Tese avalia a resposta autofágica de macrófagos no curso da infecção por Leishmania

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AUTORIA: Beatriz Rocha Simões Dias
ORIENTAÇÃO: Patrícia Sampaio Tavares Veras
TÍTULO DA TESE:“ESTUDO DA CONTRIBUIÇÃO DA AUTOFAGIA PARA A SUSCEPTIBILIDADE POR L. AMAZONENSIS OU RESISTÊNCIA POR L. MAJOR NA INFECÇÃO DE MACRÓFAGOS MURINOS DA LINHAGEM CBA”.
PROGRAMA: Doutorado em Patologia Humana-UFBA /FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 31/07/2018

RESUMO

Macrófagos de camundongos CBA controlam a infecção por Leishmania major, no entanto, são permissivos à infecção por Leishmania amazonensis. Os estudos conduzidos, até o momento, sobre o papel desempenhado pela autofagia na infecção por Leishmania levaram a dados controversos. Portanto, no presente trabalho, avaliamos se a resposta autofágica de macrófagos infectados pode ser responsável pela diferença no curso da infecção por essas duas cepas de Leishmania. Inicialmente, demonstramos por qPCR que um número maior de genes relacionados à autofagia é modulado positivamente em células infectadas por L. amazonensis em comparação às infectadas L. major. Resultado similar foi obtido por meio da análise de dados de microarranjos públicos utilizando o Ingenuity Pathway Analyses (IPA). Análises adicionais pelo IPA demonstraram que no contexto Affects Autophagy of Cells e Decreases Autophagy of Cells 39 e 14 genes, respectivamente, apresentaram modulação oposta entre os macrófagos infectados com L. amazonensis daqueles infectados com L. major. Em seguida, demonstramos que após 24 h de infecção, a relação LC3-II/Act mostrou-se aumentada tanto em macrófagos infectados por L. amazonensis quanto nos infectados por L. major em comparação com controles não infectados, mas menos do que em células tratadas com cloroquina. Isto sugere que L. amazonensis e L. major ativam a autofagia em macrófagos infectados, sem alterar o fluxo autofágico. Além disso, as células infectadas por L. major exibiram percentuais mais elevados de vacúolos parasitóforos marcados com DQ-BSA (50%) do que aquelas infectadas por L. amazonensis (25%). No entanto, vacúolos parasitóforos induzidos por L. major ou L. amazonensis acumularam LysoTracker de maneira similar, indicando que a acidez em ambos os compartimentos é equivalente. Após 24 h de infecção, um maior percentual de vacúolos positivos para LC3 foi observada em células infectadas por L. amazonensis (42,36%) em comparação àquelas infectadas por L. major (18,10%). Em seguida, avaliamos se a modulação da autofagia exerceu influência na infecção por Leishmania em macrófagos de camundongos CBA. Nenhuma alteração significativa foi observada tanto na taxa de infecção quanto na carga parasitária nos macrófagos com os inibidores ou indutores autofágicos em comparação com as células controle não tratadas. Curiosamente, tanto a indução farmacológica quanto a fisiológica da autofagia aumentaram a viabilidade intracelular de L.amazonensis e L. major, enquanto a inibição da autofagia não teve efeito sobre a viabilidade intracelular desses parasitas. Por fim, demonstramos que a indução da autofagia reduziu a produção de NO por macrófagos infectados por L. amazonensis ou L. major, mas não alterou a atividade da arginase. Interessantemente, a análise de componentes principais e análise hierárquica de clusters discriminaram completamente os macrófagos infectados por L. major de células infectadas por L. amazonensis de acordo com a intensidade da infecção e características autofágicas dos vacúolos induzidos por essas duas cepas. Em conclusão, a infecção por L. amazonensis ou L. major, apesar de ativar similarmente o fluxo autofágico em macrófagos infectados e os parasitos terem sua viabilidade favorecida pela indução da autofagia, promove expressão diferenciada de genes relacionados à autofagia e interação distinta dos vacúolos parasitóforos com compartimentos autofágicos. Essas diferenças são capazes de separar completamente os macrófagos infectados por L. amazonensis daqueles por L. major.

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