Pesquisa sugere uso de proteínas quiméricas para diagnóstico de Chagas em áreas com leishmanioses

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Antígenos quiméricos do Trypanosoma cruzi têm sido propostos como uma ferramenta diagnóstica para a doença de Chagas crônica, tanto em regiões endêmicas como não endêmicas. A resposta do anticorpo varia de acordo com cada cepa de T. cruzi, apresentando desafios para o uso de antígenos sem reação cruzada com espécies do gênero Leishmania spp, patógenos que possuem alta similaridade com o T. cruzi.

O pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves Santos, coordenou um estudo que testou quatro proteínas quiméricas (IBMP-8.1, 8.2, 8.3 e 8.4) e avaliou previamente seu desempenho no diagnóstico para determinar a reação cruzada com Leishmania spp. Clique aqui para ler o trabalho na íntegra, publicado no Journal of Clinical Microbiology.

Foram usadas amostras de soros de pacientes com leishmaniose tegumentar ou visceral de diferentes áreas geográficas endêmicas brasileiras: Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No total, 829 amostras foram avaliadas usando os antígenos IBMP, além de ensaios comerciais.

A incidência de reação cruzada para as amostras positivas para leishmaniose tegumentar variou de 0,35% (IBMP-8.3) a 0,70% (IBMP-8.1 e IBMP-8.2). Em relação às amostras positivas para leishmaniose visceral, os antígenos IBMP-8.2 e IBMP-8.3 reagiram de forma cruzada com seis (3,49%) e apenas uma amostra (0,58%), respectivamente.

Nenhuma reatividade cruzada com leishmaniose americana ou visceral foi observada para o antígeno IBMP-8.4. Da mesma forma, não foram encontradas reações cruzadas quando as amostras positivas para leishmaniose visceral foram analisadas com IBMP-8.1.

Quanto aos testes comerciais foram avaliados os kits Gold ELISA Chagas (REM, São Paulo, Brasil), ELISA Chagas III (BIOSChile, Ingeniería Genética S.A., Santiago, Chile), Imuno-ELISA Chagas (Wama Diagnóstica, São Paulo, Brasil) e o teste de imunofluorescência Imunocruzi (Biomérieux, São Paulo, Brasil).

Para as amostras positivas para leishmaniose tegumentar, o índice de reatividade cruzada foi de 19,3% para o Gold ELISA Chagas, 54,8% para o ELISA Chagas III, 0,25% para o Imuno-ELISA Chagas e 35,2% para o Imunocruzi. Para a leishmaniose visceral foi encontrada reatividade cruzada para 20,9% e 18% das amostras testadas pelo Gold ELISA Chagas e ELISA Chagas III, respectivamente. Em virtude da descontinuidade da produção pelos fabricantes os demais testes não foram avaliados usando amostras de leishmaniose visceral.

O estudo indica que as moléculas quiméricas IBMP, em especial a IBMP-8.4, podem ser utilizadas com segurança e eficácia no diagnóstico da doença de Chagas, mesmo em áreas de co-endemicidade com leishmaniose tegumentar e visceral, com índices de reatividade inferiores aos encontrados para os testes comerciais.

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