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O artigo intitulado Case Report: Guillain–Barré Syndrome after Zika Virus Infection in Brazil, publicado no periódico científico American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, em 19 de setembro, relata o caso de dois pacientes vítimas da síndrome de Guillain-Barré, após serem infectados pelo vírus Zika durante o grande surto no Brasil, em 2015. O estudo conduzido pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, foi realizado em parceria com especialistas do Instituto Evandro Chagas e das universidades americanas University of Texas e Yale School of Public Health, com a colaboração do Hospital Geral Roberto Santos e do Hospital São Rafael, ambos de Salvador (BA).
O Zika é um flavivírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. O primeiro caso registrado de infecção pelo Zika data de 1954, na Nigéria. O primeiro surto de larga escala foi registrado em 2007, na Micronésia e, nos anos de 2013 e 2014, ocorreram surtos na Polinésia Francesa e na Nova Caledônia, respectivamente. No Brasil, o surto de Zika iniciou-se em março de 2015, tendo rápida disseminação por outros países das Américas Central e do Sul.
Neste período, apenas em Salvador foram registrados mais de 17.000 casos de suspeita de infecção por Zika e 44 casos da síndrome. Desses 44 casos, 32 (73%) relataram ter tido uma doença prodrômica aguda, compatível com a infecção por Zika, e diversos pacientes infectados pelo vírus desenvolveram a síndrome de Guillain-Barré, que é a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo, de acordo com o Ministério da Saúde. A síndrome tem como principais sintomas a paralisia dos membros, dor neuropática lombar ou nas pernas e fraqueza progressiva.
O primeiro relato de caso descrito no artigo foi de uma mulher, de 49 anos, com exantema maculpapular e mialgia sem febre, apresentando tetraparesia, perda de movimento nos quatro membros, paralisia bifacial e parestesias, ao longo de 9 dias de internação em unidade de tratamento intensivo (UTI). O segundo foi um homem, de 22 anos, com sintomas de exantema maculpapular generalizado, moderada artralgia, tetraparesia e paralisia bifacial, além de outros distúrbios sensoriais e neurológicos, ao longo de 24 dias de internação em UTI. Apesar da severidade das apresentações clínicas, nenhum deles precisou de ventilação mecânica ou faleceu.
Conclusões – Durante o acompanhamento dos pacientes, os autores do estudo detectaram, através de testes diagnósticos, a presença de anticorpos IgM específicos para o Zika, confirmando a infecção pelo vírus associado ao surgimento dos sintomas da síndrome de Guillain-Barré. Levando em conta as evidências, os pesquisadores afirmaram que a relação entre o Zika e as complicações neurológicas resulta em preocupação com consequências dramáticas para a saúde pública.
A investigação destes dois casos também serve como um alerta para os clínicos em regiões da América do Sul, Central e Caribe, onde o vírus se propagou recentemente, do risco potencial da Guillain-Barré e a necessidade de detecção, diagnóstico, além de tratamento e cuidados de suporte para prevenir a mortalidade e sequelas de longo prazo. Os pesquisadores ressaltam que outros estudos imunopatológicos ainda são necessários para uma melhor compreensão desta síndrome.
O artigo pode ser acessado clicando aqui.
Fonte: Ascom Fiocruz Bahia