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Um artigo publicado no periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz apresentou o Projeto Oxente Chagas Bahia, que propõe avaliar a eficácia de um teste rápido de diagnóstico e tratamentos para a doença de Chagas.
A enfermidade é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que pode ser transmitido por insetos hematófagos, conhecidos como barbeiros, mas também através de alimentos ou bebidas contaminadas, bem como por transmissão vertical, transplante de órgãos e transfusão de sangue contaminado e acidentes de laboratório. Globalmente, estima-se que 5,7 milhões de pessoas estejam infectadas pelo parasita, resultando em aproximadamente 7.500 mortes anuais, predominantemente em 21 países latino-americanos.
O Oxente Chagas Bahia, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia Fred Luciano Santos, busca validar e implementar o teste rápido TR Chagas Bio-Manguinhos no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em áreas endêmicas da doença de Chagas. Liderado pela Fiocruz Bahia, o projeto conta com a colaboração de órgãos de saúde pública da Bahia e dos municípios de Novo Horizonte e Tremedal. Essas áreas foram escolhidas devido à presença residual de vetores da Trypanosoma cruzi e pela falta de notificações recentes de casos agudos da enfermidade, se tornando locais ideais para a validação do TR Chagas Bio-Manguinhos em condições reais.
Dividido em três etapas, o Oxente Chagas realiza inicialmente uma pesquisa soroepidemiológica com os moradores das áreas de estudo, seguida da avaliação do desempenho diagnóstico e da custo-efetividade do teste rápido. Posteriormente, uma coorte prospectiva investigará a segurança e eficácia dos tratamentos para a doença de Chagas.
A importância do estudo reside na capacidade de expandir o diagnóstico precoce, reduzir os custos e otimizar a gestão da doença de Chagas no SUS. Embora o teste tenha demonstrado alta sensibilidade e especificidade, ainda depende de testes confirmatórios, principalmente devido à possibilidade de falsos positivos.
Essa avaliação fornecerá subsídios para decisões de políticas públicas sobre a incorporação do teste no SUS. Espera-se que aproximadamente 30 mil indivíduos sejam rastreados, e aqueles diagnosticados com a doença serão tratados, beneficiando-se diretamente da abordagem “testar-tratar-cuidar”. Além disso, as amostras biológicas coletadas serão armazenadas em um biobanco, permitindo futuras pesquisas sobre biomarcadores de progressão da doença e prevenir lesões orgânicas ou sua evolução, diminuindo a possibilidade de transmissão.
Por Jamile Araújo, com supervisão de Júlia Lins.