Sobrevivência de mulheres com câncer do colo do útero é tema de dissertação

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Autoria: Camila Gomes de Souza Andrade
Orientação: Guilherme de Sousa Ribeiro
Título da dissertação: “Sobrevivência de mulheres com câncer do colo do útero em Salvador, Bahia”.
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 19/02/2020
Horário: 14h

RESUMO

INTRODUÇÃO: O câncer de colo do útero (CCU) possui elevada morbimortalidade no mundo, sendo a quarta neoplasia mais frequente em mulheres. No Brasil, estimou-se que ocorreram 16.370 casos novos desta doença em 2019, com um risco de 15 casos por 100 mil mulheres. Apesar da elevada ocorrência, esse tumor é prevenível e curável, se detectado e tratado oportunamente. Entretanto quando o diagnóstico é tardio, há riscos sequenciais para a mulher, pois o atraso no início da terapêutica influencia o prognóstico, a morbidade e a sobrevivência. No Brasil, há poucos estudos sobre a sobrevivência de mulheres com CCU e nos Estados que possuem essa informação a sobrevivência em cinco anos variou de 25% a 71%.

OBJETIVO: Estimar a sobrevivência e identificar os fatores associados à sobrevivência em mulheres com câncer do colo do útero atendidas no principal hospital de referência para neoplasias de Salvador (BA).

MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo de coorte prospectiva de mulheres com CCU atendidas em um hospital de referência para neoplasias em Salvador entre 6 de maio de 2011 a 28 de abril de 2014. O seguimento foi realizado de 6 de maio de 2011 a 27 de abril de 2018, com tempo de seguimento de quatro a sete anos. Dados clínicos, sobre tratamento e sobrevivência foram coletados através de revisões de prontuários, ligações telefônicas e consulta ao Sistema de Informação sobre Mortalidade. Para a análise de sobrevivência foi usado o método de Kaplan Meier e a regressão de riscos proporcionais de Cox com modelo conceitual hierarquizado.

RESULTADOS: Foram incluídas 897 pacientes, das quais 73% apresentavam a doença localmente avançada. Identificou-se 506 (56%) óbitos, com tempo mediano de sobrevivência de 38 (IIQ: 9- 63) meses. A sobrevivência em 1, 3 e 5 anos foi de 70%, 51% e 44%, respectivamente. A análise bivariada constatou que mulheres com mais de 40 anos, sem ocupação remunerada, fumantes, não assistidas pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), que não trouxeram o exame citopatológico ou histopatológico na 1ª consulta, com estadiamento avançado e sangramento uterino anormal (SUA) apresentaram pior prognóstico. O estádio apresentou efeito dose-resposta sobre a mortalidade, que variou de 4 a 66 por 100 mulheres-ano nos estágios I e IV, respectivamente. As análises multivariadas indicaram um pior prognóstico em mulheres com idade maior ou igual a 40 anos (RR: 1,35; IC95: 1,06-1,71), sem ocupação remunerada (RR: 1,38; IC95: 1,09-1,74) e fumantes (RR: 1,30; IC95: 1,06-1,59). Com a inclusão das variáveis relacionadas ao acesso aos serviços de saúde pouco se alterou tais associações e evidenciou também pior prognóstico relacionado a não ser assistida pela ESF (RR: 1,22; IC95: 1,01-1,47) e não ter trazido exame citopatológico (RR: 1,52; IC95: 1,23-1,89) ou histopatológico (RR: 1,55; IC95: 1,28-1,87). Com a inclusão das variáveis clínicas, as forças de associação das variáveis dos níveis anteriores foram reduzidas, indicando que o efeito delas é mediado por características clínicas. No modelo final, as variáveis clínicas associadas foram SUA (RR:1,45; IC95: 1,10-1,91) e estadiamento, com RR de 2,44 (IC95: 1,68-3,53) para o estágio II e de 9,42 (IC95: 5,98-14,82) para o IV.

CONCLUSÃO: Ressalta-se a importância da detecção precoce desta neoplasia e do fortalecimento de ações de combate ao tabagismo e da Estratégia de Saúde da Família, como medidas adicionais. Futuros estudos devem aprofundar a análise da influência de marcadores de acesso aos serviços de saúde, do tratamento realizado e do estado psicoemocional das mulheres com CCU sobre a sua sobrevivência.

Palavras-Chave: Neoplasias do colo do útero; Câncer de Colo Uterino; Sobrevida e Fatores prognósticos.

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