Palestras com foco em história da ciência são destaques do primeiro dia da 19ª SNCT

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O primeiro dia de atividades da Fiocruz Bahia na 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) ocorreu em 18 de outubro e contou com a presença de alunos do Ensino Médio, do Colégio Bom Pastor e do Centro Estadual de Educação Profissional em Saúde Professor Anísio Teixeira. Aos estudantes foram ofertadas demonstrações de experimentos, exposições, visitação ao Serviço de Histotecnologia e uma série de palestras com Simone Kropf (pesquisadora da COC/ Fiocruz), Bernardo Galvão (pesquisador emérito da Fiocruz Bahia), Marilda Gonçalves (diretora da Fiocruz Bahia) e Luis Fernando Adan (diretor da FAMED/UFBA), mediadas pela vice-diretora de Ensino da Fiocruz Bahia, Claudia Brodskyn. 

Marilda Gonçalves abordou a história do Instituto Gonçalo Moniz, mais conhecido como Fiocruz Bahia. Na abertura do evento, a pesquisadora ressaltou o prazer que sente em receber jovens. “Desejo que vocês entendam a necessidade que há em fazer ciência e em educar. Esses são os pilares de uma nação e é o que nós fazemos no nosso instituto”. Ela afirmou desejar que a “viagem histórica” feita através das palestras ajudassem a demonstrar a importância do trabalho da instituição. “Nossa Fiocruz tem tido um desempenho muito importante, principalmente nos tempos atuais, quando estamos passando pela pandemia da Covid-19, em que se minimiza a necessidade de se vacinar”. 

O médico patologista e pesquisador emérito da Fiocruz que liderou a primeira equipe a isolar o HIV no Brasil, Bernardo Galvão, apresentou aos alunos a história da Fiocruz Bahia através dos estudos sobre a AIDS e da busca por um tratamento adequado para os pacientes. “Embora permaneça como uma ameaça, a AIDS está esquecida. Acredita-se que tem cura, mas na verdade o que se tem é tratamento”, alerta. Ele expôs o papel do fomento à pesquisa para o fortalecimento do estudo das endemias e pandemias.  

Galvão deu dicas aos estudantes para ter sucesso na carreira acadêmica. “Há critérios que são subjetivos, então você precisa ter confiança e empatia com quem vai colaborar. Tem também os critérios objetivos, como ter projetos muito bem definidos, com relevância para o país, transparência no estudo e desenvolvimento rápido”, partilha. 

Simone Kropf compartilhou os conhecimentos adquiridos em sua pesquisa sobre a memória institucional da Fiocruz, realizada desde 2020. Para a pesquisadora, a história do desenvolvimento científico é a história das respostas dadas no âmbito institucional às crises de saúde. “Existe essa tradição que vem desde os primeiros anos da Fiocruz, de se preocupar em atender os problemas de saúde pública da população”, afirma.  

A pesquisadora apresentou uma segunda palestra sobre a História das Ciências no Brasil, no período da tarde. Nesse momento, Kropf explicou mais sobre a mudança da visão que se tinha sobre as ciências antes do século XX, passando-se da ideia de que a pesquisa só serviria para sanar problemas urgentes ao fomento à inovação e às ciências puras.  “A criação de Manguinhos [sede da Fiocruz no Rio de Janeiro] surge como uma resposta à epidemia de peste bubônica. Mas Oswaldo Cruz, desde o início, se preocupou em criar uma instituição que tivesse continuidade no tempo, tanto na área de pesquisa, quanto na de ensino”, conta. 

A tarde foi encerrada com uma palestra sobre os 214 anos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, apresentada pelo médico Luis Fernando Adan, diretor da instituição. O professor falou sobre o memorial da faculdade, que conta atualmente com 250 metros de arquivo e obras raras e que mantém a história da instituição preservada. O médico reconhece a grandeza dessa história, mas afirma que também houve erros, como a exclusão de mulheres e negros em parte de sua trajetória. “Se me perguntarem qual a energia da Faculdade, eu digo que é uma energia de construção, senão ela não teria sobrevivido. Não podemos reescrever a história, mas podemos escrever novos capítulos”, declara.  

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