas por Vetores (LEITV) e do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia: Patrícias Veras, Juliana Menezes, Valéria Borges, Ricardo Khouri e Pablo Ramos.
Um total de 2.838 proteínas foram identificadas nesses macrófagos e, após uma abordagem de mineração, seis dessas proteínas foram reconhecidas como significativamente associadas às condições testadas.
Esta análise revelou quatro vias canônicas e sete fatores transcricionais a montante fortemente associados ao processo de infecção. As assinaturas associadas ao fator de transcrição NRF2, responsáveis por regular a expressão de proteínas antioxidantes que protegem contra o dano oxidativo desencadeado por lesão e inflamação, estavam presentes tanto nas vias canônicas quanto nos fatores transcricionais a montante.
Proteínas envolvidas no metabolismo do ferro, como heme oxigenase 1 (HO-1), responsável por promover muitos processos oxidativos, e ferritina foram encontrados nas vias canônicas e fatores transcricionais relacionados a NRF2.
Diferenças no envolvimento do metabolismo do ferro na infecção por Leishmania foi revelada pela presença de HO-1 e ferritina, sendo que a HO-1 se mostrou fortemente associada à infecção por L. amazonensis, enquanto que a ferritina foi regulada por ambas as espécies. Como esperado, maiores expressões de HO-1 foram validadas nos macrófagos infectados por L. amazonensis, além de uma menor expressão de ferritina e produção de óxido nítrico.
Além disso, os macrófagos incubados por lipofosfoglicano de L. amazonensis também expressaram níveis mais elevados de HO-1 em comparação com aqueles estimulados com lipofosfoglicano de L. major. Finalmente, a captação de holoTf induzida por L. amazonensis foi superior à induzida por L. major em macrófagos, e holoTf também foi detectado em níveis mais altos em vacúolos induzidos por L. amazonensis.
Esses achados indicam que a ativação da via do NRF2 e aumento da produção de HO-1, juntamente com níveis mais elevados de captação de holoTf, podem estar associados à permissividade dos macrófagos à infecção por L. amazonensis. Neste contexto, as diferenças das assinaturas protéicas desencadeadas no hospedeiro por L. amazonensis e por L. major pode ter participação no resultado da infecção por Leishmania.