Pesquisa identifica preditores de falha terapêutica na leishmaniose cutânea

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O tratamento da leishmaniose cutânea, embora seja eficaz na maioria dos casos de infecção, pode falhar em alguns indivíduos que não apresentam cura ao final do uso dos medicamentos. Para identificar biomarcadores de falha terapêutica nos pacientes, pesquisadores da Fiocruz Bahia realizaram a análise de níveis plasmáticos de citocinas e mediadores lipídicos, em diferentes momentos da terapia antileishmania.

O trabalho, liderado pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Valéria Borges e Bruno Bezerril, encontra-se descrito em artigo publicado no periódico iScience. A publicação faz parte da tese de doutorado da estudante Hayna Malta Santos pelo Programa de Patologia Humana, da Universidade Federal da Bahia em ampla associação com a Fiocruz Bahia, supervisionado por Valéria Borges, sob co-orientação de Jaqueline França (UFBA). 

No artigo, os autores explicam que a falha no tratamento da leishmaniose cutânea pode chegar a 45% dos pacientes e essa incidência vem aumentando nas últimas décadas, por isso é importante identificar o quanto antes quais pacientes terão risco mais elevado de falha da terapia, o que pode levar à tomada de decisões no regime do tratamento e à redução da resistência ao medicamento. A bioassinatura identificada pelos cientistas também pode ser explorada como potencial alvo terapêutico para intervenção farmacológica que auxilie na otimização do tratamento antileishamania.

Para o estudo foram realizados dois conjuntos de análises em amostras de plasma criopreservadas de 63 pacientes de uma área endêmica de leishmaniose cutânea, acompanhados pelos pesquisadores Edgar Carvalho e Lucas Carvalho, da Fiocruz Bahia, e Paulo Machado, da UFBA. Em seguida, foram realizadas análises de rede para avaliar a relação entre mediadores lipídicos e proteínas inflamatórias no plasma dos subgrupos de pacientes em diferentes momentos da terapia, em colaboração com a equipe MONSTER Initiative, da qual fazem parte os pesquisadores da Fiocruz Bahia, Artur Trancoso e Kiyoshi Fukutani. 

Além da combinação de biomarcadores capazes de prever e caracterizar a falha do tratamento, o estudo identificou uma expressão de genes relacionados ao metabolismo lipídico em lesões da pele dos pacientes, que podem distinguir os resultados da terapia.

Os resultados indicaram que antes do tratamento os pacientes propensos a falhar na terapia já tinham um perfil distinto dos que foram curados. No grupo de pacientes tratados com sucesso, os níveis de TNF-α e IP-10 reduziram consideravelmente no 60º dia de terapia em comparação com o detectado no pré-tratamento. Os pacientes que falharam também tiveram redução significativa de TNF-α, IP-10, mas também de IL-2, IL-1α e IL-6 no 60º dia. Nesse mesmo dia, baixos níveis de GM-CSF, IFN -α2, IL-6 e IL-3 foram observados em pacientes que falharam na terapia, comparados aos pacientes que se curaram.

Uma das abordagens empregadas pelos pesquisadores também identificou três divisões significativas, que incluem concentrações circulantes de eotaxina, 11-HETE e TGF-β, que podem ser usadas como parâmetros para ajudar a identificar pacientes com alto risco de falhar no tratamento. 

O perfil da bioassinatura predominantemente influenciada pelos mediadores lipídicos é eficaz em predizer a falha terapêutica entre os pacientes com leishmaniose tegumentar, de acordo com os pesquisadores, podendo servir como potencial alvo terapêutico. O estudo foi financiado pelo projeto do PPSUS/FAPESB.

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